Alvo Potter.

Acordei naquela manhã me sentindo excepcionalmente normal.

Estou namorando a exatas sete horas e até agora não senti nada de diferente.

Mas é claro que namorar não é lá assim tão tranqüilo. E como tudo tem sua parte boa (até um namoro de mentira) a minha acaba de gritar.

─ ALVOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! ─ chamou Fred do lado de fora do quarto.

Ah, como é bom começar a manhã com um grito agudo de um ruivo retardado.

─ O que há? ─ perguntei com pouco caso, indo em direção a porta e abrindo-a.

─ Acho que temos que conversar, não? ─ perguntou ele com um sorriso malicioso.

Claro. Ele deve estar louco –assim como James- para que eu conte sobre meu suposto namoro, já que estavam no salão no momento em que Alice fez questão de anunciar para o mundo que estávamos juntos.

─ Realmente, temos que conversar ─falei─ Mas temos aula agora.

Ele olhou para mim, incrédulo.

─ E desde quando Alvo Severo Potter se importa em perder uma aulinha?

Eu sorri.

─ Tem razão, vá chamar James, eu vou acordar Scorpius. Nós temos muitos assuntos a tratar.

Ele sorriu marotamente e zarpou para o andar de cima.

─ Scorpius. ─ chamei, me aproximando de sua cama. Ele dormia profundamente ─ SCORPIUS. ─ gritei, porém ele não deu nenhum sinal de vida. ─ Mas que diabos.. ─ murmurei e saquei minha varinha. ─ Aquamenti.

Um jato de água fria molhou o seu rosto e ele acordou, assustado

─ Você tem problemas mentais Potter? ─ perguntou ele, com o rosto ficando vermelho, e eu ri diante de sua indignação. ─ Qual é a tua cara?

─ Ta de TPM florzinha? ─ perguntei divertido, e ele me lançou um olhar fulminante. ─ Você está atrasado, deveria me agradecer por te acordar. ─ falei.

─ Não tinha um jeito mais agradável de fazer isso não? ─ perguntou ele, indicando as roupas molhadas.

─ Não, não tinha. Agora levanta daí e troca de roupa por que nós vamos matar o primeiro horário.

─ Se nós vamos matar o primeiro horário, eu vou matar o primeiro horário dormindo. Boa noite. ─ disse ele, deitando-se e cobrindo-se novamente.

─ Depois que você lança uma maldição em um ser inútil assim, ainda sai como o ruim da historia... ─ murmurei ─ LEVANTA PORRA!

Ele se sentou na cama, com a expressão raivosa.

─ Só por que você pediu com carinho, querido. ─ disse com uma voz falsete e foi em direção ao banheiro.

─ Arthur Tomas já usou o banheiro hoje. ─ falei mecanicamente, procurando uma roupa para me vestir.

─ Um dia eu ainda mato esse garoto.. ─ ele resmungou e prendendo a respiração, entrou no banheiro.

Uma vida depois nós estávamos “arrumados”. Tirando o fato da minha camisa estar amassada, meus cabelos bagunçados e Scorpius estar com a camisa abotoada errada. É, nós estávamos prontos, a nossa maneira.

─ Você não me disse o por que de matarmos o primeiro horário. ─ disse ele enquanto deciamos para o salão comunal.

─ Precisamos conversar, eu, você, Fred e James.

─ Ah... ─ disse ele, como se lembrasse de algo ─ Tem razão.

─ Você também tem que me explicar algumas coisinhas, Malfoy. ─ respondi.

─ Ah é? O que?

─ Como por exemplo, o fato de você ter ido ao baile com a minha prima, e ter ficado dançando com ela.

─ Ah cara, você sabe... Depois de muita insistência, ela aceitou ir comigo.. Acho que no fundo gosta de mim.

─ Eu discordo. Rose te odeia.

─ Wow! Valeu pelo apoio moral.

─ De nada.

─ Ei, vocês. ─ chamou James, que vinha descendo as escadas.

─ Onde nós vamos fazer a nossa... “reunião”? ─ perguntou Fred, que vinha logo atrás dele.

─ Sala Precisa, claro. ─ respondeu Scorpius.

─ Ah, vamos logo, antes que Roxanne venha verificar se não ficou ninguém aqui no salão comunal e nos de uma detenção.

─ Não sei como tio George pode ter uma filha tão certinha.. ─ comentei enquanto saímos pelo buraco da mulher gorda.

─ É que toda a ousadia veio no gostos aqui, por isso. ─ falou Fred.

─ Ah, claro, com certeza..

Andamos em silencio, para não chamar atenção de pessoas indesejáveis –vulgo Filch- e logo estávamos diante da parede plana.

─ Pensa em algum lugar ai James. ─ falei.

Depois de alguns momentos a porta se materializou. Entrei e me deparei com uma sala confortável, com quatro poltronas. O local ideal para uma conversa entre amigos.

Nos acomodamos rapidamente, e assim que o fizemos, um silencio pairou sobre nós.

─ Então... ─ começou Fred.

─ Bom... É isso. Estamos namorando. ─ respondi.

James me fitou, como se ainda não acreditasse no que ouvia.

─ Eu duvido. ─ disse ele, de cenho franzido.

─ Confesso que também duvidei, mas vocês ouviram a Longbottom dizendo com a boca dela que eles estavam juntos. ─ disse Scorpius, tranquilamente.

─ Scorpius tem razão, James. ─ falou Fred.

─ Mas... Mas... ─ disse meu irmão, parecia que ele se recusa a acreditar ─ Vocês não se odiavam?

─ As coisas mudam. ─ respondi, encolhendo os ombros.

