Entre Livros E Maldições escrita por Witch


Capítulo 10
A reunião... Ou quase isso.


Notas iniciais do capítulo

Oww, que lindos esses comentários!
Muito obrigada! Irei responder todos logo!
Avante!

Infelizmente, não tive tempo de reler.



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A reunião prosseguia a passos lentos.

Muitos lentos.

Mais lento do que uma corrida de caracóis. Mais lento que a inicialização do Windows. Mais lento do que o “você é o próximo” num consultório médico.

A única pessoa que prestava atenção era Archie Hopper e Emma suspeitava que o homem só fazia isso por força de hábito adquirida por 28 anos de profissão. Henry estava absorto num livro negro com uma lua na capa (ela não se lembrava daquele livro), Ruby lixava as unhas enquanto balançava o corpo lentamente ao som de alguma música vinda do celular vermelho em seu colo, Granny cochilava e roncava um pouquinho, Leroy olhava fixamente para Snow, mas Emma sabia que o bêbado tinha o dom de dormir com os olhos abertos. Charming acompanhava o caminho de uma mosca verde que rodava que o palco. August lia um manuscrito e fazia algumas correções... E Regina... Bem...

Emma suspirou.

Regina escrevia furiosamente num bloquinho de notas. Henry tentava espiar às vezes e a própria Emma tinha curiosidade para saber o que diabos tinha prendido tanto a atenção da bruxa para ela não ter interrompido a reunião nos últimos 20 minutos.

– O que você acha de um enredo a la H.P Lovecraft com um pouco de Conan Doyle? – sussurrou August para a bruxa, que torceu os lábios enquanto pensava.

Emma estava na primeira fileira, com Henry entre ela e Regina. August estava logo atrás da bruxa ao lado de Ruby e de um Granny roncando.

– Gaiman já fez isso em “Coisas Frágeis”. – respondeu a bruxa e Henry olhou para os dois imediatamente.

– Um estudo em esmeralda! – exclamou.

Regina abriu um sorriso orgulhoso.

– Um estudo em que? – perguntou Emma olhando para o filho.

– Um estudo em esmeralda. É um conto do Gaiman. Eu te falei sobre ele, mãe!

– Pelo menos alguém tem um bom gosto para literatura na sua família, xerife Swan.

Emma não sabia se deveria se sentir orgulhosa por Henry ou ofendida.

– Não sabia que você era um leitor do Gaiman, Henry. – disse August surpreso.

– Li pouco sobre ele. – respondeu balançando os ombros e corando um pouco.

Era uma visão adorável.

– Tive a chance de conhecê-lo num coquetel do lançamento de “O Oceano no Fim do Caminho”. Ele é um homem simples, mas com o intelecto genial. – disse Regina olhando para o rapaz.

– Eu ainda não li esse. – sussurrou Henry.

– Eu tenho, mas ainda não li. – disse August se espreguiçando. – Estou atrasado com todas as minhas leituras.

– Eu o tenho e já reli várias vezes. – olhou para Henry – posso te emprestar quando terminar suas leituras atuais.

Emma estava se sentindo como quando saiu uma vez com Tim e Sarah para assistirem a um filme no novo drive-thru perto da escola que frequentavam. Ela ficou sentada no lençol abraçando os joelhos enquanto Tim e Sarah namoravam ao seu lado. Ela saiu com Tim e Sarah, separadamente, depois de um tempo, mas das duas vezes, ela levou Diego e bem, digamos que ela se sentiu vitoriosa quando viu o quanto os dois ficaram desconfortáveis.

Como dizem: karma is a bitch.

Snow limpou a garganta na frente na multidão e olhou para o grupinho que sussurrava com olhos acusadores.

– Teria algo que vocês gostariam de acrescentar?

Emma abriu a boca para negar, mas Regina foi mais rápida.

– Na verdade, eu teria.

Ela fechou o bloquinho, o colocou na bolsa e se levantou.

– Não faço ideia do que você esteve falando este tempo inteiro, mas baseado na sua audiência... – olhou para trás e percebeu a atenção do grupo voltando para elas, abriu um sorriso. – vejo que sua capacidade oratória continuou a mesma.

– Eu ainda não terminei.

– Sim, você terminou. – andou até o centro do improvisado palco. – Eu irei direto ao ponto por que eu não tenho mais tempo para desperdiçar com vocês. O responsável por tudo isso é chamado Rumpelstiltskin, ele apagou a memória de todos vocês e provavelmente foi o responsável pela abertura de fendas ao redor de Storybrooke.

Archie levantou a mão para falar, mas Regina o ignorou.

– Storybrooke é como se fosse uma dimensão a parte. Ela não está totalmente em nenhum mundo, mas está conectado a todos. É como se cada dimensão fosse separada por um imenso precipício e Storybrooke fosse uma ponte. Fendas dimensionais são como chamamos portais mágicos que eliminam esse precipício. O grande problema é que como Storybrooke está no meio do caminho, toda e qualquer fenda, está abrindo aqui. Por isso, os problemas podem ficar ainda piores. Estamos falando que toda e qualquer criatura azarada ou poderosa o suficiente para transitar entre dimensões pode fazer uma aparição especial aqui.

