37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 14
Aliança Desmembrada


Notas iniciais do capítulo

Ok, aí vão mais agradecimentos. SUUUUUUPER obrigado a
Andreia Santos e a moshby pelas recomendações *_* Eu já tenho três, OMG, vocês sabem o que é isso? *_*
Boa leitura. Nos vemos lá embaixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/286712/chapter/14

Corri de volta até o acampamento e, antes de passar pela lona, parei. O ar estava pesado e silencioso demais.
– Kala, sou eu. Verizon.
Pude ouvir um pequeno suspiro do outro lado e, relutante, entrei. A verdade é que eu estava com muito medo sobre o canhão que ouvira minutos mais cedo e, logo que Kala dirigiu-se a mim com um leve sorriso, meus músculos relaxaram. Meu coração ainda procurava uma maneira de ajudar Arany, mas meu cérebro sabia que não seria possível. Olhei para o chão e lá estava ela, ainda com o rosto marcado por veias e ferroadas. Seus cabelos longos e loiros estavam emaranhados e sujos com lama, mas sua face era serena como se nada de ruim estivesse acontecendo. Mesmo que Arany ainda estivesse entre nós, a sua situação me preocupava.
– Ela está...
– Dormindo. - Completou Kala - Recuperou a conscência por alguns minutos enquanto você estava fora. Chamou pelo seu nome.
Olhei para Kala, incrédulo, e pude sentir minhas bochechas queimando. Quando meu olhar pousou novamente em Arany, porém, meu peito se contraiu. Ajoelhei-me ao seu lado e fiquei em silêncio enquanto observava seu rosto, que antes era rosado e agora estava num tom incrivelmente pálido, o que ressaltava ainda mais o vermelho das veias.
– Oh, Arany. Eu sinto tanto...
Não pude conter as lágrimas ao vê-la naquele estado. Nós dois, desde pequenos, sabíamos que este seria nosso fim, mas ambos queríamos realizar nosso sonho juntos. Na mesma edição. Por mais que eu tivesse me preparado para tal momento toda a minha vida, é como se a possibilidade de perdê-la somente agora fosse real.
– Não lamente, Verizon. Você não teve culpa. - Consolou Kala.
Limitei-me a olhar para ela. Ela realmente não se importava.
– Kala, quando eu vi você na reprise da Colheita... Achei que fosse tímida e até um pouco medrosa. Você estava tremendo e...
– Teatro. Sou boa em fingir.
– O quê? - Perguntei, incrédulo.
– Estratégia. Mesmo tirando uma nota alta no treinamento, os tributos não me veriam como um real adversário. Eles têm medo de Carreiristas que emanam poder e segurança. Como você e, principalmente, Cihla.
– Então você tinha isso desde sempre em sua mente? - Perguntei.
– Sim. Digamos que eu tenha uma professora em tempo integral.
– Como assim?
– Nada que você deva saber. - Ela respondeu, ríspida.
Aquilo me deixou inseguro e, instantaneamente, resolvi ser mais atento a suas ações. Se ela tinha tantas estratégias como dizia, talvez fosse mais perigosa que qualquer outro tributo. Além disso, Kala era um completo mistério para mim. Já havíamos conversado sobre as vidas nos nossos distritos, mas ela nunca falava muito sobre sua vida pessoal. Quem é ela, afinal? eu me perguntava.
Voltei meu olhar para Arany e surpreendi-me quando Kala sentou ao meu lado.
– O que você fez?
Olhei para ela, confuso.
– Quando saiu. O que você fez? - Perguntou novamente.
– Procurei por um tributo. - Respondi, desta vez olhando para o céu.
– E encontrou?
– Sim. - Falei, depois de uma longa pausa.
– Aquele canhão. Foi você? O que você fez com ele?
– Sim. Matei o garoto do 3.
– E conseguiu o que queria? - Ela perguntou, arqueando a sobrancelhas.
Aquela pergunta criou certa raiva dentro de mim. Se eu já tinha chegado no acampamento sem um sorriso no rosto, não era óbvio que meu esforço tinha sido em vão?
– Não. Não consegui. - Eu respondi, mostrando-lhe o par de óculos.
Seus olhos brilharam levemente e pude ver um sorriso se formando em seus lábios. Por precaução, guardei meu "presente" na mochila.
– Não acredito que você se arriscou por mim. - Disse Arany, repentinamente. Ela se apoiou nos ombros e tossiu.
– Arany! - Exclamei, mal podendo conter o riso. Abracei-a mais forte do que nunca, o que a fez gemer - Desculpe. - Eu disse, afastando-me dela.
Seus olhos continuavam vermelhos, o que era horripilante. Ela se encostou em uma árvore com esforço e nos encarou.
