A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 35
Amor e sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Olá minha gente!!
Desculpem a demora (again!) Muitas coisas acontecendo.Espero que gostem desse. Beijos a todos.



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Uma vez, quando era muito pequena, Katniss estava brincando muito perto de um riacho. Haviam animais de todas as espécies ali e ela observava um pequeno camundongo brincar na margem, bem quieta para não assustá-lo. De repente ela sentiu uma presença e percebeu que havia uma cobra. Pelas cores da pele logo percebeu que era venenosa. Katniss ficou imóvel. Queria salvar o camundongo, mas algo no olhar daquele predador fez com que ela apenas observasse. Não demorou muito e o pequeno roedor era apenas uma lembrança. Com o coração disparado, ela viu a cobra se afastando aos poucos.

O olhar, olhar que a cobra lançara para o camundongo, era o mesmo que Snow lançava aos dois. E o medo irracional que Katniss sentira naquela época era o mesmo que sentia agora. A única coisa que a impedia de sair correndo era o braço de Peeta envolto em sua cintura. Além do mais, correr seria um esforço inútil com tantos homens ao redor deles.

–Quer dizer então que você não sabe falar francês? –Snow sorriu radiante para Katniss o que fez com que a garota lembrasse ainda mais da cobra de sua infância.

–Sim- disse ela reunindo cada lampejo de coragem que possuía- Desde de criança, praticamente como uma nativa.

Snow sorriu divertido. Tudo aquilo não passava de entretenimento para ele. Isso só deixava as coisas mais assustadoras, pensou Katniss.

– Que sorte professor. Se juntar com uma garota tão esperta. Infelizmente, para você, essa sorte está acabando.

Katniss sentiu o aperto das mãos de Peeta ficarem mais fortes em sua cintura. Ela percebeu que também tinha se segurado mais firme nele.

– Deixe- nos em paz Snow! Não trabalhamos mais para os abolicionistas, você não tem que se preocupar mais com a gente.

–A vocês dois! Eu devia ter percebido que eram problema desde aquele dia em que afugentaram meu capataz. Claro, não o culpo por ter caído nos encantos de Katniss no entanto.

Peeta puxou a garota para trás num gesto protetor. A raiva estampada em cada centímetro do seu rosto. Ele estava pronto para brigar, percebeu a garota, pronto para lutar por ela se fosse necessário. Por mais que isso fizesse com que ela o amasse ainda mais, Katniss não podia permitir.

–Deixe- a em paz seu troglodita- ela ouviu a voz de Peeta, exceto que não parecia a voz dele, já que o seu tom, mesmo nas horas mais difíceis, era sempre gentil.

Snow se aproximou de Peeta. Ele estava tão perto dos dois que ambos podiam sentir a respiração do velho.

–Ele era seu amigo não era- perguntou o velho encarando Katniss- O negro. Soube que ele morreu. Deve ter sido difícil para a garota, como é mesmo o nome da negra? Rue. Dever ter sido difícil para Rue segurar a mão dele enquanto morria.

Era uma coisa estranha, pensou Katniss, esquecer de respirar. Embora ela soubesse que, de algum modo deveria estar respirando, se sentia completamente sem ar. Pelo modo como ele a olhava, como se tivesse acabado de conseguir um xeque em uma longa partida de xadrez, o intendente descobrira o envolvimento de todos eles no movimento abolicionista. Ela queria falar algo para amedrontar Snow, queria falar algo que o fizesse ficar com raiva. Entretanto, ela também havia se esquecido completamente como se fazia para falar.

–Eu já disse- Peeta falou firme- Deixe-a em paz.

Snow voltou-se para Peeta. Os olhos escuros faiscando com um brilho que Katniss só podia reconhecer como vitória.

–Professor, não seja ingênuo. Você está cercado, não me desafie. Katniss é uma mulher aprazível, não nego- A moça sentiu como se tivesse rolado em um campo de urtigas. O olhar de Snow sobre ela lhe causava a mesma sensação de irritação que as plantas venenosas- Mas, apesar de seus atributos, é um tanto quanto atrevida. Isso acaba com toda a diversão.

–O que você quer de nós? Quem são esses homens?- Perguntou Katniss olhando para os acompanhantes de Snow.

Eles não eram soldados, isso ela percebeu assim que pousou os olhos sobre os homens fortemente armados. Pareciam mais gente que ficava sempre perto das minas de ouro procurando algo que pudesse roubar ou nas tavernas bebendo até que sua família perecesse de fome ou sumisse completamente do mapa. Depois da guerra em que o estado fora finalmente anexado aos Estados Unidos, eles só aumentaram.

–Estes bons homens- disse Snow com um gesto teatral abrangendo os companheiros- São integrantes do nobre comitê de vigilância de São Francisco. Você sabe, nossa querida cidade necessita deles para deixar as coisas mais limpas.

Essas patrulhas não eram algo de que Katniss gostasse. No início, principalmente nos anos que antecederam a guerra, eles conseguiram fazer com que os índices de criminalidade, que eram altíssimos, caíssem em São Francisco. Não demorou muito tempo e, como geralmente acontece, o poder subiu à cabeça dos vigilantes.

Execuções arbitrárias, pessoas sendo obrigadas a saírem da cidade sem mais nem menos. Katniss lembrou de Grasy Sae. A adorável proprietária da livraria favorita de Katniss tinha perdido uma filha por causa deles. Algumas pessoas começaram a acreditar que os chinas eram os culpados da epidemia de cólera que açoitara a cidade, já que um navio de imigrantes asiáticos era o responsável por trazer a epidemia. Em uma noite eles invadiram e deram dois tiros na filha e no genro de Grasy Sae. O bebê deles, deuses era só um criança pequena, ficou com sequelas desde aquele dia.

