As Desastrosas Aventuras da Guilda escrita por Hikaru


Capítulo 10
O pior plano da história


Notas iniciais do capítulo

Irei postar capítulos mais frequentemente a partir de agora, juro! Considerem esse o primeiro capítulo da reta final desse arco



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Assim que viu onde estavam, Lilly sabia que eles estavam com graves problemas.

– Nós estamos com graves problemas.

– Como assim? – perguntou Freddie.

– Essa cidade deve ter inquisidores disfarçados por toda parte - disse ela, enquanto arrastava todos de volta para a porta de onde tinham saído. Para sua frustração, quando ela virou-se não havia nada mais que uma parede de tijolos na sua frente – E nós temos um demônio aprisionado conosco.

Jackie sorriu quando percebeu que todos olhavam para ela. Ela não tinha ouvido a conversa, pois estava distraída admirando o Coliseu.

– O que foi?

– Saia daí, menina. E faça o que você fizer, não libere nenhum selo.

Foi então que eles perceberam que estava vestindo seus pijamas amarrotados, sujos e maltrapilhos desde que foram raptados no hotel em Marrocos.

– Nós precisamos arranjar algumas roupas, depois tentar achar onde a Helena tá presa – disse Annya – Só podemos nos concentrar em matar o papa depois de resgatar ela.

A primeira parte do plano foi bastante fácil: bastou Freddie, o único que tinha alguma roupa mais ou menos decente, entrar em uma loja de roupa qualquer e furtar o que ele achasse que as meninas fossem gostar de usar. Tudo foi encoberto com algumas magias de Ryuuko que deletaram os vídeos das câmeras de segurança e desabilitaram os detectores nas portas da loja.

– Beleza, e agora? – perguntou Jackie, enquanto escondia seus chifres e sua cauda num casaco grande e calças largas.

Lilly estava atentamente ouvindo o piar dos pombos que sobrevoavam a cidade. Ela estendeu o braço e um deles pousou no seu indicador, e começou a piar freneticamente enquanto ela fazia perguntas a ele.

– Eu adoro a magia do Dr. Doolittle – comentou Ryuuko.

– Os pombos não viram ninguém com a descrição da Helena tem algum tempo – disse Lilly, após o pombo ter voado de suas mãos – Mas eles sabem que todos os magos que são sequestrados pelos inquisidores são levados para o Vaticano.

– Isso era um pouco óbvio... – comentou Annya, frustrada – Deve ter um tipo de calabouço por lá.

– Eu posso ver se os ratos sabem de alguma passagem que dê até lá.

– Espera um pouco. Vocês tão bolando um plano? – perguntou Jackie.

– É o que parece.

– Não é assim que fazemos as coisas. Você sabe disso.

– Nós não vamos fazer aquilo.

– Vamos fazer aquilo.

– Não.

– Sim.

– Jackie, não.

– Pera, de que “aquilo” nós tamos falando mesmo? – perguntou Annya.

– Aquele “aquilo”! – respondeu Jackie.

– Vá se foder, Jackie.

– O “aquilo” que a gente explode a porta da frente, mata quem vier pela frente e depois decide o que vai fazer!

– Pior. Plano. Da história – disse Lilly.

– Quem vota em fazer aquilo?

Freddie levantou a mão, empolgado. Ryuuko foi um pouco mais tímida, mas estava nitidamente feliz com a ideia.

– Eu não sei por que eu tento ainda. Sempre o mesmo resultado. Ryuu-chan sempre me traí no final.

Ryuuko se jogou num abraço na amiga.

– Lilly você sabe que eu te amo. Mas o nosso amor nunca poderá interferir no amor supremo que todos os membros da nossa Guilda compartilham.

– E qual seria esse amor?

– Explosões.

– Eu não amo explosões.

– Considere-se com sorte que nós não te expulsamos da Guilda ainda.

Quase uma hora depois, eles estavam parados na porta do Vaticano. Um grupo de frades e guardas olhavam para eles, desconfiados. Annya carregava uma enorme bolsa.

– Eu ainda acho esse plano extremamente idiota. Nunca funcionou – reclamou Annya.

– Como assim, nunca funcionou? – respondeu Freddie, ofendido – Nós nunca deixamos de cumprir um contrato!

– Claro, mas nós também devemos até a alma pra praticamente todos os governos do mundo por destruição de propriedade pública e privada – comentou Lilly.

– Devo, não nego, pago quando puder – disse Jackie, encerrando a discussão.

Annya aproximou-se do guarda mais próximo e perguntou:

– Seu guarda, você pode me dar uma mãozinha?

Nesse momento, uma mão saiu da bolsa que ela estava segurando e estrangulou o guarda, que sucumbiu à força sobre humana desse golpe. Ryuuko havia invocado suas duas armas preferidas: Sutileza, uma enorme bazuca de prótons, e Moderação, uma metralhadora de corrente. O portão do Vaticano já fora devidamente explodido. Sutilmente.

– Guardas! Todas as unidades são requisitadas para o portão do Vaticano! Temos cinco ameaças perigosas! – berrou um dos guardas no seu walkie-talkie antes de ser incinerado vivo por Freddie.

