Infelizmente não pude curtir o Jake como eu queria. Logo as malditas aulas começaram e junto com elas os cansativos treinos. Assim, não que eu me cansasse, mas a treinadora não deixava a gente respirar. Também pudera, logo em fevereiro tem o campeonato regional que por milagre vai ser aqui em Connecticut, só numa cidade há poucos quilômetros daqui de New Haven.

A família Cullen vai, em peso, assistir ao campeonato das Cheerleaders, que será daqui a dois finais de semana. Não vejo a hora, quero competir.

Eu estava saindo do treino quando Ashley do nada soltou.

- Nessie, não querendo ser chata, mas – ela hesitou – eu acho que você devia se vestir como a gente, sei lá! Nem parece que você é cheerleader! – ela soltou.

- Você quer dizer o que com isso, Ash? – eu a olhei, confusa.

- É que você sempre está de jeans e nunca coloca uma saia, só quando usa o uniforme das cheerleaders!  - ela se exasperou. – Não estou dizendo que você se veste mal, mas...

- Eu entendi, Ashley! – eu a interrompi. – É que eu não sou muito fã de saia. – eu disse meio encabulada. – Gosto de saltos, mas não tão assim!

- Mas você tem que ser acostumar a isso, Nessie. – ela me disse como se fosse um mandato. – Estou indo querida, até amanhã.

Eu entrei no meu carro e fui pra casa. No caminho eu estava pensativa. Eu gosto de me arrumar e tudo, mas usar saia e ficar de salto pra cima e pra baixo, não era a minha praia. Gosto de salto alto, mas também não assim como elas. E bem do nada essa repentina “preocupação” com a minha aparência. Povo maluco!

Adolescentes humanos são estranhos. Ponto.

Os dias foram passando corridos, pois eu estava treinando direto. Chegava à casa mortinha de cansaço e nem vi Jake esses dias. Queria saber como estava sendo a faculdade. Mas assim que acabasse essa parada de treinos e mais treinos, eu conversaria com o mesmo.

E o Ben, cara o garotinho pegajoso! Assim, ele é super fofo comigo e as meninas me disseram que ele não era desse jeito com garota nenhuma! Mas eu não gosto dele do jeito que ele gosta de mim.

Eu não sei o que ocorre comigo. Toda vez que eu vejo o Jake, eu sinto uma coisa diferente. Deve ser pelo fato de não saber o tal imprinting dele. Isso me dá nos nervos! Se ele já tinha o imprinting, o que raios ele veio fazer aqui? A desculpa de que não pode viver sem mim, não cola mais! Droga!

Na noite anterior ao campeonato eu estava no jardim da minha casa conversando com o Jake.

- Quase não nos vemos! – ele comentou me abraçando de lado.

- Realmente, Jake! – eu sorri. – Mal tô tendo tempo de respirar. – eu disse enfadada.

- Amanhã é o grande dia! Estarei lá na primeira fila! – ele bagunçara os meus cabelos.

- URGH! JAKE! – eu lhe dei um tapa no braço. – Sabe que eu odeio que bagunce o meu cabelo! – fiz biquinho.

- Sei disso, por isso que fiz! – ele sorriu triunfante.

- Idiota. – resmunguei.

Ele bagunçou de novo e se levantou do chão correndo. Bufei de raiva e saí correndo atrás dele. Assim que o alcancei, saltei em cima dele, o que ocasionou nossa queda no gramado. Nós ríamos feito duas crianças.

Voltamos a correr e ele corria mais rápido que eu. Ilusão momentânea. Eu sempre ganho nas corridas! Mas como eu, infelizmente, herdei o desastre natural da minha quando humana, acabei por tropeçar e tentando me apoiar no Jake para não cair, acabei levando nós dois ao chão. Só que ele ficou por cima de mim, nossas bocas estavam a míseros centímetros de distância.

Eu podia sentir o seu hálito quente nas minhas narinas. Ficamos nos olhando intensamente, ora olhava pra ele e ora pra sua boca vermelha e carnuda. Jake fora se aproximando.

DEUS... EU IRIA DAR O MEU PRIMEIRO BEIJO?

COM O JAKE? MEU IRMÃO?

OMFG!

Eu já podia sentir nossos lábios se roçarem quando nós escutamos um grito.

- RENESMEE, VENHA JÁ PRA DENTRO! VOCÊ TEM QUE ACORDAR CEDO PARA AMANHÃ! – gritava minha mãe da janela.

Obrigada mamãe, você é uma estraga prazeres de primeira.

Bom, acabou que nós levantamos da grama, totalmente em silêncio. Droga! Jake me levou até a porta e se despediu com um beijo na bochecha. E eu queria muito chorar! Raiva!

Entrei em casa bufando de ódio. Fui pro meu quarto e desabei na minha cama. Fiquei uns minutos com a cara no colchão tentando raciocinar o que havia acontecido ali. Será que se minha mãe não tivesse gritado nós teríamos nos beijado? Hm... Não sei o que pensar! Só sei de uma coisa: eu queria muito beijar o Jake. Afinal de contas, quem seria o melhor cara para eu dar o primeiro beijo? E pelo que vi, ele também queria e não tinha feito nenhuma objeção a isso. Será que ele vai me tratar normalmente depois do que quase aconteceu?

