A Funcionária escrita por DennyS


Capítulo 3
Capítulo -III- Que diabo está acontecendo?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/286523/chapter/3

~*III*~

Que diabo está acontecendo?

-Uchiha. – disse o desgraçado. Fiz o impossível para olhar para ele com a mesma frieza com que ele me olhava e não cumprimenta-lo com um belo soco no meio da cara.

-Akasuna. – não pude evitar dizer entredentes.

-Como está? – eu realmente não acreditava no cinismo daquela criatura.

Estaria melhor se você fosse se foder!

-Já estive em melhor companhia. – respondi e bebi o resto do champanhe pra não ter que olhar na cara dele.

-Ah, é mesmo? Pois eu não poderia estar em melhor companhia do que esta. – ele pegou na mão de Sakura e eu quase quebrei a taça vazia que segurava. – Está é...

-Sakura Haruno. – murmurei entredentes. Eu não podia suportar aquele fodido dizer o nome dela.

Os olhos de Sakura seguiram na minha direção ao ouvir a minha voz e agora a vendo mais de perto, eu tinha certeza de que não havia exagerado na reação quando ela chegou. Ela estava divinamente linda. Eu poderia ficar a noite toda apenas olhando para ela e não me cansaria.

-Então vocês se conhecem? – perguntou o cretino do Sasori, mas não olhei na sua direção, nem mesmo Sakura quis quebrar o nosso contato visual.

Notei que ela me fitou de cima a baixo e ficou corada, a respiração pesada, antes de voltar a me encarar nos olhos. Por dentro tive que rir com satisfação por isso. Era a primeira vez que eu lhe causava essa reação. Ou melhor, a primeira vez que ela tinha essa reação na minha frente, tão explicitamente.

-O Sr. Uchiha é meu supervisor. – disse Sakura depois de desviar o olhar de mim para o Akasuna.

-É mesmo? – xinguei mentalmente quando Sasori pareceu bem interessado sobre isso. Seu olhar era confuso, mas eu sabia que ele estava maquinando na sua cabeça, tentando entender do que Sakura estava falando, ligando os pontos, desconfiando de que isso tinha a ver com meu sumiço da empresa pelos últimos três meses.

Mas antes que Sasori pudesse perguntar qualquer outra coisa, Sakura tocou no braço dele e perguntou se ele sabia dançar com uma voz tão... tão sedutora! Que sorriso era aquele no seu rosto?!

Eu não tive que olhar para o filho da puta pra saber que ele olhava pra Sakura como se quisesse arrancar o seu vestido com os dentes. Eles me deram as costas e seguiram juntos para a pista de dança e eu tive que sair dali antes que causasse um tumulto tentando arrancar os membros de Sasori Akasuna para que não tocasse mais na Sakura.

Entrei na primeira porta que encontrei e fiquei feliz por ser uma varanda. Eu precisava de um pouco de ar antes que explodisse e acabasse cometendo um crime.

Porra! “Sabe dançar, Sr. Akasuna?”

A voz dela ecoava dentro da minha cabeça como picadas, convidando aquele desgraçado para dançar! Só a imagem dele tocando no corpo dela, abraçando-a e... Porra! Me dava náuseas! Me tirava a consciência! Balancei a cabeça espantando aquela imagem da minha mente.

 Eu segurava a barra de ferro do parapeito da varanda desejando arrancá-lo.

Que porra está acontecendo comigo? Até parece que eu estou sentindo... CIÚMES!

Porra! Merda! Filho da puta!

Comecei a dar voltas pela varanda tentando controlar a minha respiração. Que merda de sentimento era aquele? Por que eu estava com ciúmes? Eu não podia estar com ciúmes! Eu NÃO PODIA SENTIR CIÚMES!

Merda!

Me apoiei no parapeito novamente e fechei os olhos por um momento, entendendo enfim o que estava acontecendo. Não era ciúme. Assegurei a mim mesmo. Era o ódio mortal que eu tinha de Sasori Akasuna. Era só isso. Aquele ódio nunca iria se curar enquanto o Akasuna estivesse vivo.

Sim, era isso.

Tinha que ser!

Abri os olhos, sentindo-me ainda ofegante e um novo pensamento invadiu a minha cabeça sem permissão.

Será que Sakura pretendia seduzir o Akasuna para conseguir uma indicação de emprego?

Um sentimento de repulsa se apossou de mim. Não! Não poderia ser possível! Como Sakura conseguiria me enganar tão facilmente?

