Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora pessoal... mas esta ae mais um cap novinho para vcs!!!



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Margaret retornou a sala onde estava conversando com seu advogado e amigo Gerald.

- Desculpe-me por meus filhos.

- Ânimos exaltados acontecem.

- Você é muito gentil.
Margaret se distanciou um pouco e olhou pela janela, vendo o carro de Sasuke sumir na estrada.

- Nossos filhos cresceram Margaret.

- Nem todos. – Ela falou tomando um gole da bebida que Gerald havia servido a ela. – Serei uma péssima companhia hoje.

Ele a olhou e sentiu algo no peito. Davam-se muito bem.

- Não se preocupe. – Sorriu para ela.

- Bem que Sasuke e sua filha Débora poderiam ter se casado.

- É teríamos lindos netos juntos.

- Sim.

Ambos beberam de seus copos.

 

 

 

Sakura estava em frente ao espelho já pronta, ensaiando o que falaria para Sasuke. Ficara admirada com o interesse dele, gostava de sua companhia, mas não queria um relacionamento. Sempre esteve no comando de sua vida e não seria diferente agora. Era melhor ambos recuarem e deixar apenas a amizade. Estava abrindo uma loja e não teria tempo ou disposição para um relacionamento.

Estava orgulhosa de todos os seus argumentos.

Mordiscou o lábio inferior e pode trazer o gosto de Sasuke de volta. Era boa em trazer os gostos mesmo que sem querer às vezes.

Não imaginara que ele podia ser tão doce. Ou que ambos se ligassem de uma forma tão prefeita.

Estava sendo romântica demais. Isso era normal, pensar em beijar um homem, ela era humana afinal.

Mas, na ocasião em que imaginara fora mais suave, agradável e simples. E a realidade é que nem chegara a ser um beijo. Fora mais uma amostra. E Sakura sabia que ele fizera de propósito para deixá-la confusa.

O que fora muito hábil da parte de Sasuke. Ele era um homem muito esperto, mas não daria certo.

Estava preparada para Sasuke agora. Sairia de casa falaria tudo o que ensaiara, depois desejaria tudo de bom e voltaria para casa.

E permaneceria onde é seguro.

O plano parecia perfeito, finalmente tudo voltaria ao normal, por isso soltou um suspiro ao ouvir o carro se aproximar.

E foi então que ela ao sair de casa, viu o rosto dele.

 Sasuke estava sentado atrás do volante de um lindo conversível, com os cabelos desmanchados pelo vento. Ofereceu-lhe um sorriso, mas ela pode ver por trás a raiva e frustração. Apesar de tudo Sakura percebeu a infelicidade amargurada.

Nada atingira com tanta eficiência.

- Essa é uma das virtudes que admiro em você Saki, a pontualidade.

Ele saltou e abriu a porta do carona. Ela não o tocou, a ligação tende a ser muito forte com o contato físico.

- Conte-me qual é o problema.

- Que problema?

Sasuke fitou-a e depois ergueu o escudo. Voltando a se sentar no volante.

 - Você simplesmente abre a mente de uma pessoa e olha o que há lá dentro?

Sakura virou o rosto abruptamente como se tivesse levado um tapa. Era melhor assim, mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.

- Não, seria muita grosseria.

Sasuke sorriu.

- Já entendi existe uma etiqueta para leitura de pensamentos.

- Não leio pensamentos. – Ela apertou os dedos até ficarem braços, depois soltou o ar dos pulmões olhando fixamente para frente. – É mais uma leitura de sentimentos. Aprendi a bloquear, já que ao contrario do que imagina, não é agradável ser invadida pelos sentimentos de outra pessoa. Mas às vezes, quando estou distraída alguma coisa passa, principalmente emoções fortes. Peço desculpas por me intrometer em sua privacidade.

 Sasuke não disse nada por alguns instantes. Tinha a cabeça voltada para trás e os olhos fechados.

-Desculpe. Foi horrível o que falei. Mas estou me sentindo horrível também e precisava descontar em alguém. Você foi à escolhida.

- Sei que não é agradável estar com uma pessoa que pode fazer o que eu faço. Por isso não sou boa em relacionamentos. É compreensível ter duvidas e indagações... e que isso leve ao ressentimento e desconfiança, afinal posso simplesmente usar seus sentimentos para fazer algo contra você.

Sakura calou-se se preparando para o que viria a seguir. 

- Tudo isso não passa de besteiras. – Murmurou Sasuke. – Posso saber de quem foram às palavras que você acabou de botar em minha boca?

