Eu sempre fui um tanto quanto solitário, apesar de ser o “queridinho” entre as meninas, o que nada me envaidece, eu nunca tive muitos amigos, talvez porque sempre fui taxado de “rebelde sem causa”. A única amizade sincera que eu trago é a de Cleire, que mesmo sendo impulsiva e muitas vezes inconveniente, parece me querer bem. E aparentemente é a única, porque Jake sequer lembra de minha existência e minha mãe se preocupa mais em se drogar do que se eu estou vivo.

- Eu já falei que não pedi isso ! – ouço logo que chego em casa, quero dizer no restaurante, mas não importa moro logo em cima, o que dá na mesma.

- Claro que pediu, ou acha que estou louca? – Como era de se esperar cheguei tarde demais.

- Bom é o que parece !

- Deixa que eu resolvo isso senhora Armstrong – Parecia ser novo ali, tratava a minha mãe com muito respeito, o que não era típico de seus empregados.

- Estava os ouvindo lá de fora o que está havendo? – na verdade o quarteirão inteiro deve ter ouvido.

- É só um mal entendido, não se preocupe. – Ele parecia ter a minha idade, apesar do modo “certinho” que falava, que o fazia aparentar ter 40 anos.

- E você quem é?

- É Mike, meu novo Garçom, afinal precisei de um já que você não quer me ajudar. – Ajudar mais? Já não bastava eu ser praticamente o pai dela?

- Eu nunca vou trabalhar aqui, enquanto esse ai que você diz ser meu pai for o “gerente”. E você já está falando mole, entre e tome um banho – Obviamente ela já tinha visitado seus “fornecedores” e usou e abusou dos produtos.

- Eu não estou falando mole coisa nenhuma e não chame seu pai de “esse ai”, pelo menos o chame de Jake ! Suba já e suma daqui, menino insolente, se não quer ajudar não atrapalhe.

Apesar de eu já estar acostumado, aquelas palavras corriam diretas pelo meu peito e cortavam meu coração. Mesmo sabendo que ela está fora de si por causa daquele maldito vicio, eu não consigo entender o porque de tudo aquilo.