Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oie gente!!! Mais um cap fresquinho...



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Eu não queria acreditar no que Sakura havia falado. Haveria milhares de explicações para aquilo, e eu não consegui enumerar nem a primeira. Sei que ela estava chateada comigo por ter pedido para esquecer tudo aquilo. Sakura se fechou em uma cápsula de silencio.


Agora aqui estou eu sentado na escrivaninha do escritório que um dia foi de meu pai, para escrever o que me lembro do dia da morte de Hope.


Depois de ter passado toda a manha e inicio da tarde com meu pai no campo, já que esse era o dever do filho homem, mesmo ele tendo apenas doze anos, saí para poder me diverti já que papai finalmente havia me liberado.


Peguei minha bicicleta de doze marchas que havia ganhado no natal e me dirigi à casa de Naruto. Nós havíamos construído uma casa na árvore de seu quintal. Quando cheguei lá, Naruto e Suigetsu já estavam tomando suco de limão e lendo gibis. Juntei-me a eles sorrindo. Era muito fácil ter doze anos.


Tia Tsunade, mãe de Naruto, nos incomodou milhares de vezes, nos perguntando se queríamos algo para comer ou beber o que nos deixou revoltados. Nós não éramos mais crianças, estávamos virando homens. Pelo menos era o que pensávamos.


Tratamos de escapar do sorriso super protetor de Tsunade. Descemos até o rio, já que o dia estava quente. Tiramos sarro um do outro, e é claro que eu e Naruto não pudemos deixar de rir da bunda branca e gorda de Suigetsu. Como retorno tivemos que escutar ele comparar nossos órgão genitais com vegetais. Sorrimos e brincamos um com o outro a tarde toda, alem de falar sobre nossos quadrinhos favoritos.


Pouco depois de quatro horas, quando estávamos cansados de comer pêssegos e totalmente picados por insetos, Suigetsu disse que teria que ir, pois sua tia viria visitá-lo. Esperamos ele se afastar para começar a rir de nosso amigo, que teria que usar naquela noite uma roupa engomada e gravata borboleta.


Pouco depois Naruto e eu nos separamos na estrada. Ele iria para a cidade e eu para a fazenda.


Lembro-me que passei por Sakura no caminho. Provavelmente estava brincando com Hope, afinal as duas estavam grudadas naquele verão. Naquela época não reparei nela como deveria, pois isso feriria minha capacidade de ser menino. Ou seja, não falávamos com meninas. Mas lembro de vê-la com seus cabelos rosa puxados para trás, deixando seu rosto a mostra assim como os grandes olhos verdes. Pude notar seus pés sujos de poeira e descalços, assim como suas pernas claras bronzeadas pelo sol do verão. Essa foi a primeira vez que reparei em suas pernas. Depois que passei por ela lembro-me de virar para trás vendo-a seguir seu caminho.


Na vez seguinte em que reparei em suas pernas elas estavam marcadas por vergões recentes.


Hope estava na varanda jogando três marias. Convidou-me para jogar com ela, mas sabia que perderia o jogo para minha irmã. Então falei que esse jogo era para meninas e que eu tinha muitas coisas para fazer. Ela gargalhou da minha cara e disse que me dava vantagem, mas eu segui em frente e entrei em casa.


Daria qualquer coisa por ter jogado com ela e deixado-a vencer milhares de vês de mim.


Escutei Kurenai reclamar que fedia feito um gambá e segui para meu quarto tomar banho. Antes me lembro de escutar o som da musica favorita de minha mãe vir da sala de estar. Pensei em ir lá, mas ela odiava meninos mal cheirosos em sua sala maravilhosa, então subi as escadas que seguiam para os quartos.


Passei pelo quarto de Hinata vendo-a trocar a roupa de sua barbie por um vestido de gala. Sei disso, pois lembro que parei na porta e soltei uma gargalhada recebendo um olhar de raiva dela.


