Já faz algumas semanas que estou tendo uma vida como ladra, mas roupo apenas coisas pertencentes à rainha.

–- Tenho que parar de fazer isso – falo – Acho que os trolls já estão me considerando uma amiga.

–- Não temos escolha Snow, você tem que comer e você quer mudar de reino – Sonhador diz – Desculpe, minha magia está fraca.

–- Sem problemas. – Digo – Acho que estou ouvindo cavalos.

–- Vá, depressa, já devem parar para tirar a árvore que você cortou – ele fala.

Puxo o meu manto e corro na direção da árvore cortada, tão silenciosa quanto rápida. Ora, ora, é um príncipe! Deve ter ouro. Subo na árvore mais próxima a carruagem e pulo em cima da mesma. Com velocidade roubo uma espécie de carteira, assim que faço isso a princesa começa a gritar.

“–- Quem vai contar a história aqui? – Pergunta Glimmer sem paciência.

–- Eu conto – Annie lança um olhar furioso para Gloss. – Era uma vez, em um lugar chamado floresta encantada...”

Roubo um cavalo branco que guiava a carruagem, ele começa a galopar velozmente, mas o príncipe está logo atrás de mim. Ele me alcança, pula no cavalo branco e me joga no chão, que falta faz o nightmare agora!

“-- Nunca deixaria você morrer – Cato fala puxando meu braço.”

–- Não encosta. – Falo quando consigo me livrar de seus olhos azuis hipnotizantes.

–- Eu acabei de salvar a sua vida!”

–- Mostre seu rosto covarde! – Ele diz a mim enquanto luto para manter a capa cobrindo meu rosto. Ele consegue me virar e faz uma cara bastante assustada – Você é uma garota!

–- Mulher – digo sorrindo, pego uma pedra que estava ao meu lado e o ataco. Consigo derruba-lo, pego a carteira que eu havia deixado cair, monto no cavalo branco e ele corre para a floresta.

–- Você não pode se esconder! – O príncipe berra, mas já estou longe de mais para dar atenção. – Onde você for eu vou te encontrar – Onde foi que eu já ouvi essa frase antes?

***

–- Voltei – digo.

–- Que bom que tudo ocorreu bem – Sonhador responde.

–- E já vendi as joias que achei, uma boa quantidade de ouro aquilo valeu – respondo.

–- Quem foi o azarado? – ele pergunta.

–- O Príncipe Encantado – digo.

–- Céus – ele fala, e se não fosse um cavalo juraria que ele está pálido.

–- E o pior é que eu tive uma lembrança com ele – digo.

–- E vai ter mais – Sonhador responde.

–- E o pior mesmo é que eu tive da princesa também – falo coçando a cabeça.

***

Sonhador saiu para um passeio e eu estou caminhando pela floresta quando acabo pisando uma armadilha. Solto alguns gritos sem querer. Tento sair sem sucesso, o príncipe aparece rindo.

–- Disse que a encontraria – ele fala convencido.—Não importa o que faça, sempre irei encontra-la.

“-- Não terei certeza se não descobrir. –lanço minha faca no peito do nightmare, mas antes que ela atinja seu alvo, Cato se atira na frente. – NÃO! Não! – berro e começo a chorar mais desesperadamente do que antes. – Por quê? Por quê?

–- CHARMING! – Sonhador também entra em desespero.

–- Eu... Não podia deixar você fazer isso – Cato responde rouco. – Você precisa dele. Tem que acreditar.”

–- Só assim consegue pegar uma mulher? – revido. – Com uma armadilha?

–- É a única forma de pegar ladrões – ele responde.

–- Você é mesmo o príncipe encantado? – digo.

–- Tenho um nome, sabia? – ele diz.

–- Não importa, Charming lhe cai bem – falo. – E agora tire-me daqui Charming – falo Charming para provocar.

–- Vou soltá-la – ele fala – quando devolver as joias que roubou de mim.

