Educação À Moda Antiga escrita por Sarinha Myuki
Capítulo VII – De Pai para Pai
POV Edward
Eu subi as escadas observando a paisagem pelas paredes de vidro, perdido um pouco nos meus devaneios. Meu pai passou todo o caminho pensando em como o tratei, e eu me condenando por ter sido tão estúpido e mal agradecido por tudo que ele fez por mim.
Já estive tantas vezes prestes a apanhar, geralmente eu pensava em como me safar, mas agora não, estava pronto para assumir a responsabilidade pelo que havia feito. Eu gritei, minha nossa, eu gritei com o meu pai e praticamente o expulsei da casa que ele mesmo me deu.
Ele me deixou muito tempo lá esperando, normalmente fazia isso para que a gente refletisse no que fizéramos, mas eu não precisava mais pensar, já chegara à conclusão que eu estava completamente errado.
O tempo passou e ele apareceu. Eu o olhei e não pude conter um sorriso, era um sorriso agradecido, mas vi em seus pensamentos que ele ficou meio confuso com minha atitude.
POV Carlisle
De todos Edward sempre foi o que me deu mais trabalho, sempre foi o mais reativo e mais mimado. Não sei se por ter sido o primeiro, mas enfim, eu tinha contas a acertar e não podia mais adiar.
Sabia que o encontraria com aquele olhar arrependido e com todas as desculpas do mundo para fugir das consequências de seus atos. Não pensei que teria que trazê-lo mais uma vez ao escritório, tão crescido.
Quando cheguei à porta esperando choro fui recebido com um sorriso. Eu fiquei perplexo, porque raio Edward estava sorrindo na hora em que normalmente estava em prantos. Questionei-me sobre o juízo do garoto aquele dia, será que achar que perderia a filha havia mexido com ele tanto?
Quando abri a boca, fui surpreendido por ele.
- Pai, o Senhor me deixaria falar algumas coisas? Sei das regras do escritório, mas de coração, eu preciso falar algumas coisas para o Senhor.
- Claro filho, pode falar. – Eu disse muito curioso não só sobre o que ele falaria, mas da maneira como ele falava comigo.
- Pai, se eu pudesse voltar no tempo e apagar palavra por palavra que disse para o Senhor na minha casa aquele dia, eu voltaria. O Senhor não faz ideia do quanto me dói lembrar que eu agi como agi, do quanto me dói saber que eu gritei com o Senhor e do quanto eu me envergonho de tê-lo expulsado da casa que o Senhor me deu.
Eu fiquei atônito, era Edward na minha frente? Eu me questionei se não era apenas uma artimanha para escapar do meu cinto.
- Eu sei que não adianta apenas me desculpar. Mas eu queria que o Senhor soubesse do meu arrependimento e do quanto eu sei que estava errado... E do quanto eu deveria tê-lo ouvido...
Foi então que, pela primeira vez, percebi que se juntou veneno em seus olhos. Ele se levantou do sofá e se virou para a janela de costas pra mim, como quem mergulha nos próprios pensamentos. Eu caminhe até ele e coloquei a mão em seu ombro em solidariedade com seu semblante tão atordoado.
- Eu sou o pior pai de todos, e tive um exemplo tão bom em casa com o Senhor... Não sei se Nessie tem conserto mais. Veja o que fiz com minha própria filha!
- Ah filho, como seria bom se a paternidade fosse mais simples. Ela não é, me lembro da primeira vez que te corrigi, lembro que por um lado me condenava por nunca tê-lo feito antes e por outro por fazê-lo. Mas com o passar do tempo, com a experiência, quando você vê seus filhos indo pelo caminho certo, você vê que estava fazendo a coisa certa.
- Pai?
- Sim, filho.
- Obrigado... Obrigado por cada conselho, por cada carinho, por todo o apoio, por todo a paciência e por cada um dos castigos que o Senhor me deu. Tudo isso fez de mim o que sou hoje.
Se um vampiro fosse capaz de ficar de queixo caído, eu estaria assim. Quem era aquele homem e o que fez com o meu bebê? Foi então que percebi que ele riu, eu estava tão impressionado que parei de pensar de maneira a encobrir minha visão.
- Você não perde essa mania, não é?
- É difícil...
Foi quando me sentei e fitei o nada pensando. E, mais uma vez, ele me tirou dos devaneios.
- Eu estou pronto para o meu castigo, eu só queria me desculpar, agradecer e prometer que vou fazer o melhor por Nessie de hoje em diante – assim como o Senhor fez comigo.
- Eu estou tão orgulhoso de você... Eu te perdoo, meu filho. Assim como aceito seus agradecimentos de bom grado e quanto ao seu castigo...
Eu parei de falar e o observei, ele não estava com medo, ele aceitaria o que eu dissesse.
- Não tem razão de ser.
Foi a vez de Edward se surpreender.
- O que?
- Não vou bater em você, a lição já foi aprendida sem necessidade de uns safanões. Não há sentido eu bater em você para mostrar algo que já enxergou, a sua própria consciência já o puniu à contento.
Ele olhou para mim e concordou com a cabeça.
- Mas mocinho, se esse seu rompante de maturidade passar e você SONHAR em falar comigo como falou novamente EU VOU ARRANCAR O SEU COURO.
- Justo.
Eu sorri e baguncei o cabelo dele, era visível o quanto ele estava tenso, eu sabia que era pela conversa que teria com Nessie em casa. A minha vontade era ir no lugar dele, era tão mais fácil para mim, mas eu tinha que deixa-lo prosseguir.
- Acho que agora preciso ir embora, pai. Aproveitar que saí ileso dessa.
Ele disse triste, forçando a piada ao final da frase. Eu levantei a mão rindo e a enchi no traseiro dele.
PAFT
Ele me olhou com a mão no traseiro rindo, com uma leve careta, eu aproveitei e disse.
- Viu só, filho? Não mata ninguém. Você quer ajuda com a Nessie?
- Acho que não...
- Eu estarei por perto, é só me chamar.
Ele sorriu e saiu, vi pela janela seu semblante preocupado se tornar determinado. Senti um aperto no coração, meu filho crescera e o bumbum de minha querida netinha estava à prêmio.
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