Me encostei ao parapeito e fechei os olhos novamente. Agora o ódio era voltado para mim mesmo, mas eu tentava me convencer do contrário. Eu tinha que estar errado!

Ouvi um barulho e abri os olhos, só para encontrar Sakura saindo para a varanda escura, ficando poucos metros de afastada de mim, sem ter me notado. Ela se apoiou no parapeito e sorriu de olhos fechados.

-Que idiota... – ela murmurou dando risadinhas, fazendo-me cerrar os punhos.

-Se divertindo? – me ouvi dizer e fiquei impressionado com o rosnado em minha voz. Sakura saltou de susto, os olhos arregalados na minha direção.

-Já estive em festas melhores. – respondeu ela ofegante com um sorriso fraco, dando-me a costas e voltando para a porta da varanda.

Não! Ela não podia me dar as costas agora. E não iria!

-Posso te fazer uma pergunta, Haruno? – eu disse impulsivamente e ela parou antes que chegasse à porta. Quando virou na minha direção, sua expressão era confusa e seus olhos me procuravam na penumbra. Ela parecia curiosa, como se imaginasse o que eu poderia lhe perguntar e depois de alguns segundos, balançou a cabeça permitindo-me continuar. – Você concorda que para entrar em uma empresa tão grande e importante como a Corporação Global, você deve ter uma boa indicação?

Ela franziu a testa e ainda parecendo curiosa, deu mais um passo na minha direção.

-Sim, acho que sim. – respondeu agora bem perto, sendo possível enxergar a minha expressão que até agora, graças a Deus estava oculta pelas sombras que o luar projetava na varanda, ou eu tenho certeza ela teria fugido aos gritos se tivesse visto.

Pensei um pouco melhor na próxima pergunta, tomando o devido cuidado de olhar para ela com ironia e com a insinuação que as minhas palavras transmitiriam.

-Acha que se alguém seduzir um dos supervisores chefes, conseguirá tal indicação? – arqueei uma sobrancelha e Sakura permaneceu em silêncio por um momento enquanto processava minhas palavras.

Primeiro ela parecia confusa, depois ela arregalou os olhos e em seguida parecia furiosa. Vi quando cerrou os punhos e começou a ofegar.

-O que está querendo dizer? Você está, você disse... – ela sacudiu a cabeça quando começou a gaguejar e deu um passo atrás. – Você está insinuando que EU estou seduzindo o Sr. Akasuna para entrar na empresa? É isso?

Era a primeira vez que eu presenciava Sakura Haruno em um ataque quase de fúria. Tive vontade de sorrir. Mas a possibilidade de que ela pudesse estar atuando, fingindo-se de ofendida para me enganar me fez permanecer sério e lhe dizer:

-Eu não disse nada, Srta. Haruno. Mas se a carapuça serviu.

Com isso, assisti a expressão de Sakura se metamorfosear. Seu rosto estava vermelho e ela começou a falar rapidamente como se fosse explodir se permanecesse em silêncio.

-Como você ousa fazer uma insinuação dessas para mim?! A MIM! Uma estranha para você! – ela andou de um lado para outro levando as mãos a cabeça, ofegante como se procurasse algum objeto perigoso para me agredir.

 De repente ela parou e apontou um dedo na minha direção.

 -Eu já engoli muito sapo por VOCÊ, SEU DESGRAÇADO! – com isso tive que arregalar os olhos perplexo. Ela havia me xingado? – Minha vontade nesse momento é de jogá-lo para fora desse prédio e me deliciar com o seu corpo se espatifando no chão como uma melancia! 

Tive que reprimir um sorriso. Não entendia exatamente porque aquele ataque de fúria da Srta. Haruno estava sendo engraçado. Na verdade aquilo era novo. Eu não me lembrava de alguém me ameaçando antes com tanta vontade. Ou melhor, não me lembrava de ninguém me ameaçando ou gritando comigo.

-Mesmo que eu fosse esse tipo de pessoa baixa, que tem a coragem de usar outra pessoa para seus próprios interesses, isso não seria da SUA maldita conta! – ela apontou para mim novamente e nunca antes, como naquele momento desejei puxá-la na minha direção e beijá-la com vontade. – Eu tive que aturar a presença incômoda de Sasori Akasuna porque simplesmente não queria estar perto da SUA presença ainda mais incômoda! Mas eu não tenho que dar nenhuma explicação a você. Simplesmente vou ignorá-lo!

