Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Aeee gente mais um capitulo!!! Comentem se gostaram...



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Sakura acabara de destrancar a porta, na segunda-feira de manhã, quando a pequena campainha tocou, sinal de que alguém a abria.


    - Bom-dia. O meu nome é Matsuri. Atei o meu cão ao seu banco, lá fora. Espero que não haja problema.


    Tory olhou para a entrada e viu uma montanha de pêlo docilmente sentada no passeio.


    - Tudo bem. É lindo.


    - É um amor. Estamos voltando de uma corrida matinal no parque e pensei em passar por aqui. Estive aqui no sábado.


    - Sim, estive ocupada. Há alguma coisa que possa mostrar-lhe, ou gostaria apenas de dar uma olhada?


    - Para dizer a verdade, pensei se teria pensado na hipótese de contratar alguém para ajudá-la. - Matsuri levantou os braços para ajeitar o cabelo. - Não estou propriamente vestida para andar à procura de emprego - disse ela com um sorriso, puxando a T-shirt úmida para baixo, cobrindo mais os calções. - Mas foi um impulso. Sou professora.Vou ser. Os cursos de verão começam a meio de junho e as aulas a tempo inteiro só no outono.


    - Não me parece que precise de um emprego.


    - Tenho as próximas semanas, e depois os sábados e metade dos dias durante o mês de setembro. Gostaria de trabalhar numa loja como a sua, e o dinheiro extra me faria bem. Sou professora contratada, por isso não é fácil. Posso dar-lhe referências, e não tenho qualquer problema em aceitar o salário mínimo.


    - Para lhe dizer a verdade, Matsuri, não tinha pensado em contratar ninguém, pelo menos até ver como corre o negócio nas primeiras semanas.


    - Gerenciar sozinha um negocio destes não deve ser fácil. - Se havia alguma coisa que Matsuri aprendera como professora fora a usar a persistência. - Não há tempo para pausas, nem para despachar papelada ou para fazer inventários, nem para encomendas. Como está aberta seis dias por semana, isso não lhe deixa muito tempo para tratar dos seus afazeres. Ir ao banco, fazer as suas compras. Suponho que faz encomendas por correio, não faz?


    - Bem, sim...


    - Tem de fechar a loja sempre que precisa ir e corre ate o posto de correios, ou esperar pela manhã seguinte, antes de abrir a loja. Isso significa horas extras para si. E toda a gente que consegue organizar um negócio como este, sabe que tempo é dinheiro.


   Saki observou melhor. Matsuri era jovem, bonita, e estava toda transpirada por causa do jogging. E era muito direta. E tinha razão. Sakura estava na loja desde as oito horas, a preparar encomendas, a despachar papelada, a correr para o banco e para os correios.


    Não que não gostasse. Ficava agradavelmente corada de satisfação. Mas as coisas iriam se tornar cada vez mais exigentes.


    Ao mesmo tempo, não tinha a certeza se queria partilhar a sua loja com alguém, mesmo a tempo parcial. Sentia um profundo prazer em tê-la toda só para si. E isso, admitiu, era muito agradável.


    - Apanhou-me desprevenida. Porque não me deixa seu endereço e o seu número de telefone, e as tais referências? - Sakura foi atrás do balcão buscar o seu bloco. - Dê-me algum tempo para pensar no assunto.


    - Ótimo. - Matsuri pegou na caneta que Sakura lhe oferecia e escreveu as informações no bloco. - E trago uma ajuda, é dois pelo preço de um. - Fez um gesto na direção da janela, ao ver duas mulheres que tinham parado para admirar Mongo. - Ele é tão bonito que as pessoas não conseguem resistir a fazer-lhe festas. E já que estão ali, não vão deixar de olhar para a sua vitrine. Aposto que vão entrar.


    - Inteligente. - Sakura ergueu uma sobrancelha. - Talvez eu deva simplesmente comprar um cão.         


    Matsuri riu e começou a escrever.


    - Ora, nunca encontrará nenhum como o meu Mongo. E por melhor que ele seja, não consegue mexer na máquina registradora.


    - Bem visto. E bom palpite - acrescentou, em voz baixa, quando as duas mulheres entraram na loja


    - O cão é seu?                                                                        


    - É meu. - Matsuri virou-se, orgulhosa. - Espero que não tenha a incomodado.


    - Não, é um amor. É uma grande bola de pêlo.    


    - Manso como um cordeiro - assegurou-lhes ela. - Mas não resistimos a entrar para ver todas as coisas bonitas que há aqui. Mas que lugar agradável, não é?


    - Muito agradável. Não tinha dado por ele.


    - Abrimos no sábado - disse-lhe Sakura.


