Hinata esperou a mãe e Kurenai saírem para a missa antes de levantar. Às vezes levantava e deixava Kurenai a arrastar para o serviço dominical, mas hoje a única coisa que queria era remoer seu ódio pelos homens.

Quando lembrava de tudo o que tinha feito por Naruto, sentia a maior raiva. Passara cereme perfumado e vestira um lingerie sensual louca para que ele rasgasse a peça de seu corpo. Calçara sapatos de salto e colocara um vestido preto que chamava atenção para cada parte de seu corpo pecaminoso.  

Pegara dois vinhos caros da adega, o que lhe causaria uma discussão com Sasuke mais tarde.

Ao chegar à casa de Naruto não havia ninguém. Ele não a esperou.

Desgraçado!

E o pior de tudo foi que ela o esperou. Arrumou o quarto e se acomodou. Quase cochilara na vigília.

Era culpa de Naruto por ela ter bebido demais na espera, fazendo-a arranhar o carro na saída.

Então Naruto era o único culpado por ela estar ali sentada tomando sorvete em uma manha de domingo.

Nunca mais queria vê-lo.

Mais do que isso, estava decidida a cortar os homens totalmente de sua vida. Não valiam à pena o esforço que as mulheres faziam. Encontraria outras áreas de interesse.

Sasuke entrou justamente quando ela largava mais uma vez a colher dentro do grande pote de sorvete. Sabia como estava o animo de sua irmã só por este ato, por isso tentou fugir dali o mais rápido que pode.

Mas não foi o bastante.

- Pode sentar-se, prometo não o morder.

Sasuke pegou uma colher e sentou-se ao lado da irmã problemática.

- Qual o problema?

- Por que tem que haver algum problema? Sinto-me tão feliz quanto a um ganso sentado em um ninho de ouro.

Hinata analisou o irmão. Pode notar que estava com o cabelo molhado o que destacava ainda mais o arrepiado da parte de trás.

Os olhos negros estavam brilhantes e tranqüilos. Um sorriso idiota de satisfação no rosto.

Hinata sabia muito bem qual era a atividade colocava um sorriso daqueles no rosto de um homem.

- Não voltou para casa ontem, certo? Ora, vejo que alguém se deu bem ontem à noite.

Sasuke lambeu a colher e analisou a irmã também.

- Eu já acho que alguém não teve. Mas não discutirei com você.

- Você e Sakura. O casal perfeito, não é?

- Eu gosto. –Sasuke pegou mais uma colher de sorvete. – Não se meta Hina.

- Por que me meteria? Só não entendo o que viu nela. É fato que é bonita, mas fria como o gelo. Cuidado para não se congelar.

- Descobria que ela é muito diferente. Sabe, ela precisa de uma amiga Hina.

- Não olhe assim para mim. Não vou com a cara dela e sou uma péssima amiga. Escolha outra pessoa. Se quer dar umas trepadas com ela vá em frente. Ei!

Hinata levantou os olhos surpresa quando o irmão agarrou o pulso dela, batendo a mão na mesa.

- Não é nada disso. O sexo não é um passatempo para todo mundo.

- Está me machucando.

- Não. É você que esta se machucando.

Sasuke levantou e jogou a colher na pia.

- O que eu faço é manter qualquer um que possa machucar o meu coração longe. Agora você e Sakura não darão certo.

- Não sei ainda o que quero Hinata. – Ele virou-se para a irmã. – Mas não vê como vocês duas são parecidas. Ambas levantaram um muro em volta do coração. Sakura faz isso ao se fechar e você ao extravasar. Mas no fundo é a mesma coisa.

- Não sou parecida com ela! – Hinata gritava com o irmão enquanto ele se afastava. – não sou parecida com ninguém!

Furiosa atirou a colher para o outro lado da cozinha. Depois se levantou e foi se vestir.

Hinata precisava descarregar em alguém e como tudo se origanava em Naruto ele foi o escolhido. Arrumou-se maravilhosamente bem, ainda havia o seu orgulho. Encaminhou-se para a casa dele pensando em como estraçalharia o pobre coração de Naruto e depois sairia cantando e dançando feliz.

