Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 21
Lareira


Notas iniciais do capítulo

POV: Tyrion



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Tempos depois de Sansa ter adormecido ele percebeu que ela havia deitado no tapete ao lado dele enquanto olhava as chamas e pensava no que gostaria de dizer à ela.          

Tarde demais, Tyrion Lannister. Para quem nunca pensa no que vai dizer, levou tempo demais.

O cabelo ruivo de Sansa caia-lhe no rosto enquanto dormia. Tyrion levou a mão até bem perto do seu rosto para retirar o cabelo, mas se deteve no último segundo. Não queria acordá-la, sabia que ela tinha dormido muito poucos todas as noites. Ela merecia um descanso.

A bem da verdade ele também pouco havia dormido. Indo dormir sempre depois dela e acordando antes. Deitou-se ao seu lado, olhando-a enquanto dormia. Até que não resistiu a passou-lhe a mão pela face. Lisa como pele bebê. Os cabelos macios e sedosos. Teve medo de tê-la acordado quando ela se mexeu por baixo da sua mão. Mas os olhos não se abriram e Tyrion até pode ver um pequeno sorriso em seus lábios.

- Sansa, minha senhora, se soubesses...

Tyrion tentou dormir. Mas não conseguiu. Sentia o calor que emanava de Sansa bem próxima a ele. Sonhou com os olhos abertos com o dia que a teria na cama pela primeira vez, com o dia que finalmente poderiam ser chamados de marido e mulher. Sonhar esses sonhos deixou seu membro rígido. Nunca vai acontecer seu duende idiota. Já deveria estar mais do que ciente disso. Enquanto olhava para o teto, tentando de algum modo fazer com que seu membro voltasse ao normal sentiu Sansa rolando pelo tapete para mais próximo dele. Sentiu a mão dela roçando as suas costelas. E todo o trabalho que fez para voltar ao normal foi em vão, seu membro voltou a ficar rígido.

Haviam se passado horas, pelo que ele poderia dizer olhando as sombras que se projetavam no quarto. Ele pouco havia se mexido. Ela havia se aproximado um pouco mais dele. E ele, várias vezes tocou e afagou seu rosto.

Quando sentiu fome resolveu que era hora de levantar e deixá-la ali. Apoiou-se sobre um cotovelo, mas antes que se pusesse de pé ela acordara e olhava-o. Quando ele percebeu que ela o olhava não pode se levantar, ficou apoiado sobre o cotovelo. Olhando-a nos olhos. Até que tomou coragem para acariciar seu rosto. Com as costas da mão passou por seu rosto, desde as têmporas até o queixo. Tyrion achou que ela iria expulsar sua mão dali, e até expulsar a ele dali, mas ela nada fez. Apenas deixou e continuou fitando-o. Quando chegou ao final do queixo Tyrion viu Sansa fechar os olhos como alguém que estivesse realmente aproveitando aquele momento, a cabeça dela inclinou-se em direção à sua mão. Sentiu-a se aproximar dele. Nada se passava pela cabeça dele.

Tyrion aproximou-se, trazendo o rosto dela com a mão, levemente, e aproximando o seu rosto ao mesmo tempo. Os olhos dela estremeceram, mas não abriram. Ele ainda continuava com os olhos abertos esperando pelo tapa que viria assim que ela se desse conta do que estava prestes a acontecer. Mas nada aconteceu.

Roçou seu lábio nos lábios dela antes de beijá-la. Pressionou-o levemente contra os lábios rosados dela. Segurou o rosto dela com uma das mãos. Já havia beijado Tysha e Shae. Mas não era a mesma coisa. Mesmo com relação a Tysha, aquela com quem fora casado uma vez, quando ainda não passava de uma criança que se achava homem. Não havia mais espaço para Tysha dentro de Tyrion. Não havia mais espaço para nenhuma delas. Era apenas Sansa.

Separou-se do beijo, querendo mais, mas não tinha certeza até onde seria permitido ir. Queria beijá-la novamente. Mas dessa vez, de verdade. Não apenas encostando sua boca na dele. Queria sentir a língua dela na sua. Queria sentir o gosto da sua boca. Queria fazê-la mulher.

Estava pronto para beijá-la. Mas quando foi fazê-lo ouviu alguém bater na porta. E como se ela estivesse estado em um transe ela abriu os olhos, o olhar que deu para ele era diferente de qualquer um que ele já tinha visto, era um misto de surpresa e... excitação, talvez?  Sem muita delonga ela se levantou dali, deixando-o, para ver quem batia à porta.

Era Rickon, e chamava por Sansa, que ainda parecia um pouco atordoada, enquanto Rickon parecia imensamente feliz.

- Desculpe interromper, mas Vossa Graça pediu que fosse chamada assim que os corvos voltassem.

- Reúna o conselho, Rickon.

- Temo que meistre Theodore já tenha se encarregado de chamar Bran e Arya.

- Certo. Tyrion, vem conosco?

Tyrion ainda permanecia sentado no tapete, olhando para os irmãos na porta. Não sabia se deveria ir. Não era provável que Bran aceitasse de bom grado a sua presença. No último instante decidiu que era à rainha quem deveria agradar primeiramente, e não seu irmão. E se ela não quisesse que ele fosse, não o teria convidado.

