A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 36
Os prisioneiros do Intendente


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo
Então... eu sei. Parece que a fic sempre entra em hiatus de um capitulo para o outro, mas fazer o que se a criatividade resolve ir tomar um MIlk Shake em Paris e só volta quando quer? Não abandonem essa louca, por favor. Esse capitulo é dedicado a linda da Olie por ter recomendado a fic *_*!!!! Valeu amor. Desculpa não ter dedicado o outro, mas sei lá... achei triste. Você merece um capitulo melhor. Enfim.... eu realmente espero que gostem. Beijos seus lindos.



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Se o poder de uma pessoa podia ser medido pela quantidade de serviçais como os grandes donos de terras latino-americanos gostavam de apregoar, com certeza Snow poderia ser considerado um homem de grande poder. Não que os empregados tivessem algum contato com Peeta é claro. Snow certamente não era idiota a esse ponto. Embora ele ouvisse milhares de passos o dia inteiro e vozes variadas apenas uns dois soldados designados tinham contato com ele.

Peeta fora colocado em um quarto do andar inferior da pequena mansão. Com certeza o local era melhor do que a cabana em que ele estivera, mas o professor não diria que sua situação tinha melhorado. Ele era refém de Snow, mas dessa vez não estava preso sozinho. O intendente estava com Katniss, e não saber o que poderia acontecer com ela o estava matando. Já fazia um dia que os dois estavam presos ali, só de pensar que Snow poderia ter se aproveitado da garota fez com que Peeta ficasse acordado a noite inteira.

–Olá professor!

Peeta estava olhando pela janela, distraído, pensando em algum modo de sair e nem reparou que não estava mais sozinho. Seu sangue ferveu ao ver o sorriso sarcástico no rosto que o encarava.

–Você não tem medo de que eu fuja?- Perguntou Peeta apontando para a pequena janela bem fechada do local, sentindo uma vontade louca de irritar o inimigo. Ele não deveria ser tão impetuoso, ele nunca fora assim. No entanto, andar com Katniss lhe dera uma noção diferente de perigo. Às vezes, quando se está totalmente perdido, tudo o que resta é um pouco de rebeldia.

Para imensa irritação de Peeta Snow soltou uma sonora gargalhada.

–Sabemos que você não faria isso. Não sem a garota. Não- disse Snow frisando cada palavra- Sem saber se seus amigos estariam seguros.

Impotência. O professor percebeu que essa era a pior sensação do mundo. No entanto Snow atiçara a curiosidade de Peeta. O que ele poderia saber dos outros? Quem estava por trás disso tudo? Lutar, era tudo o que tinha em mente agora.

–Vejo que está bem informado. Gostaria apenas de poder imaginar como conseguiu todas essas informações.

–Pode ter certeza senhor Mellark, que eu tenho muitos contatos. Fique avisado que, se mentir para mim, seu destino não será prazeroso.

Peeta percebeu que seria interrogado. A Ideia de responder as perguntas de Snow certamente não estava na lista das coisas que Peeta quisesse fazer. O professor imaginou o quão ruim seria esse interrogatório. Apesar disso, essa poderia ser uma boa oportunidade de conseguir alguma informação do homem, mesmo que ele não estivesse disposto a dá-la.

–Katniss, onde ela está? O que você fez com ela? Vou lhe dizer tudo se você me deixar vê-la.

O homem olhou Peeta como se já esperasse por essa reação. Fez apenas um sinal para dois homens que observavam imóveis do lado da porta. Os soldados bruscamente agarraram os braços de Peeta e o escoltaram por um corredor escuro totalmente mal iluminado. Aquela parte da casa não deveria ser muito usada, pois fedia a mofo.

Ele se esforçava para enxergar alguma coisa no escuro, mas tudo o que podia fazer era sincronizar seus passos com os dos homens que o encaminhavam para algum lugar que ele supôs não ser nada bom.

Assim que chegaram em uma sala no fundo do corredor os guardas o colocaram para dentro. Mal entrou no local e ele pode perceber que não estava sozinho. Bastou um segundo para ele reconhecer o perfume.

–Katniss- Peeta tinha certeza de que tinha gritado, porque ele usou todas as forças que tinha para conseguir falar, mas ele ouviu apenas um sussurro, um eco pálido de sua própria voz.

Katniss fez menção de se aproximar dele, mas Snow que estava logo atrás de Peeta bloqueou o caminho.

–Então agora que já estamos todos aqui. Vocês dois me darão respostas- disse ele olhando de um para o outro- Já que viu que seu adorável professor está bem, pode começar a falar o que sabe sobre o movimento abolicionista.