Ela cruzou os braços e virou o rosto para o outro lado e eu tive que me controlar novamente para não toma-la nos braços.

-Eu só fiquei curioso. – não pude evitar dizer, tentando ao máximo não sorrir de satisfação por ouvi-la afirmar que a presença do Akasuna era incômoda.

–Eu vou dizer onde você deve enfiar a sua curiosidade! – dessa vez eu tive que sorrir.

Por que me sentia tão aliviado com o seu desabafo? Eu deveria estar no mesmo nível de fúria que ela, fazê-la calar por ter me insultado, exigir seu respeito por ser o seu chefe, ameaça-la demiti-la. Mas as minhas dúvidas a seu respeito se dissiparam, meu ódio havia sumido. No lugar estava uma sensação leve da qual eu nunca havia experimentado antes.

Sakura fitou o meu rosto notando que eu sorria e aos poucos seu rosto contorcido pela raiva se transformou em uma expressão de desespero.

-Ah, meu Deus! – ela pôs as mãos na boca e arregalou os olhos como se tivesse despertado.

-Arrependida? – perguntei incapaz de desfazer meu sorriso.

Ela ficou pensativa por um momento, depois ficou séria e me encarou novamente com aquele ar de desafio.

-Não! Você mereceu cada palavra! – ela me deu as costas e caminhou na direção da porta, fazendo-me rir, sem entender exatamente o porquê.

Eu estava ainda tentando acreditar que aquela nossa cena particular de fato havia acontecido, quando Tsunade me encontrou.

-Você está com uma cara bem melhor da que quando chegou. – disse ela ao entrar na varanda com uma taça em suas mãos. Tentei fita-la indiferentemente.

-Sem álcool essa noite? – perguntei gesticulando para a taça de suco de morango que ela segurava.

-Tenho que permanecer sóbria. Não percebeu que estou com Jiraya aqui? – ela deu um gole no suco e se aproximou do parapeito ficando ao meu lado. – Vi Sasori dançando com a garota que investiguei para você. Você também viu, não viu?

Não demonstrei nenhuma surpresa, o que pareceu intrigar Tsunade.

-Sim. – respondi por fim. – Ela quis dançar com ele para se livrar de mim. – eu disse antes do sorrir o que fez Tsuade enrugar a testa.

-Está feliz com isso? Estamos falando do Sasori, Sasuke! O cretino veio me perguntar se sabia onde você estava gastando o seu tempo ultimamente e que ficou sabendo que você era uma espécie de supervisor em algum lugar. Se aquela garota contar a ele, tudo estará arruinado.

-Não se preocupe, tia. Ele não vai descobrir. – me virei para ela e saí depois de lhe dar um beijo de despedida no rosto.

Eu não queria pensar em Sasori Akasuna no momento. Nada poderia estragar a sensação boa que me possuía naquela noite. Sakura havia atado as minhas mãos mais uma vez, agido de maneira inesperada novamente, me intrigando com aquele ar de desafio arriscando seu emprego sem medir as palavras.

Pelo amor de Deus, ela me ameaçou jogar do vigésimo andar do prédio! Ah, se ela soubesse como fica sexy quando está com raiva.

Me dirigi rapidamente para o estacionamento do prédio, pensando em plena satisfação como eu desejava que a segunda-feira chegasse depressa.

~*~*~*~

Acordei no domingo muito cedo. Fiquei deitado com os olhos pregados no teto por horas e quando decidi levantar, o relógio ainda marcava sete e meia.

A imagem de Sakura furiosa, com seus olhos estreitos fulminantes desejando me matar não saía da minha cabeça e aquilo estava começando a me assustar. Na verdade, a sensação estúpida dentro de mim que estava me assustando.

E se Tsunade estivesse certa? E se eu já estivesse apaixonado pela Srta. Haruno?

Eu não queria acreditar nessa hipótese. Eu não desejava me apaixonar tão cedo devido ao meu casamento arruinado. Não era somente pela humilhação que sofri por causa desse maldito matrimônio, mas também pelo fato de não querer me prender a ninguém, a não ter nenhuma preocupação a mais na minha lista, não me submeter a alguma obrigação adicional. Eu não me sentia preparado para ter uma esposa e um casal de filhos como meu irmão mais velho Itachi.

E além de tudo, eu não acreditava no amor. Amor era uma ilusão.

