As garotas decidiram encerrar o assunto depois das três horas da manhã e agora elas estavam em uma segunda-feira ensolarada na pequena cidade de Lima, Ohio.  Elas concordaram em falar com todos no dia em questão.

                Como sempre, Santana estava ao lado de Britt pegando seu material, quando Quinn estava em outro lugar, pegando o seu. Essa primeira aula elas fariam juntas e seria de biologia. Seria difícil suportar o professor.

                A loira colocava todo o material que não ia usar de volta no armário, ela estava com raiva, portanto o melhor termo seria “jogando”. Ela estava tão brava que não notou a aproximação de certa baixinha.

                - Quinn? – A morena sussurrou para não assustar a maior.

                Quinn abriu e fechou a boca algumas vezes, ela tentou não sorrir e nem chamar a menina por “Rachel”, nem falar algo informal em tom de amizade.

                - Olá Berry. – Limitou-se a cumprimentar a menina assim. – O que quer? – Finalizou ríspida.

                - Você viu o Artie? – Quinn fez que não, e Rachel prosseguiu: – a mãe dele disse que Artie não voltou para casa e a última pessoa que viu ele foi Sugar quando ele a deixou em casa.

                - Eu não sei mesmo, e pouco me interesso pelo rodinhas, ele já me deu muita dor de cabeça – ela referia-se as noites que passou consolando Santana que não se conformava por ter sido trocada pelo garoto – e se me dá licença, eu tenho aula de biologia.

                A loira não deu tempo da menor respondeu, cruzou o corredor e sumiu na multidão aos poucos, deixando para trás uma Rachel muito desapontada.

                (...)

                Rachel ainda estava realmente incomodada com Finn, ela apostava tudo o que possui da Broadway que o garoto lhe escondia algo e para Rachel Berry apostar algo assim, sua certeza era de cem por cento!

                Em sua cabeça a conversa com Quinn ainda era remoída. Ela não entendia porque a loira fazia essas coisas, uma hora Quinn Fabray é totalmente legal e amigável e na outra ela simplesmente decide ser a pessoa mais ignorante da face da terra.

                “Por que eu quero ser amiga de alguém assim?” – Rachel pensou consigo.

                A aula de História Geral estava quase começando, Rachel tratou de apressar-se para não se atrasar para a aula.

                Ao sentar em seu lugar, a morena pode sentir os olhos de Finn perfurar seu pescoço. Depois de um tempo um bilhete foi entregue à Rachel:

                “Continua brava? – Finn” – A morena virou-se apenas para conferir o rosto do menino, ele parecia tão abatido.

                “Claro Finn! Por que não quer me contar? – Rach” – Ela entregou para uma Cheerio que passou o recado direto para o quarterback.

                A aula se passou sem nenhuma resposta de Finn, Rachel se virou algumas vezes para olhar o garoto, ele estava de cabeça baixa e batia o lápis no caderno. Quase no final da aula, a resposta chegou.

                “Desculpe, prometo que lhe conto. Encontre-me no auditório depois da reunião do clube Glee – Finn” – A morena fez uma nota mental e aguardou pelo sino que alertaria a segunda aula.

                (...)

                Santana sentou em um lugar qualquer na arquibancada e puxou Brittany para um forte abraço. Elas foram para as arquibancadas aproveitar o horário vago sem Quinn – a loira estava em uma aula chata de inglês – para discutir a “relação”.

                - Você ainda está brava? – Santana apertou de leve o joelho da loira que fez bico. – Você sabe que ainda não estou pronta.

                - Ok Sant – a loira gritou e a morena ao seu lado levou um pequeno susto com a reação da garota, Brittany suspirou -, mas eu quero poder fazer coisas de casal na frente de todos, – ela encarou a menor -, hoje um garoto veio até mim e ele pediu para termos um encontro, eu tive que aceitar porque não gosto muito de mentiras e não pude dizer a ele “me desculpe, mas eu namoro a Santana”.

                - Não fica assim Britt-Britt. – Ela disse quando a expressão da loira ficou decepcionada no final de seu monólogo. A latina eu um rápido selinho na loira. – Eu te amo, sabia? E você está começando a parecer com a anã com esses longos discursos.