Tomei meu banho lembrando-se de colocar a roupa suja na cesta, se não a Kurenai puxaria minhas orelhas mais tarde. Pensei em como eu e meus amigos éramos controlados por nossas mães. Naruto com sua mãe cheia de afeiçoes tentando nos deixar sempre crianças, Suigetsu com seus sacos de biscoitos e balas, e a minha com seu jeito inflexível sobre o que era tolerável ou não.


Na hora do jantar Hinata brigou, pois não gostava de comer ervilhas e elas estavam em seu prato. Mamãe mandou-a comer e é claro que ela foi mal criada, o que a deixou de castigo.


Depois fui andar no gramado de casa tentando ver uma maneira de persuadir papai a me deixar construir um forte. Encontrei escondida atrás de plantas a bicicleta de Hope. Sorri em pensar que provavelmente ela escaparia a noite. Mas não a dedurei, não era assim que fazíamos como irmãos. Só, é claro, quando estávamos bravos um com o outro.


Hoje vejo que se tivesse contado, ela estaria viva. Ficaria brava comigo durante alguns dias, mas não estaria morta.


Segui para meu quarto e fui olhar algum programa enquanto comia um salgadinho. Tinha meus privilégios por ser o filho homem.


Naquela noite quando fui dormir minha irmãzinha estava morta.


 


 


 


Ele pensara que poderia escrever mais, mas não conseguiu. Pretendia registrar tudo o que sabia da morte da irmã e da menina Alice. Mas os pensamentos desviaram-se e ele acabou lembrando tudo do dia da morte de Hope.


Será que Sakura via assim? Como se fosse um filme passando em sua cabeça? Ele se perguntava, pois foi assim que se lembrou daquele dia, como se fosse um filme em sua mente.


Será que ela sabia que ao ser dominada pela visão, na noite anterior, era como se ela fosse Alice? Parecia que a menina falava através de Sakura.


Que tipo de força era preciso para enfrentar uma coisa assim, para sobreviver e construir uma vida?


Sasuke colocou as folhas com o que escrevera dentro de um envelope e fechou passando cola.


Precisava ver Sakura. Na primeira vez que se falou ela disse que o fantasma de Hope impunha-se entre os dois.


Não havia como avançar ou recuar enquanto não absorvessem o que haviam perdido.


Sasuke escutou as duas badaladas do relógio antigo que se encontrava no escritório. Dentro de quatro horas teria que levantar e ir ao campo cuidar do algodão. Lembrou de tudo o que passou nos anos anteriores para tornar Beaux Reves auto-suficiente, mas dera certo. Ainda assim ele precisava da força da natureza para ajudar. No final dependia do destino.


Apagou a luz e dirigiu-se para o seu quarto com o envelope nas mãos. Entrou guardando-o na pasta sobre a cômoda. Retirou a camisa sentindo a brisa entrar através da janela. Pensou que teria que levar algumas amostrar do trabalho orgânico para Saki avaliar, talvez pudesse vê-la na próxima noite.


Olhou para o terraço e viu na escuridão o brilho de algo avermelhado, logo após sentiu o cheiro do cigarro.


- Pensei que não dormiria hoje.


Hinata virou-se e observou o irmão.


- Por que não fuma no seu quarto?


- Não tenho um terraço tão bom, digno do dono da casa.


Fora um motivo de discórdia há muito tempo atrás. Após a morte do pai, a mãe insistira para que ele ficasse com a suíte principal.


- Você ainda está zangado comigo e não o culpo. Não costumo me controlar quando estou com raiva.


- Se é um pedido de desculpas, eu aceito. Agora me deixe dormir.


- Estou dormindo com Naruto!


- Essa não! – Sasuke comprimiu os dedos nos olhos. – Você acha que eu preciso saber disso?


- Revelei um dos seus segredos agora revelei um dos meus. Estamos quites.


- Já registrei. Colocarei um anuncio no jornal. Naruto... – Saiu para o terraço e arriou-se na cadeira. – Mas que furada!


- Não precisa se preocupar estamos nos dando muito bem.