Eu achava, que todo esse sentimento pela Sakura, uma moça desconhecida que surgiu inesperadamente na minha vida, era fruto somente dessa atração descontrolada que tinha por ela. Não era possível amar alguém que você mal conhece, alguém que troca somente palavras profissionais com você.

Mas aquela fúria que se apossou de mim quando Sasori Akasuna teve a audácia de tocá-la, não era algo para ser ignorado. Tentei me convencer de que não era ciúmes, apenas um sentimento obtido pelo ódio que sempre tive daquele homem por qualquer coisa que eu possuísse, mas ao tentar imaginar qualquer outro homem tentando tocá-la, me vi com o mesmo ódio, a mesma fúria, o mesmo desejo insano de proclamá-la minha.

Eu deveria tomar uma decisão rapidamente, mas não sabia como fazer isso. Afinal eu não entendia exatamente o que estava sentindo por ela. Era atração, paixão, amor, ciúmes...? Que diabo estava acontecendo comigo? Por que comigo?

Levantei da cama decidido a correr alguns quilômetros para ficar sozinho com os meus pensamentos. Dentro de casa eu não conseguia abrir a mente, não conseguia decidir o que fazer. Vesti uma calça e uma blusa de moletom cinza e calcei meus tênis de corrida.

Quando saí do apartamento, fui direto para o parque mais próximo e comecei a correr depois de alongar os músculos.

Quarenta minutos e dez quilômetros depois, cheguei ao meu prédio amaldiçoando a minha sorte por ainda não saber o que fazer a respeito dos meus sentimentos por Sakura Haruno.

Tentei imaginar como ela reagiria perto de mim depois daquela cena na festa de sábado e não cheguei a nenhuma conclusão. Sakura era muito imprevisível o que me tirava do sério. Eu sabia como agir perto de qualquer outra mulher, sabia o que elas iriam fazer antes de fazer. Mas Sakura me deixava sem ação. Eu nunca sabia qual seria seu próximo passo.

Tentando me conformar com a derrota, subi para o meu apartamento voltando a imaginar como seria o dia seguinte no trabalho.

~*~*~*~

-Estou sem paciência, Konohamaru... – ouvi o meu assistente suspirar do outro lado da linha. Eu estava dentro da minha sala na central de cobranças com uma pilha de formulários sobre a minha mesa para revisar e passar tudo para o computador em planilhas.

Eu particularmente não tinha nada contra as segundas-feiras, mas aquela precisamente estava me tirando do sério. Não fazia nem mesmo uma hora que eu havia chegado depois de enfrentar um trânsito do demônio e já estava atarefado até o pescoço.

Mas quem me dera esse ser o único problema...

Maldição! Eu estava ansioso! Eu precisava vê-la, eu precisava saber qual seria sua reação ao me encontrar depois do ocorrido de sábado à noite. Era uma necessidade que ficou me corroendo durante o final de semana, ansiando pelo dia seguinte. Mas justamente naquela manhã, cheguei em cima da hora e não pude andar pela operação como de costume antes do atendimento começar.

-Com todo respeito, chefe, já me acostumei a sua falta de paciência. – disse Konohamaru sem um pingo de seriedade na voz. Tentei me acalmar, não podia simplesmente descontar a raiva no garoto que só estava fazendo seu trabalho. Eu mesmo pedi a ele que me deixasse informado sobre os acontecimentos na CGCG. Eu podia deixar a presidência nas mãos do conselho, mas não o controle. Eu não era idiota de arriscar o futuro da empresa que meu pai sofreu para fundar.

-Me passe por e-mail o seu relatório. – pedi. – Não tenho tempo de falar agora. – ele assentiu e eu desliguei o celular, levantando-me da cadeira.

Lancei um olhar estreito na pilha de papéis sobre a mesa.

Porra! Que se foda!

Saí da sala rumando para a operação onde trabalhavam os atendentes, meus olhos procurando um único alvo em mente: uma cabeça rosada no meio de tantas outras, usando um fone de ouvido com microfone (que chamamos de “head”) e sorrindo como se estivesse no melhor dos empregos.

Mas não a encontrei; o seu lugar estava vazio. Aquilo me pegou de surpresa. Sakura decidiu faltar ao trabalho ao invés de me enfrentar? Eu não podia acreditar! Isso era impossível!