- As palavras são suas. – Sakura mudou de posição pronta para atacar. – Sou o que sou e não posso mudar. Sei como enfrentar e superar tudo. Não preciso de ninguém ao meu lado. Aprendi a aceitar a minha vida e ninguém tem nada a ver com isso, muito menos você.

- É melhor tomar cuidado para não cair do cavalo, Saki. Esta exagerando demais. – Quando ela pos a mão na maçaneta, ele acrescentou. – Covarde.

Os dedos de Saki apertaram a maçaneta a soltando em seguida.

- Canalha.

- Tem razão. Sou isso mesmo, ao descarregar meu mau humor em você. Mas você esta me atribuindo opiniões que não expressei e de que não partilho. Não posso dizer o que penso a respeito, pois ainda não cheguei a uma conclusão. Quando uma coisa é importante, gosto de demorar em estudá-la. E você parece ser importante.

Sasuke inclinou-se e instintivamente ela comprimiu-se no banco.

- Há uma coisa que me irrita bastante. – Ele colocou o sinto nela. – Estou disposto a insistir em tocar você ate que pare de recuar.

Ele ligou o carro dando a ré. Ao pegar a estrada Sasuke acelerou.

- Nunca bati em uma mulher. – Sakura podia ver através das palavras calmas a irritação. - E não começarei por você. Claro que quero por minhas mãos em você, mas afirmo que não lhe machucarei.

- Não creio que todos os homens usem os punhos contra uma mulher. Alem de outras questões. Trabalhei isso com minha terapeuta.

- Ainda bem. Não gosto de assustá-la a cada movimento meu.

- Se eu tivesse medo de você não estaria aqui agora, Sasuke. – O vento bagunçava os cabelos dela. – Não sou capacho de ninguém e nunca mais serei.

Ele se calou por um breve período.

- Se fosse eu não gostaria que estivesse aqui.

Ela o olhou com o canto do olho.

- Foi à coisa mais inteligente que poderia dizer. E sabe, acredito em sua sinceridade.

- Sou sincero em tudo o que falo.

-Acredito nisso também. – Suspirou. – Eu não ia sair hoje. Estava disposta a lhe falar como seria nosso relacionamento. E aqui estou eu.

- Sentiu pena de mim. – Sasuke a fitou. – Foi o seu primeiro erro.

Ela deu uma risada curta.

- Acho que tem razão. Para onde vamos?

- Nenhum lugar especial.

- Isso é ótimo. – Recostou-se, surpreendida ao constatar como era fácil relaxar. – É um ótimo lugar.

 

 

 

 

Sasuke dirigiu seguindo ao litoral. Pararam em um restaurante de frente ao mar.

- Quando começar a sentir os olhos pesados, me interrompa.

- Não sou tão fácil de cansar. Alem do mais sei alguma coisa sobre algodão orgânico, na antiga loja em que trabalhava vendíamos muitas camisas feitas por este algodão. Apesar de ser caro. – Sakura sorriu.

Observaram algum tempo as crianças brincando na areia e jogando migalhas para as gaivotas.

- Me de o nome da loja. Estamos fazendo camisas na fabrica de tecidos Hyuuga Uchiha. Pode ter certeza que é muito mais barato do que nas outras.

- Ou seja, mais lucro. – Sakura falou.

- Exatamente. – Sasuke passou manteiga em um pão entregando-o a Saki. – As pessoas estão mais preocupadas com isso do que com o meio ambiente, ou os pobres animais que acabam infectados pelos agrotóxicos.

Sakura pegou o pão e mordiscou um pedaço.

- Você ama agricultura.

- Claro porque haveria de não amar?

- Muitas pessoas fazem coisas que não gostam. Por exemplo, eu deveria trabalhar na fabrica ao sair da escola. Mas resolvi fazer um curso comercial escondida.

- Como soube o que queria fazer?

- Queria apenas ter oportunidades. – E escapar, pensou Sakura. – O método orgânico é o mais sensato, mas se não cuidar terá ervas daninhas doenças e pragas. Acabará com uma colheita doente.

- O algodão é cultivado a mais de quatro mil anos. Como acha que faziam antes dos pesticidas?

Intrigava-a e interessava-a ver Sasuke tão apaixonado pelo que fazia.

- Eles tinham escravos que trabalhavam por quase nada.

