Pela manhã recebemos a noticia de que minha mãe havia acordado e junto com ela veio uma outra bem difícil de se impedir. Minha mãe tinha adquirido um problema cardíaco e se continuasse se drogando e com a vida tão agitada corria um sério risco e não aguentar. Eu não sabia se ficava feliz ou se me preocupava mais, mas o que interessava é que ela momentaneamente estava bem. Quando chegamos no quarto minha mãe estava comendo, o que me deixava muito esperançoso na sua recuperação. Cleire separou alguns hambúrgueres para ela, o que fez a enfermeira expulsa-la do quarto, melhorando muito os humores, tanto os meus, quanto os de minha mãe que ria como uma hiena, nem parecia que acabava de sair de um coma. Ela me surpreendeu com uma frase que eu achei que nunca sairia da boca dela:

- Filho me desculpe – Mudou seu olhar que se tornou muito arrependido e decidido.

- Não precisa se desculpar mãe – Na verdade eu merecia, mas ela, depois do que passou não me devia desculpa nenhuma.

- Claro que precisa, depois de tudo que você fez por mim, tudo que ninguém nunca fez, eu te tratava tão mal e egoísta só pensava...

- Mãe, não pensa nisso, não quero te ver triste

- Querido, isso que eu passei me fez perceber o quanto eu fui burra e fiz tudo errado, tentando fugir dos problemas e só os piorando. Seu pai mudou comigo desde que você nasceu, eu te culpava por isso, mas a verdade é que eu não queria aceitar que ele tinha perdido o interesse em mim, afinal não tenho mais o corpo que tinha e a minha atenção passou a ser para você. Me perdoe.

- Eu não quero julgar você, a única coisa de verdade que eu quero é que você pense na sua saúde, não quero te perder mãe. Eu não ia saber viver sem você aqui.

- Eu vou me cuidar, eu vou pensar mais em mim e em você. Seu pai está aqui? Precisamos conversar.

- Ele disse que vinha pela manhã, daqui a pouco deve chegar.

- Como meu filho está tão grande e lindo, e eu nem percebi. Vem me dar um abraço, deixa eu te apertar criança.

- Mãe para com isso...

- Vem logo, você não pode negar um pedido pra mim, sou uma mulher debilitada numa cama – Não acredito nisso – Billie não vai fazer isso comigo...

- Ta bom... Ta bom...

Debrucei sobre ela e ela me aperto como se eu fosse um saco de batatas e por fim me apertou as bochechas...

- Atrapalho? – Dizia ela segurando o riso

- Não Cleire, estava só apertando esse filho lindo que eu tenho, você não acha? – Ela tinha que adicionar isso só pra Cleire ter mais motivos pra me encher

- Claro, uma fofura ! Olha que bonitinho ela está até vermelho

- Não é de vergonha se é o que está pensando, é de tanto minha mãe apertar ! – As duas voltavam a rir como hienas e não tinha nada de engraçado em espremer as bochechas do Billie.

- Crianças, vocês não tem escola?

- Tínhamos mãe, mas agora já passou da segunda aula.

- Mas vocês devem ir pra casa, descansar, tomar um bom banho e cuidar de suas vidas.

- Ta bom, mas qualquer coisa a senhora liga, que a gente vem correndo... Principalmente se quiserem te fazer comer aquela comida horrível daqui !

- Tudo bem, e cuida bem do meu bebezinho.

Eu não sabia o que era pior, a Cleire querendo dar sanduíches para minha mãe, ou ela com uma campanha intensa de “vamos fazer o Billie pagar mico”