Alice Longbottom.

Eu podia chegar e dizer que o meu suposto namoro era a melhor coisa que já havia me acontecido e blá-blá-blá-blá.

Claro que eu estaria mentindo descaradamente.

Desde que eu acordei naquela cinzenta manhã de segunda feira e coloquei meus pés para fora do dormitório, as pessoas me olhavam torto com uma leve expressão de “te odeio e te mato quando puder” até os garotos da minha casa que costumavam ser meus colegas, já não eram mais.

Por que?

Simples. Metade da minha casa (vulgo seres humanos do sexo feminino descerebrados) matavam e morriam por Alvo Potter, alimentando a ilusão de que ele ficaria com elas. A outra metade eram Sonserinos conservadores que me consideravam agora uma traidora por estar namorando um Grifinório galinha e metido a besta.

Ótimo. Realmente, minha manhã não poderia ter começado melhor.

Nesse momento eu divagava sobre essas coisas da vida enquanto caminhava pelos jardins, indo em direção as estufas.

─ Longbottom. ─ chamou uma voz, se aproximando, fazendo-me virar. ─ Espere um pouco ─ pediu a garota, com um sorriso cínico nos lábios ─ Seu namorado não está nas estufas ainda.

─ O que você quer, Finnigan? ─ perguntei com descaso.

─ Só quero conversar. ─ disse ela, já próxima de mim.

─ Desculpe, mas não tenho tempo para conversar. ─ falei me virando.

─ Ah mas você vai conversar sim. ─ disse ela, agarrando meu braço com força.

Eu suspirei e recitei o mantra da calma que minha mãe uma vez me ensinara.

─ Larga. Meu. Braço. Agora. ─ pedi pausadamente.

Acho que ela percebeu o perigo em minhas palavras e largou meu braço.

─ Quero conversar, apenas, Longbottom. Me explique como foi que você conseguiu?

─ Consegui o que? Me erra garota. ─ falei e me virei novamente, porém dessa vez dei de cara com a ultima pessoa que eu esperava ver.

Matthew Nott.

─ O que você quer? ─ perguntei com raiva, encarando seus olhos âmbar.

─ O mesmo que a Mary. Quero que você nos conte como foi que conseguiu laçar o Potter. ─ respondeu ele, com malicia. ─ Deu uma chave de perna nele, foi? ─ falou ele, agarrando-me pela cintura e colando meu corpo ao dele.

─ Me solta. ─ falei me esforçando para não deixar a voz vacilar.

Se eu conseguisse pegar a minha varinha... Mas meus braços estavam presos pelos dele.

─ Não antes que você me conte como conseguiu ─ sussurrou ele, em meu ouvido ─ deu a ele o que ele queria, foi isso?

Assim que ele conclui sua frase em senti nojo dele. Nojo da sua voz.

Aproveitei suas pernas semi abertas e dei um chute bem... Vocês sabem.. Onde mais dói. Ele me soltou imediatamente e caiu de joelhos, xingando baixo. Saquei minha varinha e apontei para o seu rosto.

─ Nunca mais insinue isso sobre mim. Está me ouvindo? ─ falei, sem me alterar, não queria chamar mais atenção visto que algumas pessoas já se aglomeravam ao nosso redor.

─ Vocês estão vendo isso? ─ riu-se Mary Finnigan, que ainda estava ali, atrás de mim ─ Essa garota é louca. LOUCA. Assim como a mãe dela.

─ Cala a boca, Finnigan. ─ falei sem me dar o trabalho de olhar para ela.

─ E não é verdade? ─ ela riu ─ Onde está sua mãe agora, querida? No St. Mungus cuidando da loucura dela? É provavelmente é lá que ela está. E aliás, acho que seu pai deveria ir junto, ele nunca teve capacidade nem de conter a própria filha, imagina de conter uma escola de magia cheia de bruxos adolescentes.

─ Lava a sua boca pra falar dos meus pais. ─ explodi me virando para ela e apontando a varinha em sua direção.

─ Expelliarmus. ─ falou uma voz a minha direita, então senti a varinha pular de minha mão.

Olhei para a direção de onde vinha a voz e vi uma garota que deveria estar no sexto ano, da Corvinal, sorrindo maliciosamente para mim e girando minha varinha entre os dedos.

