Após o Réveillon, Mônica estava treinando com afinco para o Torneio Nacional de Líderes de Torcida (TNLT). Depois do trauma com a pirâmide, ela treinara tanto que agora executava a acrobacia como se a fizesse o tempo todo (e praticamente fazia).

            O torneio seria no fim de janeiro e as meninas dos Skrof High Lions (Leões de Skrof High) estavam preparadas. Porém, não contavam com uma surpresa.

            Certa tarde, em um dia normal de treino, elas foram visitadas pelas líderes dos West High Bees (Abelhas de West High). Elas queriam tirar satisfações sobre uma carta que fora enviada para elas, insultando-as.

            - Desculpe aí, coleguinha. – disse Jay, uma das Lions. – Nós não mandamos nada.

            - Não? – riu-se uma das Bees. – Então o garoto chamado Toni foi até o nosso colégio entregar essa carta sem motivo nenhum?

            - Espera. – disse Mônica. – Você disse “Toni”?

            - Sim, por quê?

            - Esse cara tem tentado me ferrar desde quando eu morava no Brasil. – e começou a narrar toda a história.

            No final, todas as garotas foram ao encontro de Toni...

            PAF, POF, SOC, TUM, PAM.

            Toni nunca mais tentaria prejudicar as líderes de torcida.

            - Valeu, garotas. – disse Mônica.

            - Quéisso? – riu uma das garotas. – Mas fique sabendo que nos vamos ganhar o TNLT.

            Todas riram. Mônica conquistara novas amizades nos EUA.

            - Ei, não nos apresentamos. – disse uma das Bees. – Eu sou a Shandra, ela é a Maysha, aquela ali é a Vanessa, tem também a Valkyria, a Fern, a Chelsea, a Lauren e a Sophia.

            Todas acenaram. Amber se adiantou para apresentar as Lions.

            - Eu sou Amber, ela é a Claire, tem a Rachel, a Cassie, a Gloria, a Donna, a Jay e, é claro, a Mônica.

Dia 01/10/2012 – Estádio Staples Center – Los Angeles/Califórnia - 10 horas da manhã. Estava tudo preparado para o TNLT. E estava um alvoroço, como de costume. Mônica já havia se acostumado com isso, pois estivera em outros estádios competindo para as Lions se classificarem para o TNLT.

- É estranho fazer a nossa apresentação onde foi o funeral do Michael Jackson. – comentou Mônica.

- Não boia, prima. – disse Amber. – Foi o Michael e não qualquer um.

- É verdade... – Mônica acenou com a cabeça. – Mas não é meio sinistro? Eu...

- Ai, prima! Negativismo não, né? Que assunto mais mórbido. Ânimos para cima e vamos fazer a apresentação das nossas vidas. – disse Claire.

- Claro. Ânimos para cima! – Mônica chacoalhou as mãos. – Xô, morbidez!

As Lions repassavam a coreografia mentalmente. Queriam que tudo saísse perfeito. Só que, antes delas, havia mais quatro grupos de líderes de torcida. As West High Bees (Abelhas de West High), as East High Seals (Focas de East High), as James K High Peacocks (Pavões de James K High) e as GW High Butterflies (Borboletas de GW High).

Para a sorte delas, as Peacocks tinham torcido o tornozelo em um dos treinos.

Enquanto as Lions esperavam, as Seals iam para o centro da quadra para começar. “Música bacana”, pensou Mônica quando a música começou a tocar. Depois de passarem as Seals, passaram as Butterflies e as Bees.

Quando a música das Bees parou, Mônica pensou: “É agora!”

“E agora, com vocês as garotas que tiveram as melhores notas nos torneios classificatórios! As Skrof High Lions!” anunciou o organizador do torneio pelo microfone.

Elas chegaram sob uma chuva de aplausos. A mascote da escola chegou depois. Fizeram tudo certinho. Na hora da pirâmide, Mônica a fez com perfeição.

Receberam nota máxima de quase todos os juízes (tinha um que tinha dado nota 6 para elas). “Mas, tudo bem, o que é dele tá guardado”, pensou Mônica, rindo.

As Lions voltaram para a escola erguendo o troféu. Eram campeãs.

“We Are The Champions!!!” berravam.

“Nossa” – pensou Mônica, olhando para o calendário, quem marcava 21 DE MARÇO/SÁBADO – “Faz um tempão que eu vim para cá. Já é dia 21 de Março. O meu aniversário. Será que elas sabem?”

