Acordei tarde com alguém distribuindo beijos por meu braço. Estava com uma dor de cabeça insuportável e com dificuldade em abrir meus olhos. Tinha a certeza que tudo isso tinha uma única explicação!! O efeito do álcool de ontem. Me virei devagar na cama e abri muito lentamente meus olhos para não receber um grande choque com a luz solar. Olhei para quem estava de meu lado. O olhar acinzentado de Bernardo estava sobre meu corpo e sua mão estava sobre meu ombro.

_Bom dia. – ele falou num fio de voz, não querendo me assustar com um grito alto que rebentaria com meu cérebro.

Me ergui um pouco na cama e envolvi meus braços em seu pescoço. O puxei para mim e o abracei sussurrando em sei ouvido:
_Bom dia!

_Mas o que é isso? È tudo saudade? – ele se pronunciou enquanto correspondia ao meu gesto.

_Deixa de ser bobo e fale baixo por favor, minha cabeça está quase rebentando!

_Sabe o que é isso, linda?

_O pior é que sei!

_Quer que eu vá lá em baixo pegar algum remédio pra você? – ele falou carinhoso e num tom mais baixo, obedecendo ao meu pedido perto de meu ouvido.

_Não, não quero que vá lá em baixo! Quero que fique aqui comigo! – tirei minhas mãos de seu pescoço e agarrei sua cintura a puxando ainda mais para mim.

_ O que foi pequena? È de mim ou você hoje tá muito carente.

_Não, não tou carente coisa nenhuma. Só tou com vontade de passar o dia colada a você. Te beijando, te acariciando, te mimando, te abraçando… - levei minha boca ao seu pescoço e fiquei falando enquanto distribuía beijos por todo o sitio, parando na orelha e dando uma leve mordida por lá.

_Nossa! Acho que estou a ficar com um pouco de receio!

_É bom que tenha. – não perdi mais tempo e acabei com a provocação. Levei minha boca na dele e fiz com que ele deitasse seu corpo por cima do meu.

Eu ainda estava com a mesma roupa de ontem. Ela estava toda amassada e meu rosto devia estar um saco, já para não falar de meu cabelo. Bernardo, pelo contrário, já estava vestido e com o cabelo arrumado.

Tinha seu corpo sobre o meu e fazia um grande esforço para não o deixar cair completamente sobre mim.

Não tinha noção das horas e sinceramente não seu se queria saber. Agora minha prioridade era aquele moreno, alto e gostoso que estava sobre mim.

O beijo começou calmo mas cada vez ficava mais intenso, sentia as mãos quentes de Bernardo nadarem por minha lateral e meu desejo de o beijar mais e mais era cada vez maior. Sua língua pediu passagem e eu cedi. Levei minhas mãos ao seu peito e agarrei seu casaco  de moletom azul e o puxei para mim. Ele acabou por deixar cair seu corpo escultural sobre mim e as nossas posições se inverteram, assim como suas mãos passaram para meu rosto. Quando separava meus lábios dos seus para tomar um pouco de ar, Bernardo não perdia tempo e quando eu ainda estava inspirando ele já tinha voltado a juntar nossas bocas. Ele levou sua boca a meu pescoço e eu decidi aprontar também. Passei minhas mãos por baixo de sua camiseta e tracei uma linha ardente com minhas unhas em seu peito. Ele se arrepiou e parou de mimar meu pescoço, sorrindo e olhando maliciosamente para mim, voltou a inverter nossas posições e decidiu assumir o controle de novo.

Mas se ele pensava que ia dominar a circunstancia estava enganado. O que levou a uma guerra de posse de comando, nos fazendo rebolar de um lado para o outra na cama, até cairmos os dois no chão e ao mesmo tempo na gargalhada.  

Acho que Bernardo percebeu que quando caísse no chão iria ficar por cima e por isso fez com que a gente desse outra volta e ele ficasse por baixo. Não sei se foi para amparar a queda ou porque me queria deixar ganhar, o que eu sei é que fiquei por cima e com o comando. Voltei a colar a gente com um beijo e bem devagar foi desapertando seu casaco. Estava um calor impressionante naquele quarto. Quando finalmente o seu casaco estava todo aberto e eu pronta para o fazer escorregar pelos seus braços...