    - Há muito tempo que não venho para esta zona da cidade. - A mulher olhou em volta. A amiga dela já estava a ver alguns objetos. - Gosto muito daqueles candelabros que estão na vitrine. Mudei de casa há pouco tempo e estou fazendo a decoração.


    - Vou buscá-los. -Saki olhou para Matsuri. - Com licença.


    - Não há problema, esteja à vontade.


    Matsuri observou a forma como Tory atendia as clientes. Sutilmente. Bem, ela também conseguiria fazer isso, deixar que o artigo se vendesse por si próprio. Mas achou que não faria mal se conversasse um pouco. Era-lhe difícil estar calada e pensou que seria uma forma de contrabalançar a classe e o silêncio de Tory.


    Ia conseguir aquele emprego, decidiu enquanto continuava a escrever e a manter-se atenta à forma como Sakura agia. Tinha jeito para convencer as pessoas e o dinheiro extra realmente lhe fazia falta.


    Elogiou as escolhas das clientes e envolveu-as numa conversa agradável, enquanto Sakura metia as peças em caixas e as embrulhava. Saíram felizes e carregadas.


    - Foi bom. Mas acho que podia ter convencido a Sally a comprar aquelas placas decorativas para jardim.


    - Se ela as quiser, vai voltar. - Divertida, Sakura juntou os recibos de cartão de crédito. - E aposto que a amiga vai convencê-la à hora do almoço. Tem jeito para lidar com as pessoas. Sabe alguma coisa sobre artes e ofícios?


    - Aprendo depressa. E como admiro o seu gosto no que toca a estes artigos a lição vai ser fácil. Posso começar imediatamente.


   Sakura estava quase a concordar. Matsuri causava-lhe boa impressão.


   


    Nesse momento a porta abriu-se e tudo se esvaiu da sua mente, exceto o choque e o terror.


    - Ora, Saki. - Pein abria os lábios num enorme sorriso. – Faz algum tempo. - Depois, olhou para Matsuri com o mesmo ar radiante. - Aquele cão lá fora é seu?


    - Sim, é o Mongo. Espero que não o tenha importunado.


    - Oh, não, nada. Parece tão pacato como um convívio de domingo. É um grande cão para alguém tão pequena como você. Vi-a correr com ele, no parque, ainda há pouco. Não se sabia bem quem ia puxando quem.


    Matsuri teve uma sensação de desconforto, mas conseguiu soltar uma gargalhada.


    - Bem, ele me deixa pensar que sou eu que mando.


    - Um bom cão é um amigo fiel. Mais do que a maioria das pessoas. Saki, não vai apresentar-me à tua amiga? - disse ele antes de Sakura conseguisse falar, e estendeu a grande mão que tantas vezes usara para calá-la. - Sou o pai da Sakura.


    - Prazer em conhecê-lo. - Matsuri apertou-lhe calorosamente a mão. - Deve estar muito orgulhoso da sua filha e do que ela fez aqui.


    - Não passa um só dia sem que eu pense nisso. - Os olhos dele voltaram a fixar Sakura. - E nela.


    Sakura tentou controlar a sensação de choque. Se ele estava ali, ela tinha de lidar com ele. E tinha de lidar com ele sozinha.


    - Matsuri, obrigada por ter vindo. Vou estudar isto e depois lhe telefono.


    - Está bem. Estou tentando convencer a sua filha a contratar-me. Talvez possa interceder por mim. Gostei de conhecê-lo, Senhor Haruno. Fico à espera de notícias, Sakura.


    Saiu e acocorou-se junto do cão. Pela porta fechada, Sakura ouviu o riso encantado em resposta aos latidos de satisfação do cão.


    - Ora muito bem. - Apoiou as mãos nos quadris e virou-se, para observar a loja. - Mas que belo lugar tem aqui. Parece que está se saindo muito bem.


    Ele não mudara. Porque não mudara? Tinha um ar mais velho? Não parecia. Não engordara, não perdera cabelo nem o brilho escuro dos olhos. O tempo não parecia afetá-lo. E quando ele se virou para ela outra vez, ela sentiu-se encolher, sentiu que lhe fugiam os anos e todo o esforço que pusera na reconstrução de si própria.


    - O que quer?


    - Muito bem. - Aproximou-se do balcão, diminuindo a distância entre eles. E ela viu que estava enganada, pelo menos parcialmente. O rosto estava mais envelhecido, marcado por linhas profundas junto à boca, pela magreza, pelos sulcos na testa. -Voltou aqui para te exibires na tua velha terra natal? O orgulho é o caminho para a perdição, Sakura.


    - Como soube que eu estava aqui? A mãe te contou?


