Não é apenas o sol que se esconde nessa tarde fria, também eu, Billie Joe, que tento me esconder, dos sentimentos e lembranças. Porém parece que eles sempre me encontram.

Quanto mais horas passam mais a minha agonia aumenta. O motivo? Também não sei. Como fugir do que está dentro de mim? É a questão que me atormenta. Não sei o que preciso, nem como acabar com isso, só sei que paz é uma coisa que só conheço por ouvir falar. Então parece que algo me libertou daquele vazio, ouvi uma voz doce e baixa sussurrar:

- Joe?... Não ouviu o sinal ou pretende ficar por aqui? – Somente uma pessoa me chamava assim, aquela que sempre me fazia voltar daquela tortura que era meu interior.

- Hã? Cleire? Oh me desculpe, estava aqui distraído e nem o sinal ouvi, quer dizer ouvi, mas não consegui simular o que era.

- Você é bem estranho às vezes sabia?

- Sim eu sei... – na verdade de tanto me falarem, me convenceram.

- É isso que me faz gostar tanto de você. – Lá vem ela com esse papinho – Afinal se todos fossemos “normais” seria muito chato não acha?

- Não. E você também não precisa mentir, você só gosta desse meu jeito “estranho” porque sempre dependo de você para voltar para o mundo real.

- É eu não posso negar que adoro mesmo ! Mas vamos logo antes que nos tranquem aqui dentro – Depois que os alunos saiam, sempre aqueles inspetores malucos trancavam as salas, mas ainda não entendi o motivo porque não há nada lá para se roubar.

- É realmente bom irmos logo, tenho que aproveitar que ainda tenho uma casa.

- E porque não teria?

- Porque minha mãe vende tudo que vê pela frente quando não tem dinheiro – E somente o que resta é a casa e o restaurante.

- Não fale besteiras, ela não faria isso, e pense pelo lado positivo, você nunca se enjoa dos móveis ! – Ela não sabe o que fala, e eu não sei por que eu ainda a escuto. Fiquei em silêncio para não brigar. – Joe? Agora que percebi o que eu falei, sinto muito eu só queria te animar.

- Deixa pra lá, parece que chegamos, então tchau. – Ela me olhava com uma cara de cachorro sem dono, que eu não conseguiria responder mal nem se quisesse, odeio esse meu lado “sensível”.

- Tchau e amanhã passa aqui bem cedo porque tenho uma coisa pra te mostrar !