A Funcionária escrita por DennyS


Capítulo 4
Capítulo - IV - Algo pior que a covardia


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora. Espero que gostem do capítulo. =)



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~*IV*~

Algo pior que a covardia

Despertei. Afastei-me dela com um pulo brusco, ainda sentindo os efeitos daquele beijo ardente. Ainda sentindo seu gosto delicioso na minha boca.

Mas que merda eu fiz? Porra!

Passei uma mão pelo cabelo e cocei a nuca.

Nunca na minha vida me sentia tão fora de controle. Era a primeira vez que eu não sabia o que dizer, não sabia que merda fazer! Maldição!

Respirei fundo e olhei na direção de Sakura, sem olhar diretamente nos seus olhos. O que ela estaria pensando naquele momento? Por que ainda não havia gritado, me batido, corrido da sala para buscar os seguranças? Porra!

–Desculpe. – disse com um suspiro. – Queria fazer você se calar e agi por impulso. – que porra de desculpa era essa, seu idiota?

–Jeito estranho de fazer alguém se calar. – disse Sakura olhando para mim timidamente e extremamente confusa.

Fiz uma careta me sentindo mais constrangido do que senti minha vida inteira. Porra! Que situação de merda!O que me irritava ainda mais era saber que eu não estava nenhum pouco arrependido. Meu único arrependimento era ter parado...

O que?! Mas que...!

–O cliente não irá processar a empresa. – disse caminhando para trás da minha mesa. Eu ainda sentia o seu cheiro, eu ainda a desejava e muito mais do que antes. Eu só voltaria ao controle da situação se estivesse bem afastado dela. Tentei decifrar sua expressão, mas não consegui. – Você não será demitida. Deve apenas tomar cuidado para não cometer esse erro novamente.

–Ok. – disse ela lentamente como se não tivesse entendido uma palavra do que eu disse.

–Pode ir agora. Volte ao trabalho.

Sakura continuou parada onde estava fitando-me com as sobrancelhas juntas. Claro que ela queria uma explicação do que acabou de acontecer. Claro que ela queria me perguntar que diabo eu tinha feito. Mas ela permaneceu quieta. Abriu a boca algumas vezes, mas não disse nada.

Ela saiu da sala e eu me joguei sobre a cadeira com os olhos fechados e xinguei mentalmente até me cansar.

Estraguei tudo com a minha falta de controle! Não suportei ouvir seus gritos, não controlei a raiva, a ansiedade, meus impulsos! Merda! Todo esforço que por anos me ajudaram a ter o controle dos meus malditos impulsos, foi atirado na lama! Estava tudo arruinado... Era questão de minutos para Konan bater a porta com os seguranças para me levarem a policia!

Claro que Sakura iria me denunciar por tentativa de estupro! Que beijo assassino foi aquele se não um abuso?! Eu praticamente a obriguei a me beijar, eu a forcei! Eu...

Mas espera aí...Sakura me beijou de volta! Levantei da cadeira.

Sim , ela me beijou de volta!

Porque você a forçou, idiota!

Segui na direção da janela sacudindo a cabeça pra essa voz contraditória se escafeder de lá! Abri as persianas e me apoiei no parapeito da janela.

Sakura não é do tipo que se deixa ser forçada... Ela teria lutado até o fim, ela teria dado um jeito de se livrar de mim...

Será possível que ela... Que ela sinta alguma coisa por mim...?

Bufei de irritação e me afastei da janela para começar por fim o meu trabalho que estava acumulado sobre a mesa.

O que eu estava parecendo agora? Um adolescente apaixonado preocupado se a garota mais bonita da escola gosta dele também? Que merda! Que porra está acontecendo comigo?

Tentei colocar toda minha atenção nos formulários e registros de atendimentos sobre a mesa, espantando os últimos acontecimentos da minha mente e toda droga de pensamento sobre ela, mesmo sabendo que era impossível. Se eu não fosse arrancado da sala pelos seguranças nos próximos minutos, levaria um pé na bunda pelo trabalho mal feito daquele dia.

~*~*~*~

Permaneci no escritório até depois da hora para terminar o trabalho acumulado. Já passavam das oito da noite quando saí como uma mula de carga depois de um dia cansativo de trabalho. Eu me sentia exausto! Nunca tive um dia tão ruim na minha vida! E tão confuso.

