Always! escrita por Srt Dubs


Capítulo 10
Capítulo 10 - Anel Claddagh.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... Qualquer opinião sobre a historia será muito bem vinda!



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Entrei em casa e quase esbarrei na Maria quando entrei no meu quarto.

- Onde você foi? – Maria perguntou com um tom engraçado.

- Ao shopping com os meninos... Por quê? – eu perguntei me jogando em minha cama.

- Nada, apenas curiosidade... Como foi o dia? – Maria perguntou sentando-se perto de mim. Contei a ela toda a minha manhã e como boa ouvinte que sempre foi não me interrompeu nem um segundo. – Como já te disse, tenha paciência, pequena Soph... Como minha mãe costumava dizer o tempo só é ruim para quem não sabe esperar.

- Uau, depois dessa eu serei bem paciente... – eu disse sem querer ser irônica, mas foi inevitável, a Maria não pareceu achar ruim. – Me incomoda que as coisas estejam mudando tanto...

- Ora, Sophia, tudo na vida muda um dia, seja isso bom ou ruim, por isso ao invés de se incomodar esteja pronta para o que vier... – E com essa frase filosófica ela se levantou e saiu do quarto.

Ainda pensando nas coisas que a Maria havia dito, reparei em cima da minha cômoda uma caixinha preta, ao abrir vi um anel com um símbolo diferente: um coração com uma coroa em cima e duas mãos em volta. Nunca tinha visto nada parecido, mas imaginava que havia um significado para aquele símbolo.

- Maria! – gritei enquanto descia as escadas e a encontrei na cozinha. – Olha isso!

- Que lindo! Quem te deu? – ela perguntou ainda olhando para o anel.

- Engraçado ia mesmo te perguntar se você sabia quem deixou isso aqui. – Maria achou que fosse brincadeira minha, mas logo viu que não era. – Será que foi a mamãe?

- Não ela ainda não passou por aqui desde o café da manhã. E ninguém, nem mesmo o carteiro apareceu aqui hoje...

- Como assim que isso brotou no meu quarto? Não há nada escrito, eu nem ao menos sei o que esse símbolo significa, por isso não há como liga-lo a ninguém. – eu estava muito curiosa para saber quem havia me presenteado, não havia nenhuma pista aparente olhei, novamente, para a caixinha preta e a aproximei sentindo um perfume. – Marina!

- Marina? O que ela tem haver? – Maria perguntou confusa.

- O perfume na caixa é o mesmo que ela usa, tenho certeza... – Para mim, há sempre algo que marca uma pessoa, uma risada, ou modo de pisar, no caso da Marina era o perfume.

- Mas então, como ela entrou aqui? – Era mesmo impossível que fosse ela, mas eu não conseguia pensar em outra pessoa. Maria balançou a cabeça quando eu ia tentar argumentar. – Não tem como, Sophia! Talvez você tenha se enganado, pode mesmo ter sido sua mãe, antes de você sair hoje cedo.

- É pode ser... Então o que faço? Uso ou não o anel? – Maria fez uma careta de Você quem sabe! e eu acabei colocando o anel no dedo. – Vou ver se descubro quem foi...

Voltei ao meu quarto, coloquei a caixinha sobre a mesa e peguei meus livros de escola para ler, eu queria adiantar um pouco a matéria, pois assim tornaria a explicação do professor mais fácil de entender, aproveitei para rever as poucas coisas que já tinham sido passadas nas aulas. Lógico que não pude parar de olhar para o anel.

- Se eu ao menos soubesse seu significado...  – Boris latiu entrando no quarto e se deitando em minha cama. – Será que você pode me dizer como essa historia vai terminas, meu querido amigo Boris?

Ele latiu mais uma vez como se pedisse desculpas e eu voltei minha atenção para meus livros.

Na manha seguinte, Milly me mandou uma mensagem dizendo que não iria à escola, mas não disse o motivo. Isso era ruim, pois passaria o dia com minhas indagações todinhas pra mim.

- Bom dia, Sophia! – o Stefan disse me surpreendendo com um abraço. – Como você está?

- Ei, Stefan, estou ótima! – eu respondi ainda abraçada com ele que cheirava a alguma coisa que parecia canela, tive vontade de ficar abraçando ele o resto do dia, mas me afastei. – E você?

- Muito bem! – ele disse sorrindo o que era algo bem hipnotizante. – Qual é a sua primeira aula?

- Geografia, e você? – Ele checou o horário e disse que era a mesma que eu, estendi a mão para ele que a olhou surpreso – O que foi?

- Esse anel... É um anel Claddagh, minha mãe também usa um. – Ele comentou ainda segurando minha mão diante dos olhos. – Quem te deu?

- Também queria saber... – eu contei a ele como havia achado o anel e ele sorriu. – O que esse anel significa?