Katniss sentiu o olhar de Peeta sobre ela...Obviamente ele não sabia nada sobre essas patrulhas. A própria Katniss achou que elas tinham sido extintas há um ou dois anos.

–Vocês são os responsáveis por vigiar as pessoas em São Francisco?- Perguntou ele sem esperar confirmação- Fico me perguntando quem vigia vocês.

Um dos homens se aproximou dele e Katniss sentiu o coração disparar ao perceber que ele estava com os punhos erguidos em direção a Peeta.

–Chega!- Disse Snow- Pegue a garota!

Katniss sentiu Peeta dar um soco no homem que avançou para capturá-la. Ela tentou bater em outro que também se aproximou mas assim que ele caiu um dos homens se aproveitou e a enlaçou pela cintura. Peeta distraído não viu quando um deles apontou uma carabina para sua cabeça.

–Quieta ou atiro nele- Disse um dos homens enquanto Snow sorria vitorioso.

A ameaça teve o poder de imobilizar Katniss. Ela olhou para Peeta e percebeu que se fizesse algum movimento brusco eles iriam atirar. O homem a segurava pelo braço e ela não via como conseguiria fugir sem arriscar a vida do namorado.

–Katniss, não! Fuja!- disse Peeta desesperado enquanto o soldado de Snow o prendia em uma chave de braço.

–Eu não posso- disse Katniss sentindo as lágrimas inundando seu rosto sem serem convidadas.

–Por favor, fuja!- implorou Peeta.

Katniss nunca achou que lágrimas cortassem. As de Peeta tinham o poder de cortar seu coração como uma navalha afiada. Katniss não deixou de olhar diretamente para Peeta quando ouviu a voz de Snow.

– Levem-na para minha casa. Quanto a esse traste do professor, vamos mantê-lo vivo. Isso fará com que nossa pequena francesinha aqui obedeça as regras.

–Não o machuquem- gritou Katniss- Deixem ele em paz. Ele não tem nada a ver com isso é a mim que você quer.

Os homens pegaram Peeta e colocaram em uma carruagem que estava estacionada ali perto, enquanto Katniss gritava desesperada, sentindo o aperto do soldado ficar mais forte. Ela queria quebrar alguma coisa, queria correr, queria pegar uma daquelas armas e atirar direto na cabeça de snow. Quando o intendente pegou seu rosto foi como se ela tivesse tomado ácido e todo o seu interior queimasse de ódio.

–Eu disse que você seria minha, não disse?-Perguntou ele, olhando direto nos olhos dela- Seja uma boa menina e o professor ali não se machuca.

–Por favor, não o machuque- Katniss odiava ser tão fraca, queria ter de volta o arco que deixara na casa da mãe de Rue. Acima de tudo, ela queria proteger Peeta. Snow tinha conseguido atingi-la onde mais doía.

–Não se preocupe. Faça o que eu mando, me ajude a acabar com os abolicionistas e eu juro que seus amigos ficarão bem- disse o velho com o rosto colado em Katniss- Talvez eu o solte. Acho que ele pode encontrar até outra mulher não é mesmo? Se você for boazinha, talvez ele tenha um futuro.

Katniss sentiu o mundo girar enquanto a carregavam para a carruagem. Sentiu uma dor aguda quando foi atirada dentro do veículo. Segundos depois sentiu alguém pegar sua mão gentilmente.

–Peeta- sussurrou Katniss- você está bem?

– Sim –disse ele.

Katniss não pode evitar, aproveitou que suas mãos estavam desamarradas e o abraçou. Peeta a agarrou firme.

–Você deveria ter fugido- disse ele- Deveria estar bem longe daqui.

–Eu nunca deixaria você- disse Katniss com a voz embargada- Eu não poderia.

Peeta a puxou para um longo beijo.

– O que eles irão fazer com você- perguntou ele. Katniss não sabia dizer qual dos dois tinha o coração mais acelerado.

–Não sei- disse ela podia sentir o medo tomando conta de si, só que não podia deixar isso acontecer.

Os dois ficaram em silêncio. Não havia nada a ser dito. Katniss sabia que agora o destino deles estava nas mãos de Snow. A carruagem seguiu pelo que pareceu anos. Soldados agarraram os dois e os direcionaram para uma grande casa.

Katniss percebeu que eles estavam em uma fazenda. Ela não podia dizer com certeza o que eles plantavam ali, mas sabia que aquele lugar pertencia a Snow. Os móveis refinados dentro da casa que ela conseguiu ver também retratavam um luxo que era quase obsceno em tempos de guerra.

– Levem-no para o porão- ordenou Snow

A garota ainda teve tempo de olhar para Peeta uma última vez enquanto o levavam para baixo. “Eu te amo, eu te amo”, pensou ela desesperada, esperando que ele pudesse entender seu olhar. Algo a dizia que sim, porque ela ainda pode ver um último sorriso antes de ele desaparecer completamente. Katniss se deu conta de quem estava sozinha com snow. Se não fosse por Peeta ela poderia matá-lo ali na hora.

–O que você quer de mim?- Perguntou ela reunindo toda sua raiva na voz.

–Vamos deixar claro- disse ele sentando-se numa das poltronas da sala- Agora você é minha. Me ajude a acabar com os abolicionistas e nada vai acontecer com ele.

E Katniss não teve outra alternativa senão assentir. Snow estava certo. Com Peeta preso, ela era dele e teria que fazer exatamente o que ele quisesse.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado. Obrigada por lerem. Beijoos seus lindos.



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