- Até você terminar de mastigá-lo e cuspir o que sobrar.


- Não planejo isso. – Ela deu uma pequena risada. – Apenas acontece.


Hinata jogou o coto do cigarro pela grade.


- Naruto faz com que me sinta bem. Por que haveria algo de errado nisso?


- Não há nada de errado. Isso é assunto seu.


- Da mesma forma que Saki é assunto seu. – Ela encarou o irmão. – Desculpe foi horrível o que eu fiz.


- Você sempre diz isso.


- Sim, mas desta vez estou sentindo de verdade. – Ela passou os dedos pelo cabelo negro do irmão. – Não escute tudo o que a mamãe fale apesar dela estar certa.


- Não Hinata, ela está errada.


- Não sou a pessoa mais indicada para dar conselhos amorosos.


- Tem toda a razão neste ponto.


Hinata levantou uma sobrancelha.


- Acertou em cheio querido irmão. Vou voltar ao ponto em que parei antes de começar a sangrar. Essa família é muito maluca, não precisamos acrescentar Sakura Haruno nisso.


- Ela é parte do que aconteceu aquela noite.


- Hora Sasuke, já éramos neuróticos antes de Hope morrer.


Ele parecia frustrado e cansado ao ver de Hinata. Pensou em desistir da conversa terminando-a com uma piada, mas não podia. Tinha que falar tudo agora.


- Pense um pouco nisso. – A raiva que sentia fez com que sua foz saísse afiada. – Já éramos assim quando nascemos, e nossos pais antes disso. Você acha que eles se casaram por amor? Você pode gostar de ver as coisas assim, mas não era desse jeito.


- Eles tiveram um bom casamento Hinata, até...


- Um bom casamento? – Hinata grunhia em vez de falar. – Ah claro, o rico fazendeiro casando com a debutante de uma prospera família. Eles podiam ate nutrir algo no inicio, mas não por muito tempo. Apenas cumpriram sua obrigação.


Hinata acendeu outro cigarro.


- Fizeram o que somos.


Tragou com vontade.


- Eles fizeram o melhor que podiam. – Sasuke murmurou cansado. – Você nunca teve a capacidade de compreender isso.


- Talvez o melhor deles não fosse bastante bom. Não para mim. E que opção eles lhe deram Sasuke? E se você quisesse ser encanador em vez de dono de fazenda?


- Ah, essa sempre foi minha ambição secreta. De vez em quando conserto alguma torneira pingando.


Hinata riu, e sua raiva abrandou.


- Sabe o quero dizer Sasuke. Você não teve outra opção. Era o filho mais velho e seu futuro já havia sido traçado.


- Tem razão. Mas o fundamental Hinata, é que eu não queria ser outra coisa.


- Como pode saber? Cresceu ouvindo que seria o dono disto. E se quisesse tocar guitarra em uma banda de rock?


Desta vez Sasuke riu. Era por isso que gostava de ir ao quarto do irmão. Ele a escutava.


- Não percebe, fizeram o que somos. E fico feliz por você conseguir ser o que quer também.


- Eu sei que fica.


- Enquanto você saia pelo mundo para estudar eu ficava aqui, sendo treinada para ser uma esposa.


- Não se preocupe Hina, você nunca os obedecia.


- Poderia ate obedecer se não tivesse visto desde cedo, que aqui era um campo de treinamento.


 Hinata olhou o seu cigarro.


- Um lar agradável era o que eles queriam. Tratei de ser o oposto. Casei com o primeiro homem de fala mansa e olhos ardentes que encontrei. Divorciei-me logo depois, antes dos vinte anos de idade.


- Foi uma lição para eles, não é?


- Foi mesmo. Mas me veja agora. Tenho dois casamentos frustrados e estou aqui nesta casa que odeio.


- Aqui esta você, com vinte e três anos de idade, linda, inteligente e com bastante experiência para não repetir os seus erros. Você é melhor do que pensa que é Hinata.