- A historia desse anel é bem antiga, nasceu há muitos anos no oeste da Irlanda, a lenda diz que certa vez um barco de pescadores fora capturado por piratas e seus tripulantes vendidos como escravos a um rico joalheiro Turco. Um dos tripulantes, Richard Joyce, casaria nesta mesma semana. Joyce se tornou um grande artesão, e nunca esqueceu a
mulher que amava e deixara na vila. Ele fez um anel de ouro para ela, onde no centro havia um coração que representava o amor, uma coroa que significava lealdade e duas mãos representando a amizade. – Stefan apontou para o anel enquanto falava, eu achei engraçado que ele conhecesse aquela historia tão antiga. - Após oito anos ele conseguiu escapar de seus raptores e retornou a sua vila,
e para sua alegria ele descobriu que seu amor nunca perdera a esperança de reencontrá-lo. Ele deu o anel que tinha forjado a ela, eles se casaram um tempo depois.

- Então esse é um símbolo de amor, amizade e lealdade? – eu perguntei tentando vasculhar minha mente por alguém que se encaixasse.

- Sim, esse símbolo ficou conhecido internacionalmente e pode ser dado a pessoas amigas, ou como no caso do meu pai para minha mãe, amadas. – Stefan e eu paramos de conversar quando entramos na sala, mas aquela historia ficou rodando na minha cabeça, era tão legal e magica que talvez não passasse mesmo de uma lenda, no entanto ainda assim parecia perfeita.

Três aulas depois eu estava passando pelo segundo andar, indo para o refeitório, quando a Marina saiu da sala dela.

- Olá, Sophia!

- Ei, Marina! – Ela estava diferente naquela manhã, de inicio não soube o que era, mas logo percebi que ela tinha cortado um pouco o cabelo, toquei na ponta do cabelo dela. – Cortou o cabelo...

- Imaginei que notaria... – Marina se interrompeu ao ver o anel na minha mão. – Nossa, um anel Claddagh, nunca tinha visto um de perto. Quem te deu?

O Stefan e ela conheciam sobre o anel o que significava que podia ser um dos dois, mas com aquela pergunta constatei que realmente não era ela quem havia me dado o anel. Mas então quem seria?

- É justamente a pergunta que me faço. – Marina não entendeu o meu resmungo então eu simplesmente disse. – Longa historia...

- Seja quem for deve ter muito apreço pela sua amizade, já que pra mim esse é o principal significado desse anel, afinal uma amizade depende de amor e lealdade...

 Marina foi embora e eu fiquei parada no meio do corredor pensando no que ela havia dito.

- Onde você estava? – a Erika me perguntou quando cheguei ao refeitório.

- Conversando com a Marina... – eu disse fazendo meus amigos olharem pra mim. – O que eu perdi?

- Nada, nós estávamos mesmo falando sobre sua essa sua amizade pouco comum com a Marina... – Paula respondeu e Erika lançou um olhar serio para ela.

- Desculpa, mas como assim pouco comum? – eu olhei para o Stefan que deu de ombros.

- Ah, Sophia, você sabe perfeitamente bem que ela não dá atenção especial para nenhum outro aluno. – David disse tentando melhorar as coisas, o que claro, não conseguiu.

- Mas ela não me dá atenção especial, só eu sei o quanto é difícil lidar com aquele jeito fechado dela, ou vocês acham que nos tratamos como amigas de infância? – eu estava surpresa que meus amigos estivessem fazendo um comentário desses, afinal eles me conheciam muito bem. – Marina nunca facilita nada para mim, pelo contrário ela parece exigir o dobro de mim, sempre com comentários e olhares de reprovação quando faço alguma coisa errada, e vou dizer que prefiro que ela seja assim mesmo... A única coisa diferente é que somos amigas.

- Não é isso que parece, mas não estamos te julgando, entramos nesse assunto, por que ouvi algum comentário no corredor...

Novidade! Sempre havia comentários na radio corredor, não só sobre a Marina, mais também sobre outros professores ou até mesmo alunos que dessem motivo para comentários. Entretanto, isso não me incomodava mais, pelo menos não como antes.

O intervalo acabou e eu fui para minha aula de matemática, Alice estava encostada em sua mesa esperando seus alunos terminarem de entrar.

- Ei, Alice, tudo bem?

- Olá, Sophia, estou bem e você? Como está sendo sua semana? – Alice parecia mesmo interessada e isso me surpreendeu, não era muito comum que ela fizesse esse tipo de pergunta.

- Tenho a sensação de que já estou no meio do ano... – eu disse rindo e ela apenas sorriu. – Nada de importante...

A manhã passou devagar, sem a Milly ou qualquer uma das minhas aulas preferidas. Fui pra casa pensando em algo que pudesse deixar minha tarde mais animada, mas cheguei à conclusão que teria que procurar algo para ler, ou uma nova musica para tocar ou zerar o jogo que eu havia comprado nas férias.

- Ei, Sophia! – Stefan chamou me tirando totalmente dos meus pensamentos. – O que acha de almoçarmos naquele restaurante italiano do centro?

- Oh! Parece uma ótima ideia, Stefan! – Eu disse surpresa com o convite, peguei meu celular e disquei o numero de casa. – Maria! Vou almoçar fora hoje... Desculpe avisar de ultima hora!

