I Want To Break Free escrita por Dhampir


Capítulo 5
Capítulo 4 - Novo caminho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/287144/chapter/5

- Cat você tá usando maconha de novo? - Perguntou meu irmão, um olho aberto, outro fechado.
- Não… Não tô. - Bufei - Isso foi há muito tempo... E só uma vez. 
- Cogumelos?
- Nunca usei cogumelos! Para com isso!
- Fala baixo cria! 
- Volta a dormir, volta.
- O que você tá levando ai?
- Seu figurino.
-Você tá falando sério? – Indagou, visivelmente sonolento.
- Claro que não! Isso é um sonho. Daqui a pouco a Megan Fox vai entrar pela janela vestida de professora, dizendo que você foi um menino muito mau, dorme ai vai.
Ele riu, balançou a cabeça “concordando” e voltou a dormir.
Esperei dar 6 horas e saí de casa pela janela. Pra evitar que minha mãe me visse com a bolsa, deixei a mochila escondida na praça e voltei pra casa. Era domingo, a maioria das pessoas estavam na missa essa hora. Minha mãe fazia café quando voei pelo corredor, avisando:
- Mãe tô saindo! 
- Come primeeee… - Ela gritou, mas eu já estava longe pra ouvir.
Saí, vestindo um moletom cinza, calças pretas, boné, cabelo amarrado, Ray Ban, meu all star azul, e claro, o baixo, que imitava uma aranha, dentro da caixa, nas costas. Peguei a mochila nos arbustos e fui em direção ao Called. Eram 6:20 quando cheguei lá, ainda estava fechado, óbvio. Fiquei na calçada, sentada, largada... Acabei indo na lanchonete vizinha, a Lolly’s. Cheguei com cara de poucos amigos, ninguém deu muita importância. Não sei se meu “disfarce” estava muito convincente… O pior seria se o loiro me reconhecesse da noite anterior, ele estava tão fascinado com Diamantine que creio que nem me notou, mas não estava cego. Olhei pro espelho que ficava perto do balcão, sempre fui magrinha, pernas grossas do futebol, pouco peito, cintura fininha, coisas que era fáceis de esconder com roupas folgadas. Devia estar meio embasbacada, porque a Lolly, logicamente dona do bar, perguntou:
- Posso ajudar?
- Ahn, sim. – Despertei - Uma vitamina de uva e um sanduíche natural, frango com requeijão. – Disse, engrossando um pouco a voz, coisa que tinha pratica por cantar Legião Urbana loucamente.
- Ei, você é alguma coisa dos Winston? 
- Oi? 
- Você parece com o Louis… Lembra um pouco. Parece mais com a Cat pra falar a verdade… E ela é a única pessoa no mundo que pede “vitamina de uva”.
- Ah, sou. Sou… primo deles. – Acho que foi a desculpa mais esfarrapada que dei na vida.
- Engraçado, nunca ouvi os Winston falarem de outros familiares.
- Sou primo distante… A Cat que disse pra eu tomar essa vitamina, segundo ela era… Hmm… - Estalei os dedos como que quisesse lembrar de algo.
- A bebida do Olimpo? 
- Sim! Isso! A bebida do Olimpo!
- Ela sempre diz isso. – A mulher sorriu - Trago em um segundo. - Lolly entrou e eu nem acreditei que ela caiu nessa.
Tomei o “café da manhã” e fiz uma horinha até ouvir oito badaladas do relógio da igreja. Quando estava saindo do bar vi uma menina me encarando. Encarei de volta, ué. E ela se aproximou. 
- Oi… - Fiquei na dúvida se ela tava me reconhecendo, percebendo que eu era mulher, ou se eu tinha cara de macho mesmo.
- E ai… – respondi tensa.
- Você é novo na cidade? Tá com os meninos da banda?
- É, por ai…
- Hm… - Disse alisando meu ombro. Recuei. As meninas daqui ficavam loucas quando viam qualquer pessoa de fora, mas quando era homem… Nossa… Delay. Delay. Delay. Tinha uma menina me cantando? E ela realmente achava que eu era um cara! Oh! Socorro! Batman, socorro!
- Bem, vou indo. Prazer em conhecê-la. – Dei “tchauzinho” e corri pra Called.