- Não querido. Provavelmente sou muito menos. Talvez tivesse sido diferente se Hope não tivesse morrido. Ela não teve a chance de viver.


- A culpa não é de mais ninguém e sim do homem que a matou.


- Você acha Sasuke? Será que ela teria saído para uma aventura noturna com Sakura se não se sentisse presa para fazer esse tipo de coisa na manha seguinte? Se ela estivesse viva sei que quebraria as correntes. Eu sentia o que ela sentia, éramos gêmeas. Quando ela se foi o equilíbrio da casa morreu com ela. Eles a amavam muito.


Hinata comprimiu os lábios com força, jogando o cigarro pela grade.


- Amavam ela mais do que a mim e você. E muitas vezes os vi me olharem se perguntando o porquê não havia sido eu a morrer naquele dia.


- Não diga isso. – Sasuke levantou-se. – Não é verdade, ninguém pensou assim.


- Eu pensei, afinal, era uma lembrança constante de Hope.


- Não. – Ele encostou a mão no rosto da irmã vendo a mulher e a menina que fora. – Hope vivia em você.


- Mas eu não podia ser ela, Sasuke. – As lagrimas estavam transbordando em seus olhos. – Hope era algo que eles partilhavam. Mas não conseguiram partilhar a sua perda.


- Tem razão.


-Por isso, papai construiu o santuário dela... E foi procurar conforto na cama de outra mulher. E mamãe se tornou ainda mais fria e severa. Nós continuamos seguindo o caminho que havia sido nos traçado. Agora estamos aqui no meio da noite, sem ter o que dizer ser nosso. Sem alguém que nos ame e que amamos.


Doía ouvir isso. E doía ainda mais saber que era verdade.


- Não precisamos continuar assim.


- Sasuke, nós somos assim. – Hinata encostou a cabeça no ombro do irmão sentindo-o a abraçar. – Nenhum de nós dois amou alguém, isto é, não o suficiente para restaurar o equilíbrio. Talvez a amassemos demais.


-Não podemos mudar o que aconteceu. Só o que faremos de agora em diante.


- É esse o problema, não é mesmo? Odeio Sakura Haruno, por me fazer lembrar Hope, sentir saudade, me angustiar de novo.


-Ela não é culpada, Hina.


- Eu sei, mas preciso culpar alguém.


Fechou os olhos escutando os batimentos do coração do irmão.


 


 


 


Margaret avisou Kurenai que não almoçaria em casa, pois tinha um compromisso e que voltaria no meio da tarde, depois saiu com seu carro. Poderia ter contratado um motorista, mas algumas coisas gostava de fazer sozinha. Desde que se tornara a senhora de Beaux Reves nunca deixara de ser vista pela comunidade. Não só pelos cheques que assina de doação para algumas instituições, mas também por ir à cidade e visitar certos lugares e lojas.


O que faria hoje era diferente, para algumas pessoas o dinheiro é tudo. Então bastava saber em qual botão apertar e pronto, podia comprar qualquer coisa inclusive a própria pessoa.


Passou pelo caminho onde sabia que daria ao pântano sem esboçar nenhum sentimento, assim como não demonstrara nada na morte da criatura que mais amara, mesmo sentindo-se quebrar por dentro.


Estacionou na frente da velha casa, que sabia que Sasuke reformara mesmo ela sendo contra. Por ela poderiam botar fogo em tudo, na casa e naquele maldito pântano. Mas isso seria insensato e ela não era uma pessoa insensata.


Subiu os degraus ate a porta e bateu.


Lá dentro Sakura parou a mão na xícara ao escutar o barulho da porta. Estava cansada, acordara a pouco depois de ter passado a noite tentando dormir. Acabara somente cochilando para evitar pesadelos. A visita era indesejada e intolerável, mas era uma pessoa educada e não atender a porta demonstraria fraqueza também.


 Ao atender a porta sentiu-se no mesmo instante culpada, nervosa e embaraçada.


- Sra. Hyuuga Uchiha!


- Olá, Sakura.