Katniss parecia bem, percebeu Peeta, embora seu olhar demonstrasse profunda confusão. O professor sabia que sua mente estava maquinando um jeito de tirá-los dessa situação, de proteger seus amigos e salvar sua vida. Se ele apenas pudesse falar com ela sozinho. Peeta sentiu o olhar de Katniss se demorar um pouco mais nele. Sua expressão mudou completamente quando olhou para Snow.

–Eu não sei se posso concordar com isso. Aposto que ele mal tem comido. Ninguém pode ficar bem aprisionado em um quarto senhor Snow. Deixe-o partir e talvez conversemos como adultos civilizados.

O comentário pareceu enfurecer Snow. Peeta percebeu que eles já tinham conversado antes, talvez até tenham tido essa exata discussão.

– O que você acha que vai conseguir conosco? Nós só fazíamos algumas traduções, não sabemos quem está envolvido nisso, nunca nem chegamos a falar com ninguém- tentou argumentar Peeta. Ele não conseguia tirar os olhos de Katniss. Tudo o que ele queria era pegar a garota e sair daquela maldita fazenda correndo.

– Vocês jovens... sempre subestimam a inteligência dos mais velhos. Sei que Katniss está envolvida com os abolicionistas desde que atacou meu capataz. Por que acha que resolvi me casar com ela? Admito, toda aquela festa... foi um entretenimento sem precedentes.

Há momentos em que os impulsos são mais fortes do que qualquer instinto racional, isso era raro para ele, mas quando a fúria veio, cega e quente como se fosse feita de lava, Peeta não pensou em nada. Avançou cegamente em direção ao velho que tinha toda sua atenção concentrada em Katniss. Teria acertado Snow se não fosse pelos dois capangas que o colocaram no chão antes que ele pudesse dar mais um passo.

Ele ouviu Katniss gritando para que o deixassem em paz. Os homens apenas o deixaram no chão. Pareciam perceber que ele estava inofensivo, infelizmente, era exatamente assim que Peeta se sentia.

–Sou um homem poderoso, professor, e sei muito bem como usar esse poder. Não foi à toa que cheguei até aqui- Ele ouviu a voz de Snow que parecia tranquila.

Para seu alivio, apesar do constante aperto dos soldados, Peeta conseguiu levantar e olhar diretamente para Snow.

–Você tem nos espionado –disse Katniss encarando o homem

–Absolutamente! Mas tem que admitir, vocês não foram muito discretos. E confiar em alguém como Coin... uma decisão nada sábia, nada sábia.

Katniss olhou para Snow impotente. Provavelmente ela estava se culpando pelo fato de os escravagistas de São Francisco terem conseguindo acesso a eles. Com certeza ela estava se perguntando o que acontecera com Haymitch e Finnick, Peeta sabia disso, por que era exatamente o que ele estava se perguntando. Os dois estavam correndo grande perigo. Sem falar em Rue.

–Não se preocupem. Aquele velho bêbado está seguro. Talvez ele até nos ajude. Prometo não fazer nada com ele se vocês cooperarem.

Katniss soltou um longo suspiro, antes que Peeta pudesse falar alguma coisa ela se sentou em uma das cadeiras velhas que haviam no quarto.

– O que você quer saber? Parece que já tem todas as informações necessárias- disse ela.

–Nem todas. Preciso saber exatamente quantos, quem são e como agem os abolicionistas. Minha missão é salvar São Francisco. Evitar que os Estados Unidos se transformem em um novo Haiti.

–Não temos como dar as informações que você precisa- disse Katniss

–Sei que poderão ser de grande utilidade. Para inspirá-los irei deixar os dois a sós. Não sejam idiotas, não tentem nada. Um de vocês acabaria morto num segundo e não esqueçam que conheço os amigos de vocês. 5 minutos. E tudo que terão. E se não me disserem o que quero saber, ficarão sem se ver por um bom tempo.

Como se para comprovar o que estava dizendo o velho foi até Katniss e deu um beijo em suas bochechas, sussurrando algo em seus ouvidos. O autocontrole de Peeta foi testado ao limite quando a mão de Snow sem querer escorregou até as nádegas de Katniss e ele saiu sorrindo satisfeito.

Foi como uma lufada de ar assim que os soldados e o intendente deixaram o quarto. Peeta não havia percebido que estava segurando a respiração até que os homens deixaram o recinto. Ele correu até Katniss, segurando-a o mais forte possível, temendo que ela pudesse ir embora se ele não a segurasse direito.

–Você está bem? Ele não fez nada com você, fez?

Katniss sorriu para Peeta e lhe deu um beijo na bochecha.

–Não, fique tranquilo. Ah como eu senti sua falta Peeta!

