Marta e Miguel se despediram com beijos e abraços muito pouco apropriados para uma escola e eu e Bernardo ficamos apenas por uma troca de olhares cúmplices e discretos. Acho que pouca gente sabia da nossa relação como irmãos e tinha a certeza que ninguém, exceto Miguel e Marta, sabia da nossa relação como namorados. Passamos a porta do bar atrás de Miguel e Marta que apesar de ainda não terem chegado na sala já se tinham despedido. Bernardo e Miguel nos acompanharam até á nossa sala e depois seguiram para a sua.

Era o sexta feira por isso só tinha aulas de manhã.

Comecei com Português, depois Geografia e por fim Biologia. Bernardo também só tinha escola de manhã por isso íamos para casa juntos.

A aula de Biologia terminou e nós fomos esperar pelas rapazes no portão. Eles apareceram passado um bom tempo.

_Estava vendo que não vinham, hein! – falei para eles mal chegaram ao nosso pé.

_O que se passou para demorarem tanto tempo? Aconteceu alguma coisa? – Marta preguntou enquanto se agarrava a Miguel.

_Não. A gente só demorou mais tempo na aula de Matemática. – Miguel respondeu a Marta.

_Então? O que vocês vão fazer agora? – Bernardo preguntou para aquelas duas aves raras se amassavam ao nosso lado.

_Não sei. – Miguel falou seguido de Marta que retificou sua frase:

_Não sabemos, se faz favor! – ela falou se descolando dele e lhe lançando um olhar autoritário.

Eu e Bernardo rimos.

_E que tal se passassem lá por casa. Que dizem de almoçarem lá connosco? – Bernardo estava com ideias e quando proferiu a frase olhou pra mim para ter minha aprovação.

_Mais isso não vai dar muito trabalho?

_Claro que não Martinha. Eu e Bernardo quase sempre almoçamos sozinhos. Venham com a gente. – falei esclarecendo a duvida que os amigos têm sempre quando são convidados para irem a nossa casa.

_Eles lá aceitaram nosso convite e vieram com a gente. Fomos todos no mesmo carro. Eu e Bernardo fomos á frente e Marta e Miguel foram atrás.

Pelo caminho ligamos a Kate e pedimos para ela reservar mais dois lugares na mesa, por isso quando chegamos em casa tínhamos um grande mesa cheia de comida. E tivemos direito a sobremesa e tudo.

Quando terminamos de comer aquele manjar dos deuses que a Kate nos preparou, Marta e Miguel foram embora. Logo á noite ia haver de novo festa no Pimenta Preta e a gente já tinha combinado em ir junto.Kate saiu durante a tarde e eu e Bernardo tivemos um tempo para a gente. Tivemos vendo um filme e eu como sempre acabei adormecendo sobre aquele colo lindo que tanto me faz suspirar. Não sei se dormi muito, não sei se dormir pouco apenas sei que tive que acordar toda exaltada graças á entrada repentina de Kate em casa, com um montão de sacas nas mãos. Acho que ela não viu a gente agarrada porque estava cheia de coisas, porém eu e Bernardo nos desgrudamos rápido e nos separamos.

Bernardo foi ajudar Kate e eu fui para o andar de cima. Já era quase hora de jantar, apesar de ter a certeza que a Kate ainda ia demorar um montão de tempo a preparar a comida.

Liguei o computador e fui direta no Facebook e Twitter ver as novidades. Não havia ninguém no chat e nenhuma twitcam decorrendo por isso o desliguei logo a seguir. Estava melada e como logo á noite ia no bar com Bernardo, Miguel e Marta e como também ainda tinha um tempo decidi ir tomar um banho.

Enchi a banheira até cima e mergulhei meu corpo naquela água a ferver. A banheira estava cheia de espuma e por isso toda a superfície da água estava branca e de vez em quando via-se algumas bolhinhas de sabão pairarem pelo banheiro.

Mergulhei minha cabeça na água e depois a encostei para trás e fiquei pensando no conto minha vida tinha mudado.

Tudo se resumia num esquema em minha cabeça:

Fui estuprada

.....

Passei os piores momentos da minha vida

.....

Mudei de vida para tentar esquecer o passado,

.....

apesar de ele ainda estar bem presente

.....

Conheci um garoto que por acaso é meu meio irmão

.....

Passamos o tempo todo brigando e provocando um ao outro

.....

Com tudo isso a gente se apaixonou e agora não quer estar mais longe um do outo

.....

Eu volto a ver de novo o sol em meu mundo e volto a ser feliz!!!

