Os Legados De Lorien - A Origem escrita por Cherles Belem


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Por favor deem suas opiniões. O que estão achando.
É sempre bom saber se a estória está agradando ou não.



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Bastava olhar para ele. Pela expressão no rosto de Pitt era evidente que havia ficado tão fascinado por Lorena quanto eu.

Aquilo gerou um ódio tamanho dentro de mim, como eu nunca havia sentido antes.

- Oi, meu nome é Pitt.

- Lorena, prazer!

- Lorena? Nome... Interessante. Bom, o prazer é todo meu Lorena. Nossa, você é linda!

- Obrigada. - Ela agradeceu o elogio sorrindo encabulada, mas nitidamente feliz pelo elogio.

Pitt se comunicava com tanta facilidade, com tanta espontaneidade e naturalidade, que chegava a me causar inveja. Eu não tinha essa capacidade que ele tinha. Der repente eu senti uma dor forte no peito que ha muito não sentia, tristeza. E medo. Der repente me vi com medo de perder Lorena para Pitt. Algo sem sentido já que ela não era minha, eu havia acabado de conhecê-la. Mas mesmo assim não consegui deixar de ficar triste e com medo.

- Pelo visto você já conheceu meu irmão, Seth.

- Irmão? Ah, devem ser só meio irmãos né?

- Não, somos gêmeos.

- Gêmeos? Nossa, vocês são realmente os gêmeos mais diferentes que já vi.

- É, nós somos estranhos.

Os dois riam juntos com tanta facilidade. E aquela maldita dor no meu peito só aumentava.

- Mas então, vocês moram por aqui?

- Na verdade estamos aqui de viajem. Voltamos depois de amanhã.

- Ha, vão voltar pra São Paulo? Não se identificaram com o Rio?

Pitt fez uma cara de confuso, mas logo entendeu a história. Por precaução ele dá uma vasculhada em meus pensamentos pra saber o que exatamente eu havia inventado.

-  Não, nós adoramos o Rio, cada dia mais. Mas é que nós só estávamos passando uma temporada aqui, devido ao trabalho do papai.

- LORENA! - Alguém a gritara de longe. Eram um grupo de garotas aparentemente da mesma idade que ela.

- São minhas amigas, eu preciso ir. Bom, talvez nós nos vejamos novamente antes de vocês viajarem, quem sabe. Ah, a bola de vocês.

Ambos estávamos tão encantados com Lorena que havíamos até esquecido da bola que ela ficara segurando até agora. Eu e Pitt estendemos nossas mãos juntos e tocamos cada um um lado da bola e uma das mãos de Lorena. A sensação do toque de sua pele era indescritível. Como se uma pequena corrente elétrica percorresse todo o nosso corpo.

- Realmente foi um prazer Set e Pitt. Tchau.

Ela se virou e correu em direção a suas amigas. Não sei se aquilo podia ser chamado de corrida, pois sem nenhuma dificuldade ou esforço poderia superá-la. Mesmo assim ela se movimentava de forma tão graciosa que era hipnotizante. Ela parou junto a suas amigas, conversaram um pouco e se viraram para nós, conversaram mais um pouco sorrindo e se foram.

- Nossa! Ela... é realmente... linda! Supera qualquer loriena que já tenha visto.

Olho de relance para ele. Novamente, raiva!

Já era noite. Naquele dia não consegui parar de pensar em Lorena um só instante.

- Onde está Pitt? - Pergunto pro papai. Estávamos em nosso apartamento alugado.

- Ele disse que ia dar uma volta.

- hmmmmm. Acho que vou dar uma volta também, tem problema?

- Não, claro que não filho.

- Depois eu volto.

Depois de me afastar apenas alguns passos meu pai me chama meio hesitante.

- Seth espere. Eu... gostaria de trocar algumas palavras com você.

- Claro. - Ele está sentado em uma poltrona. Eu volto e me sento em outra de frente para ele. Papai parece um pouco tenso, só não sei o por quê.

- Filho... eu sei que há muito tempo não conversamos. Mas... às vezes fico em dúvida se estou sendo um bom pai. Me desculpa se algumas vezes não demonstrp tanto o meu amor por você filho, mas a verdade... é que eu sempre me preocupei em que tipo de homem você se tornaria. Setrákus, eu nunca lhes disse, mas você e seu irmão tem um papel importante a cumprir. Ambos, você e Pittacus, nasceram para se tornarem Anciãos.

Minha surpresa é tanta que não consigo evitar que meu queixo caia um pouco. Nem sei o que dizer, estou sem palavras.

