Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Wouuuuuuuuuu finalmente a historia de Sakura com o ex...
hehehhhh
espero q gostem e me deixem reviews!!!



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    Sasuke estava junto à janela, a olhar para a escuridão lavada pela lua. Apagara as luzes, por isso aquele brilho prateado recortava-lhe a silhueta. Sakura ouviu o ritmo da noite, do outro lado da porta, as asas e os lamentos que compunham a música do pântano.


    O coração doía-lhe por tudo o que não conseguia deixar de amar.


    - Pensei que tinha ido embora. - Foi ao armário buscar o roupão.


    Ele não se virou.


    - Sente-se melhor?


    - Sim, estou bem.


    - Não é isso. Só quero saber se te sente melhor.


    - Sim. - Determinada, atou o cinto do roupão. - Sinto-me melhor, obrigada. Não tem qualquer obrigação de ficar aqui, Sasuke. Sei o que posso fazer por mim.


    - Ainda bem. - Virou-se, mas o rosto continuou envolto pelas sombras. Ela não conseguia vê-lo, recusava-se a ver o que quer que fosse. - Diz-me o que posso fazer por ti.


    - Nada. Estou agradecida por ter ido comigo, e por me ter trazido em casa. Fizeste mais do que tinha de fazer, mais do que seria de esperar que alguém fizesse.


    - Agora vai embora? Ou é disso mesmo que está à espera? Que eu vá embora, que te deixe sozinha, que me mantenha a uma distância confortável. Confortável para quem? Para ti, ou para mim?


    - Para ambos, imagino.


    - É isso que pensa de mim? De nós?


    - Estou terrivelmente cansada. - A voz tremeu-lhe, envergonhando-a. - Tenho a certeza de que também está. Não deve ter sido nada agradável para ti.


    Ele avançou na direção dela e ela viu o que sabia que ia ver. Raiva, em ondas negras. Por isso, fechou os olhos.


    - Por amor de Deus, Saki. - A mão dele tocou-lhe na face e no cabelo molhado. - Toda a gente te desiludiu?


    Ela não falou. Não conseguiu falar. Uma lágrima correu-lhe pelo rosto e ficou a brilhar no polegar dele. Deixou-se ir, dócil como uma criança, quando ele a levou até à cama e lhe pegou ao colo.


    - Descansa - murmurou. - Eu não vou a lugar algum.


    Ela pressionou o rosto no ombro dele. Sentiu o conforto, a força e, acima de tudo, a solidez que nunca ninguém lhe oferecera. Ele não fez perguntas, por isso ela também não. Em vez disso, aninhou-se nele e ofereceu-lhe a sua boca.


    - Toca-me. Por favor, preciso sentir.


    Suavemente, tão suavemente, ele passou as mãos pelo corpo dela. Podia dar-lhe o conforto do seu corpo, prendê-lo no dela. A tremer, puxou-o para si e os seus lábios abriram-se aos dele, quentes.


    Devagar, tão devagar, ele desatou-lhe o laço do roupão e despiu-a. Pôs-lhe a mão no coração. Batia freneticamente, e a respiração dela continuava a ser entrecortada por soluços, que ela procurava controlar.


    - Pensa em mim - murmurou ele, e deitou-a na cama. - Olha para mim.


    Ele tocou-lhe com os lábios na garganta, nos ombros, passou-lhe as mãos pelos cabelos, enquanto ela se erguia um pouco para lhe desabotoar a camisa.


    - Preciso sentir - repetiu ela. - Preciso te sentir. - Apoiou as palmas das mãos no peito dele. - Tu é quente. É real. Torna-me real, Sasuke.


    Afundou-se nele quando a boca dele voltou a tomar a dela, mergulhou profundamente na ternura, na suavidade que apagava o horror que ela vira. A calma instalou-se, compreendeu que este roçar de pele, este encontro dos corpos, nada tinha que ver com dor ou medo.


    A boca dele nos seios dela, alimentando-a, excitando-a, aceleraram-lhe o bater do coração. As mãos, fortes, pacientes, esvaziaram-lhe o pensamento de tudo, exceto daquela necessidade de união.


    Ela suspirou o nome dele, quando ele tocou no sexo dela.


    Ela tornou-se fluida, abrindo-se a ele, procurando-o, deslizando contra ele. Quando ela rolou para cima dele, ele voltou a encontrar-lhe a boca, e depois deixou que fosse ela a liderar. Ergueu-se em cima dele, com o cabelo como cordas molhadas a brilhar sobre os ombros. Tinha o rosto afogueado de vida e molhado pelas lágrimas.