Os olhos frios de Margaret passaram desde os pés descalços de Sakura até o cabelo desgrenhado demonstrando que estivera dormindo até a pouco e aquilo era justamente o que ela esperava de uma Haruno.


- Peço desculpas, achei que já estivesse acordada este horário.


- Eu deveria, mas infelizmente dormi demais.


- Preciso conversar com você.


- Claro. –Sakura abriu a porta com dificuldade.


Sakura sentia-se convidando uma rainha para entrar na casa de uma plebéia pobre.


-Desculpe, mas a casa é simples. Estava concentrada em preparar a loja e...


Viu-se remexendo as mãos, nervosa. Isso era ridículo, não tinha mais oito anos, mas mesmo assim sentia-se intimidada.


- Acabei de fazer café. Gostaria de uma xícara?


- Tem um lugar para me sentar?


- Tenho sim. Vivo exclusivamente na cozinha e no quarto ate a loja inaugurar.


Adentraram a cozinha.


- Sente-se, por favor.


Pelo menos comprara uma boa mesa e a cozinha estava limpa. Havia varia ervas em pequenos vasos na janela.


Abriu a geladeira e a vermelhidão subiu em seu rosto.


- Lamento, mas não tenho leite e creme.


- Isso basta. – Margaret empurrou a xícara de café que Sakura havia lhe entregue. – Quer se sentar, por favor?


Sakura sentou respirando devagar para se acalmar.


- Fiquei sabendo que você está envolvida com meu filho. – Esperou para poder observar a expressão de surpresa no rosto da Haruno. – A rede de fofocas daqui não falha.


- Sra...


- Por favor... – Levantou as mãos. – Passou alguns anos ausentes. Mas mesmo assim ao retornar é como se fosse uma estranha. Então resolve abrir uma loja aqui depois de tanto tempo.


- Veio ate aqui para perguntar meus motivos, Sra?


- Seus motivos não têm o menor interesse. Vou ser franca não sou a favor dos alugueis para você, mas o dono de tudo é Sasuke. Mas quando as decisões de meus filhos começam a afetar a posição da família, a situação torna-se diferente.


- E como o local onde moro ou minha loja afetam a sua família?


- Só isso não afeta. Mas o envolvimento pessoal sim.


- Resumindo não quer que eu me encontre com Sasuke? É isso?


- É, sim.


Quem era aquela mulher que permanecia calma e controlada? Perguntou-se Margaret. Cadê a menina magricela que se escondia com facilidade?


- É meio complicado, já que ele parece levar a serio esse negocio de proprietário e inquilino. Algumas vezes acabaremos nos encontrando para tratar de negócios.


- Estou disposta a compensá-la para que se mude.


- Compensar-me? Ah sim... – Sakura tomou um gole de café. –Seria grosseria saber o que exatamente está me oferecendo? – Percebeu Margaret fazer uma pequena careta de desagrado. – Afinal, sou uma comerciante.


- Estou disposta a assinar um cheque de cinqüenta mil dólares para você deixar Sasuke e Progress.


Sakura ficou em silencio, também conhecia esta arma.


- Essa quantia permitira que você viva em conforto durante um tempo.


- Tem razão, Sra. Hyuuga Uchiha. Mas gostaria de saber o porquê da senhora achar que eu seria tão receptiva a um suborno?


- Não finja ser o que você não é Sakura. – Margaret inclinou-se. – Sei de onde veio e como é. Conheço você!


- A senhora pensa que me conhece.


- Seus pais sempre a deixaram livre como uma gata selvagem. Você levou uma filha minha por esse caminho o que a levou a morte. Não deixarei que leve meu filho. Você irá aceitar o dinheiro assim como seus pais fizeram.


Sakura, ao ouvir essa acusação sentiu-se abalada, mas manteve-se firme.


- O que está dizendo?


- Ele precisou apenas de cinco mil dólares para dar um fora daqui. Eu pedi para meu marido despejá-lo, mas ele se recusou a fazer.


Os lábios de Margaret tremeram. Fora a única vez que suplicara lago a alguém.