- Sem problemas, Sophia! – Maria disse pacientemente, como sempre.

O restaurante tinha a aparência de uma típica cantina italiana, com as cores da bandeira italiana e enfeites simbólicos da cultura de lá. Eu e Stefan nos sentamos no fundo, pois era o único lugar vazio do recinto. Ele parecia ansioso e eu não entendi muito bem o motivo, e para evitar o silencio que seria incomodo eu perguntei:

- E aí, o que está achando da escola?

- Muito legal! Não achei que fosse me enturmar tão fácil, como está acontecendo, digamos que eu seja um pouco tímido... – ele sorriu daquele jeito que me deixava totalmente sem palavras e continuou. – E também o ambiente é ótimo, com professores maravilhosos, estou muito feliz!

- Ah, que ótimo! – eu disse animada e então me veio a pergunta que não podia faltar. – Professor preferido?

- Ainda é cedo para definir com exatidão, mas tenho os três melhores: Alice, Marina e Helena. – eu tive que rir da enumeração, pois era o que eu diria se me perguntassem. – O que foi?

- Nada, só achei legal a coincidência de gosto até para os professores...

- Já fizeram o pedido? – a garçonete perguntou me interrompendo.

- Eu quero um nhoque com molho branco... – eu disse olhando rapidamente o cardápio. – E um suco de laranja.

- O mesmo para mim, porém quero um guaraná, por favor. – Stefan sorriu para a garçonete que por um momento pareceu não saber se anotava ou olhava para ele. E quando ela finalmente se decidiu ele disse. – Obrigado!

- Não há de que, logo trarei o seu pedido... – ela disse como se eu não estivesse ali e vendo sua própria falha corrigiu – Quer dizer, o pedido de vocês.

- Enfim, onde paramos? – Stefan perguntou fazendo charme, e antes que eu respondesse ele disse. – Ah, o nosso coincidente gosto pelas coisas.

- Sim, creio que era mesmo sobre isso... – eu disse rindo, ele sorriu aparentemente contente por me fazer rir. – Mas não fique achando que me conhece...

- Ah, é mesmo? – Stefan me desafiou com o olhar e isso era muito fofo. – Então me teste, tenho certeza que acertarei muita coisa...

- Se você diz... Qual é a cantora favorita? – Eu perguntei convicta de que ele jamais acertaria, pois quase ninguém nos dias de hoje a conhecia.

- Deixe-me ver... Você tem cara de quem gosta de musica antiga, tipo anos 80, estou errado? – Ele colocou a mão sobre o queixo como se me avaliasse e eu concordei. – Então eu fico entre Tina Turner e Cyndi Lauper.

- Boa! Acertou, quer dizer, quase, afinal você não determinou qual, mas para falar a verdade gosto muito das duas, embora a minha preferida seja a Cyndi Lauper. – Stefan sorriu presunçoso e eu não pude deixar de concordar de que ela havia feito um bom chute. – Ok, só por que você é um cara observador não quer dizer que me conheça.

- Tem razão! Tenho certeza de que você é muito mais do que aparenta, e quero muito conhece-la melhor... – Tive que segurar meu queixo para que ele não caísse com a quase evidente cantada que ele havia dado.

- Acredito poder dizer o mesmo de você... – eu comentei ainda boba com o que ele havia dito.

Almoçamos tranquilamente, conversando sobre coisas banais que já aconteceram em nossas vidas, e algumas coisas que esperávamos ou em que acreditávamos. Por fim, ele fez a gentileza de pagar a conta, e sim eu insisti muito para que não o fizesse, mas não adiantou.

- Muito gentil da sua parte! – eu disse sem graça, para piorar a situação ele pegou a minha mão como um lorde inglês e a beijou.

- Não há de que, senhorita! – ele disse sorrindo e seus olhos verdes brilharam de um jeito que provavelmente teriam me cegado se eu não tivesse desviado o olhar.

- Tem certeza de que você nasceu na era certa? – Era engraçado que ele fosse sempre tão educado e bem arrumado o tempo todo.

- Sempre me pergunto o mesmo, mas acho que não teria graça, pois todos agiriam como eu e seria difícil surpreende-las, como faço com você... – Stefan sorriu presunçoso e isso era muito bonitinho vindo dele.

- Tem razão! – Nós caminhamos pelas ruas olhando algumas vitrines, nada em especifico, apenas andávamos com a intensão de esticar aquele momento divertido que estávamos tendo.

- Sophia, preciso ir para casa, nos vemos amanha? – Ele disse checando as horas em seu relógio de bolso... Porque raios um menino do século XXI tem um relógio de bolso? Ao me ver olhando para ele, Stefan disse. – É um presente que meu avô me deu antes de morrer... Sei que é velho, mas eu sou assim afinal...

- Não é velho, é charmoso... – Eu disse achando o significado do relógio a coisa mais fofa do mundo. – Pois bem, até amanha!

- Até! – Ele disse me abraçando.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam???



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