    Guiou-o até dentro dela, arqueando as costas para trás, respirando fundo, libertando-se, fechando os dedos nos dele enquanto começava a mexer-se.


    Naquele momento, não havia mais nada no mundo senão ela, o calor dela a envolvê-lo, o movimento firme de seus quadris para cima e para baixo. O verde dos olhos dela manteve-se fixo nos dele quando a respiração se tornou arquejante.


    Ele viu-a atingir o clímax, viu a força desse clímax percorrê-la.


    - Meu Deus. - Levou aos seios as mãos de ambos, entrelaçadas. - Mais. Outra vez. Toca-me, toca-me, toca-me.


    Ele tomou-lhe os seios nas mãos, ergueu-se e apoderou-se deles com a boca, para que ela arqueasse o corpo para trás. Quando ela lhe agarrou o cabelo, ele entrou mais fundo nela. Enchendo-a, arrebatando-a. E a si próprio.


    Deixaram-se ficar assim, abraçados. Mesmo quando ele mudou de posição e se deitou ao lado dela, continuaram misturados um no outro. Como se ela o respirasse.


    - Agora, devia dormir - murmurou ele.


    - Tenho medo de dormir.


    - Eu estou aqui.


    - Pensei que ia embora.


    - Eu sei.


    - Estava tão zangado. Pensei... - Não, precisava de mais um minuto, a coragem requeria esforço. - Trazes-me água?


    - Está bem. - Levantou-se e vestiu as calças de brim antes de ir à cozinha.


    Ela ouviu-o abrir um armário para tirar um copo, e voltar a fechá-lo. E quando ele regressou ao quarto, ela estava sentada na borda da cama, com o roupão vestido.


    - Obrigada.                                                              


    - Saki, ficas sempre com náuseas, a seguir?


    - Não. - Apertou o copo com força. - Nunca fiz nada como... Ainda não consigo falar disso. Mas preciso falar. Preciso falar contigo sobre outra coisa. Sobre quando estive em Nova Iorque.


    - Sei o que aconteceu. A culpa não foi tua.             


    - Só conhece partes, pedaços. O que ouviste nas notícias. Preciso explicar-te.                                                                


    Como ela voltara a ficar tensa, ele penteou-lhe o cabelo com os dedos.


    - Usava o cabelo diferente, quando estava lá. Era mais claro e mais curto.


    Ela conseguiu soltar uma gargalhada.


    - A minha tentativa de conseguir um novo eu.


    - Gosto mais assim.


    - Mudei muito mais do que o meu cabelo, quando fui para lá. Quando fugi para lá. Só tinha dezoito anos. Aterrorizada mas feliz. Não podiam obrigar-me a voltar, e mesmo que ele viesse atrás de mim, não podia obrigar-me a voltar. Eu era livre. Tinha poupado algum dinheiro. Sempre poupei dinheiro, e a avó deu-me dois mil dólares. Acho que isso me salvou a vida. Consegui arranjar um pequeno apartamento. Bem, um quarto. Ficava no West Side, aquele espaço bem apertado. Eu adorava-o. Era só meu.


    Conseguia lembrar-se da bênção absoluta que era ser livre.


    - Trabalhava numa loja de souvenirs, vendia muitos pesos-de-papéis e muitas T-shirts do Empire State Building. Uns meses depois, encontrei um emprego melhor, numa loja de artigos para presentes e decoração, que tinha certo requinte. Ficava mais longe de casa, mas o salário era um pouco melhor e era tão bom estar no meio de todas aquelas coisas bonitas. E eu tinha jeito.


    - Não duvido.


    - No primeiro ano senti-me tão feliz. Fui promovida a assistente de vendas e fiz alguns amigos. Namorei. Era tão abençoadamente normal. Vivia longos períodos sem me lembrar de que nem sempre tinha morado ali, até que alguém fazia uma observação qualquer sobre o meu sotaque e me fazia voltar aqui. Mas não fazia mal. Eu já não estava aqui. Estava exatamente onde queria estar, era exatamente quem queria ser.                     


    Olhou para ele.                       


    - Não pensava na Hope. Não permitia a mim própria pensar nela.


    - Tinhas direito à tua própria vida, Saki.


    - Era isso que dizia a mim mesma. Deus sabe que era isso que eu queria, mais do que qualquer outra coisa no mundo. Algo de meu. Durante esse período fui visitar os meus pais, em parte por obrigação, em parte também porque as coisas nunca parecem tão más quando se está longe delas. Acho que comecei a pensar que, como me sentia tão... normal, conseguia ter uma relação normal com eles.