- Se aprouver a Vossa Graça – e assim, seguiram os três até a sala do conselho.

Sansa andava no meio dos dois. Sem ousava olhar para Tyrion. A coluna ereta, o olhar no horizonte. Parecia até que Sansa colocava uma máscara para interpretar uma rainha. Não parecia ser a mesma pessoa que Tyrion acabara de beijar no quarto. De alguma forma, ele aprovava isso.

Quando se aproximaram das portas da sala, Rickon parou a um passo atrás de Sansa e Tyrion e deixou que os dois entrassem juntos. Arya, Bran e Theodore já ocupavam seus respectivos lugares. Como de praxe, todos se levantaram quando a rainha passou pela porta e só se sentaram assim que ela se sentou.

- Vamos direto ao assunto, quem respondeu?

- Até agora apenas Rei Tommem nos respondeu. Aqui está – disse meistre Theodore entregando o papel que chegara com o corvo.

Ao lado de Sansa, Tyrion não pode ler as palavras com clareza. Apenas via algumas linhas escritas com uma caligrafia perfeita, um desenho do leão da Casa Lannister e o selo vermelho escarlate intacto.

Sansa correu os olhos pelo papel. Leu-o para si enquanto o anão – e provavelmente, os outros três também - procurava por alguma pista do que estava escrito ali. A expressão dela não mudou.

- Tommem diz que pode nos ajudar. Só precisamos enviar alguém até Porto Real para cuidar das provisões e das trocas – e com isso ela sorriu. Um sorriso que Tyrion não via há dias. - Quem deveria ser enviado a Porto Real?

Pela cara dos presentes nenhum deles esperava que Sansa fizesse tal pergunta. Todos esperavam que ela escolhesse alguém e já o mandasse para Porto Real, de imediato. E Sansa percebeu a hesitação de todos na sala.

- Quero ouvir as propostas antes de tomar uma decisão. Digam.

- É de se pensar de a Mão da Rainha deveria ser enviada. Afinal, a Mão fala com a voz da Rainha – esclareceu Bran. – Ou talvez o mestre da moeda.

Era verdade que não havia muita gente em quem Sansa confiasse totalmente, todos sabiam. E era sábio da parte dela não confiar. Sobravam apenas os irmãos e Tyrion. Bran, pela mobilidade parcial das pernas não poderia se arriscar em uma viagem tão longa. Meistre Theodore com certeza não era o mais indicado para o assunto, e ele era estritamente necessário dentro do castelo ao lado da rainha. Tyrion... Este um era de confiança da rainha, mas era claro que nem Bran, Arya e talvez Rickon, concordassem em deixá-lo encarregado dos suprimentos. Restavam assim Arya e Rickon. Mão do Rei e mestre da moeda.

- Arya, você irá até Porto Real.

Apesar de ser Mão da Rainha era possível ver em sua expressão que ela não esperava que Sansa a escolhesse. Afinal, era fato que não nutria nenhum sentimento afetuoso pelos Lannister – não só por causa da guerra, isso vinha de muito antes.

Após uma rápida discussão sobre os dias de viagem, os acompanhantes de Arya e as possíveis trocas, todos foram dispensados e a reunião encerrada.

Sansa foi com Bran até a sede da Patrulha da Cidade escolher quem acompanharia Arya. Meistre Theodore se dirigiu até o viveiro mandar as novas notícias para Porto Real. Rickon acompanhou Arya até o quarto desta uma, combinando os últimos detalhes. Tyrion era o único sem uma utilidade.

O fogo na lareira continuava a crepitar. Tyrion nunca acreditara fielmente nos deuses. Mas isso parecia estar começando a mudar depois do que vira hoje. Parece que dessa vez, os deuses ouviram as preces de Sansa. Tyrion imaginava que esta não fora a primeira vez que ela rezava. Talvez fosse a primeira vez a ser ouvida. Ainda assim, um grande feito.

Procurando nada em específico no quarto, Tyrion passou os olhos por vários rolos de papel enormes dentro de um baú minimamente aberto. Não se lembrava de ter visto algo do tipo desde o seu primeiro dia ali.

O anão desenrolou os pergaminhos no chão. Eram ao todo dez, de comprimento quase maior que o próprio Tyrion. Vários desenhos de uma mesma construção. Os números no desenho eram explicados numa legenda no rodapé da folha. Um deles em especial era ocupado apenas com palavras, sem desenhos. Notas. Detalhes de como começar, de como manejar, de como fazer.

Não foi fácil entender no que tudo aquilo daria no final. Até que achou dentro de um dos rolos um pedaço de papel assinado por Meistre Samwell. Aquilo só poderia ser... É claro. Tenho que me lembrar de agradecer Samwell por isso.

Tyrion enrolou-os novamente e correu com eles nos braços para fora do quarto atrás de Rickon. Sabia que deveria falar com Sansa antes de qualquer um, mas algo dizia que Rickon poderia ser até mais útil, e quem sabe ajudá-lo a convencer os outros de que isso poderia poder funcionar.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me pela demora, pela semana sem postar. Andei meio sem inspiração - ainda continuo sem, mas... :/
Esse capítulo eu reescrevi um trilhão de vezes, provavelmente foi um dos primeiros a ser escritos - pois é, ir em ordem cronológica para quê?
Enfim, espero que gostem. *--*



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