Usava um vestido azul claro que combinava com seus olhos, para fazê-lo delirar ao recordar. Parou em frente à porta do apartamento e bateu formalmente em vez de entrar direto.

Escutou os latidos que vinham de dentro do apartamento.

Ele abriu a porta, descabelado, sonolento, usando apenas o jeans que não se dera nem o trabalho de fechar. E Hinata lembrou-se do por que gostava tanto dele.

Recuperou a compostura e entregou na palma da mão dele a chave.

- O que aconteceu?

- Isto para começar, e tenho algo a lhe dizer depois vou embora.

Ela o empurrou e passou, havia colocado saltos altos que lhe realçavam as pernas no vestido curto só para atormentá-lo.

- Que horas são?

- quase meio dia. –Disse rangendo os dentes.

- Não é possível tenho que estar na casa de minha mãe em uma hora. – arriou-se na cadeira. – Mas provavelmente estarei morto ate lá.

- Vai mesmo se depender de mim. – Ela chegou perto dele. – Você cheira como se estivesse dentro de uma garrafa de bourbon barato.

- exatamente isso. Só que é o bourbon que esta dentro de mim. – ele teve uma ânsia de vomito. – Pelo menos por enquanto.

- Muito bem. – Hinata colocou as mãos nos quadris. – Passou a metade da noite bebendo e azarando as mulheres, espero que esteja feliz.

- não tenho muita certeza se terminou assim, mas pelo menos assim começou.

- Se depender de mim é assim que vai ser daqui por diante. – O ciúme flou mais alto que o orgulho. – Quem era ela?

- quem?

- a vagabunda com que se diverte em vez de estar comigo?

Ela pegou o abajur que estava perto e o arremeçou.

- Ahhh... Ela ainda esta aqui seu filho da puta!

- Ela quem? Quebrou meu abajur!

- E vou torcer seu pescoço!

Hinata correu para o quarto.

Na cama estava uma cachorrinha preta, latindo frenética e se encolhendo nos travesseiros.

- Onde ela esta?

- Onde quem esta? Não estou entendendo Hinata.

- A cadela com quem anda dormindo.

- A única cadela que ando dormindo a não ser você é aquela. – Ele apontou para o filhote em cima da cama. – Mas juro que ela não significa nada para mim.

- acha que pode brincar comigo? Onde esteve ontem a noite?

- Saí droga!

Naruto correu ao banheiro a procura de uma aspirina.

- Sei que saiu. Já que estive aqui e fiquei lhe esperando ate a uma da manhã. – Ela não pretendia falar que ficara esperando, mas saiu.

Quase choramingando ele tomou quatro pílulas de uma vez com ajuda de um imenso como da água.

- Não me lembro de termos marcado algo. Afinal é você quem diz para não fazermos isso já que significa compromisso, o que acaba com a excitação. –Naruto encostou-se na pia para fita-la. – Isso ate que é emocionante.

- Era noite se sábado tinha que saber que viria.

- Não Hinata, não tenho de saber coisa alguma. Você não quer que eu saiba.

Ela sacudiu a cabeça. Estavam desviando do assunto.

- quero saber onde esteve e com quem!

- São muitas exigências de alguém que não quer compromisso.

- Eu não engano. Não saio com outro homem quando estou com um. E espero a mesma consideração.

- Não me encontrei com nenhuma mulher, saí com Suigetsu.

- Suigetsu é casado não passaria a metade da noite em farra com você!

- Não sei o que ele fez depois das dez horas, por que comprei uma garrafa e tomei um porre por aí. Mas tinha a liberdade de fazer o que quisesse já que você mesma disse isso, lembra?

- Eu nunca disse isso.

- E nunca disse diferente.

- Estou dizendo diferente agora.

- Não pode ter tudo do seu jeito, Hinata. Se quer somente você e eu tem que seguir as minhas regras.

- Não falei nada sobre regras. – Homens sempre distorcem as coisas. – Estou falando de cortesia.

- e isso significa ficar em meu apartamento a sua espera. Para mim chega disso! Chega de visitas inesperadas ao meu apartamento ou a motéis. Ou somos uma casal ou não somos!