Konan não apareceu com os seguranças na minha sala o que significava que Sakura não tinha contado a ninguém sobre o beijo.

Aquela mulher estava me deixando louco a cada dia que passava. Eu nunca fazia ideia de como ela iria agir, o que estava pensando! Nada! Era a única mulher que eu não conseguia entender.

O que eu iria fazer agora? Meu plano estúpido de fazê-la me odiar para ir embora não tinha dado certo. Eu já deveria ter percebido isso antes... Na verdade, eu havia percebido, mas por que DIABOS eu continuei com ele?! Merda! Confesso que eu me deixei impressionar pela sua coragem, pela insistência dela em me desobedecer, pelo desafio em seus olhos toda vez que me confrontava... Por isso continuei com essa estupidez... O que me deixava puto era perceber agora que se eu quisesse mesmo me afastar dela, a solução não seria fazê-la desistir do emprego e sim EU abandonar tudo de uma vez. Afinal, Naruto já podia voltar ao seu trabalho, não existia mais necessidade de substitui-lo. Se ele quisesse ficar perto da esposa grávida que estava prestes a ganhar o bebê, ele podia se virar e conseguir uma licença de poucos dias.

Eu estava ali por causa dela... Por causa de Sakura.

~*~*~*~

No dia seguinte, eu não conseguia mais ser o mesmo de antes com a Srta. Haruno. E como poderia? Depois da lembrança daquele beijo me perturbar por uma noite inteira, eu havia me decidido a não continuar com o maldito plano de fazê-la me odiar. Afinal, ela já me odiava. E depois daquele beijo, eu tinha certeza que ela me considerava um maluco ou maníaco.

Na primeira ronda pela operação logo pela manhã, quando me aproximei de sua mesa, segui diretamente para o outro lado sem falar ou fazer absolutamente nada. Percebi que outros atendentes me consideravam com curiosidade e expectativa, esperando a bronca que abriria o dia de trabalho da Srta. Haruno. Claro que as broncas dirigidas a ela às oito da manhã de todos os dias já eram costumeiras na central de cobranças, mas no dia anterior eles tiveram um showzinho quando Sakura gritou comigo. Muitos esperavam uma vingança da minha parte, eu podia perceber.

Notei o olhar decepcionado dos atendentes quando passei por Sakura sem lhe dirigir uma sequer palavra e saí da operação. De longe, virei-me apenas para vê-la olhando para mim tão surpresa quanto os outros pela falta da reprimenda desnecessária.

A surpresa dentro daqueles lindos olhos verdes permaneceu pela semana que se seguiu. Eu a surpreendia sempre que nos encontrávamos em algum canto da central de cobranças e quando meu olhar encontrava o dela, Sakura desviava rapidamente com as bochechas ruborizadas e se tratava já de se afastar de mim.

Na manhã de quinta-feira, quando cheguei ao prédio empresarial, senti meu coração disparar quando vi Sakura aguardando o elevador ao lado de outras pessoas. Ela parecia bem distraída consigo mesma, brincando com o colar pendurado em seu pescoço. Permaneceu assim até quando entrei e fiquei ao seu lado sem que ela me notasse.

Eu sentia meu corpo tenso, do jeito que já estava acostumado a me sentir quando ela estava por perto. Mas mesmo assim, me perguntava por que Sakura me fazia sentir daquele jeito. Meus olhos baixaram pelo seu perfil e tive um desejo louco de poder tocá-la e afundar meu rosto em seus cabelos, beijar seu pescoço...

O elevador esvaziou no quinto andar. E só então, Sakura percebeu que eu estava lá, bem ao lado dela. Seus olhos se arregalaram na minha direção. Percebi como sua respiração ficou pesada, como seus ombros pareciam tensos, como seu rosto estava corado.

Eu não queria acreditar que ela estava com medo de mim, mas a possibilidade era imensa, levando em conta a maneira como eu a beijara na segunda-feira dentro da minha sala. Praguejei mentalmente mais uma vez ao reviver aquela cena. Eu deveria ter me controlado! Aquele beijo nunca deveria ter acontecido! A última coisa que queria era deixa-la com medo de mim.