    Fez uma pausa, fechou os olhos.


    - Mas fui sobre tudo porque queria mostrar-lhes o que tinha conseguido para mim, apesar do que eles me tinham feito. Olhem para mim: tenho roupas bonitas, um bom emprego, uma vida feliz. Aí têm. - Soltou uma gargalhada fraca. - Falhei, a qualquer dos três níveis.


    - Não, eles é que falharam.


    - Não importa. Acho que perdi um pouco o equilíbrio por causa da visita, mesmo depois de ter regressado a Nova Iorque. Então, um dia, depois do trabalho, pouco depois de ter ido visitá-los, fui ao mercado. Comprei umas coisas. Já nem me lembro bem o quê. Mas levei o meu saco para casa e comecei a arrumar tudo.


    Olhou para a água, água limpa num copo limpo.


    - E ali estava eu, naquela cozinha minúscula, com o frigorífico aberto e um pacote de leite na mão. Um pacote de leite - repetiu, num tom que pouco mais era do que um murmúrio. - Com a fotografia de uma menina, num dos lados. Karen Anne Wilcox, quatro anos. Desaparecida. Mas eu não estava a ver a fotografia, estava vendo a ela. A pequena Karen, só que não tinha cabelo louro, como na fotografia. Era castanho, e quase tão curto como o de um rapaz. Estava sentada num quarto, sozinha, a brincar com bonecas. Era fevereiro, mas eu conseguia ver o céu pela janela dela. Um céu azul, bonito, e conseguia ouvir a água. O mar. A Karen Ann está na Florida, pensei. Está na praia. E quando voltei a mim, o pacote de leite estava no chão e o leite todo entornado.


    Bebeu mais água e depois pousou o copo.       


    - Fiquei tão zangada. Que tinha eu a ver com aquilo? Não conhecia a menina, nem os pais. Não queria conhecê-los. Como se atreviam a interferir na minha vida? Porque havia de envolver-me? Nessa altura, pensei na Hope.                                                


    Levantou-se e foi até à janela.


    - Não conseguia deixar de pensar nela, na menina. Fui à polícia. Pensaram que eu era apenas mais uma louca, ignoraram-me, reviraram os olhos enquanto falavam muito devagar, como se eu fosse estúpida, além de maluca. Fiquei envergonhada e zangada, mas não conseguia tirar a criança da cabeça. Enquanto dois dos detetives estavam a interrogar-me, perdi a paciência. Disse qualquer coisa a um deles, como: se ele não fosse tão idiota, dava-me ouvidos em vez de se preocupar com o que o mecânico ia cobrar-lhe por causa da transmissão. Isso foi o suficiente para me dar atenção. Acontece que o mais velho, o detetive Michaels, tinha o carro na oficina. Continuavam a não acreditar em mim, mas começaram a ficar preocupados. A conversa transformou-se mais num interrogatório. Não paravam de pressionar-me, e os meus nervos começaram a acusar isso. O mais novo, acho que estava a fazer o papel de bonzinho, saiu e foi buscar-me uma Coca-Cola. E regressou com um saco de plástico. Com uma prova lá dentro. Luvas. Luvas vermelho-vivas. Tinham-nas encontrado no chão do Macy's, onde ela tinha sido raptada enquanto a mãe fazia compras. No Natal. Estava desaparecida desde dezembro. Atirou-as para cima da mesa, como se me desafiasse.


    Lembrava-se dos olhos dele. Dos olhos de Jack. Da dureza no lindo brilho verde dos olhos de Jack.


    - Decidi que não ia tocar-lhes. Estava tão zangada e envergonhada. Mas não consegui evitar. Peguei no saco e vi-a claramente, com o seu casaquinho vermelho. Todas aquelas pessoas que tentavam comprar presentes. O barulho. A mãe dela estava junto ao balcão, a escolher uma camisola. Mas não prestou atenção e a menina afastou-se. Não muito. E a mulher veio e levou-a. Agarrou-a com força e levou-a assim, bem segura, enquanto abria caminho por entre as pessoas e saía da loja. Ninguém prestou atenção. Disse à Karen que ficasse muito caladinha, porque ela ia levá-la ao Papai Noel, e caminhou pela avenida muito depressa, tão depressa, e havia um carro à espera. Um Chevrolet branco, com o guarda-lama direito amolgado e placa de Nova Iorque.


    Soltou um suspiro e abanou a cabeça.


    - Até soube o número da placa. Meu Deus estava tudo tão claro. Conseguia sentir o vento agreste que soprava na rua. Disse-lhes isso tudo, disse-lhe como era a mulher sem a peruca preta. Tinha cabelo castanho-claro e olhos azul-pálidos, e era magra. Usava um casaco grande, acolchoado, com um forro quente.


