Já tinha jantado e me estava preparando para ir lá no bar. Apesar de termos aulas amanha de manhã meu pai e Carolina, deixaram a gente ir no bar. Mais claro com condições. Não podíamos voltar muito tarde e  muito menos ressacados.

Eles também tinham saído. Foram num musical qualquer com uns amigos por isso, acho que não haveria problema com as horas que a gente ia voltar visto que eles não iam estar em casa para nos controlar.

Estava penteando meu cabelo, em frente ao espelho quando a porta do quarto se abriu. Era Bernardo.

_Já está pronta? – ele veio por trás de mim e me abraçou, colando o seu corpo no meu e beijou meu pescoço.

_Quase! – falei sorrindo e olhando para a gente no espelho. Eu era baixinha e Bernardo era mais alto, o que fazia uma grande diferença no espelho me fazendo sentir inferior. Acho que minha expressão mudou.

_ O que foi? Para onde está olhando?

_Eu sou mesmo pequenina!

Ele riu com a minha cara e me virou para ele, porém sem tirar suas mãos de minha cintura. Passei as minhas em volta de seu pescoço.

_Eu gosto  de você assim.

_Eu acho melhor a gente se largar se não ainda tem outra surpresa inesperada como aconteceu hoje.

_Mas ó minha menina, a gente não vai ter nenhuma surpresa inesperada, você já se esqueceu que eles já saíram?

_Está a ver o efeito que você tem em mim? Até me deixa meio desnorteada. - Ele se foi aproximando cada vez mais de mim e eu já sabia que a cena ia acabar em beijo.

_É o meu charme natural que dá cabo de você.

Gargalhei com suas palavras e o beijei. O largando logo a seguir, visto que ainda não estava pronta. Peguei no casaco e na bolsa e desci as escadas atrás de Bernardo. Entramos dentro do carro e ele dirigiu até o Pimenta Preta.

Marta e Miguel ainda não tinham chegado e a festa ainda não tinha muita gente. Entramos  e  os sentamos  numa mesa no canto, não me queria sentar no meio e levar constantemente encontrões de gente circulando. No bar não havia ninguém conhecido. Apenas gente dançando ou bebendo uns copos. Bernardo me estendeu a mão e eu não percebi muito bem o que aquilo significava. Olhei para ele. Acho que me estava convidando para dançar. Pousei minha mão em cima da dele e uma musica lenta e melodiosa começou tocando. Eu e Bernardo nos movimentávamos ao som dela.

_E se eu beijasse você agora? – ele preguntou atrevido.

Olhei para todos os lados confirmando se alguém nos olhava.

_Eu acho que não tinha problema nenhum. – mordi meu lábio inferior de forma a seduzir. E consegui ele levou seus lábios nos meus e nos fomos balançando agora mais devagar acompanhando o ritmo do som nos envolvendo num caloroso beijo.

Lourenço e uma garota loira entraram no bar e eu larguei Bernardo, muito rápido, que logo se foi sentar perto do balcão e longe de mim.  

Ficamos trocando olhares cúmplices por um bom tempo até que um garoto veio até mim, tapando minha vista.

_Está sozinha?

Fiquei sem graça quando o garoto se sentou sem sequer ter pedido autorização. Consegui voltar a avistar Bernardo. Seu olhar transmitia fúria e dava para perceber que se estava tentando controlar.

_O que faz uma gata como você sem companhia?

_Bem, - vi Bernardo estava vindo na minha direção. – eu não estava propriamente sozinha.

_Então Leonor, demorei muito? – vi a expressão do garoto mudar assim que viu Bernardo me pousar um copo na frente e apoiar seu braço em meu ombro.

_Desculpe, quer dizer… eu não sabia que… - ele se tentava explicar para Bernardo.

_Mas você vai vazar, ou quer que lhe ajude a descobrir o caminho? – a garoto se levantou apressadamente desapareceu no meio de toda aquela gente.

_Ouça lá, o que é que foi isso?

_Então, havia aqui um abutre a pairar. Mas posso me sentar aqui com você ou é melhor ir procurar uma outra companhia para passar a noite?