                Elas riram e Brittany se aconchegou mais no abraço de Santana. A loira era muito grata por finalmente terem se acertado e finalmente ficarem junto e tudo mais. Ela amava muito a garota que agora lhe abraçava.

                Ficaram assim por alguns minutos. Santana afagava as mechas loiras da maior em seus braços e Brittany arranhava de leve a nuca da latina. Era tão bom ficar assim, a sensação era em ambas e elas se agradeciam por terem uma à outra.

                - Britt, não querendo quebrar o momento, mas você não acha que deveríamos falar sobre aquilo? – Santana parou as carícias.

                A loira apenas murmurou um “não” fraco e virou-se no colo da menor. Ela ainda custava acreditar que ele era um dos responsáveis pela brincadeira sem graça na floresta. E outra: Brittany já havia conversado com alguém sobre isso e confiara nessa pessoa para resolver tudo.

                (...)

                Todos entraram na sala do coral, todos estavam abatidos com o final de semana e tudo mais. Desgastes físicos e emocionais. Apenas Puck, Blaine, Kurt, Sam, Mike e Finn sorriam e brincavam de um canto para o outro – com exceção de Kurt.

                As meninas se sentiam tão lixo. Era difícil lidar com tudo o que havia acontecido. Entre suspiros cansados delas foi que Mr. Schuester entrou eufórico na sala.

                - Pessoal! Duas notícias... – ele parou de frente para os alunos assim que destampou o pincel atômico – primeiramente, Artie voltou para casa e está bem. – Ele ainda olhava feliz para todos e dirigiu-se para o quadro onde rabiscou “Boas-vindas” – Segundo: teremos um novo membro no nosso clube.

                - Olá pessoal! – Sebastian adentrou a sala. Ele fez um toque com Will e sorriu para o resto da classe, dando uma leve piscada para Quinn. – Eu queria agradecer a oportunidade e dizer que não vou decepcionar ninguém aqui!

                (...)

                Quinn ficou até o final, esperando por Sebastian.

~Flashback on~

                Quinn trocava seus materiais de álgebra avançada por geografia quando a figura de Sebastian se projetou no inicio do corredor – ela não podia negar que o ar arrogante do garoto deixava um charme a mais para o rapaz, o que fazia Quinn se “encantar” mais por ele – e logo estacionou ao lado da loira de olhos verdes.

                Ele a fitou algumas vezes antes de prosseguir com o discurso que preparara, respirou fundo e então soltou sua pose.

                - Você tem um minuto?

                - Bom, se não notou eu acabei de pegar meu material de geografia, a sala fica um pouco longe e eu tenho apenas três minutos para chegar ao meu destino.

                - Você é Quinn Fabray, pode abrir um mar de pessoas como Moisés abriu as águas e chegar lá em um minuto! – Ele tocou o braço dela para chamar a atenção para si. – Eu só preciso de uns minutos, não agora, mas preciso.

                - Depois do Club Glee, pode ser? – Ela fechou o armário e fez sinal com a cabeça para que ele a acompanhasse pela caminhada.

                - Tudo bem... Preciso ir, nos vemos mais tarde.

~Flashback off~

                - O que queria Sebastian? – Foi direta.

                O garoto fitou Quinn por um tempo antes de soltar um suspiro aliviado e relaxar o semblante. Ele gesticulou para que se sentassem novamente.

                - Brittany me contou tudo. – Foi direto. – Eu e ela somos amigos, sabe? Mesmo que em segredo. E ela me procurou para contar tudo, já que duas pessoas não a ajudavam em nada. – Ele revelou diante da expressão de confusão de Fabray.

                - E o que você pretende? – Quinn fitava Sebastian agora. Estava analisando se o garoto era realmente confiável. “Britt confia, por que não confiar?”

                - Eu estou do lado de vocês, afinal, destruir ele me ajudaria imensamente. – Sebastian foi simples.

                - O que você quis dizer com isso? – Quinn arqueou uma das perfeitas sobrancelhas.

                - Kurt, eu estou falando dele. – O garoto desviou o olhar por um segundo. – Sim eu sou gay! Destruir Blaine dessa forma deixaria um rombo no coração de Kurt e talvez eu seja a pessoa perfeita para ajudar a tapar isso.