- Esta me dando um ultimato? – a voz saia áspera. – Depois de eu ter passado horas te esperando noite passada?

- Frustrante a espera não? – Ele virou-se de costas para ela. – Faz com que nos sintamos usados. Sei como é.

Surpresa Hinata passou as mãos pelos cabelos.

- você nunca disse nada a respeito.

- Sabe Hinata, ontem quando sentei perto do rio com a companhia de uma garrafa pensei muito. Cheguei à conclusão que não gosto quando me trata assim. Então temos que decidir se temos um relacionamento ou não. Vamos tentar ser como duas pessoas que se importam uma com a outra ou é melhor nos afastarmos.

-Sabe que me importo com você Naruto. Quem pensa que sou?

Ele sabia que Hinata era muito mais do que imaginava.

- Houve um tempo que aceitaria de qualquer maneira, mas esse tempo passou. Quero mais e se você não puder me dar, terei que aprender a viver sem você.

- Não entendo. – Hinata sentou na cama e a cadela subiu em seu colo.

- Não Hinata. Estou apaixonado por você.

- O que? Ficou louco? – Ela levantou-se em um pulo. –Não diga isso!

- Já lhe disse, mas você não me ouviu. Mas desta vez terá que prestar atenção ou será a ultima vez que falarei. Estou apaixonado por você! – Segurou-a pelos ombros. –É o que sinto.

- E o que acha que devo fazer? – ela estava com o estomago contorcido. – Isso é uma grande confusão!

- Sua reação habitual. Quando digo que a amo você foge e casa com outro.

Naruto levantou as sobrancelhas ao vê-la de boca aberta.

- Não... Eu...não...

Oh Deus ele tinha razão. Ela fazia isso mesmo!

- Podemos fazer diferente desta vez, Hina. Vamos ficar juntos alem do que na cama. Ser um casal há muito mais entre nos do que sexo.

Hinata fungou.

- Como você sabe?

Ele riu, passando as mãos grandes pelos cabelos negros dela.

- Vamos dizer que quero descobrir...

- E se não houver?

Naruto suspirou.

- Bom isso quer dizer que passaremos muito tempo na cama. Se sobrar alguma cama...

Ele foi retirar o travesseiro que a cachorrinha tentava rasgar.

Hinata ficou a observá-lo. Naruto é um homem lindo e amado que estava apaixonado por ela. Mas nenhum homem a amava por muito tempo.

- não posso imaginar um relacionamento com um homem que dorme com uma vira-lata.

- A deixaram aqui para mim. Estava com tanta dor de cabeça que não pensei em nada mais do que leva-la para a cama.

- O que há de errado com ela?

- Nada esta completamente saudável.

- e o que ela faz aqui?

-Aguardando voe.

-Não quero nenhum cachorro.

- Claro que quer. – Naruto largou o filhote no colo de Hinata. – ela gosta de você!

-Filhotes gostam de todo mundo.

- Exatamente. – Naruto abraçou Hinata deixando a cadela no meio deles. – ela vai amá-la e diverti-la.

- Vai urinar no tapete e roer meus sapatos novos.

- Alguns. Vai ter que treina-la. Ela precisara de você.

Conheciam-se desde novos e entendiam uma a cabeça do outro.

- Esta me dando um filhote ou uma lição de vida?

- As duas coisas. Faça uma tentativa se não gostar pode me devolver.

A cachorrinha era afetuosa. O que estava acontecendo? Estavam todos a precionando. Primeiro Tsunade, depois Sasuke agora Naruto?

- Você me deixa tonta. Não consigo entendê-lo hoje, só por isso concordo.

- Conosco ou com a cachorrinha?

- Um pouco das duas coisas.

- Já é bastante bom. Tem ração na cozinha. Dê comida a ela enquanto eu tomo uma chuveirada. Chegarei atrasado no almoço na casa de minha mãe mesmo. Quer ir comigo?

- Obrigada, mas ainda não estou preparada para almoços em família.- Hinata lembrava muito bem do brilho frio nos olhos de Tsunade. – Vá logo tomar seu banho esta fedendo mais que um gambá.

Ela estava apavorada. Pegou a cachorrinha e saiu em direção a cozinha.