Voltei com passos duros sobre o carpete na direção da minha sala, sentindo-me decepcionado e ainda mais irritado. Antes que eu pudesse entrar, Konan me deteve de frente à porta, entregando-me mais uma resma de papéis.

-Com licença. – congelei ao ouvir sua voz. Era Sakura. Olhei para ela no mesmo instante, mas temendo que ela tivesse com os olhos em mim, voltei minha atenção rapidamente para os formulários em minhas mãos sem fazer ideia do que estava escrito. – Konan, seu marido me pediu para lhe entregar isso.

Senti Sakura se aproximar com um passo.

-Ah, obrigada, querida! Eu estava quase tendo um ataque por ter esquecido. – disse Konan pegando um pacote marrom e gorduroso. – Está tudo bem com você, Sakura? Está pálida.

Com essa pequena observação de Konan, meus olhos foram de encontro a Sakura rapidamente. Encontrei seus olhos no mesmo instante, mas ela fez questão de desviá-los para Konan.

-Estou? – ela perguntou para Konan arregalando levemente os olhos.

-Sim, parece fraca. Não se sente bem? É por isso que chegou atrasada?

Notei que realmente parecia pálida cansada e fraca. Seus olhos estavam um pouco vermelhos e a sua expressão lívida me assustou. Amaldiçoei mentalmente ao imaginar que ela estava daquele jeito por minha causa, por medo do que eu pudesse fazer por suas ameaças na noite de sábado. Claro que eu não iria fazer nada a respeito, mas ela não sabia disso.

-Não, cheguei atrasada por causa do trânsito, desculpe. – disse Sakura ainda com os olhos em Konan. Eu poderia dizer que ela agia de maneira como se eu não estivesse ali, me ignorando sem pudor, mas a tensão que estava em seus ombros, a inquietação das suas mãos me impedia de dizer. Ela estava nervosa. – Minha madrasta me fez uma visita e isso ocupou os minutos que eu poderia estar tomando café. Acho que é por isso que pareço pálida.

Xinguei em silêncio novamente. Como ela podia ser tão irresponsável?! Poderia ter desmaiado no meio da rua!

Mas que droga! O que era isso agora? Preocupação?!

-Oh, então trate de comer alguma coisa antes de começar. Não quero você indisposta para trabalhar. E não adianta dizer que não. Seu atraso está justificado. – disse Konan e eu a agradeci por isso.

-Tudo bem obrigada.

Voltei a atenção para os formulários em minhas mãos, enquanto Konan resumia o seu conteúdo. Levantei os olhos do papel por um instante, vendo Sakura no final do corredor perto das máquinas de café e bolinhos. Ela passou a mão nos cabelos de olhos fechados e suspirou várias vezes de cabeça baixa.

Sacudi a cabeça quando notei que aquela preocupação dentro de mim aumentava e percebi que eu não era o único que estava tendo um dia ruim.

~*~*~*~

Decididamente o dia estava muito pior para a Sakura. Eu estava monitorando uma de suas ligações, não porque eu não tinha trabalho para fazer (a pilha de formulários sobre a minha mesa havia aumentado quase um metro), mas porque estava muito preocupado com ela e queria urgentemente descobrir o motivo de Sakura parecer tão mal naquela manhã. Eu sentia que se o motivo fosse por mim, eu nunca iria me perdoar por isso. Não entendia que merda era essa que eu estava sentindo, mas alguma coisa dentro de mim não gostava de vê-la daquele jeito. Aquele semblante sério, aquela voz fraca e lívida não era ela. Aquela não era a Srta. Haruno alegre, forte e desafiante que me intrigava. Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo!

Se não fosse por minha causa, alguma coisa havia acontecido a ela para estar daquele jeito e para piorar, suas ligações não estavam sendo muito boas.

Naquele momento, um filho da puta de um cliente a xingava pelo telefone e Sakura não estava conseguindo manter o diálogo convincente para acalmá-lo. Claro, que em qualquer outro dia Sakura teria resolvido brilhantemente esse B.O. (como era chamada essa situação na central), mas naquela segunda-feira eu não poderia culpa-la. Alguma coisa a incomodava, a ponto de atrapalhar o seu trabalho.

Levantei do meu lugar batendo o telefone que era usado para o monitoramento e saí da sala xingando alto para quem quisesse ouvir. Minha paciência havia se esgotado totalmente. O desgraçado do cliente não iria continuar xingando a Sakura daqueles nomes terríveis!