- Isso mesmo filho. Seu irmão nasceu predestinado a ser o Ancião de Luvan. E você, para assumir o lugar do Ancião de Heren. Mas ser um Ancião é a maior responsabilidade que um lorieno pode carregar, é algo maior que sua própria vida. As Anciãos guardam o poder que dá vida ao nosso planeta, nosso passado, e nosso futuro. Você Setrákus tem habilidades e virtudes de um verdadeiro líder, algumas que seu irmão não possui. Mas se tivesse que escolher entre um líder perfeito e alguém que ame demais, o segundo seria o líder perfeito para mim. E com relação a coração, seu irmão tem o mais puro que já vi. O que sinceramente eu não sentia tanto em você. Mas esses últimos dias mudaram minha forma de pensar. Tenho podido ver um lado seu que sinceramente achava que não existia. Mas por que você sempre foi fechado demais. Mas vejo que estava errado. Você será um grande líder Setrákus, que com certeza irá marcar a história de nosso povo. Eu acredito em você filho. Acredito na luz e na bondade de seu coração. E me desculpe se nem sempre demonstrei o amor que sinto por você.

                Não havia percebido que estava chorando até que meu pai terminou de falar. Não lembrava a última vez que havia chorado, por isso a sensação era estranha para mim. Mas não era um choro de tristeza, mas de uma alegria que nunca havia sentido. Não consigo dizer nada. Acho que meu pai também não. Ele apenas vem em minha direção e me abraça com força. Eu retribuo. A sensação é maravilhosa. O calor do corpo do meu pai. Me sinto tão feliz que nem consigo descrever.

                Ele me solta de vagar e se afasta um pouco secando as lágrimas que também deixou escapar.

- Agora vai lá dar seu passeio. – Ele diz com um sorriso no rosto. Eu retribuo o sorriso, enxugo as lágrimas do meu rosto e vou pra rua.

                A noite está maravilhosa! Está quente como sempre, mas há uma brisa um pouco fria deliciosa vindo do mar que ameniza a temperatura. O barulho das ondas quebrando na areia. O cheiro da água do mar e da areia. É tudo tão perfeito. Eu nunca me senti assim em Lorien. Eu poderia viver aqui neste planeta. Com Lorena ao meu lado. Mas eu tenho um compromisso em meu planeta, eu nasci para ser um de seus lideres. Será que se eu a explicasse Lorena aceitaria ir para Lorien comigo? Não sei. Mas acho que seria capaz de largar tudo isso, todo o poder, a responsabilidade, os compromissos, tudo para ficar ao lado dela.

                De repente um sentimento que não conheço, mas que lembra desespero começa a me tomar. Eu vejo a pior cena da minha vida, Lorena e Pitt juntos sentados num quiosque. Estão bem próximos um do outro, alegres, rindo e conversando. Pitt faz um carinho no rosto dela tirando uma mecha de seu cabelo e pondo atrás da orelha. Os dois ficam se olhando de uma forma que... Sinto algo estranho e quando passo a mão vejo que são lágrimas caindo novamente.

Sinto uma dor dentro do peito tão forte que é como se alguém estivesse apertando meu coração com força. As lágrimas simplesmente não param de jorrar. Por mais que eu queira, elas não param. Eu não posso continuar aqui se não eles podem me ver. Então corro na direção oposta com toda a minha velocidade.

Vou até um conjunto de rochas e me sento na mais alta. Apenas fico lá, sentado, olhando o mar escuro se mover abaixo do céu estrelado. As lágrimas não param de escorrer por meu rosto. Por quê? Por quê? Pitt sempre teve tudo. Por mais que meu pai diga que me ama eles sempre tiveram uma preferência nítida por ele, assim como todos. Mas Lorena... Ela era tudo o que eu queria. Eu abriria mão de meu futuro posto de Ancião, abriria mão de qualquer coisa por ela. Ela era tudo o que eu queria, tudo! E até isso Pitt teve que tirar de mim. Nem sei mais o que estou sentindo, se é raiva, tristeza, medo, eu nem sei mais.

Por quê? Por quê? Meu peito dói tanto. É a pior dor que já senti. E quando me lembro dos dois rindo, juntos, a dor só piora. Eu começo a bater com minha cabeça no chão de pedra pra ver se as imagens somem da minha cabeça, mas elas não saem. Droga! Eu começo a socar o chão pra tentar descontar um pouco minha raiva numa tentativa de aplacá-la, mas não adianta.

Depois de um longo tempo socando e cabeceando o chão e fazendo um bom estrago na pedra em que estou simplesmente paro. Me viro e sento lentamente. Fico ali parado, meio que catatônico, olhando para o nada. As lembranças continuam a passar por minha cabeça. A dor continua a me machucar por dentro. As lágrimas continuam jorrando incontroladamente dos meus olhos e me ensopando.

A dor, as lembranças, os sentimentos, é tudo tão forte que simplesmente não consigo fazer nada. Só fico ali parado, passando pelo que acho ser o pior sofrimento que alguém pode passar. Eu pelo menos nunca imaginei sentir algo assim. Tudo o que eu queria era esquecer. Era desaparecer. Sumir pra sempre. Sempre... 


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