Sorriu quando viu Snow tendo dificuldade para engolir.

– Temos que voltar para casa rapidamente então. – disse Charming pensando.

– Não se esforce, Charming. Pensar te deixa vermelho.

– O que podemos fazer? – perguntou Granny se levantando.

– Nós? Nada. Eu? Nada. Já as fadas...

A madre superiora se levantou. Algumas irmãs seguiram seu exemplo.

– Sem pó de fada há pouca coisa que podemos fazer. Não temos como fortificar a barreira ao redor de Storybrooke sem o pó. É impossível.

– Você não pode fazer isso? – perguntou Emma olhando para Regina. – Não é a toda poderosa bruxa?

A Rainha não se ofendeu.

– Sim, sou. Se eu posso fazer essa barreira, sim. Se eu vou, não. Por algumas razões muito simples. Barreiras desse tipo sugariam toda a minha magia e eu demoraria de semanas a meses para me recuperar totalmente, o que é suicídio se for levar em conta que eu tenho mais inimigos do que consigo contar. Outra razão é que magia é como uma impressão digital. – a madre superiora assentiu. – única em diversos aspectos. Se eu gastar uma quantidade tão grande de magia, Storybrooke emanará meu cheiro, minha essência para todos os mundos. Inimigos que habitam outras dimensões e até mesmo o limbo entre dimensões vão me perceber facilmente.

– Estaríamos erguendo um alvo imenso na cidade. – disse Leroy.

– Seríamos atacados por todos os lados e confiem em mim: há coisas em outras dimensões que vocês não querem conhecer.

– E isso não aconteceria com o pó de fada? – perguntou Snow.

Foi a Blue Fairy que respondeu.

– Não, majestade. O pó de fada funciona de uma maneira diferente e mesmo se tivesse a impressão única como a magia de Regina, o risco não seria o mesmo. Fadas têm menos inimigos do que bruxas.

– E claro, que a maioria não se arriscaria depois do massacre de Valinor. – disse a bruxa com sua arrogância costumeira. – Para quem não sabe, o massacre de Valinor foi quando guerreiros da dimensão Negra, como chamamos o limbo entre dimensões, um lugar terrível e infértil, invadiram a terra das fadas e dos elfos.

– Os guerreiros ganharam. – chutou Charming, com os olhos sérios e expressão de pesar.

– Não, meu Rei. – respondeu a Blue Fairy. – Foi justamente o contrário.

– Os guerreiros foram completamente destruídos. – continuou Regina. – Desde então, não ouvi nada sobre ameaças de invasão em lugares cobertos por pó de fada.

– Eles teriam medo de confundir a nossa dimensão com a essa Valinor. – disse August. – Sensatos.

– Mais do que isso, eles teriam medo da dimensão ser pior do que Valinor, que é conhecidamente um lugar de paz. Eles não gostam de usar a guerra, mas o fazem quando necessário. – completou Regina.

– Okay. – interrompeu Snow respirando fundo. – Precisamos, antes de tudo, de pó de fada para proteger a cidade.

– E se quisermos voltar? – perguntou Charming – para a Floresta Encantada?

– Podem querer o quanto quiserem. – respondeu Regina. – Só Rumpel sabe como quebrar a maldição. Até segunda ordem, estamos todos presos aqui.

Mais cochichos.

– Então, realmente não foi você? – perguntou Snow com cuidado.

– Claro que não. – respondeu a bruxa. – Não tenho motivos para mentir e não é como se eu já tivesse omitido tudo que tentei fazer com vocês. Me poupe.

– O que vamos fazer então? – perguntou Leroy.

Regina respondeu como se fosse óbvio.

– Achar o pó de fada.

– Eu lá tenho cara de fada? – respondeu Leroy com um sorrisinho.

Regina abriu um sorriso e levantou uma sobrancelha. Emma se aproximou e pediu a atenção de todos.

– Madre, podemos contar com você e com as irmãs para tentar resolver esse problema?

– Também vamos ajudar. – disse Leroy. – Ninguém sabe como encontrar pó de fada melhor do que nós.

A Blue Fairy concordou.

– Não garanto que teremos êxito, mas prometo que faremos o nosso melhor.

Emma assentiu e olhou para a bruxa.

– Há alguma possibilidade de restar de pó de fada aqui?

– Como eu já disse, xerife, Storybrooke está no caminho entre várias dimensões mágicas. Deve sim haver restos de magia da Floresta Encantada. O problema é acha-los.

– Ok. Madre, Leroy, vou deixar isso com vocês. Por favor, achem algo.

Os dois assentiram.

– Faremos o possível.

– Proteger Storybrooke é o nosso principal foco agora. Depois, temos que achar os responsáveis por essa bagunça e só então, pensaremos sobre voltar ou não para a Floresta Encantada... Ou seja, lá como vocês a chamam.

– E quanto a nós? – perguntou Archie desesperado para ajudar. – O que podemos fazer?

Emma respirou fundo e fez o que menos sabia fazer: delegou tarefas.