–Eu também – O alivio que Peeta sentia não tinha tamanho. Só era menor que o medo, Katniss não estava a salvo, isso ele sabia.

–É tudo minha culpa. Se eu tivesse sido mais cuidadosa

–Eu sabia que você diria isso- Peeta disse num grande suspiro- Você não é culpada, Snow é. Se você não tivesse salvo Tresh....

– Eu nunca teria precisado fugir de casa, nunca teria que me envolver num casamento de mentira com você, você estaria mais seguro...

–Isso –disse Peeta interrompendo Katniss com um beijo-Seria uma verdadeira tragédia.

Katniss deu um sorriso rápido que logo foi substituído por uma expressão de profunda preocupação.

–O que iremos fazer Peeta?- Ela parecia totalmente vencida.

O professor não tinha a menor ideia do que fariam. A única alternativa em que podia pensar era fazer exatamente o que Snow queria e torcer para que ele os deixasse vivos. Tudo o que ele queria era manter os amigos a salvo.

–Acho que teremos que fazer o que ele quer não é-Disse Peeta resignado.

–Peeta...- você é um gênio- disse Katniss se levantando de repente.

Peeta arqueou as sobrancelhas sem entender.

–Katniss...

– É isso. Temos que estar um passo a diante de Snow. Temos que dar o que ele quer. Fazer com que pense que venceu. Depois que dermos alguns locais, nomes, temos que avisar os abolicionistas. Temos que estar preparados para nos defendermos dos escravagistas.

– Como iremos fazer isso Katniss? Estamos presos aqui. Nossos amigos a essa hora acham que estamos mortos, não temos como avisá-los.

–É ai que você se engana. Darius. Ele está aqui com os soldados de Snow. Eu o vi.

O Pulso de Peeta acelerou loucamente. Darius. O soldado confederado que os ajudara. Isso não fazia sentindo. O homem havia saído rapidamente depois de se recuperar na casa de Peeta. Ele ficara apenas dois dias. Apesar do pouco tempo, Peeta o considerara amigo. E ele não tinha como esquecer o olhar de Rue quando descobrira que soldado tinha voltado para guerra.

–Darius- Perguntou incrédulo- Então... ele nos traiu?

Katniss fez um gesto negativo com a cabeça.

–Não. Snow tem ligação com os soldados confederados Peeta. Eu lhe disse isso desde o princípio. O chefe do pelotão de Darius o mandou para cá, para testar sua lealdade e para que pudesse ficar de olho nele.

–Como você sabe disso?- Peeta estava desconfiado. Darius podia muito bem estar a serviço dos escravagistas, não tinha como saber se era confiável ou não.

–Por que eu ouvi conversas quando estava trancada-disse a garota firmeza- Eles só mandam soldados rasos para cá. Quando estava sendo levada para o quarto eu vi Darius. Ele ficou surpreso ao me ver, mas não tivemos chance de conversar. Sei que posso chegar até ele e avisá-lo.

–Katniss, isso é muito arriscado.

–É nossa única alternativa. Temos que avisar os outros. E temos que descobrir um meio de sair daqui. Eu não posso ficar parada aqui sem lutar Peeta.

Peeta assentiu, essa poderia ser a única chance deles, Katniss tinha razão. Era muito arriscado claro, mas eles tinham que tentar. Ele preferia qualquer alternativa a saber que Snow estava com suas mãos em cima de Katniss. Só de pensar em perdê-la....

–Só me prometa uma coisa- disse ele com uma voz que ele mal pode reconhecer como sua- Depois que sairmos daqui, depois que destruirmos Snow e desmascaramos Coin, você virá comigo para qualquer lugar, qualquer lugar seguro e bem longe daqui. Chega de guerra, chega de trabalhar para os abolicionistas.

O sorriso triste de Katniss pegou Peeta de surpresa.

–Esse é um pedido estranho de casamento.

Antes que ele pudesse responder, a porta se abre fazendo com que os dois se sobressaltassem.

– O tempo de vocês acabou. Leve ele de volta para o quarto. Vou interrogar a garota.

O protesto ficou calado na boca de Peeta enquanto ele era levado de volta. Queria gritar, queria dizer que preferia ser o primeiro a ser interrogado, queria dizer a Snow para que deixasse sua namorada em paz. Tudo isso ficou preso na garganta quando um dos homens lhe deu um soco antes que ele pudesse falar e o carregou de volta para o quarto. Só havia um pensamento em sua cabeça quando os soldados o atiraram de volta no chão frio do quarto em que estava aprisionado. Uma palavra que Katniss murmurara em seu ouvido antes de conseguirem separá-los: sim.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, obrigada por ler :). Espero que tenham gostado. Beijoos