- No final eu tive que tomar a providencia. Agora você irá aceitar esse dinheiro e sairá das nossas vidas, afinal você deveria ter morrido naquele dia não Hope.


- Pagou para ele ir embora. – Sakura murmurou. – Para nós, naquele tempo, isso era muito dinheiro. Gostaria de saber o que ele fez com tudo. Ora, isso não importa. Lamento desapontá-la, senhora, mas não sou meu pai. Nada me faria fazer isso. Pode guardar o seu dinheiro. Vou ficar por que preciso. Seria muito fácil ir embora. Quanto a Sasuke...


Sakura lembrou como ele se manteve distante depois do incidente daquela noite.


- Não há muita coisa entre nós. Sasuke está apenas sendo gentil comigo, pois é um homem gentil. Não estou disposta a quebrar essa amizade relatando esta conversa.


- Se for contra meus desejos, a arruinarei. Perderá tudo assim como em Nova York quando matou aquela criança.


Sakura empalideceu. Suas mãos tremeram.


- Não matei Jonah Mansfield. – Ela sorveu o ar e soltou-o de uma vez. – Eu apenas não pude salvá-lo.


- A família a considerou culpada, assim como a policia e a imprensa. Se ficar aqui todos ficarão sabendo.


Fora uma insensatez pensar que ninguém a ligaria com a mulher que fora em Nova York.


- Senhora não irei tolerar este tipo de acusação em minha casa. – Sakura levantou-se. – Terá que se retirar.


- Não farei a oferta de novo.


- Sei disso. Eu a acompanharei até a porta.


 Margaret levantou-se.


- Conheço o caminho.


Sakura esperou um pouco antes de falar.


- Sra. Uchiha, Sasuke é muito mais do que acredita que ele seja. Assim como Hope também foi.


Rígida e pálida Margaret colocou a mão na maçaneta da porta.


- Ousaria falar para mim das minhas crianças?


- Claro. – Falou enquanto a porta estava sendo fechada. – Eu não hesitaria.


Sakura ouviu o carro se afastar e foi ate o banheiro despindo-se. Deixou a água quente de o chuveiro lavar sua alma e seu coração. Permitiu-se chorar para ajudá-la a lavar o sofrimento.


Se enxugou e lembrou que não fora visitar a amiga nenhuma vez. Não se permitira visitar o templo da amiga.


Covarde. Sasuke a chamara de covarde. E tinha razão.


Foi ate o telefone e discou um numero.


- Bom dia, Yamanaka, Sabaku.


- Aqui é Sakura Haruno, a Sra Yamanaka esta?


- Só um momento.


- Que prazer ouvi-la Sakura! Como vai já se instalou?


- Oh sim. A loja irá inaugura sábado.


- Tão depressa? Deve ter dado trabalho. Terei que ir visitá-la.


- Será um prazer recebê-la. Ino preciso de um favor.


- Pode dizer lhe devo um grande favor por causa do anel.


- Como? Ah sim já tinha esquecido.


- Acho que demoraria anos para encontrá-lo sozinha.


- Eu gostaria de saber se você tem algum contato na policia que possa obter informações de um caso antigo.


- Conheço algumas pessoas. Farei o que puder.


- É sobre um homicídio. Uma garota de dezesseis anos, seu nome era Alice. O sobrenome...


Fez uma pausa para recordar.


- Não tenho certeza absoluta. Lowell ou Powell, eu acho. Estava pedindo carona na rodovia 513, seguindo para leste. Foi arrastada para fora da estrada estuprada e estrangulada. O estrangulamento foi feito com as mãos.


Sakura deixou escapar um suspiro para aliviar a pressão no peito.


- Não ouvi nada a respeito no noticiário.


Não é recente. Deve fazer uns dez anos. Foi em algum momento no verão.


- Já disse o suficiente. Verei o que posso fazer.


- Muito obrigada. Anote o telefone da minha casa e da loja. Qualquer coisa que descobrir me avise.