Sakura tentou se recompor do susto e com a voz trêmula me desejou bom dia. Ela não pareceu abalada quando eu não respondi, apenas percebeu como eu parecia surpreso. De repente, desejei que os cinco andares que faltavam para chegar ao nosso destino demorasse um pouco mais. Que houvesse um blackout e o elevador parasse apenas para permanecer mais tempo ao lado dela. Havia tanto que eu gostaria de saber sobre ela. Sakura era um mistério. Um mistério que estava acabando comigo por eu não conseguir desvendar.

Nunca antes na minha vida havia me sentido um covarde! Se eu estava mesmo tão curioso a seu respeito, eu deveria dizer naquele momento antes que o elevador parasse, que gostaria de conversar com ela em particular, marcar um encontro em qualquer lugar fora daquele prédio para por fim de uma vez nessa agonia!

Mas algo me segurou. As portas do elevador se abriram e ela saiu na minha frente tomando o caminho contrário. Covarde! Eu sabia que não era medo da Sakura me chamar de maluco e dizer que não iria aceitar o meu convite que me impediu de fazê-lo. Eu temia uma coisa muito pior. Foi o motivo pelo qual eu estava ali em primeiro lugar. O motivo que me fez esquecer por algum tempo quem eu era e as minhas responsabilidades: a droga do amor, essa ilusão que me enganou uma vez.

Claro que eu não precisava necessariamente amar Sakura Haruno para sair com ela. Eu sabia reconhecer a diferença entre atração e amor, não sabia? Eu já havia me decepcionado uma vez ao me casar com uma mulher por quem eu me senti atraído, por quem eu acreditava que estava apaixonado. E eu estava tomando o devido cuidado para não cometer esse erro novamente.

Eu sabia que Sakura havia despertado algo em mim do qual eu nunca senti antes, mas eu poderia evitar esse sentimento. Ele não podia ser mais forte do que eu.

~*~*~*~

Naquele mesmo dia, ao término do expediente, o elevador que dava no estacionamento do prédio estava interditado. Tive que sair pela entrada principal e entrar por fora para pegar o meu carro. Surpreendentemente isso não me irritou. Na verdade eu estava prestes a praguejar quando cheguei ao térreo, mas quando meus olhos bateram em Sakura há poucos metros de mim, seguindo na direção da saída, eu não pude ficar mais satisfeito. Era estranho a maneira que me sentia pelo simples fato de apenas vê-la. Eu ainda não havia me acostumado com isso.

Eu segui para fora do prédio, tomando um pouco de distancia, me deliciando com os movimentos femininos de seu corpo enquanto ela andava sobre saltos altos, quando inesperadamente um filho da puta esbarrou em seu ombro, fazendo com que ela tropeçasse. Tive que controlar a raiva para não puxar o desgraçado pela camisa e desacorda-lo com um murro bem no meio da cara. Sakura estava caída no meio da calçada e eu não parei para pensar. Com três passos eu já estava ao seu lado, puxando-a para cima.

–Nossa! Obrigada, eu... – Sakura arregalou os olhos quando percebeu quem havia lhe ajudado a levantar.

Eu a segurava pela cintura, meus olhos procurando por alguma ferida causada pela queda. Sakura permaneceu calada durante toda a minha vistoria e quando meus olhos chegaram à altura de seu rosto, ela estava corada, o olhar incrédulo.

–Você está sangrando. – eu disse a ela, me perguntando novamente quem era aquele filho da puta que a derrubou e nem se preocupou em ajudá-la.

Sakura ainda ficou me encarando em completa mudez por alguns segundos. Seu corpo parecia tenso e o meu estava começando a formigar pela nossa proximidade.

–Oh, droga! Que falta de sorte!

–Tem uma farmácia na esquina. – eu disse sem pensar. E logo me arrependi. O que estava fazendo? Eu não era do tipo que agia ou falava por impulso!

–É mesmo? – Sakura perguntou confusa e no momento eu tive que pensar um bocado no que deveria fazer.