-Podemos discutir historia outra hora. –Sasuke inclinou-se para frente para terminar seu argumento. – O algodão orgânico usa mais mão de obra. Também aproveita recursos naturais. Estrume, adubo composto em vez de fertilizantes. Os bons insetos ajudam muito já que comem os que atacam o algodão. Assim deixamos de usar agrotóxico que contaminavam as pessoas também.

Sasuke recostou-se enquanto a entrada era servida. Tornou a encher os copos com vinho.

Sakura lembrou-se do pai chegando a casa e amaldiçoando a terra. A nuvem de fumaça fedorenta que impregnava o ar de quem morava perto das plantações.

- Como se interessou pelo método orgânico?

- Foi no primeiro ano de faculdade. Na verdade havia uma garota que me desertava interesse.

- Ah... – Sorriu enquanto cortava sua truta. – Agora o quadro começa a se formar.

- Ela se chamava Lorilinda Dorset, da Califórnia. Era uma morena alta e esguia que usava uma calça jeans justa.

Sasuke soltou um longo suspiro com a lembrança.

- Ela era sócia de tudo quanto é clube ambientalista. E para impressioná-la comecei a ler tudo sobre isso e renunciei a carne durante dois meses.

Sakura levantou uma sobrancelha ao olhar o bife no prato dele.

- Deve ter sido mesmo amor.

- E foi. Por algumas semanas deixei ela me levar para seminários de agricultura orgânica e ela me deixou tirar o jeans apertado. – Sasuke sorriu malicioso. – É claro que meu desejo por hambúrguer fez com que ela se afastasse do carnívoro nojento.

- O que ela poderia fazer?

- Tem razão. Mas não esqueci tudo o que vi. Assim que Beaux Reves ficou sob meu comando eu iniciei o que aprendi e escutei.

- Lorilinda ficaria orgulhosa.

- Não. Ela nunca me perdoará por aquele hambúrguer. Foi um grande pecado. Meses depois eu mal podia comer um hambúrguer sem sentimento de culpa.

- Os homens não prestam.

- Sei disso. –Sasuke observou que continuasse entretendo-a ela ate poderia comer uma refeição completa. – O que acha de vender as camisas em sua loja?

Ela parecia surpresa, ele notou.

- Não necessariamente camisas, mas poderia ser outras como roupas de cama e guardanapos.

- Hum. Teríamos que ver algumas coisas. Por exemplo, tem que ser exclusivo, não quero meus clientes comprando algo igual. Também temos que ver valores.

Ela tomou um gole do vinho em seu copo.

- Mas estou gostando disso.

- Ótimo. – Ele levantou seu copo e bateu no dela fazendo um tintim.

O resto do jantar foi maravilhoso assim como a caminhada na praia depois. Acabou bebendo dois copos de vinho o que a fez ficar sonolenta. Agora no carro em movimento, mantinha-se de olhos fechados escutando o som da noite. Os barulhos dos grilos e o cheiro das flores.

  Desejando que refresque um pouco, agora que o sol já se pôs! Se não conseguisse logo uma carona teria que ir a pé até a praia. Claro que a culpa era de Marcie, a desgraçada, largando-a sozinha para ir se encontrar com o idiota do Tim. Mas a amiga que se danasse ela iria sozinha e se divertiria.

Tudo o que precisava era de uma carona. “Vamos meu bem pare o carro! Ei ele parou! Mas que sorte.”

Sakura empertigou-se no banco, com os olhos arregalados.

- Ela entrou no carro. Jogou a mochila no banco traseiro e entrou no maldito carro.

- Sakura? – Sasuke parou o carro no acostamento. – Você apenas adormeceu por alguns instantes.

- Não!

Ela o empurrou, não queria que a tocasse. Retirou o sinto em um movimento brusco e saiu do carro.

- Não! Ela pegou uma carona para a praia, ele a pegou em algum momento lá atrás.

- Espere um pouco! – Sasuke a alcançou e puxou-a para que se virasse. – Você está tremendo, meu bem!

- Ele a pegou. – Tudo vinha na mente de Saki. As imagens, cheiros e a ardência na garganta típica de quem bebem demais. – Ele a pegou, levou-a para fora da estrada e a acertou com algo. Ela não pode ver o que é e não entende o porquê daquilo. Sente apenas dor.  Ela o empurra, mas ele a tira do carro.

- Quem?

Sakura sacudiu a cabeça tentando se desvencilhar da dor.

- Por aqui. Nesta direção.

- Está bem.

Ela tinha os olhos arregalados e desfocados, a pele úmida de suor sob as mãos de Sasuke.