 


 


 


 


Sakura mantinha-se ocupada com os preparativos da loja. Ficava feliz todas as vezes que as pessoas passavam na frente da vitrine e admivam-a.


Havia feito um belo trabalho ali. Expusera finas peças de tecidos, peças de cerâmica artesanal e trabalhos em ferro. Ela pendurou aquarelas e sinos de vento.


Arrumou tudo nas prateleiras e comprou uma caixa registradora. Organizou sacolas e caixas de compras.


Sentiu-se aliviada quando alguém bateu na porta, já que estava se sentindo neurótica. Mas a alegria não durou muito já que quem estava do outro lado era Hinata. Será que os Hyuugas Uchihas não iriam deixá-la em paz?


- Preciso comprar um presente. – Anunciou Hinata assim que entrou na loja.


- Ainda não abri a loja.


- Também não estava aberta no outro dia. É que minha tia Rose vem nos visitar e é o aniversario dela. – Hinata sorriu levemente. – Ela é meio louca e não comprar um presente pode lhe provocar um ataque.


- Compre o presente no sábado.


- Mas ela vem amanhã. Tia Rose tem muito dinheiro, se ela gostar do presente vem no sábado. Comprarei um presente bem caro.


Sakura acabou cedendo.


- Está bem.


- Pode me ajudar?


- Do que ela gosta?


- Tia Rose gosta de tudo. Ela adoraria se eu desse um chapéu de papel. – Hinata tocou um sino de vento. – É lindo. Você tem mais coisas do que eu poderia imaginar aqui.


- Tenho algumas caixas para guardar fantasias.


- Neste caso me deixe ver as grandes.


Sakura mostrou a caixa pintada a mão e colorida, realmente muito bonita.


- Linda. Por acaso ela toca musica?


- Não.


- Ótimo se não tia Rose iria nos enlouquecer tocando o dia inteiro e metade da noite. Acho que ela irá adorar essa caixa.


Hinata virou o papel do preço, soltando um assovio.


-Estou cumprindo minha palavra.


- Esta caixa é única. – Satisfeita Sakura foi pegar a embalagem. – Vou embalar para presente.


- Obrigada. – Hinata olhou a loja mais uma vez. – Você parece preparada. Por que esperar ate sábado?


- Tenho alguns detalhes para acertar. E falta pouco para sábado.


- É o tempo voa.


Hinata preencheu o cheque com a quantia do presente.


- Pegue um cartão no mostruário e escreva algo. Depois prenderei no presente.


- Esta bem.


Hinata escolheu um rosa escrevendo em seguida.


- Com isso estarei no alto da lista da tia Rose por um bom tempo.


Sakura pegou o cartão e terminou a embalagem com um lindo laço.


- Espero que sua tia goste. – Estendeu a embalagem. O telefone começou a tocar. – Agora, se me der licença...


- Claro. – Alguma coisa nos olhos de Sakura fez com que Hinata permanecesse na loja. – Preciso anotar o valor no canhoto. Sempre me esqueço disso.


A campainha do telefone voltou a tocar.


- Pode atender. Já vou sair.


  Acuada Saki atendeu.


- Boa tarde, Southern Comfort.


- Desculpe ter demorado a te ligar, Saki.


- Não tem problema. Conseguiu a informação?


- Creio que encontrei o que você procura.


- Pode esperar um momento? Hinata irei abrir a porta para você.


Após dar de ombros, Hinata pegou o presente e se dirigiu a saída pensando quem era no telefone para fazer as mãos ágeis de Saki tremerem daquele jeito.


- Desculpe é que havia gente na loja.


Sakura voltara a falar no telefone.


- Não tem problema. O nome da menina era Alice Powell. Branca. Dezesseis anos. O corpo só foi encontrado cinco dias depois; do crime. O desaparecimento só foi comunicado três dias depois; os pais pensavam que ela estava na praia com as amigas. Quanto ao corpo... Os animais já tinham se banqueteado aquela altura. A cena não fora nada agradável pelo que me disseram Saki.