Invadi o bar. As portas estavam encostadas, aparentemente não havia ninguém. Torci pra não encontrar Ken, ele COM CERTEZA me reconheceria até depois de eu tomar poção polissuco.
- Alô? Alguém aí? – Disse hesitante. 
O moreno saiu de trás da cortina.
- Ah, oi. Os testes são só às nove. E são… - Olhou no relógio - Oito. Volta daqui à uma hora.
- Eu sou o único cara que toca baixo por aqui. O único que toca bem pelo menos.
- Sei. - O moreno sorriu de canto e virou-se.
- Me escuta, me escolhe e vamos embora. É assim que funciona, né? – E fui ligando a guitarra nos amplificadores.
- Por mim tanto faz, mas o resto dos caras não está aqui.
Bufei e sentei no palco. Estava afinando o baixo quando alguém falou:
- Baixo maneiro. – Era o ruivo, pulando de trás do balcão do bar para cima deste. 
- Ah, valeu. 
Deitei no palco, o ruivo e o moreno ficaram conversando, em meia hora chegaram o de cabelos brancos, o loirinho e o um homem mais velho provavelmente o produtor, sentaram em mesas diferentes. 
Ninguém falou nada, mas eu comecei a tocar Welcome to the paradise – Green Day. Me segurando pra não cantar junto, pois pela minha voz, por mais que eu “engrossasse-a” o produtor, provavelmente perceberia que eu não era um… menininho.
- Regular. – Falou o ruivo com desdém.
Como assim regular? Aquele ruivo mal tingido ia ver quem era “regular”…
- Eu toco guitarra também…
- O teste é pra baixista. – Continuou, petulante.
- Estou propondo um desafio. – Estalei os dedos.
Ele sorriu de canto, pegou a guitarra dele e me deu a do moreno.
Comecei com Rock you like a hurricane – Scorpions, ele riu e tocou Right Now – Van Halen. 
- Você chama isso de solo? – provoquei-o e comecei a tocar Foreplay – Boston
- Você não acha que tá com a bola cheia demais pra um iniciante? – Disse e em seguida tocou All that I bleed - Savatage
- Quem disse que sou iniciante? - Terminei com o solo de Angus Young do AC/DC e ele disse:
- Xeque-mate. 
Quando terminei meus dedos estavam sangrando. As cordas da guitarra do moreno eram 0.11, eu não estava muito acostumada. Mas dizem que meninos não choram, né? Coloquei a mão dentro do bolso do moletom rapidamente pra não perceberem.
O produtor aplaudiu.
- Tá dentro.
Quase não acreditei, e me segurei MUITO pra não gritar. Com meu alto controle nirvanistico balancei a cabeça e disse:
- Pode crer. 
Tive tanto alto controle, mas tanto, que até eles estranharam minha “falta de emoção”. Por dentro estava explodindo, mas por fora tentava apenas não extravasar. Não lembrei de dedo, de dor, de nada.
- E quando a gente viaja?
- É pra ser hoje… Vamos em mais cinco cidades. Mas é assim… Se tiver alguém melhor que você, você volta, beleza?
Sorri confiante.
- Então, nós partimos depois do meio dia. Assim que acabar o horário das audições. Se você for se despedir de alguém ou qualquer coisa assim, vai agora. 
- Não. Já tô com tudo aqui.
- Só tem um problema. – interviu o ruivo mala.
- Qual? – Retruquei.
- Você não pode ter o cabelo vermelho também.
- Que?
- É, verdade… - Disse o produtor.
- As meninas gostam de variedade, e já temos um ruivo. Pinte de preto.
- Vocês já tem um moreno também. Querem que eu pinte o que? De azul? Vai ficar um lindo carnaval. – Mal era da banda e já tava colocando banca.
- Moreno ou loiro. Faz sucesso.
- Mas sou ruiva… ruivo desde os 13 anos. 
- É bom mudar. – O ruivo nojento devia estar mordido por ter perdido pra mim. Ficaria mais se soubesse que eu era uma garota. Ele tinha cara de machista. Por um segundo pensei em contar a verdade, mas não ia desperdiçar minha melhor chance de sair daquele fim de mundo por causa de orgulho infantil.


