Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 22
Um rei




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Sozinho em seus aposentos Rickon se via cercado por papéis, todos com contas de todos os tipos, algumas a serem pagas, algumas já pagas, algumas com relação aos mantimentos vindos de outras partes do reino, outras eram apenas impostos.

Todos os papéis estavam organizados de acordo com os assuntos, mas ainda assim tudo aquilo parecia uma bagunça. Uma bagunça de números. Uma bagunça em que ele deveria tomar todo o cuidado do mundo. Com muito para comprar e pouco para receber cada número era importante. Um número fora de lugar e todo o resto sairia errado.

Com Arya em Porto Real as esperanças voltaram a fazer parte do dia-a-dia de todos no castelo e também fora dele. Arya deveria estar de volta dentro de aproximadamente dois meses com todo o suprimento necessário para bons seis meses de inverno em cada castelo do norte.

Seis meses. Parecia pouco, é verdade. Mas era melhor do que nada. Uma carta de Porto Real afirmava que os comércios das terras verdes estariam sempre dispostos a ajudar o reino do norte. Rickon esperava que não demorasse muito o dia em que tudo voltaria ao normal.

Imerso em pensamentos, foi desperto apenas quando ouviu um ‘toc’ na porta. Esperou ver Bran ou talvez meistre Theodore ali na porta, mas viu entrar um ser pequeno. Tyrion. O rei carregava diversos pergaminhos quase maiores do que ele. Parecia um tanto quanto trabalhoso segurar tudo aquilo.

- Atrapalho? – disse ele assim que abriu a porta. Rickon se levantou de imediato.

- Claro que não, Sua Graça. Por favor, entre.

Tyrion entrou com passos ligeiros até a mesa em que Rickon se encontrava minutos antes. Deu uma leve olhada na profusão de papéis ali em cima, e depois dali rolou seu olhar para o mestre da moeda.

- Encontrei isso – disse o anão, apontando para os papéis em seus braços, – há alguns minutos.

- Se Sua Graça me permite perguntar, o que são?

- Mapas, manuais, instruções.

Em cima de um dos tapetes que cobria o chão do quarto Tyrion desenrolou um deles, fazendo esforço para segurar as pontas para que não enrolassem. Sem sucesso. Seus braços pequenos não eram capazes de segurar duas pontas ao mesmo tempo. Rickon ajoelhou-se no tapete ao lado do anão e segurou uma das pontas, deixando a outra para Tyrion.

- Consegue visualizar?

Desenhos e mais desenhos, algumas anotações no rodapé, setas para todos os lados. Uma caligrafia quase perfeita assinada por um tal de meistre Samwell Tarly. Rickon tentava de todas as formas entender o que estava escrito ali. Nunca fora bom com mapas, sempre pareceram muito confusos para ele, desde que era uma criança. Bran teria entendido rapidamente.

- Isso é um armazém, embaixo da terra...? – perguntou ele, incerto.

- Não como os que vemos por aí, mas é algo do tipo.

- Se me permite perguntar, onde estava tudo isso?

- Samwell Tarly quem provavelmente me deu – respondeu o anão, e depois continuou: - Samwell é meistre na Muralha, Castelo Negro, foi lá que o conheci. Eles tem um desse lá. Foi o povo livre, selvagens, povo para-lá-da Muralha, como queira chamar, quem montou, e ele apenas desenhou e fez as anotações. De qualquer forma, pensei que... Talvez... Talvez fosse possível fazer... Um igual... Aqui. Em Winterfell. Eu digo... Os suprimentos vindos do sul precisam ser guardados em algum lugar específico.

- Eu... Vossa Graça está de acordo com isso?

- Sansa... Ela... Eu não contei à ela. Gostaria que fosse uma surpresa.

- Oh! Entendo que talvez queira ajudar, Sua Graça, mas eu não entendo de manuais, não saberia como fazer. Não podemos trazer esse povo livre para montar um aqui.

- Oh, não. Claro que não. Mas talvez não seja assim tão complicado. Há anotações do que se fazer, como e quando fazer. Talvez precisemos de alguém que já tenha construído alguma coisa do tipo. Poderíamos pagá-las para montar.

Precisamos dessas moedas para os suprimentos, Rickon quis responder. Mas controlou a língua, e disse:

- Eu não sei, senhor. Sua Graça.

Rickon não estava convencido de que aquilo daria certo, por outro lado, Tyrion não parecia disposto a ceder e dar-se por vencido.

Tyrion desenrolou os outros nove pergaminhos ao redor deles, explicando detalhes de cada um. O que eram, o que diziam, para o que serviam. Rickon estava, de alguma forma estranha, impressionado com o anão e todo o seu desempenho.

Debateram sobre o assunto durante horas. Listaram os prós e os contra daquele empreendimento. Todos os prováveis riscos foram minuciosamente calculados. Pensaram nos detalhes, por mais insignificantes que parecessem. Quando pareceu não haver mais o que discutir, o sol já tinha se posto há muito tempo e uma lua cheia brilhava no céu iluminando o quarto.

- E então...? – perguntou Tyrrion, esperando pela resposta final.

Rickon permaneceu mais alguns instantes em silêncio. Discutindo com si mesmo sobre aquele plano mirabolante. De longe não era a pessoa mais indicada ao trabalho. Entretanto, algo dentro de si dizia que talvez tudo aquilo pudesse dar certo. Só precisariam tomar cuidado, muito cuidado. Até que enfim deu-se por vencido e respondeu:

- Podemos tentar.

Rickon viu um esboço de sorriso surgir nos lábios do anão ao seu lado. Mas logo se foi.

- Sansa não deve ficar sabendo disso. Não por enquanto.

- Se assim aprouver a Sua Graça.

Tyrion já havia começado a recolher e enrolar todos os pergaminhos novamente. Antes que os dois começassem a trabalhar neles precisaria escondê-los de Sansa. Pensar em um lugar para escondê-los fez Rickon perceber que não haviam decidido onde aquilo seria posto, se é que havia algum lugar longe das vistas da rainha onde tudo aquilo poderia ser montado. Rickon tentou visualizar todo os arredores castelo, mas não encontrou nenhum lugar adequado.

O anão estava pronto para deixa-lo quando perguntou.

- Vossa Graça, onde tudo isso será montado? Não consegui pensar em um lugar.

Tyrion parou no lugar por um instante, não mais do que isso, antes de responder:

- Tenho o lugar perfeito para isso. Encontre-me na primeira hora do dia de amanhã nas cozinhas e iremos até o lugar – disse o rei retirando-se da sala.

O mestre da moeda ficou por mais alguns minutos olhando para nada em especial pensando no rei que acabara de sair. Um rei que ele nunca imaginava que teria. Um rei que não parecia um rei. Um rei que não se portava como um rei. Afinal de contas, ele poderia muito bem ter me mandado fazer o que ele quisesse que fosse feito.

Era um rei diferente.

Um rei que todos deveriam realmente conhecer. Um rei que Rickon faria com que todos realmente conhecessem.


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Notas finais do capítulo

Como estão?
Mais um capítulo para vocês.
Inspiração ainda não chegou. D: Alguém quer me dar um pouco? :D
Enfim, espero que gostem. E se não gostarem, digam.
Ah, antes que eu me esqueça, queria agradecer às novas pessoas que favoritaram "Depois da Guerra" - e que eu ainda não agradeci: Claah Sparrow e Mrs Rocker Girl. Muito obrigada meeesmo! Vocês não tem ideia do quanto eu adoro saber que vocês estão gostando. ♥ *--*



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