– Vamos nos organizar. Quero grupos para ajudar na busca por pó de fada, grupos para patrulhar os arredores da cidade, grupos de mensageiros e mais do que qualquer coisa: preciso que todos mantenham a calma e tentem prosseguir o mais normalmente possível. Nós vamos resolver isso. Juntos.

O resto da cidade aplaudiu.

Regina abriu um sorrisinho quase impressionado, já Snow mal conseguia conter o orgulho.

– E o que você vai fazer? – gritou Whale da plateia.

– Eu? – continuou Emma, sorriu e olhou para Regina – Eu vou procurar o responsável pela maldição e dar um jeito nela de uma vez por todas.

–-

Belle não sabia de muita coisa.

Rumpel a tinha procurado rapidamente depois da quebra da maldição e pediu que ela ficasse em silêncio e que o esperasse. Ela não sabia onde ele tinha ido, nem por que, nem quem o acompanhara. Nada de importante. Ela se lembrava de pouca coisa e até mesmo as memórias sobre Gold estavam confusas.

O que deixou Regina bem irritada.

Belle era uma, se não, a melhor peça que Regina esperava ter no jogo contra Gold. E claro, seu jogo fora completamente frustrado. Mas, como ela poderia esperar que o velho manipulasse a mente daquela a quem ele considerava seu Verdadeiro Amor?

Só Maleficent lhe dava algum pingo de esperança.

Se conseguisse convencer sua velha amiga a se juntar àquela cruzada suicida, então as probabilidades de vitória seriam maiores... Embora, admitidamente ainda menores que as probabilidades de derrota.

Ela passou o resto do dia procurando por Maleficent, mas sinceramente não fazia ideia de onde Gold a escondera. Nem sequer sentia a presença da outra bruxa na cidade. Por um momento pensou que talvez ela tivesse sido deixada para trás e sentiu um certo pânico com esse pensamento.

Estava na estrada de saída de Storybrooke. O carro estava parado pouco antes da barreira. Ela estava escorada no capô olhando para o bosque que circulava a cidade e bebericava um resto de chocolate quente.

E foi exatamente assim que a xerife a encontrou dez minutos depois.

Emma estava sozinha, o que era raro e assim que saiu do carro, já começou a falar sobre pó de fada, sobre patrulha e sobre algo estranho que Archie viu no norte da cidade. Quando Regina não fez nenhum comentário maldoso, Emma soube que tinha algo errado.

– O que aconteceu? – perguntou olhando ao redor.

– Nada, xerife. – respondeu ainda olhando para frente e tomou mais um gole do liquido quente.

– Soube que você estava procurando alguém hoje...

– Maleficent.

– Male-? Aquela bruxa verde da Bela Adormecida?

Regina abriu um sorriso sarcástico.

– Tem algo contra verde, xerife?

– Não, só tenho certeza de não ter pessoas verdes na cidade.

– Se ela estiver na cidade, tenho certeza de que Rumpel não a deixaria andando por aí. Ela sabia da maldição e Mal sempre foi... Como eu digo... resistente a maldições. Ela seria uma pedra no sapato.

– Então, ela não está na cidade? Ela não ficou para trás na maldição ou para fora, como você?

Regina suspirou.

– Ambas opções são prováveis. Embora, eu tenha jurado por 28 anos que ela estava aqui. Se eu fosse Rumpel, eu a traria e a esconderia.

– Por quê? – perguntou Emma se aproximando. – Deixá-la lá é melhor. Assim, você não a teria como aliada, nem ela o incomodaria.

– Deixar alguém como Maleficent sozinha no que resta da Floresta Encantada? – ela negou – Maleficent sabe demais e a única razão pela qual ela não é uma ameaça maior é que a vingança que ela sempre quis já foi obtida. O que Maleficent sabe, o que ela conhece pode facilmente destruir as dimensões ou fazê-las ajoelhar a sua vontade. Rumpel jamais a deixaria a própria sorte, ele jamais suportaria não saber o que ela está fazendo ou o que está pensando... Ou pelo menos é isso que eu quero me convencer. – bebeu o resto da bebida – Mas, ele é imprevisível. Pode tê-la deixado lá apenas para afastá-la de mim...

Emma respirou fundo.

– E ela era importante por que...?

Regina lambeu os lábios.

– Eu acabei de falar, xerife. Ela é poderosa e eu preciso de aliados poderosos se eu quero a minha vingança.

– Okay..

Emma assentiu, esfregou as mãos e disse:

– Então, vamos?

Regina a olhou com confusão. Emma suspirou e colocou as mãos nas cinturas.

– Você não ouviu nada que eu falei, certo?

A bruxa nem sequer se deu ao trabalho de negar.

– Eu disse que uma criatura estranha entrou na cidade. Está na Granny’s.

– Você está muito calma para isso ser verdade.

– É um gnomo. A Blue está conversando com ele como se fossem velhos amigos. É bizarro.

– Eu nem sabia que ela tinha amigos.

– Comentário desnecessário.

– Assunto desnecessário. Se é um gnomo, então o que tem a ver comigo?

– Ele disse que quer falar com você.

– O que um gnomo falaria comigo?

– É o que eu também quero saber. Então, vamos?


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Notas finais do capítulo

Thank you!



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