Louis’s POV

A mamãe vai ficar louca”. Disse pra mim mesmo. Acordei perto das 9 da manhã, minha mãe devia ter ido ao mercado e o encosto, como eu e Cat, carinhosamente, chamavamos seu marido, devia estar dormindo. Dormiria até a barriga apertar de fome. Devia estar de ressaca, como sempre. Quando levantei, vi um envelope na maçaneta da porta, dentro havia um bilhete escrito com caneta prata em papel preto, típico de Cat. Dizia assim:
Lulu, meu pequeno urso,
    Você mais do que ninguém sabe o quanto necessito sair deste lugar. Roubei algumas roupas suas e mais algumas coisas também você vai descobrir, desculpa ♥, mas deixei meus HQ’s do Batman pra você. 
    Amo você e a mamãe. Amo muito. Vou entrar em contato sempre. Estou bem e vou ficar melhor ainda.
    Fui ser feliz, e não volto tão cedo. Diga à mamãe que ela deve fazer o mesmo.
                                Catrinn. 


Dentro do envelope tinha outro bilhete melhor:
Ps.: Só avise depois das duas, creio que estarei bem longe.
Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer. Guardei o bilhete e rasguei o “aviso”.

                          FIM DO POV

Fui ao banheiro quando me lembrei dos cortes, lava-los. Quando água encostou nos cortes finos, senti queimar. Certo, sou um pouco dramática, mas sempre toco com palheta, nas minhas cordinhas lindas e maravilhosas 0.9…  Bem, tocava, antes do meu padrasto quebrar minha guitarra. Mas achava aquele solo impossível de fazer com palheta, arrisquei.

 Estava estancando o filete de sangue quando Nathanniel entrou no banheiro de supetão. 
- Machucou muito?
- O que?
Ele me olho com cara de EuSeiOQueVocêFezNoVerãoPassado. E me estendeu um band-aid. 
- Devia ter passado fita crepe nos dedos, se não queria usar palheta.
- Ia tirar todo o charme. – Levantei um ombro só, como costumava fazer quando estava “não me importando”.
Ele sorriu e saiu. 
A manhã passou em um estalo. As audições foram em sua maioria ridículas. Teve gente que dançou, cantou e até malabares. Acho que não sabiam o que significava “BAIXISTA”. É uma palavra muito complicada e de difícil compreensão.
Vi alguns conhecidos próximos. Senti uma saudade antecipada de minha mãe, meu irmão, Diamantine e até de Ken. Saber que eu estava indo embora depois de 17 anos com aquelas mesmas caras era bom, libertador, eu até podia respirar melhor. Mas ao mesmo tempo, ir embora sem olhar pra trás doía-me o peito e a alma.
Quando deu meio-dia, hesitei. Não sabia se queria ir mesmo. Meu celular tocou, era sms do Louis.
“Viva todo o seu mundo, sinta toda a liberdade"

Respirei fundo pra não chorar.
Entrei no Trailer e sentei num sofá. Os meninos pareciam bem entrosados, e eu ainda não sabia o nome da maioria.
O loiro chegou perto de mim.
- Sou Nathanniel, este é Leigh, Castiel e Lysandre. Você ainda não disse seu nome.
- Ah, é Louis, prazer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!