Ele não era propriamente bonito, seu rosto estava muito sério, me olhava pelo retrovisor com um misto de preocupação e outros sentimentos que não consigo decifrar.

- Quem é você?

- Eu sou o Adrian e você?

- Como vim para aqui?

- Você desmaiou na rua, eu estava perto, vi tudo e antes que aquele seu enamorado chegasse perto, resolvi bancar o herói e disse a todos que você era minha irmã, te trouxe pro carro e voilá, aqui estamos! Sorte sua, acho que sua outra opção não era muito agradável.

Ele fez uma careta e olhou para mim, esperando uma resposta.

- E aí, Bela? Não vai falar nada? Um obrigado já seria um bom começo!

- Meu nome é Brenda, obrigada.

Sinto um alívio, mas logo minhas lembranças me assaltam, começo a tremer e as lágrimas rolam soltas.

Viro a cara e passo a olhar a paisagem, esta amanhecendo, os raios de sol invadem o carro, percebo que essa noite surreal mudou a minha vida, mas ainda não tenho noção de como!

- Para onde vamos?

- Eu estou indo atrás da minha irmã, a verdadeira, e você, eu não sei o que fazer! Se fossem tempos normais eu te deixaria na primeira delegacia, mas agora eu não sei!

- Tempos normais? – Sinto – me imediatamente alerta.

- O que você sabe? O que esta acontecendo? Quem é você?

Procuro qualquer reflexo em seus olhos, mas a luz do sol me impede.

- Começando do fim, Adrian. A resposta das outras eu... não sei, mas algo esta muito errado!E você o que sabe?

Resisto um pouco, mas conto minha história. Ele ouve atentamente embora olhe poucas vezes para mim.

- Alguma coisa esta acontecendo, mas eu não consigo entender, e apesar da sua história não acho que vou entender agora, então mocinha, o que acha de paramos, comermos alguma coisa. Aposto que você quer lavar o rosto!

Olho pela primeira vez minha imagem no retrovisor, estou péssima, meu rosto está inchado e amassado, a maquiagem derretida, e meus lindos cabelos, amassados e enlameados, percebo então que meu enjôo era causado pelo vômito que se grudara nele, e em meu vestido. Tá que eu não era vaidosa, mas eu estava um monstro.

- É quero sim, mas depois você me leva para minha casa, preciso ver minha mãe.

-Pra onde você quiser, princesa!