    Sakura olhou para trás, por cima do ombro. Sasuke estava sentado na cama, a observar, a ouvir.


    - Planejou o rapto durante semanas. Queria uma menina, uma menina bonita, e escolheu a Karen quando viu a mãe levá-la para o infantário. E depois a roubou pronto. E ela e o marido partiram imediatamente para a Florida. Cortaram o cabelo da menina e pintaram-no, e não a deixavam sair de casa. Disseram que ela era um menino chamado Robbie.


    Pestanejou e virou-se.                                                 


    - Encontraram-na. Demorou algum tempo, porque eu não conseguia ver exatamente o local onde ela estava. Mas trabalharam com a polícia da Florida, e dali a umas semanas encontraram-na num parque para trailers, em Fort Lauderdale. As pessoas com quem estava não lhe tinham feito mal. Tinham-lhe comprado brinquedos e tinham-na alimentado. Estavam certos de que ela acabaria por esquecer. As pessoas pensam que as crianças se esquecem, mas não esquecem.


    Soltou um suspiro.


    - E assim a Karen foi à primeira. Os pais dela vieram ter comigo, para me agradecerem. Choraram. Os dois. Pensei: talvez isto seja um dom. Talvez eu esteja destinada a ajudar pessoas assim. Comecei a disponibilizar-me para isso, a explorar isso, até a ficar contente com isso. Li tudo o que consegui, submeti-me a testes. E comecei a sair com o Jack, o detective Jack Krentz, o mais novo dos dois detetives que investigaram o rapto. Apaixonei-me por ele.


    Voltou a pegar no copo de água e esvaziou-o.


    - Houve outras crianças, depois da Karen. Pensei que tinha encontrado a razão de ser o que era. Pensei que tinha tudo. Estava loucamente apaixonada por um homem que eu achava que me amava e me considerava uma espécie de parceira. De vez em quando, ele trazia qualquer coisa para casa e pedia-me para lhe pegar. E eu estava encantada por poder ajudá-lo neste tipo de trabalho. Fazíamos as coisas discretamente. Eu não queria reconhecimento nem notoriedade. Mas alguém acabou por falar do meu trabalho com crianças desaparecidas, por isso comecei a ter ambas as coisas. E, com elas, as cartas, os telefonemas, os pedidos que me atormentavam noite e dia. Mas eu queria tanto ajudar.


    Pousou o copo vazio e voltou a aproximar-se da janela.


    - Não reparei na maneira como o Jack começou a olhar para mim. Naquele olhar fixo e frio. Pensei que ele era assim e pronto. Foi o primeiro homem com quem estive, e ficamos juntos, fomos amantes, durante mais de um ano, até que tudo começou a desmoronar-se. Ele andava com outra pessoa. Ela estava na cabeça dele, e o cheiro dela dominava-lhe os sentidos quando ele me procurava. Senti-me traída e furiosa, e confrontei-o com a situação. Bem, ele sentiu-se mais traído e mais furioso ainda. Tinha andado a espiar-lhe os pensamentos. Era pior do que uma tarada. Como podia ter uma relação com uma mulher que não respeitava a privacidade dele, que lhe invadia o pensamento?


    - Conseguiu virar a situação contra ti. Ele te engana e tu é que está errada. - Sasuke abanou a cabeça. - Não foste nessa, pois não?


    - Ainda nem tinha vinte e dois anos. Ele era o meu primeiro e único amante. Mais: eu amava-o. E tinha, ainda que sem intenção, espiado os pensamentos dele. Por isso, assumi a culpa, mas isso não foi suficiente. Começou a censurar-me, a acusar-me de tentar ficar com o credito que lhe pertencia, pelo trabalho todo que tinha a resolver os casos. Fosse o que fosse que ele tivesse sentido por mim, a princípio, tinha se transformado numa coisa diferente e estava a magoar aos dois. E quando as coisas estavam a acabar entre nós, apareceu o Jonah. Jonah Mansfield.


    Levou a mão ao peito e fechou os olhos, com força, por um minuto.