Com esses pensamentos eu fui tomar um banho. Coloquei meu pijama favorito e assim que me deitei na cama, meu pai entrou no meu quarto me fuzilando com o olhar. MERDA! Esqueci que tinha um pai leitor de mentes em casa. Bufei de raiva.

- Nessie, amor. – papai começou. – Controle-se sim. – ele disse tentando ser sereno.

- Como eu vou me acalmar pai? – eu o olhei arqueando as sobrancelhas.

- Você ainda não está pronta para assumir sentimentos com o Jacob. – ele disse sério.

HÃ? COMO ASSIM “SENTIMENTOS COM O JACOB”?

- Sentimentos Nessie, você ainda não entende. – ele disse enrolando, como sempre. – Não estou enrolando querida. – ele me dera um beijo na testa.

- Sei. – eu disse desconfiada. – Eu nunca posso saber de nada, não é? – fiz cara de tédio.

- Oh Nessie! – ele exasperou. – Um dia, quando estiver pronta, − ele frisou isso – você saberá de tudo!

- Claro. Um dia. – eu ironizei e ele sorriu.

- Agora durma. – ele me cobriu e me deu um beijo na testa. – Amanhã vai ser um dia cheio pra você. – ele abriu aquele sorriso que sempre deslumbra a minha mãe. – Eu sei disso, amor! – ele sorriu e eu também. – Sonhe com os anjos, filha.

Ele saiu do quarto e apagou a luz. Sonhei com o término daquele momento no jardim e Jacob me beijara e dizia que me amava. Doce sonho. Você está ficando maluca Renesmee Cullen!  

Amanheceu o dia. Fiz minha higiene pessoal e coloquei um short jeans, uma blusa cinza e um casaco de moletom preto, com os tênis do uniforme das Cheerleaders. (n/a: look da Nessie) Minha roupa já estava arrumada na bolsa de treino e fui tomar meu café. Tinha que ir para o ginásio da escola, já que o meu colégio era o anfitrião do campeonato, tínhamos que dar as honras da casa.

Assim que adentrei a cozinha, a família Cullen em peso estava lá. Todos me abraçaram e me desejaram sorte dizendo que estariam lá assim que fosse à hora da competição. Estava marcado para começar às nove horas e agora que era sete.  Depois de agradecer a todos, peguei meu carro e fui pra escola.

Chegando lá, muitas outras equipes já estavam por lá. Nossa! O babado vai ser forte. Encontrei com as garotas no nosso vestiário pessoal do time. Aquecemo-nos e fomos vestir nosso uniforme.

Era uma saia de pregas vermelhas com detalhes pretos e uma blusa que mostrava a barriga de mangas compridas nas mesmas cores que a saia com alguns riscos geométricos e o com letras bem grandes “H3”. Meus cabelos estavam presos num rabo-de-cavalo bem alto e minha maquiagem era igual a das meninas: bem marcante nos olhos e um batom vermelho nos lábios. Sentia-me estranha, era a primeira − de muitas − vez utilizando esse uniforme.

Nós éramos as primeiras a se apresentarem. Assim que pus os pés na quadra do ginásio, vi minha família inteira sorrindo pra mim e acenando, e o Jake estava lá também. Parece que meu coração deu um salto quando o viu, se eu já estava nervosa ali, vendo-o eu ficava mais nervosa ainda!

[...]

- AEEEEEWWW! – eu gritava em comemoração com as garotas.

Nós havíamos ganhado o regional! E o próximo passo seria o estadual que seria dali a dois meses no Texas.

Ia ter uma festa de comemoração na casa da Amanda, já estava me arrumando no vestiário para ir. Quando saí, fui encontrar os meus pais, meu querido papai me olhava carrancudo. O que eu tinha perdido ali? E o Jake que não estava com ele? Cadê?

- Jake teve que ir logo, filha. – respondeu mamãe assim que eu lhe mostrei com meu dom o que eu queria saber.

Todos me abraçaram e me beijaram, menos o meu pai. Cheguei perto dele e ele somente me dera os parabéns antes de começar a me irritar.

- Eu sinto muito querida, mas você não vai poder participar do estadual. – ele me disse como se fosse normal.

- COMO É? – tive que gritar. – COMO ASSIM EU NÃO VOU?

- Não indo, Nessie! – ele disse calmo. – Você não vai ficar longe da gente por três dias. É arriscado demais.

- Mas é lógico que eu vou, pa... Edward! – eu disse concertando já que não estávamos em casa. – eu disse já saindo para o estacionamento.

Cheguei bufando em casa, pela milionésima vez. Ah mais eu iria nessa competição! E minhas tias me ajudariam. Como eu vou perder essa competição? Só sendo louca! Edward Cullen não sabe do que a filhinha dele é capaz.