Quando cheguei a sua mesa, Sakura estava inclinada na direção do computador com os olhos fechados e os dedos nas têmporas.

-Transfira para a minha sala. – disse abaixando-me o suficiente para que ela me ouvisse. Sakura abriu os olhos sobressaltados, mas logo se recuperou do susto e me fitou séria, pondo a ligação no mudo.

-Eu posso resolver, Sr. Uchiha. – ela disse tentando testar a minha paciência como sempre, mas aquela não era hora para me desafiar.

-Não interessa. Transfira. – ordenei em tom duro, mas ela me ignorou. Virou-se para o computador e retirou a ligação do mudo.

-O senhor poderia se acalmar, por favor? – pediu ela ao cliente.

-Transfira a ligação, Haruno! – disse novamente cerrando meus punhos. Dá pra acreditar na coragem dessa mulher?

-Podemos negociar a sua dívida, senhor. – disse ela ao cliente, tentando controlar a respiração acelerada.

-Transfira!

-ESTÁ BEM! – ela gritou batendo o punho na mesa, me fulminando com o seu olhar verde brilhante.

Percebi que a operação ficou em silêncio e Sakura arregalou os olhos, voltando sua atenção para o cliente, notando que quando gritou, não pôs a ligação no mudo.

-Não foi com o senhor, desculpe! – pediu ela desesperada, seus dedos digitando alguma coisa freneticamente no teclado do computador.  – Vou transferir a ligação para o meu supervisor, Sr. Tamashika. Tenha uma boa tarde!

Sakura ficou paralisada com os olhos arregalados na direção do computador, enquanto eu tentava me controlar. Ela não precisava me desobedecer para mostrar sua competência. Era mais do que obvio que ela não iria resolver aquele B.O. Por que não podia simplesmente admitir que estava tendo um dia estressante e que não seria capaz de resolver sozinha aquele problema?

Ah, quem eu estava tentando enganar? Ela não podia fazer isso pelo simples fato de ser a Sakura.

Apoiei uma mão no encosto da cadeira e a outra sobre sua mesa, debruçando-me na direção dela. Sakura girou sua cabeça lentamente para me encarar e no momento em que nossos olhos se chocaram, percebi que ela havia se arrependido de tentar me desafiar. Seu olhar era apreensivo.

-Se este cliente processar a empresa por sua causa – ameacei, forçando-me a não inspirar seu perfume. Nunca antes estive tão perto de seu rosto. – você será demitida por justa causa e nenhum outro lugar irá te contratar.  – avisei e dei meia volta, seguindo na direção da minha sala.

Quando cheguei, Konan atendia a ligação que Sakura havia transferido. Agradeci imensamente por eu mesmo não ter que tentar convencer o filho da puta de alguma coisa. Pela raiva que se apossava de mim, eu iria devolver cem vezes mais os xingamentos que ele dirigiu à Sakura.

-Vou conversar com a Srta. Haruno. – disse Konan depois de finalizar o atendimento. – O cliente não vai processar a empresa, mas ela deve saber se controlar numa situação dessas. Não podemos arriscar a reputação da empresa.

-Ela está tenho um dia ruim. – me apressei em dizer. Konan me fitou com os olhos arregalados e uma ruga na testa. Eu nunca havia defendido nenhum funcionário, mas naquele caso eu não poderia ficar em silêncio. – Ela é uma ótima atendente. A melhor da minha equipe, inclusive.

Konan ainda me fitou com aquele ar confuso, porque ela era testemunha da minha perseguição por Sakura Haruno e me amaldiçoei por ter aberto a boca.

-Eu entendo. – disse ela com um sorriso por fim, pensando em algo que eu não conseguia decifrar. – Mesmo assim é importante deixa-la ciente de que isso não poderá acontecer novamente.

-Eu posso falar com ela.

-Tudo bem. Vou pedir para alguém chama-la.

Konan saiu da sala e fechou a porta. Eu suspirei pesadamente e me encostei na beirada da mesa com os braços cruzados. Ainda me sentia febril pela raiva. Estava prestes a dar uma bronca em Sakura, como tantas vezes eu havia lhe dado, mas naquele dia em especial eu não precisava fingir que estava furioso. Eu estava. E muito. Não só pelo estresse do dia, mas pela preocupação estranha que comecei a sentir por ela, pelas dúvidas da minha cabeça sobre os seus motivos de não parecer bem naquele dia, pela minha frustração de não poder saber se é por minha causa. Hurg! Como era possível sentir raiva de mim mesmo?!

