Riddle não tinha visto coisas tão belas em sua vida e sim coisas medíocres e horrendas, a estupidez dos trouxas, a crueldade de alguns e a falta de humanismo. Mas ao ver aquela garota ruiva, com expressão serena, cabelos ruivos molhados de suor caindo sobre o rosto delicado, ressonando sobre pesados livros, percebeu que Rose era bonita demais para ser verdade. Tom Riddle nunca deixou levar-se pela beleza e sedução das mulheres, como muitos faziam e viviam jogando seu charme para garotas nojentas e oferecidas, não. Riddle nunca ao menos olhou com outros olhos para essas garotas, mas Rose era diferente. Rose atraia Riddle, de uma forma inexplicável e ela não fazia nada para conseguir isso. Ela estava apenas dormindo, apoiada nos livros velhos de poções – matéria que Dippet, pediu para que Riddle ensinasse-a – com um pequeno sorriso nos lábios avermelhados. Deveria ter chegado há algum tempo e parecia cansada e com calor. Tom, em um ímpeto, abriu a janela, deixando uma brisa fresca entrar na sala. Viu a pele branca de Rose se arrepiar e a menina abrir os grandes olhos cor de mel. Quando percebeu que Riddle a olhava, com uma expressão indecifrável, corou até a raiz dos cabelos e olhou para baixo. Tom sentiu vontade de rir, mas manteve sua expressão séria.

- Me... Me desculpe, eu... – foi interrompida

- Sem problemas. Vamos começar. – Disse Riddle cortando a garota friamente.

Veja bem, ele não fazia isso de propósito, era o seu jeito. Tom Riddle era frio, era arrogante, era vazio ou nem tanto. Tom pegou o pequeno papel que Armando havia deixado com todas as instruções, teriam de preparar apenas três poções: Amortentia, Antídoto para veneno e Felix Felicis. Examinou novamente o papel, era somente isso, teria de ajudar Rose com matérias, somente isso. Colocou o papel de volta na pequena mesa de madeira e se voltou para Rose.

- Temos que fazer apenas três poções, vamos começar com a mais fácil, Antídoto para veneno. – Decretou Riddle indo procurar os ingredientes.

- Tudo bem. – Rose disse

Caminhou atrás de Riddle até a mesa onde estavam os ingredientes. Riddle se sentou em um pequeno banco de madeira, enfrente a bancada com os ingredientes e o caldeirão, assim como Rose.

- Você pelo menos sabe como fazer um antídoto para veneno, Jones? – Riddle perguntou grosso

- Me chame apenas de Rose, por favor. – Ela corou – Sei, basicamente.

- Ok, vamos tentar. Pode começar.

Rose pegou a pele de Ararambóia e começou a pica-la lentamente, pois não tinha habilidade nenhuma com facas e objetos cortantes. Riddle revirou os olhos, nesse ritmo levariam anos para conseguir acabar a primeira poção. Colocou a mão sobre a da garota e sentiu algo estranho percorrer seu corpo. Um choque elétrico talvez? Ignorou as sensações de seu corpo e cheiro inebriante dos cabelos flamejantes de Rose, pegou faca e picou a pele de Ararambóia tão rapidamente que assustou até ele mesmo. Colocou a faca sobre a mesa e esperou à próxima ação da menina, que mesmo insegura, despejou a pele picada sobre o caldeirão e ligou o fogo.

- Eu acho que agora temos que esperar 20 minutos. – Comentou Rose

- Você acha? – Perguntou Riddle arqueando a sobrancelha

- A-acho... – Disse a menina desconcertada

- Você acha demais Rose Jones, nesse mundo, temos que ter certeza... – Disse Riddle encarando os olhos profundos e belíssimos de Rose.

- E... Acho melhor irmos preparando os outros ingredientes, para as outras poções... – Disse Rose

- Por quê? Preparamos isso depois... – Riddle disse e se aproximou da menina.

A menina encarou-o, assustada e recuou um passo, o que ele pensava que estava fazendo?! Riddle riu internamente do medo estampado em seus olhos e deu mais um passo em sua direção, vendo a menina prender a respiração.

- Rose... – A voz aveludada de Riddle chamou-a

- Sim...

- O que você faria por vingança?

Aquela pergunta fez com que uma chama acendesse nos olhos de ambos. Rose estremeceu, lembrou-se da cena de Abraxas caído no chão, estuporado e desacordado, pensou em cada humilhação que já sofreu em sua vida, pensou em cada lágrima que derrubou por palavras ruins. O que você faria por vingança? A resposta veio imediatamente em sua cabeça: Qualquer coisa. A ruiva formulou sua resposta milhares de vezes em sua cabeça, até responder espontaneamente.

- Riddle, por que a pergunta? – Inquiriu ela

- Me responde Jones. – Disse Riddle usando seu tom de voz frio

- Eu... Não sei, ok? É uma coisa relativa... – Disse Rose bufando – Acho que a poção já está pronta.

O antídoto ficou pronto em poucos minutos, Riddle e Rose não haviam se falado até então. Tom observava cada movimento da menina, tentando adivinhar o que ela estaria pensando. Isso era realmente outra coisa curiosa em Riddle, ele sempre tentava ler os pensamentos e expressões faciais de Roses, e nunca conseguia.  Começaram a poção Felix Felicis, trocando poucas palavras, somente quando necessário. Na cabeça dela, um turbilhão de pensamentos confusos e distintos sobre a pergunta de Riddle. A penúltima poção, foi um pouco mais complicada de se fazer, demorou longos e exaustivos minutos de preparação. O crepúsculo já aparecia no céu, deixando a torre estranhamente mórbida e sombria, um vento frio rompeu a sala fazendo os pelos do corpo de Rose se eriçar. Tom colocou o pequeno frasco de Felix sobre a bancada e olhou de relance para à ruiva.

- Falta agora Amortentia... – Disse Riddle já começando a preparar.

- Riddle, será que poderíamos fazer isso outro dia? – Perguntou Rose de forma seca

- Por que, Srta. Jones?

- Por que está anoitecendo, e essa torre fica medonha quando é noite. – Choramingou Rose

- Medo? – Perguntou ele se divertindo

- Sim, medo. – Respondeu a menina, como uma criança emburrada.

- Eu lhe levarei até seu salão comunal em segurança, agora por favor, vamos terminar as poções ok?

Rose assentiu.

Amortentia é a poção mais poderosa do mundo. Ou perigosa. Rose preparou com cuidado, ouvindo as chatas instruções de Riddle. Demoraram bastante tempo para terminar e provavelmente o jantar já havia acabado, o estômago de Rose se revirava de fome.

- Finalmente terminamos! – Disse Rose – Que cheiro tem?

- Como? – Perguntou Riddle franzindo o cenho

- Que cheiro tem a poção para você? – Explicou Rose, como se falasse com uma criança de quatro anos.

- Ahn... – Riddle inalou o cheiro da poção. Cheirava à chocolate, nuvem e Rose. O cheiro cítrico da ruiva, era o principal cheiro.

- Chocolate e nuvem... – Comentou Riddle.

- Hm. – Disse Rose – Tom sobre a sua pergunta, eu...

Tom? Soa bem em sua voz. – Pensou Riddle

- Você? O que você faria para se vingar de alguém? – Perguntou Tom Riddle

- Qualquer coisa, eu acho... – Sussurrou ela

Tom ouviu em bom som as palavras da garota, um sorriso sádico cruzou seu rosto. Em passos largos se aproximou da garota, com uma expressão sombria. Rose tremeu levemente, não sabia se era pelo frio ou por Riddle.

- Rose, o que você acha de artes das trevas?