Na manhã da semana seguinte, Hermione estava preparando o almoço de Draco. Agora ela cozinhava cinco vezes por dia, por obrigação do marido. Havia lavado os pratos e não voltara mais na cafeteria.

– O que você fez hoje? - perguntou Draco adentrando a cozinha da linda casa.

– Fiz macarrão com molho. Também fritei bifes, se quiser. - respondeu uma Hermione um tanto fria.

– Faz uma miojo pra mim.

– Mas tem macarrão, pra quê miojo?

– Estou pedindo pra você fazer miojo, você faz miojo.

Estou pedindo pra sair desse inferno, mas você não deixa...

– Vai demorar pra fazer minha miojo, mulher?

– Não, já estou fazendo.

Hermione abriu as prateleiras de baixo e pegou uma Nissin Miojo, encheu uma panela com água, colocou o tempero de Galinha e a miojo e esperou cozinhar. Desligou o fogo do molho e do macarrão, arrumou a mesa e serviu tudo. Sentou-se e começou a comer macarrão com molho.

– Pode vir, Draco.

Ele se sentou com uma cara de ódio e começou a comer a miojo.

– Por que você fez miojo de galinha?

– Foi a primeira que eu vi, eu...

– Eu gosto de miojo de carne.

O loiro se levantou da mesa e pegou as chaves do carro.

– Hoje vou passar a noite na casa de um amigo, vamos falar sobre os negócios da empresa de imóveis.

Saiu pela porta e partiu. Hermione só ouviu o som do carro ligando e a garagem se fechando.

Ela comeu rapidamenteo o macarrão do prato e foi direto para a cafeteria.

É hoje... Hoje eu vou saber porquê isso acontece. O porquê dessa ligação. Eu vou descobrir.

Entrou na cafeteria confiante e se sentou mais próxima do ruivo. Como ela pensara, ele foi lhe atender.

– Posso ajudar?

– Sim, quero um pedaço de torta de morango. Ah, e por favor, uma conversa com você mais tarde.

– Sim já vou buscar. Tudo bem.

Ele foi pra trás do balcão e serviu a torta em um pires. Levou até a mesa de Hermione.

– Olha só, daqui a dez minutos acaba meu turno por hoje, como é domingo, e podemos ir em algum lugar conversar, se você esperar.

Hermione assentiu com a cabeça. Comeu rapidamente sua torta e seguiu os ponteiros do relógio.

13:30

Ela pagou a conta, saiu da cafeteria e esperou lá fora. Passaram-se segundos e ele estava ali.

– O que quer falar comigo?

– Queria saber se... Ah, vamos ali naquele banco. - Hermione apontou para um banco na praça dos chafarizes e eles sentaram-se.

– Olha, eu queria saber se nós somos parentes ou algo do tipo, se já nos conhecemos...

– Qual o seu nome?

– Sou Hermione Granger.

– Granger? Desculpe, não conheço esse nome. Sou Ronald Weasley.

Ronald? Já havia ouvido esse nome, receava...

– Então o que explica... Ah, Ronald, desculpe se lhe ofender, mas no primeiro dia que fui na cafeteria e você me atendeu, houve uma ligação, não sei explicar, é... - Hermione tinha muita dificuldade em olhar para os olhos dele, por isso, fixava seu olhar no chafariz lilás - É meio que assim, você olhou pra mim e eu senti, como se fosse...

– ... um impulso, uma ligação, um sentimento. Sim, também senti isso.

Ronald olhou Hermione nos olhos e ela levantou o olhar pra ele. Nunca estiveram tão próximos.

– Então, Ronald, achei que lhe conhecia... É... Sim...

– Hermi... Hermione, desculpe se estou sendo intrometido ou algo do tipo, mas, por quê estava chorando semana passada?

Posso confiar nele? Acho que estou apaixonada... Nunca acreditei em amor á primeira vista, eu... O Draco... Ah, o Draco é um sacana. Não estarei traindo-o se contar para um amigo o meu problema.

– Tudo bem, eu... Não sei por onde começar. Eu... É o seguinte, me casei jovem, aos dezessete, dezoito anos, por aí... Grande, grande erro... Fugi de casa e larguei tudo pra ficar com... Com o meu marido... E agora me arrependo porque, ah, porque nós temos algumas brigas e afins... Desculpa por te chamar assim, você não deve estar entendendo nada...

– Imagine, pode continuar.

Eles se levantaram e foram andando e conversando, rindo, brincando.

– Ah, é verdade, também adoro fazer bolo. - dizia Ronald ao longo do caminho - Você pode achar isso meio gay, mas eu amo cozinhar.

O queixo de Hermione caiu.

– Sério? Eu também amo cozinhar! Meus pais nunca aceitaram, fiz um curso de culinária escondida deles. Achei que meu marido me entendia, mas, estava enganada.

– Não, não precisa falar dele, se não quiser. O que você sabe cozinhar?

– Tudo o que você imagina!

– Duvido. - disse Rony, colocando as mãos nos bolsos e rindo.

– Fala alguma comida aí! - Hermione também riu.

– Ham... Bolo de chocolate?

– Fácil! Outra.

– Sopa de cogumelos e...

– ...champignon? Sei na ponta da língua.

– Nossa, você sabe cozinhar, mesmo... Seu marido tem sorte.

Hermione corou.

– Na verdade ele não gosta da minha comida, sempre reclama e come algo que não é nutritivo.

– Que pena, eu adoraria provar seu bolo de chocolate.

Hermione fez uma cara de malícia e Ronald riu.

– Não, é sério... Ah, pare de rir, não falei nesse sentido... O.K., O.K., então, eu adoraria provar o bolo de chocolate que você cozinha.

Os dois riram e chegaram na casa de Hermione.

– Bom, é aqui que eu moro. Quem sabe possamos nos falar outro dia.

– Não, espera, vamos marcar, se não não tem romantismo!

– Shhhhh, Ronald! - a morena riu e conferiu para ver se o marido não estava em casa.

– Por favor, me chame de Rony.

O coração de Hermione deu um pulo.

Rony!

– Ah, O.K., Rony. Até... Amanhã?

– Perfeito, amanhã tenho folga. Te vejo amanhã, Hermione.

– Tchau.

Hermione fechou a porta e aguardou o som dos passos de Rony cessarem. Escorregou na porta como da vez em que escutara xingamentos de Draco, mas dessa vez, escorregara por felicidade. E moleza nas pernas. A cada segundo da caminhada queria dar um beijo na boca rosada de Rony, mas não podia. Foi fiel a Draco e sabia disso.

Pegou seu celular na bolsa e checou o número de Rony. Sorriu mais uma vez e deu uma gostosa gargalhada. Parecia que era novamente uma adolescente.

**

"Essa inocência é brilhante

Eu espero que isso permaneça

Esse momento é perfeito

Por favor não vá embora

Eu preciso de você agora

E eu vou me prender a esse momento

Não o deixe passar"

Avril Lavigne - Innocence