–- Não gosto de joias. – falo segurando as cordas da armadilha.

–- Verdade, eu notei – ele fala.

–- O que quer dizer com isso? É um insulto? – Pergunto ofendida.

–- Tem razão. Mil perdões. Como falar mal de alguém que me roubou? – ele pergunta sarcástico. – Cadê minhas joias?

–- Eu as vendi.

–- O que? – ele fica apavorado.

–- E daí? Não tem um palácio cheio de tesouros? – Falar em palácio me deu saudades de casa.

–- Aquelas eram especiais – ele explica – o anel de minha mãe estava lá. O anel que daria...

–- A chata com má atitude?

–- Ela é minha noiva e o nome dela é Abigail.

–- Boa sorte – falo com um sorriso sínico. – A recompensa deve ser incrível se aceitou a união.

–- Como assim? – Charming pergunta perplexo.

–- Eu sei como isso funciona. Amor verdadeiro? Não existe. Só casamentos arranjados e transações de negócios. Não existe amor a primeira vista ou ao primeiro beijo. – Falo e ainda completo – deixe-me adivinhar, o reino dela quer conquistar o seu? Última tentativa para impedir guerra?

–- Não é isso – ele se defende – Isso é uma fusão e não é da sua conta. Eis o que vai acontecer: Vou soltá-la, e você vai me levar aonde vendeu as joias e vai pegá-las de volta.

–- Porque eu faria isso? – estou me divertindo com a situação.

–- Porque você não quer que eu conte quem você realmente é – ele fala tirando um papel do casaco – Snow White. Me ajude a recuperar o anel, ou a entrego aos guardas da rainha. E desconfio que a rainha não será tão encantada quanto eu.

Penso um pouco e digo:

–- Certo, não quero interferir no se amor verdadeiro. – eu falo isso e ele solta da armadilha. Fico de pé.

–- Você é baixinha.

***

Estamos caminhando na direção da ponde dos trolls, começo a mexer distraidamente em meu colar.

–- Achei que não gostasse de joias – Charming diz.—O que tem no seu pescoço?

–- Não se preocupe com isso –respondo. Ele a arranca do meu pescoço – cuidado! É uma arma!

–- Tem poeira dentro – ele fala – que pó é um tipo de arma?

–- pó de fada – respondo.

–- Sabia que era bom. – ele fala.

–- Só se for de uma fada boa – digo – esse é mortal, transforma seu inimigo em algo que possa esmagar.

–- Porque não usou em mim? – ele pergunta.

–- Porque não vale a pena—respondo – estou guardando para alguém especial. – continuo explicando enquanto caminhamos.

–- A rainha? – ele diz – tem muita raiva, não Snow?

–- As acusações nos cartazes são mentira. – digo. – Mas isso não a impediu de mandar um caçador arrancar meu coração.

–- O que aconteceu? – ele pergunta.

–- Nem todos são frios realeza. Ele teve pena de mim e me deixou partir. – digo triunfante – Tenho me escondido na floresta desde então tentando juntar dinheiro para ir embora daqui. Ir para outro reino. Algum lugar onde eu não possa ser ferida.

–- Parece solitário.

–- Não mais solitário que um casamento arranjado.

–- Pelo menos não finjo ser inocente – ele diz.

–- Até agora só roubei a rainha. – respondo – Achei que a carruagem fosse dela, ninguém mais usa aquele caminho.

–- Queríamos uma vista mais bonita – ele fala.

–- Tudo que estou é o que eu preciso para sobreviver. – respondo – Ela me quer morta.

–- O que você fez para despertar essa ira?

–- Ela me culpa por ter destruído a vida dela – respondo.

–- E você destruiu? – ele pergunta.

–- Sim – digo triste – Não foi por mal.

Depois dessa conversa seguimos o caminho até a ponte dos trolls em silêncio , o que foi muito bom, não aguentava mais perguntas. Não sei porque, mas não tive a mínima vontade de fugir.

