Hermione ficou pensando no ruivo o tempo inteiro. Ele chegou e trouxe o brownie e o capuccino que serviu de almoço para Hermione e, então, voltou para o balcão. Hermione degustava lentamente seu brownie e deixou o capuccino para o final, pra não gastar muito tempo. Percebeu que o jovem ruivo a olhava atentamente. Ás vezes, Hermione olhava de volta para o ruivo que desviava o olhar. Era uma troca de olhares e energia que parecia que todos estavam os notando. Mas, para eles, todos quem? Só conseguiam sentir um ao outro. Hermione acabou o capuccino e sorriu. Levantou a mão e o ruivo foi atendê-la.

- O que vai querer?

Você.

- Outro brownie, por favor.

- Mais alguma coisa?

Sua mãe como minha sogra.

- Não, só isso, obrigada.

A voz dele era encantadora. É aquele tipo de voz que esquenta seu coração e rejuvenesce sua alma.

Alguns minutos e ele volta com mais um brownie de gotas de chocolate. Hermione comeu o brownie bem devagar, parecendo que ingeria migalha por migalha. A cafeteria fechou e foi se esvaziando. Carlos saia da cafeteria e Hermione acabava seu brownie. O ruivo foi limpar a mesa de Hermione. Ela não se levantou da cadeira.

- Posso ajudar, senhorita?

- Sim, é... Só um instante.

O telefone de Hermione tocou. Era Draco.

- Já estou voltando. Leu o meu bilhete? É, pois é. Não estou nem aí. Não. Não preciso da sua permissão pra sair de casa. Ah, tá bom, tchau.

Hermione desligou o celular e olhou para o ruivo.

- Desculpe, era o meu marido, só queria dizer que... Que achei seu trabalho fantástico. Obrigada.

Hermione foi saindo da porta até que a bela voz ecoou, alta, pela cafeteria:

- Ei, moça, esqueceu de pagar a conta!

Hermione girou os calcanhares e foi até o balcão. Pagou a conta e voltou para casa.

**

- Quem você pensa que é pra me escrever um bilhete daqueles? Eu não ia comer só bolachas, quando eu voltasse, também iria querer um almoço decente, e não salgadinhos, como sua indicação mostra! Ingrata!

- Eu? Ingrata? Acho que é você que é ingrato! Enquanto eu faço um almoço delicioso você vem na minha frente e começa a comer bolachas; Eu lavo roupas, limpo a casa, arrumo camas, lavo louça, tudo, tudo pra você, e você nem um obrigado diz!

- Ah, Hermione, eu te mantenho viva, acho que é você quem deveria me agradecer!

- Te agradecer? Se eu quisesse eu muito bem poderia arrumar um emprego e me sustentar sozinha! Mas eu fico aqui por causa de você!

- Oh, não precisava se preocupar comigo!

- Olha, Draco, eu não quero discutir com você, só vou te avisar que hoje você dorme no sofá.

- Eu? Por que eu? Você é que começou! Você é quem deveria dormir no sofá, você é quem está errada! Você é uma vadia que só pensa em si mesma! Sua vagabunda!

Draco deu um tapão no braço de Hermione, deixando-a constrangida. A morena começou a chorar enquanto Draco abria os salgadinhos.

- Eu me arrependo. - disse Hermione, sentando-se em uma cadeira.

Draco pegou copos e pratos dos armários da cozinha e ketchup da geladeira. Jogou o ketchup por cima de tudo e, em seguida, jogou na pia.

- Acho que você tem louça pra lavar.

E, dizendo aquilo, Draco subiu as escadas e foi para o quarto com o pacote de salgadinhos na mão.

**

Hermione acordou com uma dor nas costas imensa. Seu rosto estava molhado e seus pensamentos estavam no ruivo do outro dia.

Não, eu já tenho Draco. Não posso me apaixonar.

Olhou para a pia e ainda tinha a "louça" de ontem. Levantou-se e olhou a hora. Nove horas da manhã.

Draco ainda estava dormindo, então, aproveitou para ir até a cafeteria tomar seu café da manhã. Não, não estava fazendo isso pelo ruivo. Estava fazendo porque... Por Draco. Não queria cozinhar para Draco hoje. Apesar de amar cozinhar.

Chegando lá, sentou-se na primeira mesa que viu. Começou a brincar com o porta-guardanapos até que o ruivo foi em sua direção.

- Posso ajudar?

- Ah, é... Sim, quero um café, por favor. - respondeu Hermione sem tirar os olhos do porta-guardanapo.

Ele anotou e foi buscar o pedido.

A voz dele é doce, aconchegante... Ele é lindo, e... Sim, esse é o Draco, quem eu amo. Draco. Só Draco.

O problema é que Hermione duvidava de seus sentimentos por Draco.

- Aqui está.

No momento em que o ruivo colocou o pires na mesa de Hermione, ela tocou sua mão.

Rony, não!

Rony.

- Ah... Eu... É... Ah, desculpe, é, quer dizer... Oh meu Deus.

Hermione começou a chorar. Não sabia o que queria. Sentiu que estava traindo Draco, e começou a chorar mais ainda.

- O que houve? Algum problema? - as palavras saltaram da boca do ruivo. Ele sabia que não podia fazer isso, mas quando percebeu, já estava sentado em uma cadeira da mesa de Hermione.

- Ah, é que... Não, não vai embora - gritou Hermione quando percebeu que ele tinha se levantado - Por favor!

- É que eu... Bom, tudo bem.

- Eu não sei o que... O que estou falando, me... Me desculpe.

- Tudo bem, não foi nada. Quer um chá por conta da casa?

- Não, já tenho o meu café, estou bem, obrigada!

- O.K., então.

Ele se levantou e foi atender um casal que acabava de entrar no estabelecimento.

O que é que eu tô fazendo? Não posso, decidicamente NÃO!

Hermione olhou para o casal que o ruivo acabara de atender. Eles estavam muito felizes: se davam as mãos, conversavam melosamente, riam... Pensou em Draco. Ele nunca a amara desse jeito. Ia começar a chorar novamente, quando ouviu o toque do seu celular. Era Draco.

- Alô?

- Hermione, vem lavar essa louça, eu não vou lavar esse lixo.

- Não fui eu quem sujei.

- Volta pra casa ago...

Draco não conseguiu terminar de falar, pois Hermione desligou o celular na cara dele.

Rony. Rony, volta aqui... Não, por favor!

Os pensamentos de Hermione estavam sendo feitos por conta própria. O quê? Quem era Rony? O que ele estava fazendo com ela? Será que era uma previsão?

Hermione não sabia por quê, mas olhou para o ruivo e recomeçou a chorar.

"Posso abrir meus olhos?

Não vai ficar mais difícil que isso?

É assim que é chorar realmente?

Chorar"

Cry - Kelly Clarkson