- Descobriram o assassino?


Sakura sabia a resposta, mas precisava ouvir a confirmação.


- Não. O caso esta aberto, mas parado. Aconteceu há dez anos.


- Qual foi à data do assassinato?


- Espere um instante... Achei. Foi no dia vinte três de agosto.


- Oh, Deus!


Um calafrio percorreu a espinha de Sakura.


- O que foi Saki? Posso ajudá-la?


- Não posso explicar ainda Ino. Mas preciso de outro favor. Você tem como perguntar ao seu amigo se ele consegue todas as vitimas parecidas com esta, em um prazo de seis anos antes e dez após esta data? Sempre próximo do mês de agosto.


- Está Saki. Mas assim que tiver a resposta quero que você me fale tudo, entendeu?


- Preciso da resposta primeiro. Desculpe Ino. Tenho que desligar. Desculpa.


 Sakura desligou e sentou-se no chão.


Naquele dia, vinte três de agosto completaram oito anos da morte de Hope.


 


 


 


Os vivos levavam flores para os mortos, elegantes lírios ou simples margaridas. Sakura nunca entendera o porquê já que elas murcham facilmente. Então para sua amada amiga levou a única lembrança que guardara. Um pequeno globo com um cavalo alado, que toda vez que sacudida estrelas cintilantes caiam.


Entrou no cemitério onde gerações de famílias estavam repousando eternamente. Olhou para o cavalo e seu cavaleiro, ambos em bronze, que guardavam as sepulturas. Lembrou-se de quantas vezes ela e a amiga foram ali brincar naquela estatua.


Sorriu timidamente.


Sakura caminhou ate um anjo de mármore que tocava uma harpa. E disse o nome da amiga em voz alta:


- Hope Hyuuga Uchiha. Olá, Hope.


Ela ajoelhou-se na relva. Sentou-se sobre os calcanhares.


- Me desculpe ter demorado. Adiei muitas vezes, mas nunca deixei de pensar em você. Nunca tive uma amiga como você foi. Acho que eu tinha muita sorte por ter você!


Enquanto fechava os olhos, abrindo-se para as lembranças, alguém observava sob o abrigo das arvores. Alguém com os punhos cerrados, apertados com tanta força que as articulações estavam esbranquiçadas. Alguém que sabia o que era ansiar pelo impossível. Viver, ano após ano, com o desejo oculto, num coração que agora trovejava, com anseio e, ao mesmo tempo, com a certeza de que poderia satisfazê-lo.


Quinze anos se passara e agora ela voltara. Sabia que um dia isso aconteceria. Ela poderia dar voltas ao mundo, mas retornaria para Progress.


As duas formavam uma linda cena. Hope e Sakura. Uma mimada e a outra maltratada. Nada do que fizera antes e depois daquela noite lhe proporcionava tanta emoção. Já tentara reconstruir aquela noite quando a pressão se acumulava dentro dele, quente e intensa, mas nunca foi igual.


Nada jamais se comparara.


Agora, Sakura se tornara uma ameaça. Poderia resolver o problema facilmente. Mas isso perderia aquela nova e terrível excitação de viver numa profunda expectativa e ansiedade. Esperara a volta de Saki só para ter sua presença onde queria.


Teria que aguardar ate agosto. Tinha que ser como fora antes, no mesmo local.


Poderia resolver o problema logo, era homem e muito mais forte que Saki. Mas acreditava em símbolos, então esperaria ansiosamente. Enquanto pensava nisso se masturbava até alcançar o orgasmo, olhando e admirando Sakura. Como acontecera em outras ocasiões, quando sem segredo observava Saki. Hope e Saki.


Onde tudo começara era onde tudo terminaria.


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Notas finais do capítulo

Nossa mais de mil leitores e só 22 Reviews. Fiquei muito triste... :(
Só postarei o proximo se me deixarem Reviews!!!
E obrigado aqueles q sempre comentam, vcs me deixam feliz!!!!



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