    - Ai, continua a doer tanto. Tinha oito anos e foi raptado pela antiga governanta dos pais. A polícia sabia isso, havia um pedido de resgate de dois milhões de dólares. O Jack foi designado para fazer parte da equipe a quem foi entregue o caso. Não me disse nada. Os Mansfield é que foram falar comigo. Pediram-me ajuda e eu disse-lhes o que pude. O menino estava preso numa espécie de cave. Não sabia se era uma vivenda ou um prédio, mas era do outro lado do rio. O Jack ficou furioso por eu o ter ultrapassado, por ter agido nas costas dele. Não quis ouvir-me. Os raptores não tinham feito mal ao menino, e estavam prontos a devolvê-lo se o resgate fosse pago e entregue exatamente como eles pediam. E eu estava a querer arriscar a vida de uma criança só para poder provar a maravilha que era? Foi isso que ele me perguntou, e já tinha minado a minha confiança de tal maneira que eu não tive a certeza.


    A respiração de Sakura era agora trêmula.


    - Ainda hoje não tenho bem a certeza de qual é a resposta a esta pergunta. Mas conseguia ver o menino e conseguia ver a mulher. Ela ia libertá-lo. Para ela, era só uma questão de dinheiro e de vingança contra os Mansfield, por a terem despedido. Eu disse-lhes que ele estava a ser bem tratado. Estava assustado, mas estava bem. Disse-lhes para pagarem o resgate, para fazerem o que ela dizia, e teriam o filho de volta. Juro: nem mais nem menos do que a polícia lhe disse que fizessem. Mas o que eu não vi porque estava tão devastada pelo Jack, foi que os homens que estavam com ela não tinham a cabeça tão fria.


    A voz quebrou. Sim, continua a doer, pensou.


    - Disse ao Jack que havia dois homens, mas a investigação indicava apenas um. A mulher e um cúmplice. Quando o dinheiro foi pago, eles fizeram exatamente o que tinham planejado fazer, o que eu não vi, durante todo aquele tempo. Mataram o Jonah e a mulher.


    Respirou fundo.


    - Só soube quando ouvi nas notícias, quando os repórteres começaram a telefonar-me. Eu tinha-me distraído, metida no meu pequeno casulo de infelicidade porque o Jack já não me queria. Não sei como planejavam fugir. Tinham um carro, e parece que tinham pensado em usá-lo. Mas não tinham realmente delineado um plano. Era a mulher que decidia tudo, que calculava os passos. Mas eles acabaram por não querer dividir o dinheiro com ela. Decidiram seguir para oeste, mas a polícia seguiu o rasto do dinheiro e apanhou-os. Morreram dois agentes da polícia e um dos raptores foi ferido e acabou por morrer também. E eu não vi nada. E o que disse aos pais que fizessem resultou na morte do seu filho.


    - Não, o rapto é que resultou na morte do filho deles. As circunstâncias, a ganância, o medo.


    - Eu não podia tê-lo salvo. Aprendi a viver com isso. Da mesma maneira que me habituei a viver com o fato de não ter salvo a Hope. Mas fiquei arrasada. Passei semanas no hospital, anos em terapia, mas nunca consegui recuperar completamente. Parte da culpa foi minha, Sasuke, porque eu estava tão distraída, tão agitada por causa do Jack que não me concentrei, não prestei atenção suficiente. A minha vida estava a desfazer-se e eu estava desesperada, a tentar que ele continuasse a fazer parte dela. Parte de mim. Mesmo quando ele me denunciou, ajudou a manchar o meu nome na imprensa, não o culpei. Durante muito, muito tempo, não o culpei. Uma parte de mim continua a não o culpar.


    - Ele estava mais preocupado com o ego dele do que contigo. Mais preocupado com o ego dele do que com aquela criança.


    - Não sei. Foi uma altura difícil. Ele estava infeliz na nossa relação e cheio de mim.


    - E por isso deixou-te a balançar na ponta de uma corda que ele ajudou a tecer. É isso que esperas que eu faça Saki?


    - Foi isso que esperei que fizesses - disse ela, calmamente. - Neste momento, não sei o que esperar de ti. Só quero que saiba que compreendo o que isto te faz.


    - Não, acho que não compreende nada. Ele não te amava. Eu  te amo.


    Ela soltou um som, parte respiração, parte soluço, mas ficou exatamente onde estava.


    - Portanto... - Pôs-se de pé. - O que vai fazer sobre isto?


    - Eu... - A garganta fechou-se. Não era medo, como compreendeu ao olhar para ele. Não era medo o que a enchia. Era esperança. E foi levada pelas asas dessa esperança que se lançou nos braços dele.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo saiu antes do previsto graças a Hyuuga Uzumaki que me mandou um review lindo que me inspirou a continuar logo!!! Obrigada!!!!!

Espero q tenham gostado do capitulo e ja vou avisando a fic esta chegando em um ponto q cada capitulo é uma revelaçao.Entao... preparem o coraçao!!!
Bjux



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