O toque insistente do telefone ao lado de minha cama me fez acordar, pegando o aparelho de modo irritado.

- O que foi? - perguntei, sem tentar esconder a voz sonolenta.

- Bom dia, Bela Adormecida - disse a voz simpática de um funcionário da empresa - Já temos um belo alvo preparado para você.

Soltei um resmungo, jogando minha cabeça no travesseiro novamente, cogitando a ideia de não participar da atividade.

- Isso não pode esperar? - perguntei, sem esperanças de conseguir meu desejo atendido.

O homem deu uma risada fraca.

- O carro logo estará chegando aí - disse ele, e o som do término da chamada dominou o aparelho.

Joguei-me novamente na cama, encarando o teto amarelado enquanto pensamentos voavam cada vez mais rápido em minha mente. Pensei em desistir da tal empresa, ainda mais por Luke estar envolvido no local, e eu não sabendo até onde ia seu poder, porém eu não via outra maneira de conseguir achar o sujeito se não fosse através dos assassinatos que a empresa me apontava.

Era melhor continuar com o trabalho como se nada houvesse acontecido, assim eu poderia ter acesso à pistas que me levassem ao meu perseguidor mais facilmente.

Levantei-me rapidamente, pegando a primeira roupa que achara pela frente na bagunça do cômodo e vestindo-a, saindo poucos minutos depois do apartamento.

Passei pela passagem metálica da porta do elevador, já no térreo, e passei tranquilamente pelo hall e pelo porteiro em suaequena cabine que me observava descontraidamente. Sorri simpático para o funcionário, minha mente começando a se perguntar se ele também estava entre as linhas de Luke enquanto meus olhos observavam todas as suas ações para achar alguma evidência de tal envolvimento.

Assim vou acabar ficando louco, pensei, enquanto descia pela rua até encontra um carro simples e prateado estacionado, um cara sério encarava-me de dentro veículo, através do vidro claro da janela do motorista, observando minhas ações enqunato eu entrava calmamente no banco traseiro.

- O que temos para hoje? - perguntei, enquanto o carro saia rapidamente da vaga.

- Sequestrador, procurado pela polícia, denunciado por uma das vítimas - a voz rouca do homem respondeu secamente.

- Espero que dessa vez o alvo seja verdadeiro - murmurei, observando a reação do motorista.

O homem encarou-me pelo espelho retrovisor por um momento, a sombra de confusão cobrindo seus olhos.

- O que quer dizer com isso? - ele perguntou, ligeiramente curioso.

- Nada - disse eu, suspirando. Ou aquele era um ótimo ator, ou ele realmente não sabia nada sobre o caso.

O plano que eu construíra em  minha mente na noite passada martelava irritantemente em meus pensamentos, a ideia de pegar um dos capangas de Luke e o fazer dizer onde estava seu chefe parecera uma boa tentativa, porém agora mostrava suas falhas através das máscaras de confusão dos funcionários da empresa.

Aquilo seria ligeiramente mais difícil do que eu havia imaginado.