Fiz sinal com a mão para Bernardo se sentar e vi Marta entrar seguida de Miguel pela porta do bar. Vieram ao nosso encontro. Miguel cumprimentou Bernardo e Marta se sentou de meu lado. Troquei uns olhares com ela, para tentar perceber o que Miguel fazia ao seu lado.

_Ele me apanhou chegando aqui e desde ai nunca mais em largou, fazer o quê né?! – ela falou alto em tom de provocação.

Miguel deu de ombros atrás da cabeça dele e eu e Bernardos rimos em conjunto da cara deles dois. Esses estavam mais cegos do que a gente.

Ficamos no bar parte da noite, dançando, cantando, bebendo e falando. Já era quase duas da manhã quando eu e Bernardo saímos da festa. Só esperava era não ter nossos pais á porta esperando a gente.

As ruas estavam desertas e por isso chegamos bem rapidinho em casa. Nossos pais já estavam em casa pois o carro já estava na garagem. Abri vem devagar a porta para não fazer barulho e subimos sem acender as luzes. A porta do quarto de nossos pais estava fechada e a casa estava em silêncio. Bernardo entrou comigo para meu quarto.

_Curti a noite! – ele falou me encarando.

_Sim foi legal. Tirando o clima chato entre a Marta e o Miguel… a noite foi bem legal. – pousei minha bolsa na cama e tirei meu casaco.

_Acho que Miguel está gostando da dela…

_Você acha, eu tenho certeza que Marta está gostando dele.

_Ela te disse?

_Mais o menos.

Havia uma pergunta que eu queria fazer, que já me estava torturando á um tempo e achei que aquele era o momento ideal.

_Bernardo?

_Ãnh?

_Posso fazer uma pergunta pra você?

_Fale.

_Você contou alguma coisa ao Miguel acerca disso que está rolando entre a gente?

_Não, eu não contei. – fiquei aliviada com a resposta dele. – E você contou alguma coisa á Marta?

_Pra lhe dizer a verdade, não foi bem contar.

_Como assim não foi bem contar? – acho que ele ficou confundido com a minha frase.

_Acho que ela percebeu que pairava um clima entre a gente. A Marta veio com uma conversa pra cima de mim e foi inevitável não falar. – Ele pós uma mecha de meu cabelo para trás. – Você tá zangado?

_Acha mesmo?? – ele riu. – Eu não me importo que você conte para a Marta. Ainda pra mais por mim, todo o mundo saber ou não saber é indiferente.

Bernardo não concordava muito com a ideia de manter segredo. Ao menos era o que eu achava.

_Eu sei que você queria assumir tudo e acabar com esse clima chato e de briga que a gente tem que fazer para passar de despercebido aos olhos de nossos pais. Mais será que dá para aguardar mais um pouco? Eu tenho medo daquilo que eles possam achar. Principalmente de meu pai. – Bernardo pegou na minha mão e acariciou.

_Eu estou a pensar seriamente em pedir sua mão ao Sr. Afonso! –  Bernardo falou brincando e roubando um sorriso de mim.

_Ó Bernardo, você tá louco! O que você acha que meu pai ia fazer? Isso era uma má ideia!

_Se calhar, você é capaz de ter alguma razão, isso podia ser uma má ideia. Ele ainda me acusava de tentativa de roubo ou algo assim! – ri ainda mais e levei meus lábios aos dele.

O clima estava esquentando, eu já estava em bicos de pés para alcançar a boca de Bernardo e o beijo estava cada vez mais selvagem. Mas a gente se tive que separar por causa do ar, que se fez necessário. Pousei meus pés de novo no chão e minhas mãos deslizaram pelo peito moreno e bem definido de Bernardo. Ninguém abriu a boca para falar nada. Nossas respirações estavam ofegantes e descompassadas. Meus pulmões precisavam de ar e  meu coração precisava de se acalmar. Bernardo foi chegando perto de mim de novo e quando eu pensei que ele ia me dar um beijo ele desviou a rota para meu ouvido e baixinho e com a voz rouca, sussurrou por lá:

_Boa noite Leonor…

Senti seus lábios quentes depositarem um beijo suave na minha testa e fechei meus olhos e apreciando aquele momento…