─ Isso não está certo.. Era pra você ir com ela ao baile pela nossa aposta, e não para namora-lá. ─ disse James, indignado.

─ Eu sei cara, mas aconteceu... E por que está tão perturbado com isso afinal? ─ perguntei, meio irritado.

Ele se levantou, inquieto.

─ Olha, ela é arrogante, Sonserina, chata, Sonserina, metida, Sonserina, fria, Sonserina, nos odeia, Sonserina, fria e.. e.. Ah, e ela é Sonserina.

─ Então é esse o problema? Ela ser Sonserina? ─ perguntei, me levantando também.

─ Deu pra perceber? ─ perguntou ele, irônico. ─ Você é meu irmão, meu companheiro de marotagem e galinhagem, um Grifinório nato. O que nosso avó James, ou nosso tio Sirius achariam se soubessem que você está com uma Sonserina? Esqueceu que eles sempre foram nossas inspirações? Que prometemos para nós mesmos jamais decepciona-los?

─ Olha só, que interessante ─ respondi com raiva, por ele ter colocado James e Sirius no meio de seus motivos idiotas ─ Por que você já os decepcionou primeiro, se apaixonando pela nossa prima Sonserina, Dominique.

A sala ficou completamente em silencio assim que eu conclui a frase.

Claro que todos ali sabiam da queda –penhasco- que meu irmão tinha por Domi, porém ninguém nunca ousou falar, já que nem mesmo ele admiti isso.

─ Não.. Não fale do que não entende. ─ disse ele, com a expressão raivosa.

─ Quem começou com toda essa historia foi você. ─ disse e fui indo em direção a saída. ─ Eu estou sim namorando com ela. E, antes que eu me esqueça, quero o Mapa, afinal, eu ganhei a aposta. ─ dito isto saí da sala, ainda com raiva de meu irmão.

Que tipo de pessoa idiota ainda conserva essa rixa “Grifinória vs Sonserina”? Ah, é, até ontem eu conservava essa rixa. Mas, isso acabou, pelo menos para mim. Agora que eu oficialmente namoro uma Sonserina, não posso mais fazer distinção entre as casas.

Entrei no salão comunal as pressas e acabei trombando com um emaranhado vermelho, levando-o ao chão.

─ Rose! ─ exclamei ─ me desculpe. ─ falei ajudando-a a levantar.

─ Tudo bem.. ─ respondeu ela. ─ Mas por que faltou a aula de transfiguração?

─ Ah, é que eu, ahn.. Não estava passando bem.

─ Você não sabe mentir, priminho, não para mim. ─ disse ela.

─ Tudo bem ─ disse me rendendo. ─ Briguei com James.

─ Mais uma de suas apostas, certo? ─ perguntou ela.

─ Em partes. ─ respondi.

─ Nós realmente precisamos conversar, por que não vamos até o seu dormitório que está vazio?

─ Vamos.. ─ respondi.

Assim que nos acomodamos em minha cama, ela disse:

─ Pode começar a falar.

Eu pensei por um instante e cheguei a conclusão que não conseguiria mentir para ela, e mesmo que tentasse, ela não acreditaria.

Suspirei e contei a ela a historia toda sobre a questão “Namorados de Aluguel”

─ Que? ─ ela perguntou, atônita, quando eu terminai. ─ Namorados de aluguel? Isso vai dar merda.

─ Nossa prima, como você é otimista.

─ Mas me diga Alvo, que chances isso tem de dar certo? É um tiro no escuro e você sabe muito bem disso.

─ E por que Rose? Por que não daria certo?

─ Porque.. Bom, porque vocês podem se apaixonar.

Eu ri, ri alto. Realmente, essa hipótese era ridícula demais para ser considerada. De todas as coisas que poderiam falhar em nosso plano perfeito, essa era a ultima delas.

─ Não estou brincando. ─ disse ela, aborrecida ─ Isso é perfeitamente possível.

─ Não prima, não é. Alvo Potter NUNCA se apaixona, ainda mais por ela. Justo ela.

Ela revirou os olhos, vendo que não adiantaria discutir comigo.

─ Okay, okay. Mas e onde entra a briga com James nessa historia toda?

─ Ah, ele deu uma menina birrenta só porque minha suposta namorada é uma sonserina.

─ Sério isso?

─ Sim.

─ Bom, mas você sabe como seu irmão é. E não é só isso, aposto como ele está se doendo por você ter conseguido ficar com uma garota que era inalcançável para você. Afinal, ele nunca conseguiu ficar com Bridght Fanning, a garota que ele era apaixonado no quarto ano, e que o odiava.

─ Será? ─ perguntei.

─ Tenho certeza. Mas agora precisamos ir para a aula. Eu acabo de perder Historia da Magia por sua culpa.

─ Como se você precisasse dessas aulas. ─ respondi.

─ Tem razão, eu não preciso. Mas vamos, agora é aula de Herbologia.

Nesse momento senti meu estomago roncar, e me lembrei com uma pontada de infelicidade que não havia tomado meu café da manhã.

─ Eu preciso passar na cozinha comer algo.

─ Ah, e perder outra aula? Está querendo outra detenção? Não mesmo, vai pra aula, depois você come.

Rolei os olhos, percebendo que não adiantaria discutir com ela, e fomos em direção aos jardins.

Chegando lá, percebi que haviam muitas pessoas amontoadas, elas cochichavam e apontavam para alguém fora do meu campo de visão.

Me aproximei mais do burburinho de pessoas, e fui atingido por algo com força, quase indo ao chão.

─ Mas o que está... ─ comecei, percebendo que o que me atingira era Alice.

Ela apenas me abraçou com força.

─ Me tire daqui, por favor.