- Você quer ir ate lá?

- Tenho que fazer isso. Deixe-me sozinha!

- Não. – Passou o braço sobre os ombros dela. – Irei com você. Pode me sentir bem aqui, ao seu lado.

- Não quero assim, não quero!

Começou a andar. Abriu-se ao ver as imagens na sua mente.

- Ela queria ir a praia. Estava brava com a amiga Marcie, pois haviam combinado de irem juntas. Mas foi deixada sozinha. Estava pedindo carona. O Homem aparece. Ela fica feliz. Sente-se cansada e com sede.

Sakura parou e levantou a mão. A cabeça pendeu para trás, mas os olhos permaneceram abertos.

- Ele lhe dá uma garrafa de uísque. Você toma para matar a sede. Deve ter sido com a garrafa que ela acertou você. E como doía.

Sakura cambaleou. Colocou a mão no rosto sentindo o gosto de sangue.

- Não, não faça isso!

Sasuke a puxou para seus braços e se surpreendeu por não se desvencilhar rapidamente.

- Não posso vê-lo. Há apenas um espaço em branco. Espere!

Com as mãos em punhos ela o empurrou.

- Ele a levou para lá. - A cabeça pendia para os lados. – Não posso de jeito nenhum.

- E não precisa. Está tudo bem agora. Vamos voltar para o carro.

- O homem a levou até ali. – Compaixão e angustia prevaleciam sobre todo o resto. – Ele a está estuprando!

Sakura fechou os olhos deixando que tudo viesse e ardesse em seu cérebro.

- Ela resiste por um tempo. Ele a machuca. Ela tem medo. O homem a agride de novo. Dói, dói muito. Ela quer a sua mãe. E apenas chora, enquanto ele grunhe, ofega e acaba. Você sente o cheiro do suor e do sexo do homem, de seu próprio sangue. Não tem mais condições de lutar.

Saki passou as mãos por seu rosto. Precisava sentir para ter certeza de quem era ela e quem era a garota.

- Não posso vê-lo, está escuro. Não posso sentir nada nele que seja real, é apenas uma coisa. Ela também não pode vê-lo, nem mesmo quando ele usa as mãos para estrangulá-la. Não demora muito, ela está semi-inconciente. Não ficou na companhia do homem por mais de meia-hora e morreu. Estendida sobre as arvores, nua. É ali que ele a deixa e volta para o caro.

Sakura afastou-se de Sasuke, naquele jeito determinado. Estava branca como a lua e os olhos em turbilhão.

- Ela só tinha dezesseis anos. Uma garota bonita, cabelos escuros e compridos, pernas longas. Chamava-se Alice, mas todos a chamavam de Ally.

A tensão e o pesar a engoliram por completo.

Sasuke a amparou e pegou no colo. Saki tinha o corpo inerte parecia morta. Abalado tanto pela expressão de Saki quanto pela historia, Sasuke tratou de sair dali depressa. Esperava que se a levasse para longe, ela melhoraria.

Sakura se mexeu assim que ele a colocou no banco do carro, abrindo os olhos vidrados.

- Está tudo bem querida, a levarei para casa.

- Só preciso de um instante. – A náusea a dominou, acompanhada pelo calafrio. Mas isso passaria. O horror é que ficaria por mais tempo. –Sinto muito.

Ela fez uma pausa.

- Sinto muito.

- Pelo que?

Sasuke deu a volta e se sentou no volante.

- Não sei o que fazer por você. Vou levá-la para casa depois retornarei e tentarei achar a garota.

Confusa, Saki o fitou.

- Ela não está mais aqui agora. Isso ocorreu há muitos anos.

Sasuke parou e pensou. Ao lembrar-se do nome Alice, uma menina morena, sentiu uma vertigem.

- Sempre acontece assim, surgindo do nada?

- Às vezes.

- E é doloroso para você?

- Não. Deixa-me exausta e um pouco enjoada, mas não dói.

- Claro que dói.

Ele estendeu a mão para girar a chave de ignição.

- Sasuke... – Hesitante ela tocou sua mão. – Foi... Lamento falar isso, mas precisa saber. Foi como Hope. Por isso que veio tão forte. Foi como Hope.

- Eu compreendo.

- Não, não compreende. O homem que matou essa menina era o mesmo que matou Hope.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos q estao deixando comentarios, isso eh muito bom e me deixa feliz!!! hehehehh
Espero q tenham gostado deste cap.
Bjux



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