Ouvi batidas na porta.

-Entre.

Depois do que pareceram anos, a porta se abriu e Sakura entrou de cabeça baixa no escritório. Depois de um breve momento, ela levantou a cabeça, mas seus olhos não encontraram os meus.

-O que tem a dizer sobre isso? – perguntei incapaz de evitar o tom duro na voz.

-Nada. – ela respondeu ainda sem me fitar.

-Nada? – desencostei da mesa e caminhei na sua direção. Ela levantou os olhos quando parei bem a sua frente. – Você por acaso tem consciência do que acabou de fazer? – minha voz ainda era dura. Sakura estava séria encarando meus olhos. – Colocou a reputação de uma empresa séria em risco por causa da sua incompetência!

-Está bem! Eu sou uma inútil, não sei executar uma tarefa simples! – disse ela entredentes, sua expressão estava tão dura quando a minha. – VOCÊ TINHA RAZÃO! VOCÊ GANHOU, ESTÁ FELIZ?! – ela gritou e aquilo fez o resto da minha paciência evaporar.

Cerrei os punhos e me arrependi de olhar para sua boca no mesmo instante em que olhei. Senti algo selvagem nascer e crescer dentro de mim. Como eu queria calar aquela boca com um beijo!

-Agora vou estar livre de você! EU não poderia estar mais feliz que isso! – disse ela ofegante. Sua raiva a impediu de ver o brilho lascivo nos meus olhos, a impediu de perceber a tensão do meu corpo que implorava para tocá-la. – Vou sair com a minha incompetência por essa porta e garanto que nunca mais cruzarei o seu caminho novamente!

Ela meu deu as costas com a intensão de ir embora, mas a minha consciência foi para o ralo quando dei um passo atrás dela, agarrei seu pulso virando-a para mim e prendendo seu corpo contra a porta.

No mesmo instante, minha boca rígida encontrou seus lábios suaves. Prendi todo seu corpo contra o meu, sentindo-a lutar contra a minha força, mas era inútil. Eu a tinha sob o meu domínio. Domada da maneira que eu desejava.

Suas mãos se debatiam contra o meu peito, mas aquilo não me impediu de continuar. Eu queria sentir o seu gosto.

Degustar aqueles lábios rosados se tornara minha prioridade há tempos e nada naquele momento iria me impedir de fazê-lo.

Minha boca ainda pressionava a sua quando Sakura entreabriu seus lábios totalmente sem fôlego. Aquela foi a minha chance de beijá-la como gostaria e sem perder nem mais um segundo, mordi delicadamente o seu lábio inferior e meti a língua dentro de sua boca.

Um rugido de prazer ecoou dentro da minha garganta quando meu corpo inteiro estremeceu ao sentir o seu gosto fresco e adocicado. Senti o corpo miúdo de Sakura amolecer nos meus braços e seus lábios suaves se moverem de encontro aos meus lentamente. Quando invadi sua boca com a língua mais uma vez, ela gemeu na minha boca e eu a soltei somente para deslizar uma mão por suas costas e com a outra segurá-la pela nuca.

Senti as mãos dela subirem pelo meu peito e depois cercarem o meu pescoço, fazendo-me apertá-la contra mim com mais força, causando uma onda de choque que percorria o meu corpo inteiro e se concentrava na virilha. Eu nunca havia sentindo algo assim antes em um único beijo, e era a sensação mais prazerosa que já havia sentido.

Deixei sua boca apenas para buscar fôlego, mas não me afastei. Desci meus lábios pelo seu pescoço, inebriando-me com seu perfume de cerejas...

Eu estava bem distante da realidade.

Algo me prendia naquele sonho e eu não queria despertar.

~*~*~*~

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hello mina!! XD
Mais um capítulo pra vocês, meus queridos! Sempre me deixam muito feliz com os comentários e... OMG!!! O.O Com dois capítulos já tenho recomendação!!! Alguém me belisca!!
Muito obrigada ga_chan pela recomendação!! Você fez essa autora baka aqui, uma baka mais feliz!!! XD
Espero que todo mundo tenha curtido o capítulo!!
E agora, o que vai ser do nosso moreno-lindo-tudo-de-bom?? Vai pirar quando a realidade voltar?
Não percam o próximo capítulo de A Funcionária! Aqui, nesta mesma hora e nesse mesmo canal!
Fui!
=Denny