                Informação de mais para uma só Quinn. Então está bom, ele é gay, quer Kurt e está do nosso lado. Ok, isso é simplesmente perfeito!

                A loira balançou a cabeça quando se deparou pensando o quanto aquela confissão do garoto só o fez mais sexy. “Ok, caras gays tem seu charme... DROGA! Controle-se Quinn!” – Ela pensou.

                (...)

                Rachel se aproximava de Finn cautelosamente. Era algo muito comum aquilo: eles brigavam, Finn ou Rachel se arrependia, um chamava o outro para o auditório e lá abriam o jogo. Rachel estava preparada para outra sessão de beijos pós-briga.

                Tocou o ombro do garoto sentado na bateria para avisar sua chegada. Ele tinha os olhos marejados e parecia segurar o choro.

                - O que foi Finn? – Ela lhe deu um rápido selinho.

                - Rachel, eu sinto tanto. Eu juro, não queria! – Agora ele conseguiu deixar Rachel em dúvida.

                - Finn, explique-se, por que me chamou aqui?

                - Eu pensei em cantar para você e depois explicar, mas nenhuma música que eu pensasse faria sentido para explicar. Bom, só uma, mas cantá-la seria ridículo. – Rachel o lançou um olhar que indagava “qual [música]?” – Secret.  – Rachel lhe lançou outro olhar curioso. – The Pierces. É o nome da música.

                Finn fez questão de deixar um silêncio absurdamente irritante se instalar, o silêncio o matava por dentro, mesmo assim ele desejava que aquilo matasse apenas ele. Não era justo com Rachel, não foi não é e nunca será.

                - No Halloween, nós brigamos antes da festa, um tempo antes, lembra? – Rachel assentiu para ele. – E Kurt e Blaine também. Você ia com Kurt, então Blaine me ligou no dia anterior e disse que precisava me ver urgentemente. Quando nos encontramos ele me contou um plano maluco que agora parece extremamente idiota, mas na hora parecia tão certo. Nós só precisávamos de uma isca para atraí-los até a floresta e fazer aquilo, mas a brincadeira saiu do controle e precisamos improvisar.

                - Espera Finn Hudson – sim, a pequena (literalmente) diva morena acabara de se dar conta do óbvio, ele e Blaine haviam armado aquilo.

                - Não era para termos feito nada além de separar você de Kurt. Depois tiraríamos as máscaras e eu te beijaria assim como Blaine faria com Kurt. Eu não sabia, mas tinha um olhar malvado no rosto de Blaine e ele acabou fazendo tudo aquilo! – Agora ele chorava. – Eu juro, pela minha vida que se eu tivesse pensado naquilo por um minuto, não faria nada.

                (...)

                Rachel não podia acreditar no que o namorado, o ex-namorado como ela deixou claro antes de sair do auditório. Mesmo com raiva, jurou ao garoto segredo, afinal, após escutar as palavras de Finn, o garoto lhe pediu segredo, caso contrário Blaine poderia fazer algo contra ele. E mesmo extremamente magoada com ele, ela respeitava isso.

                Tudo que a diva queria e precisava agora era do colo quente e carinhoso de algum amigo para que ela pudesse chorar.

                Ela viu Sebastian caminhando com Quinn e lembrou-se automaticamente do dia na floresta quando a loira pareceu tão pronta para proteger a morena.

                - Quinn, pode me acompanhar até o banheiro? – Rachel surgiu até a loira.

                - Você tem duas pernas, vá sozinha! – Quinn respondeu quase que automaticamente.

                - Tudo bem Quinnie, eu já estava me despedindo. – Sebastian se despediu de Quinn e antes de virar o corredor ele piscou para Quinn e deu uma rápida fitada no bumbum de Rachel antes de morder os lábios e assentir safado.

                Rachel sorriu para a loira e foi acompanhada por ela até o banheiro, lá ela se pôs frente ao espelho e deixou os olhos marejar, já havia chorando na frente de Quinn antes, agora não faria diferença.

                - O que queria? – A loira cruzou os braços sob o peito e fitou Rachel pelo espelho, notando os olhos que ficavam aos poucos marejados.