    - Pai é pai para toda a vida. Tenho andado de olho em ti. Voltaste aqui para se gabar e para me envergonhar?


    - Voltei aqui por mim. Não tem nada a ver contigo.


    - Foi aqui que fez as pessoas falarem, que pos as pessoas a apontarem dedos. Foi aqui que me desafiaste e ao Senhor, pela primeira vez. A vergonha pelo que fizeste e pelo que era fez com quefossemos embora.


    - O dinheiro da Margaret Hyuuga Uchiha no seu bolso é que o fez ir embora daqui.


    Um músculo tremeu-lhe na face. Um aviso.


    - Com que então as pessoas já andam a falar. Não me importo. Os mentirosos só dão ouvidos aos da sua laia.               


    - E vão falar mais, se ficar por aqui. E quem anda à sua procura está decidido a encontrá-lo. Fui ver a mãe. Está preocupada contigo.


    - Não tem razões para isso. Na minha casa quem manda é eu. Um homem entra e sai quando lhe apetece.


    - Fugiu depois de ter sido apanhado, preso e condenado por atacar aquela mulher. E desta vez, quando o apanharem, não vão deixá-lo em liberdade condicional. Vão pô-lo atrás das grades.


    - Cuidado com a língua. - A mão dele avançou, disparada. Ela estava preparada para uma bofetada, preparada para apará-la, mas ele agarrou-a pela camisa e puxou-a sobre o balcão. - Vê lá se mostras algum respeito. Deves-me a tua vida. Foi a minha semente que te trouxe a este mundo.


    - Para minha mágoa eterna. - Pensou na tesoura que tinha no interior do balcão. Imaginou-a na sua mão, se ele a arrastasse mais um centímetro. E, enquanto olhava para a ira terrível e tão familiar no rosto dele, perguntou-se se seria capaz de usá-la. - Se me puser a mão em cima, juro que vou diretamente à polícia. Se me bater, eu conto-lhes todas as vezes que me espancou e me deixou cheia de marcas negras. E depois...


    Faltou-lhe o ar e tentou não gritar quando ele lhe puxou o cabelo para trás, com a mão que tinha livre, e a ponta áspera dos seus dedos lhe roçou a garganta, queimando-a como fogo. Lágrimas de dor saltaram-lhe dos olhos e tornaram-lhe a voz áspera.


    - Depois, vão pôr mais grades à sua volta. Juro. Agora, solte-me e vá-se embora daqui. E eu esqueço de que o vi


    - Se atreves a me ameaçar?                                           


    - Não é uma ameaça. É um fato. - A fúria e o ódio que transbordavam dele quase a asfixiavam. Sentia a garganta a fechar-se, a pressão no peito. Não iria ser capaz de aguentar muito mais tempo.


    - Solte-me. - Manteve os olhos fixos nos dele enquanto tateava o interior do balcão, procurando a tesoura. - Solte-me antes que alguém entre e o veja.                    


    As emoções incendiavam-lhe o rosto. O medo misturou-se com a violência que emanava dele. Os dedos dela roçaram as pegas de metal, e ele atirou-a para o lado, fazendo-a cair sobre a caixa registradora.


    - Preciso de dinheiro. Dá-me o que tens aí. Está em dívida para comigo por cada milímetro de ar que respiras.


    - Não é muito. Não vai longe. - Abriu a gaveta da caixa registradora e tirou o dinheiro com ambas as mãos. Tudo para fazê-lo sair dali para fora, tudo para fazê-lo ir embora.


Manteve a mão no cabelo dela, enquanto metia o dinheiro no bolso. -  Você irá arder no inferno.


    - Nessa altura, você já estará lá. - Não saberia explicar porque o fez. Não conseguia prever acontecimentos futuros. Pelo menos fora-lhe concedida essa bênção. Mas manteve os olhos fixos nos dele e falou como se estivesse tomada por visões. - Vai morrer antes do fim do ano, e vai morrer na dor, no medo e pelo fogo. Vai morrer a gritar por misericórdia. A misericórdia que nunca me deu.


    Ele ficou branco e empurrou-a para afastá-la, fazendo tremer os artigos que estavam sobre a prateleira. Levantou o braço, apontando para ela.


    - Se dizer a alguém que me viste aqui hoje, virei à tua procura para fazer o que devia ter feito assim que nasceste. Nasceu com um saco enfiado na cabeça. A marca do demônio. Já está condenada.


 

 



 



 


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Notas finais do capítulo

Obrigada aqueles que comentaram no capitulo anterior, fiquei muito feliz!!!
hehehhh
Espero anciosamente pelos reviews de voces, entao sejam bonzinhos. Quanto mais reviews receber mais cedo posto o rpoximo cap!!!
Bjux



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