Fomos para casa, Cleire disse que iria junto pois não queria me deixar sozinho. E cismou que eu teria que cantar pra ela, o que eu não ia fazer, não por vergonha, mas sim para deixa-la irritada. Ela praticamente me obrigou a descermos para o porão, disse que iria escolher a música que eu ia cantar e que não adiantava eu reclamar. Chegando lá ela ficou inconformada porque eu não tinha escrito a tal música pra ela, mas nem que eu quisesse, que horas eu o faria? Tanta coisa aconteceu que nem tempo de me olhar no espelho eu tive.

- Billie Joe Armstrong ! Estou muito decepcionada, você disse que ia escrever pra mim e nada !

- Cleire, eu não tive tempo... – Eu tentava me explicar em vão

- Como não teve tempo? Pelo menos arrume uma desculpa melhorzinha né?!

- Desculpa... Eu estava com a cabeça muito cheia, se eu fizesse não ia sair como eu queria...

- Então quer dizer que quando você estiver “inspirado” você escreve?

- Claro... Mas eu não sei quando...

- Eu vi na TV um pintor que ficava inspirado quando a sua esposa fazia massagem nele... Tudo bem que eu não sou sua esposa, mas também você não é um pintor !

- Mas você sabe fazer massagem ou vai quebrar as minhas vértebras? – Eu não sei o que deu na minha cabeça, mas eu estou adorando a idéia

- Claro que eu sei ! Você acha que eu não faço nada direito... Senta ai que você vai ver.

- Ai, ai, não aperta tanto...

- Que culpa eu tenho de você estar tenso? Se eu não fazer força não adianta...

- É até que você faz direitinho... Onde aprendeu?

- Meu irmãozinho me da a mesada pra eu fazer nele – Falou gargalhando

- Nossa mas você tem umas mãos... – Aquela massagem estava piorando tudo, meus neurônios começaram a tostar na minha cabeça de tantos pensamentos ruins que eu tinha.

- Não se acostuma... é só pra você escrever minha música ! Joe você está com frio?

- Não porque?

- Está todo arrepiado...  – Toda aquela massagem já tinha deixado os neurônios para mexer com os meus hormônios

- É que o vento está um pouco frio – Porque eu falei isso? - Não Cleire não precisa fechar a porta !

- Já fiquei muito naquele hospital, se você ficar doente eu vou ter que voltar pra lá... – Eu segurei seus braços para que ela parece com a massagem, mais só compliquei as coisas, ela me fitava com seus olhos azuis e eu não sabia o que fazer – O que foi?

- Já chega de massagem...

- Não gostou? – Falou fazendo uma cara triste

- Gostei, e como gostei... só que você faz isso muito bem e já estava me deixando com pensamentos...

- Pensamentos? – Eu e minha língua grande

- É de como fazer a sua música...

- Viu !!! Deu certo ! Mas Joe... que idéia você teve? Como vai ser a música ? – E agora como sair dessa? – Fala Joe !

- Ah, vai falar de você, dos seus olhos...

- Você gosta deles? Eu sempre achei eles tão... sem graça, gosto dos seus, são tão claros, verdes e olhando mais de perto no centro tem um laranja profundo – Falou se aproximando pra olhar – Eles falam por você sabia?

- Não falam não, se falassem você... – Eu não sabia o que dizer nem o que fazer, eu queria pega-la em meus braços e lhe roubar um beijo, mas não podia, ela iria se assustar

- Eu o que? Joe o que você tem? Pode me contar... Você sabe que pode. –

- Não posso, não isso – Nem eu sabia o pensava, o que eu ia contar pra ela? Que ela me deixou louco com aquela massagem? – Você ia me achar um louco e ia correr de mim

- Não ia, juro... O que aconteceu? Você está tão, diferente...

- É que eu não sei mais o que sinto, estou confuso e não quero te deixar assim também...

- Você está preocupado? Pelo Mike? Eu estava só brincando, sobre ele ser  “Loiro”, só achei ele bonito só isso, eu sei que a gente não o conhece e que você se preocupa comigo...

- Não é isso... Esqueça...

- Me fala Joe, você nunca me esconde nada e vai fazer isso agora? – Se aproximou pra tentar me convencer e me deu um abraço – Você sabe que pode confiar em mim !

- Você... – ela olhou nos meus olhos, me dificultando as coisas – eu estou...

- Está?

Segurei seu pescoço, levemente, me aproximei e toquei meus lábios aos dela e acariciei a sua boca com a minha, fui me aproximando com o corpo e a abraçando, eu não queria que ela saísse dali, ela estava imóvel o que me assustava, mas não fugiu de mim, nosso beijo, ou o “meu beijo” foi longo e terno, eu não queria que aquele momento acabasse...

- Billie? Você está ai? – Era Mike, devia estar chegando da escola – Billie?

- Estou aqui embaixo – Cleire estava muda e imóvel, ainda de olhos fechados, parecia em transe...

- Oi ! Vocês dois aqui... Sua mãe já está melhor?

- Sim, acordou e seu humor de negro, agora mais parece um holofote !

- Que bom ! Cleire e você está tudo bem?

- Já estou indo – Falou e saiu correndo, eu sabia que tinha estragado tudo – Tchau !

- O que ela tem? – Ele parecia ser de muita confiança, mas eu não o conhecia tão bem a ponto de contar algo assim...

- Sei lá, já te disse que ela é meio louquinha... e que papel é esse ai cara?

- É a música que eu comecei, eu falei que eu trazia !

- Eu também preciso escrever uma...

Eu já tinha beijado algumas meninas, mas nunca me senti assim... Como se eu tivesse em uma montanha russa, na verdade eu estava me sentindo uma criança que tinha dado o primeiro beijo, onde já se viu um menino de 17 anos com frio na barriga por um beijo em sua amiga? Eu tinha uma sensação maravilhosa mais ao mesmo tempo tinha medo e se a Cleire se afasta de mim, se ela muda comigo? Eu não quero perde-la !