                - Finn me confessou todo o plano deles. – Rachel se virou para Quinn e se apoiou na pia. – Ele e Blaine planejaram tudo, receberam duas ajudas e uma delas eu aposto ser de Puckerman. E tudo para quê? Que eu voltasse para Finn e Kurt para Blaine.

                - E funcionou, não é? – Quinn disparou. – Só pare de ser idiota! Eu sabia disso, e Brittany se lembrou de que viu o culpado, outra, eu estou realmente pouco me lixando. – A loira virou o rosto e deu as costas para a morena. – E não, não foi Puckerman.

                (...)

                Agora Blaine estava exatamente onde Sebastian queria. Ele contou com uma ajuda de Puckerman que também estava em suas mãos e das Cheerios.

                Noah o ajudou a escapar até a casa de Blaine, recolher algumas coisas e em seguida pediu às novas amigas Cheerios – Santana e Quinn – para que reunissem o Glee Club. Ele estaria pronto para humilhar Blaine na frente de Kurt, custe o que custar.

                - Por que estamos reunidos? – Blaine sorria com Kurt pendurado em seu pescoço.

                - Porque todos têm o direito de que você assuma na frente de todos que você foi o cabeça daquela ideia idiota no Halloween. Sério, você poderia ser preso. Eu sei, saiu tudo do seu plano, mas eu aposto que você estava preparado, não é? – Sebastian jogou todo o material usado por Blaine para aquela noite.

                Kurt passou os olhos por tudo, e até mesmo as Cheerios e Rachel que sabiam de tudo, se surpreenderam com tudo o que estava no chão. A fantasia de lobisomem que era usada por Finn, a de vampiro usada por Blaine, os panos usados para droga-los, as cordas.

                Tudo que Rachel processava é como havia sido enganada triplamente, primeiro por Finn, segundo por Blaine e terceiro por Finn de novo. Nada ali parecia ter sido improvisado como o próprio afirmou.

                - Sim, ele contou com a burrice de Finn para fazer isso. Só acho que vocês não contavam com o Puckerman, ou Santana, ou Brittany, ou Quinn, ou Artie. Não é mesmo? – Sebastian levantou uma sobrancelha.

                Kurt sentiu algo pinicar o nariz, era a incontrolável vontade de chorar diante daquilo. Como ele pôde? Automaticamente Kurt se desprendeu de Blaine e encarou os olhos do moreno firmemente.

                - Sabe Blaine, eu escutei muito bem quando você disse que era louco por mim, mas não achei que era a esse ponto. – Kurt deixou uma lágrima rolar pelos olhos. – Eu fiquei assustado naquele dia, mal acredito que corri para seus braços depois! – O moreno abraçou o garoto a força, mas logo Kurt empurrou seus ombros. – A brincadeira? Não foi engraçada! – Kurt gritou enquanto saia da sala.

                (...)

                - Quinn, você está livre na quarta-feira? – Sam surgiu ao lado da loira nas arquibancadas.

                - Sim. Onde planeja me levar? – Quinn passou os braços entorno dos ombros do garoto e o cumprimentou com um selinho.

                - Eu vou decidir ainda, mas prometo que adorará! – Sam iniciou um beijo lento na garota loira.

                Depois de uma sessão de beijos com Sam no campo de futebol, Quinn se dirigia até o carro. Ela estava cansada, eram muitas revelações para um só dia e uma só cabeça. Depois de muito debate, e com todos os concelhos de Mr. Schue, os garotos decidiram que deixariam essa passar para Blaine, mas ele estava suspenso do Glee por um tempo.

                Seus pensamentos vacilavam entre todos os fatos quando a figura pequena, morena e de nariz assustador de Rachel se projetou ao lado de Quinn. Ela se assustou com a aparição repentina da garota e já estava quase certa que ela possuía uma máquina de tele transporte.

                - Está livre na quarta-feira?

                Quinn ficou atônita – no sentido ruim da palavra – com a pergunta de Rachel. Tudo bem que Rachel sempre a perseguiu e fez de tudo para estar perto de Quinn, mas a loira sentia algo diferente no olhar da diva desde o Halloween. Ou antes.

                - Não Rachel, eu vou sair com Sam. Mesmo assim, obrigada pela oferta. – Ela entrou no carro e seguiu para casa.