Seus beijos desciam cada vez mais pelo meu pescoço em direção a um objetivo maior, passavam agora pelos meus peitos, empolgada demais com o que sua língua fazia eu só notei que a porta do alojamento abrira quando o choque com a parede resultou num barulho gigantesco e me faz acordar do transe. Seja lá quem a abriu não estava de bom humor. Alguma coisa me dizia que isso não levaria a algo bom, eu deveria ter resistido.

- Eu senti saudades – Disse Jef dando-me um beijo de leve nos lábios.

-Eu também – Retribui o selinho

- Vem – Puxando-me o braço e me lavando ao seu alojamento, depois para sua cama e quando enfim chegamos com um sorriso no rosto ele me beijou, mas desta vez de verdade, com emoção, tentando matar a saudade.

Isso acontecia raramente, nós ficávamos separados por um tempo, com a nossa rotina de trabalho e treinamento sem cessar nós só nos víamos de longe e isso durou por semanas, Ela parecia determinada em nos manter distanciados. Trabalhávamos em locais separados, treinávamos em campos diferentes, eu estava sempre ocupada na hora do almoço - O único tempo livre que tínhamos para encontrar uns aos outros e conversar, mesmo não havendo muito assunto do que falar além das crueldades que aconteciam a mando Dela – depois do treinamento eu estava tão acabada e cansada que a única coisa que eu esperava ver pela minha frente era minha cama mesmo que isso significasse mais um sonho, lembrança, ou visão (qualquer nome serve) não muito agradável.

- Eu não quero ter que sentir isso de novo nunca mais, te vendo e não podendo te tocar, te abraçar, te beijar – Disse ele tentando avançar para algo mais profundo que um beijo – Eu não posso esperar até que sejamos adultos.

O guarda arrancou meu vestido e me levou para a praça principal, a sirene tocou e todos se reuniram para me ver sofrer mais uma vez.

- Onde foi que o 0745 lhe beijou? – Ele gritava e eu, com lágrimas nos olhos, apontava. Duas chibatadas em cada lugar.

As regras eram claras: Não pode haver qualquer contado físico íntimo entre uma garota e um garoto jovens punido, quando não houver penetração, por uma deformação grave no rosto dos dois como marca do desrespeito pelas regras além de quantas chibatadas o guarda que os prendeu achar suficiente.

Uma coisa interessante sobre os guardas é que eles eram como nós, como todos nós. Ela escolhia quem achasse que tinha potencial e os apresentava uma variedade de regalias que eles teriam se cumprissem certas obrigações que incluíam torturar àqueles que desobedecessem as regras e guardas as fronteiras e portões para que ninguém pudesse fugir. Não que muita gente além de mim tentasse. A maioria aceitava já que achar alguém com compaixão naquele lugar era difícil, esse tipo de coisa não existia, sentir pena não existia.

O gran finale se aproximava, as lagrimas escorriam pela minha face, eu tentava me manter forte por ele, mas eu sabia que nenhum de nós podia olhar pro lado. O guarda levantou o chicote, tudo aconteceu em poucos segundos, mas foi devagar suficiente para eu reconhecer a voz que gritava:

-Não! Parem! – A voz que me salvou era a mesma que me salvava sempre e, ironicamente, eu não suportava saber disso.

Mais tarde, Enquanto Lucy limpava meus ferimentos eu não conseguia parar de pensar no que Jef disse: “Eu não posso esperar até que sejamos adultos”.