_Bernardo, Leonor? – alguém gritou.

Olhamos os dois ao mesmo tempo para a porta,  e depois voltamos o olhar de novo um para o outro. Bernardo tinha a boca vermelha e os lábios inchado e seu cabelo arrumado agora estava completamente bagunçado e devo confessar que apesar de estar assim tinha um ar bem sexy.

_Fala a sério! – deixei cair minha cabeça sobre o peito de Bernardo.

_Fala a sério mesmo!! Só podem estar brincando, né?? – Ele suspirou e retirou as mãos de mim.

_O pior é que a brincadeira é bem real!!

_Fazer o que né? – ri e me levantei. Estendi a mão para auxiliar Bernardo a se por de pé e arranjei minha roupa.

_Acho melhor você voltar para seu quarto ou então descer antes que sua mãe apareça cá em cima perguntando se o filho ainda estava vivo!

_Mais uma coisa eu te digo. Da maneira que as coisas estavam rolando agora á pouco entre a gente, era bem provável que ela me encontrasse morto ou em muito mau estado.

_Isso quer dizer que eu posso ser um perigo pra você?

_Não. Isso quer dizer que você é um ameaça para a minha pessoa.

_Uma ameaça? – exigi justificação.

_Sim. O que você faria se tivesse uma garota linda, maravilhosa, perfeita e tudo de bom em cima de você, te seduzindo e arranhando seu peito? Vai me dizer que depois disso não ficava que meio difícil de segurar a onda?

_Difícil de segurar a onda? Meu querido Bear, eu acho melhor você começar a controlar os seus hormônios! Agora pule para seu quarto antes que dessa vez seja eu a vitima de suas empolgações. Vá, vamo! Saia daqui! – Empurrei Bernardo para fora de meu quarto e até recusei o beijo que ele me pediu á saída, virando a cara para o lado e lhe fechando a porta na cara. Fui pro banheiro. Estava com fome por isso tomei uma ducha rápida, vesti uma roupa e fui na cozinha.

Peguei uma taça e joguei lá dentro leite e um montão de cereais. Fui no armário e procurei um anti dores de cabeça. Ingeri um.

Não queria passar o sábado fechada em casa por isso liguei para Marta, para ver como ela estava e se tinha alguma coisa para fazer no dia de hoje:

_Bom dia!- gritei, tentando a incomodar com a ressaca que tal como eu ela estaria.

_Fale baixo pelo o amor de Deus!! – foi a única coisa que se ouviu do outro lado da linha.

_Te acordei?

_Não propriamente. Apenas acordou uma grande dor em minha cabeça, com esse seu grito alto e um tanto alegre.

_Te liguei porque não estou com vontade de passar o dia todo de sábado enfiada em casa, por isso ia propor a senhorita uma volta! Que me diz?

_Eu adorava ir, só que já planejei com Miguel todo o meu sábado.

_Ah, com essa história toda com esse garotinha, nem sequer dá o devido valor para a melhor amiga! Tá bem tá. Você vai querer e não vai ter.

_Porque não vai dar uma volta com Bernardo? Tenho a certeza que ele adoraria passar o dia com você, Leonor!

_Não era só ele, né. Eu também adoraria. Mas ia dar muito nas vistas se a gente saísse junto em um sábado. Não se esqueça que eu e ele cá em casa somos como cão e gato. A gente não se dá e temos que esconder a todo o custo essa história de nossos pais. Mas deixe pra lá. Vá curtir com o seu namorado que eu me resolvo por aqui!

_Tá bom! Logo a gente conversa tá?

_Tá beijo grande pra você!

Bom , nada feito. Eu ia mesmo que ter que passar meu sagrado sábado enfiada entre quatro paredes, esperando um salvador da pátria para me resgatar e me levar para fora daquela casa.

Me joguei no sofá e fiquei passando á lista infindável de canais de filmes, de musica, de documentários, de seriados, de novelas, de noticias, de animais, de ficção cientifica… procurando aquele que mais me agradava…