Era estranho mais eu estava realmente de novo feliz. Nunca pensei que mudar de cidade, de escola, de amigos, de vida… fosse tão bom.

Depois de uma boa hora dentro de água saí e me fui vestir. Sequei e arrumei meu cabelo de um jeito diferente.

Ouvi a voz familiar de Carolina e de meu pai do andar debaixo e alguém me chamar para jantar.

Meu pai e Carolina também não podia estar mais felizes, apesar de todos os dias eu e Bernardo lhes darmos dores de cabeça com as nossas briginhas ridículas e gostosas.

O jantar foi animado e como sempre eles quiseram saber como ia a escola.

_Estou a ver que as coisas vão muito bem com você filha, e com você Bernardo? Como vai a escola? – Meu pai me deu os parabéns e se dirigiu a Bernardo.

Ele estava incomodado com a pergunta e isso deu para perceber. E por muito que ele a quisesse evitar ela já tinha sido pronunciada e como qualquer questão tinha que ser respondida.

_Pois, eu hoje recebi a prova de Matemática… - Bernardo não comia apenas remexia com o garfo no prato, como se escolhesse a comida.

_E então como foi a prova? – Carolina também se estava mostrando interessada no resultado da prova. Bernardo se levantou da mesa e voltou com umas folhinhas brancas na mão. As entregou a Carolina e se voltou a sentar, sem levantar o olhar do prato de novo.

_A prova não foi má de toda. Não foi muito boa mais também não foi muito má. Veja mais é se se esforça para a próxima e tira melhor nota. – Bernardo se surpreendeu, pudera até eu fiquei admirada com a exclamação de Carolina. Pensei que fosse pior mais afinal…

Apesar de não saber da história da prova já previa que a nota dele não tivesse sido muito boa. Como a mãe dele falou a nota não era muito alta, mais também não era muito baixa, era razoável, digamos.

Eu e Bernardo falamos com nossos pais acerca da nossa saída de hoje á noite e eles autorizaram. Mas com as ordens de sempre, apesar de nós nunca as cumprirmos. Foi no andar de cima e peguei minha bolsa e meu casaco.

_Vamo, embora? – perguntei para Bernardo que remexia nos bolsos dos jeans que usava.

_Sim, vamo.

Miguel e Marta já nos esperavam no bar quando chegamos. Não tinham entrado e estavam a porta. Entramos todos juntos e fomos para uma mesa. Todos nós pedimos Vodka para começar a noite e acabamos bebendo shots. Eu e Bernardo pagamos uns quantos e Marta e Miguel também. Quando a nossa noite terminasse e da manheira que a gente estava aplicado em beber de certeza que já estaríamos mais para lá do que para cá. Com certeza que íamos acordar, amanhã, com umas dores de cabeça insuportáveis, mais como era sábado,…

_E quem alinha em mais um? – Miguel ainda queria beber mais.

Não fazia grande diferença beber mais um ou menos um, por isso todos alinhamos em mais um. Foi o ultimo. Depois cada um seguiu para os carros e rumo a suas casas. Bernardo tinha bebido tanto ao mais do que eu, mais ainda estava em condições de dirigir até casa.

Quando chegamos já eram quase da manhã e todo o mundo dormia naquela casa. Bernardo me agarrou em pleno corredor e me começou a beijar e a prensar contra a porta de meu quarto. Cabelo, mãos, bolsa,… tudo estava bagunçado. Era um beijo desejoso e cheio de malicia.

Uma porta se abriu e de lá saiu Carolina. Tinha um roupão até aos pés. Abri a porta de meu quarto e entrei, deixando Bernardo sozinho no corredor. Encostei meu ouvido na porta e fiquei escutando.

_O que está aqui a fazer mãe? Não devia estar dormindo?

_Sim eu estava. Só que eu ouvi um barulho e decidi vir ver o que foi.

_Sou só eu mão. Agora vá dormir que amanhã é sábado e pode aproveitar.

_Tá bom. Então até amanhã! Mas Bear?

_Sim?

_Você só chegou agora? – Carolina tinha uma voz de sono e amanhã não se ia lembrar de nada.

_Não, mãe, claro que não. – ri com as palavras de Bernardo. – eu apenas vim beber um copo de leite.

Carolina devia estar perdida com sono que não sequer retorquiu apenas disse um “ ok” e seguiu para seu quarto.

Como ela não percebeu que Bernardo ainda estava vestido? Me joguei na cama ainda rindo e agarrei a primeira almofada que vi, sorri para o escuro que nem uma boba e fiquei esperando que o sono viesse.