Olhei para Sakura que parecia ansiosa, surpresa, tensa, me encarando, aguardando a minha resposta. Ela não parecia ter medo de mim como eu pensava quando estávamos sozinhos dentro do elevador naquela manhã. Como eu queria desvendar seus pensamentos, Sakura... O que estava pensando de mim naquele exato momento?

Isso eu não poderia saber. Mas ela estava machucada e precisava de cuidados. E porra! Eu queria sua companhia, não queria? Segurei em seu braço e seguimos na direção da farmácia da esquina em silêncio. Comprei um kit de primeiros socorros e levei Sakura para um canto da farmácia onde não havia ninguém. Abri a embalagem do kit de primeiros socorros e dei para Sakura segurar. Não precisei olhar para o seu rosto para saber o quanto ela parecia surpresa com a minha atitude. Peguei uma gaze e me ajoelhei na frente dela para limpar o sangue que havia descido por sua perna.

–Sr. Uchiha, o senhor não precisa... – ouvi Sakura dizer sem jeito e eu tive que interrompê-la pedindo outra gaze. Ela me entregou e depois disso não disse mais nada.

Quando segurei em sua perna, levemente, senti um choque na minha pele em contato com a sua. A parte de trás de seu joelho era tão macia e delicada... Kami, como eu queria beijar o lugar onde a minha mão tocava. Senti meu coração acelerar, uma sensação fogosa e intensa nascia e crescia dentro de mim. Se eu não me controlasse, a sensação de aperto nas minhas calças começaria a incomodar e ficaria visível para todos ali no meio daquela farmácia.

Respirei fundo e pedi outra gaze para Sakura. Ela estava tão silenciosa, tão quieta que eu não podia saber como se sentia. E para falar a verdade eu não estava em disposição de saber. Eu tinha que me concentrar na excitação que estava quase me matando.

Limpei o sangue da ferida em seu joelho e depois apliquei um anticéptico. Sakura se contraiu e soltou um pequeno gemido por causa da ardência na ferida e eu soprei levemente por impulso. Nem tão por impulso, só não gostava da ideia dela sentindo dor.

–Vai ficar uma cicatriz horrível. – ouvi ela dizer enquanto cobria a ferida com um curativo.

–Apesar de ter sido profundo, foi apenas um arranhão. Não é nada que irá interferir na sua beleza. – eu disse simplesmente porque era verdade, agora de pé, olhando-a nos olhos. Sakura me fitou como se procurasse ironia na minha expressão, mas eu tenho certeza de que ela não encontrou.

–Obrigada, Sr. Uchiha. Não precisava se incomodar. – disse ela desviando os olhos de mim. Suas bochechas estavam coradas e aquilo causou uma sensação estranha dentro de mim.

–Por nada. – respondi. Ela voltou a me olhar nos olhos e eu a olhei de volta em silêncio. Quem é você, Sakura? Por que me faz sentir desse jeito?

Saímos da farmácia. Sakura parecia querer me dizer alguma coisa, mas não disse. Apenas se despediu de mim e seguiu seu caminho. Eu me virei e segui o caminho contrário. Meu coração batia tão rápido que eu me amaldiçoei por isso.

Eu nunca havia me sentido assim...

Me virei para vê-la uma última vez e foi ao mesmo tempo em que ela também virou. Olhei para dentro daqueles olhos de esmeraldas e meu coração deu um pulo mais forte.

Sakura se misturou a multidão que passava pela calçada e eu permaneci parado olhando na direção em que ela estava há poucos segundos.

Vá atrás dela, idiota! Uma voz ordenou na minha cabeça. E eu não me movi do lugar. Ainda havia muita incerteza de como eu deveria agir. Tinha receio do que poderia acontecer e me lembrei da promessa de que não me envolveria sentimentalmente com ninguém nunca mais, não acreditava em amor. Eu não podia correr novamente esse risco.

Mas algo dentro de mim estava mudando. Não era como da primeira vez em que fui enganado por esse sentimento.

Algo estava diferente. Eu tinha que me dar conta do que era.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Oi pessoas!
Não sei quem se lembra, aconteceu muita coisa nesse capítulo em "O Supervisor", mas eu tive que dividi-lo no meio porque senão ficaria muito grande.
Espero que tenham gostado e desculpem a demora.

bjss e até o próximo capítulo!

=Denny