─ Vamos ver se você consegue derrotar alguém usando apenas as palavras, querida. Mas por favor, não tente seduzir nenhum de nós com o seu charme, nós não somos o Alvo, que se importa apenas com a aparência das pessoas.

─ Você é podre. ─ gritou uma outra garota. ─ É apenas bonita, mas por dentro, é podre.

Por que eles estavam fazendo isso? De repente o jardim começou a girar, eu não conseguia focar meus olhos em mais ninguém, apenas naquelas pessoas que insistiam em me encurralar ali e jogar palavras em mim com tal atrocidade que mais pareciam pedras.

─ Muito bom, Longbottom. Primeiro você leva chifres e é humilhada perante a escola toda, e depois é taxada de... Qual seria a palavra certa? Uma garota... levada? Que usa o poder da sedução para conseguir o que quer? ─ falou Finnigan, com sarcasmo na voz.

─ Você está insinuando que eu... ─ comecei, porém ela me interrompeu.

─ Sim. Você seduziu Alvo Potter, e sabe-se lá até que ponto você foi nessa sedução, apenas para provocar o Matt, por que a verdade é que não aceita o fato de ter sido traída e queria fazer o mesmo com ele. Mas olha, pelo visto não deu certo ─ ela riu.

Nesse momento o jardim já estava cheio de estudantes, alguns prendiam o riso, outros me olhavam com pena, mas eu estava com raiva de todos ali. Não aceito que sintam pena de mim, não aceito ser chacota de ninguém, eu sei resolver meus próprios problemas.

Senti meu sangue ferver.

─ Lava a sua boca pra falar de mim ─ falei e me aproximei mais da garota, desferindo um doloroso tapa contra seu rosto. ─ E aprenda que eu não preciso de uma varinha para machucar alguém.

Ela me olhou com a raiva impregnada naqueles dois olhos castanhos, enquanto as pessoas prendiam a respiração, esperando uma atitude dela.

Eu realmente acho que ela iria fazer algo, ela iria tentar algo contra mim, mas nesse momento vi que alguém saia do castelo e vinha andando em nossa direção, conversando animadamente com uma garota ruiva.

Passei por Finnigan trombando com força contra seu ombro. Pelo visto ela ainda estava sem reação pelo tapa que levara. Alcancei Alvo e o abracei com força, agradecendo por vê-lo naquele instante.

Eu não queria mais ficar ali. Eu queria sumir.

Eu queria que ele me tirasse dali, por que estranhamente, naquele momento, apenas a presença dele me importava.

─ Mas o que está... ─ começou ele, quando eu o abracei com demasiada violência.

─ Me tire daqui, por favor. ─ pedi afundando meu rosto em seu peito. 

Em vez me de tirar dali, ele fez o contrario, me puxou para onde estavam Mary e Matt, ainda parados e disse:

─ O que está acontecendo aqui?

─ Pronto, o super-heroi chegou para salvar a patria. ─ falou Matthew, zombeteiro. 

─ Do que você está falando? Por que Alice está assim? O que fizeram? ─ ouvi Alvo elevar o tom de voz, então ergui a cabeça e olhei diretamente nos olhos de Mary Finnigan, com um sorriso vitorioso nos labios. O braço direito de Alvo estava em torno de minha cintura, de um jeito superprotetor, e naquele momento, eu senti que estava me vingando dela. 

Aquilo com certeza estava doendo mais do que o tapa que ela levara momentos antes.

─ Resolveu dar um de namorado preocupado agora, Potter? ─ perguntou Matthew. ─ Mas sabe, agora estava pensando e.. Será que vocês realmente são namorados? Será que isso não é um fingimento ou algo assim...? ─ ele perguntou e riu em seguida ─ É bem a sua cara fazer isso, Alice. 

Idiota. Todos que ali estavam concordaram silenciosamente com ele. Mas como ele suspeitara? Nossa farsa não estava boa o bastante?

Nesse momento eu quis sair correndo para o meu dormitório e nunca mais sair de lá, mas eu não podia fazer isso. 

Mas para minha surpresa, Alvo riu. 

─ Farsa? ─ perguntou ele, arqueando uma sobrancelha. ─ Isso parece uma farsa? 

Então nesse momento ele me virou de frente para ele com um movimento rapido e grudou seus lábios nos meus. 

Alvo Potter me beijara.