O caos já havia se instalado quando os reforços chegaram. De repente, a Guilda viu-se cercada por pelo menos cem soldados fortemente armados. Os escudos de energia de Ryuuko não aguentariam as balas por muito mais tempo.

– Isso não está dando certo, obviamente – comentou Annya enquanto decapitava um soldado com um golpe de sua foice.

– Relaxa, eu vou resolver isso agora – disse Jackie.

– Jackie, não faça isso! – gritou Lilly, mas já era tarde.

Jackie começou a sussurrar palavras em uma língua antiga, e seu corpo se transformava a medida que a intensidade de sua voz crescia. Seus braços e pernas ficaram mais longos e fortes, e em suas mãos cresceram enormes garras. Seus chifres, antes pequenos, se tornaram gigantescos chifres de bode. Sua cauda fina tornara-se um grande rabo de dragão, coberto por espinhos. Sua pele assumiu um tom vermelho-sangue, e seus olhos tornaram-se amarelos, com pupilas fendidas. Ela soltou um aterrorizante rugido de fúria e encarou, irada, suas próximas vítimas, sua respiração exalando fumaça em baforadas.

Todos os soldados pararam de atirar, atônitos com a visão do ser demoníaco que surgira na sua frente. E Jackie quase teve chance de começar um massacre, quando um deles de repente despertou do seu estado de choque e berrou:

– Demônio! Todos assumam os protocolos de exorcismo!

O resto dos soldados saíram do seu transe de choque e retiraram rapidamente garrafas de água dos seus uniformes, e despejaram seus conteúdos no chão. Agarrando seus crucifixos e apontando-os para Jackie, eles começaram a dizer em uníssono preces em latim.

Jackie imediatamente caiu de joelhos, urrando de dor. Ela tentou ainda avançar para cima dos exorcistas, mas não teve forças. Em instantes, Jackie jazia desacordada no chão.

– Rápido, parem eles! – berrou Ryuuko enquanto soltava rajadas protônicas de seu canhão, mas os reforços só cresciam. Eles estavam sendo rapidamente dominados pelo exército do Vaticano.

Lilly estava desesperada tentando animar Jackie quando ouviu o clique de uma trava de segurança de uma pistola contra sua cabeça.

– Rendam-se agora e talvez, só talvez, não executemos vocês publicamente por trazerem um demônio ao Vaticano.

– Tire essa pistola daí e talvez, só talvez, eu não use seus miolos pra invocar um demônio bem maior que esse ai.

– Eu não sugeriria essa linha de ação se você preza por sua vida e pela de seus amigos.

Lilly olhou para trás e percebeu que todos os seus companheiros tinham sido rendidos de maneira semelhante. Não vendo outra alternativa, ela ajoelhou-se com as mãos atrás da cabeça, e deixou-se ser levada por ora.

Algumas horas depois, estava todos eles acorrentados, jogados no calabouço. Ryuuko jogou-se na grade de sua cela e perguntou com raiva para o guarda que atirava pratos de uma gosma que deveria se passar por comida por entre as grades da cela:

– O que vocês vão fazer com a Jackie?

– Sua amiga, o demônio imundo e profano, será devidamente exorcizada e mandada de volta para o inferno, de onde nunca deveria ter saído.

– Pois olha só, otário, descobrimos hoje que Deus não existe! E ai, como você vai fazer seu exorcismo agora hein?

O guarda simplesmente ignorou-a e saiu andando pelo corredor tranquilamente.

– Cara, eu não sei se você viu, mas o exorcismo deles já funcionou contra a Jackie – comentou Annya – Ela foi a primeira de nós a ser derrubada.

– Me admira como eles fizeram isso – disse Lilly – Achei que a base do exorcismo fosse a fé em Deus, mas nós descobrimos hoje que a crença católica não passa de mitologia.

– Não acho que a gente devia estar pensando nisso, e sim em como a gente vai sair daqui – cortou Freddie - Não fossem essas porras desses inibidores de magia dessas algemas eu ia trazer o inferno na Terra aqui.

– Como eles fazem essas coisas, afinal de contas? – perguntou Ryuuko.

– É simples, na verdade. São feitos por magiopatas, pessoas que acreditam tão firmemente que a magia não existe que, ao redor deles, ela efetivamente não existe – explicou Lilly.

– Como assim, isso não faz o menor sentido – disse Freddie, confuso.

– Na verdade, faz, se você considerar que a base do poder mágico de qualquer pessoa vem da imaginação e da mente – disse Annya – Então uma pessoa pode simplesmente negar o poder de outra se a convicção dela for maior que a do outro.

– Isso é trapaça.

– Isso é burrice, não sei como alguém conseguiria viver sem magia hoje em dia – disse Ryuuko – Mas é uma burrice extremamente inteligente pra se usar em uma luta.

– Bom a gente não vai ganhar nada discutindo isso também – ele respondeu – De novo: como vamos sair daqui?

Nesse momento, ouviu-se um ruído de uma discussão acalorada no fim do corredor do calabouço.


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