Como era sábado, Mônica tinha dormido até mais tarde. Ela levantou-se da cama, foi até o banheiro, ligou o chuveiro e foi pegar suas coisas para tomar um banho. Depois do banho, ela vestiu uma roupa que definia como “de ficar em casa”. Quando foi até a cozinha, não tinha ninguém.

- Tia? Claire? Amber? Cadê vocês? – chamava Mônica. – Apareçam! – ela começou a ficar com medo. – Não tem graça esse tipo de brincadeira! Se vocês estiverem me ouvindo, eu já vou tomar café, tá? Ali na cozinha, onde têm muitas armas em potencial! – acrescentou.

De repente, Amber saiu de baixo da mesa, Claire, de dentro do armário da cozinha e a tia veio da sala com um bolo cheio de velinhas.

“HAPPY BIRTHDAY TO YOU! HAPPY BIRTHDAY TO YOU! HAPPY BIRTHDAY, DEAR MÔNICA! HAPPY BIRTHDAY TO YOU!”, cantavam.

Mônica estava emocionada. Até já tinha esquecido que era o seu aniversário de 18 anos.

- Mônica, nós temos uma surpresa para você. – disse Amber.

- É, prima. Venha. – disse Claire, tapando os olhos de Mônica.

Ela percebeu que estava sendo levada até a sala. Quando ia falar, sentiu alguém a beijar. As primas riam. Claire tirou as mãos dos de Mônica. Era Richard, que estava com um enorme buquê de flores.

- Feliz aniversário, amor. – disse ele, depois de descolar seus lábios dos dela.

- Valeu, querido. – falou Mônica, e tornou a beijá-lo.

- Pega leve, prima. Tem o nosso presente ainda. – disse Claire.

- E o quê é? – perguntou, curiosa, Mônica.

- Na verdade – explicou a tia – É um presente dos sues pais e meu. As suas primas não contribuíram.

- Audácia, mãe. – protestou Amber – Nós escolhemos a cor.

Sem falar mais nada, a tia de Mônica passou uma caixinha nas mãos dela. Quando Mônica abriu, quase caiu par atrás. Para confirmar, olhou para a janela. E quase caiu para trás de novo. Era um conversível rosa-choque com duas letras grandes em cima do capô: MS. E na caixinha tinha a chave dele.

            - Gente! É meu?

            - Todo seu. – disse a tia. – É que eu contei para os seus pais que você tirou licença para dirigir mês passado e eles gostaram da idéia.

            - Mô. Sabe em qual lugar você pode ir com ele? – perguntou Amber.

            - Em qual lugar? – perguntou Mônica.

            - Na boate mais badalada da cidade, ora. É o seu aniversário. Vamos causar! – disse Claire.

            Quando eram umas oito da noite, elas foram com novo carro da Mônica até a boate. Cortaram a fila, depois de ouvirem vários “Happy Birthday, Mônica!” de algumas pessoas (“Não sabia que era tão popular!” pensava Mônica), inclusive do dono do local. No momento em que elas entraram, viram que estava tudo escuro. Quando as luzes se acenderam, Mônica não conseguiu segurar as lágrimas de emoção. Todas as suas amigas e amigos (da nova escola) estavam lá, sob uma grande faixa em que estavam escritas, com letras bem grandes, as palavras: “HAPPY BIRTHDAY, MÔNICA!!!”.

            De repente, uma pessoa veio abraçá-la. Ela reconheceu o perfume na hora. Era...

            - Magali?

            - Feliz aniversário, Mônica.

            - O que você está fazendo aqui? – perguntou uma Mônica toda sorridente.

            - Você acha que eu ficaria de fora do niver da minha melhor amiga? E eu tenho outra novidade. – disse Magali.

            - Qual?

            - Eu vou estudar aqui, com você! Eu e o Cas. Nós ganhamos uma promoção lá do Limoeiro. Quando eu soube que a bolsa era para a sua escola, me empenhei bastante. E podia trazer um acompanhante. E arrastei esse carinha comigo. Não podia ficar longe do meu sujinho.

            Cascão veio dar feliz aniversário para Mônica, que deu um abraço forte nos dois (“Ugh!” exclamaram). Agora a sua festa estava completa. Nem reparara que faltava alguém.