–- É aqui – falo quando chegamos – siga-me e fique quieto.

Andamos até a metade da ponte, ouvindo apenas o barulho das folhas batendo no chão de pedras. Pego algumas moedas de outro do meu bolço e as coloco na ponte fazendo barulho, logo após eles aparecem.

–- O que você está fazendo aqui? – O mais feio pergunta – Pensei que havíamos terminado.

–- Quero fazer outra troca – falo.

–- Não falaremos na frente dele – ele responde. – Quem é esse cara?

–- Ninguém, ninguém, ele está comigo – respondo.

–- Isso é bom, com você isso faz com que tudo fique bem – ele ironiza.

–- Ele não é ninguém! – repito – escute, quero comprar-lhe de volta as joias que lhe vendi.

–- Quem é ele? – o Troll pergunta novamente.

–- Eu já disse que não é ninguém! – falo. – Lhe devolvo todo o seu dinheiro, só me dê o anel. Pode ficar com o resto.

Um dois outros trolls revira o bolço com as mãos tirando a carteira que era do Charming, o príncipe quase a arranca de sua mão.

–- Ele é está ansioso! – ele diz – é armação!

–- NÃO! – berro.

–- Ele é da realeza! – O troll mais feio diz me prendendo com os braços.

–- Deixem ela ir – o príncipe fala sacando a espada.

–- Podem confiar em mim, podem confiar em mim! – falo.

–- Revistem-no! – o troll fala.

Eles pegam a sacola do príncipe a sacodem, fazendo tudo o que tinha dentro cair no chão, incluindo meu colar e o cartaz que diz que eu estou sendo procurada.

–- Snow White – O Troll fala rindo – Boa recompensa.

Charming se livra de um dos trolls e pega sua espada do chão, assim me liberta também. Me abaixo rapidamente e pego meu colar com o pó de fada.

–- Corre Snow! – ele diz – estou logo atrás de você.

Começo a correr, já devo estar a uns quinze metros da ponde dos trolls quando começo a falar ainda correndo:

–- Mais rápido, eles não conhecem a floresta como eu. – Digo e para olhando para trás—Charming? – Os trolls estão com ele. Volto correndo e não penso duas vezes antes de jogar meu pó magico nos trolls, que rapidamente são transformados em baratas.

–- Porque me salvou? – Ele pergunta.

–- Era a coisa certa a ser feita. – digo o ajudando a se levantar, mas assim que ele toca em minha mão, cai novamente e coloca a mão na cabeça. – Está tudo bem? – pergunto preocupada.

–- Eu sinto que já conheço você e – Ele coloca a mão na cabeça novamente e parece estar com dor – céus.

–- O que?

–- Eu vou casar com a Glimmer! – ele fala com uma cara de apavorado.

–- Quem é Glimmer? Você vai casar com a Abigail.

–- Ela é a Glimmer!! – Charming fala agora de pé.

–- Se acalme – falo.

–- Como eu gostaria de dar um jeito nisso – ele lamenta.

–- Está, está tudo bem agora.

Fico um tempo olhando para o chão, chuto algumas pedras para o lago e preto atenção no barulho que elas fazem.

–- Acho que essa é a hora em que nos despedimos. – ele fala.

–- É, é sim. – concordo.

–- Espero que nos encontremos mais vezes, Snow – ele fala.

–- Até mais, príncipe encantado. – respondo.

–- Meu nome é James – Charming diz.

–- Charming combina com você. – digo. – eu vou por aquele lado. – aponto para a esquerda.

–- Eu vou por esse. – ele responde.

–- Então, é isso.

–- É isso.

Cada um começa a caminhar para a sua direção, viro algumas vezes para ver se ele também virou, nossos olhos se encontraram mais uma vez antes que eu adentre na floresta. Um pensamento flutua em minha mente: “Será que existe mesmo amor a primeira vista?”.