Ainda com lagrimas nos olhos, virei e sai vagarosamente temendo chamar a atenção.

Não vi ninguém, quem quer que fossem aquelas pessoas ou aquelas coisas, não estavam mais preocupadas comigo ou com meu possível regresso.

Andei durante algum tempo sem rumo, ora corria, ora praticamente me arrastava, meus pensamentos corriam de um extremo ao outro tentando encontrar alguma explicação para o que eu tinha vivido naquela noite, mas era irreal demais, incrível demais, assustador demais...

Quando vi estava em uma via movimenta, os carros passavam e buzinavam cada vez que meus pensamentos me deixavam a deriva.

Um carro buzinou, mas diferentemente dos outros passou por mim e ofereceu carona.

-E aí, gata, indo pra algum lugar? Quer companhia?

Ele era bonito, mas me olhava com olhos de predador, me afastei do carro indo de encontro ao muro.

-Que foi? Medinho? Até parece que é santa, com esses olhos vermelhos andando dopada assim. Vem comigo que eu te financio, você não vai sair perdendo.

 Preparei – me para correr mais uma vez, mas minhas pernas não me obedeceram, fraquejei e cai na sarjeta.

Vi o rapaz descer do carro e se aproximar, mas antes que chegasse perto de mim, uma pequena multidão juntou-se a minha volta.

Acordei enjoada, ainda de olhos fechados percebi que estava em um carro, Meu Deus, isso era um pesadelo depois de tudo o que vi ainda fui seqüestrada por um estranho. Sabe - se Deus o que ele iria fazer comigo? Ou o que fez, já que não me lembro de nada!

Resisto um pouco, mas sei da necessidade de abrir os olhos.

E abro devagar, estou deitada no banco de trás de um carro, suspiro tentando encher – me de coragem e finalmente me sento, o enjôo retorna ainda mais forte, fecho os olhos novamente.

- Bela Adormecida, finalmente acordou. E aí, tudo bem?

Tão prestativo ...até parece que era tão educado assim.

- O que você fez comigo? Eu quero sair desse carro!

-Primeiro eu te salvei! Segundo eu acho que você não esta em condições de descer do carro, não consegue nem mesmo abrir os olhos.

Sua voz me pareceu carregada de ironia.

Abri os olhos, e o encarei surpresa, esse não era o cara que me interpelou na rua.