– Não quero que vocês fiquem assim. Todos sabemos o que vai acontecer.
Ela disse aquilo com muita calma, mas senti um tom de desespero em sua voz.
– Não adianta. A Capital não gosta de mim. Se gostasse, teria mandado alguma coisa. Admita, Verizon, meus dias estão contados.
Ela tossia frequentemente e, depois de algum tempo, pude ver sangue escorrendo pelo seu queixo. Ela limpou rapidamente e olhou para o chão, como se nada tivesse acontecido.
– Eu vi, Arany. Não esconda de mim.
Ela olhou para mim, com as bochechas vermelhas, e depois para Kala.
– Por que vocês não procuram comida? Eu vou ficar bem. Eu só...
Mais uma vez, sua frase foi interrompida pela tosse.
– Não! Eu vou ficar aqui. Com você.
– Verizon, estamos ficando sem comida. Não vamos durar muito com a que temos. Precisamos encontrar tributos e roubar comida.
Olhei para Arany, que agora voltava a deitar no chão.
– E se alguém aparecer? Arany vai estar em perigo. - Argumentei.
– Lembra do que eu falei? Você precisa parar de ser tão protetor. - Ela respondeu, dando um leve sorriso - Eu sei me cuidar.
No fim, concordamos. Saí com Kala à procura de mais tributos.
– Estamos em oito, certo? Já devem estar entrevistando nossas famílias. - Falou Kala, enquanto caminhávamos por entre as árvores. Eu ia na frente, já que usava os óculos noturnos, e Kala ia logo em seguida.
– Eu me pergunto quem morreu hoje além do garoto do 3. Ouvi um canhão quando o estava atacando.
– Ah, fui eu. - Ela disse, indiferente.
– Você o matou? Quem foi?
– A garotinha do 7, lembra? Aquela de doze anos. Ela entrou no acampamento e eu a matei.
– Conseguiu alguma coisa?
– Um pacote de biscoitos e uma adaga. Nada demais.
– Então somos nós três, Cihla, Mursten, o menino do 6, a garota do 9 e o garoto do 11?
– Sim. Quatro meninos e quatro meninas. - Ela respondeu.
Chegamos em uma área da arena em que as árvores eram mais altas e, as folhas, mais abundantes e verdes.
– Essa arena é grande. - Comentei - Nunca estivemos aqui.
Ouvi um barulho nos galhos e olhei para cima. Assustei-me quando vi um garoto alto e forte caindo em cima de mim. Bati a cabeça no chão e, indefeso, assisti-o ir em direção a Kala, que colocava um de suas flechas cor de sangue em seu arco. Ela, porém, não foi rápida o suficiente. O garoto arrancou a arma de suas mãos e, com um tapa, derruou-a no chão. Tentei levantar, mas tudo estava girando ao meu redor. Sangue escorria pelo meu pescoço enquanto o menino socava o rosto de Kala, que já perdia suas forças. Logo ele viria atrás de mim. Eu tinha que fazer algo rapidamente, ou não sobreviveria. Assim como fora minha luta com Mursten na apresentação para os Idealizadores, eu perderia por ser mais magro. Ele simplesmente sentaria sobre meu corpo e me socaria até a morte. Procurei pelo meu machado, que havia caído de minhas mãos na queda e, com o canto do olho, avistei um brilho metálico. Cambaleei até lá, segurei-o em minhas mãos com dificuldade e olhei por cima dos ombros. O menino continuava sobre ela, a qual só produzia leves gemidos. Ela não resistiria muito tempo. Horrorizado, vi quando ele pegou uma pedra e ergueu sobre sua cabeça. Caminhei o mais rápido que pude até lá e, antes que algo de ruim acontecesse, cravei o machado em suas costas. Ele largou a pedra, que caiu ao lado da cabeça de Kala, e foi ao chão. Ela jazia, imóvel, sob o corpo pesado do menino. O tiro de canhão ecoou em minha cabeça.
Caí de joelhos e, fraco demais por causa do sangramento, desmaiei, rezando para que nada de ruim me acontecesse. Eu já tinha problemas demais. Kala estava morta e, em breve, Arany também estaria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nooossa, será que o Verizon vai ficar desmaiado muito tempo? É perigoso para a Arany :o
Enfim, o meu tio vai se casar hoje e vou viajar até a cidade dele. Estarei de volta no domingo, então acho que vou postar na segunda. Se conseguir, posto antes.
Obrigado a TODOS os leitores por comentarem, lerem e gostarem da minha fic. Feliz fim do mundo para todos! Até mais! :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "37 edição dos Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.