Foi então que vi o pai de Carol misturando o conteúdo de um frasco pequeno na garrafa de bebida, que logo serviu a todos os adultos presentes, Carol veio e me entregou um copo de coca.

- Como não vão servir pra gente, te trouxe essa bebida.

- Espera um pouco tenho que falar com meu pai.

- Sei que você quer experimentar a bebida, mas você tem quinze anos não é? Vamos beba a coca!

Ela estava persuasiva demais, seus olhos que ás vezes ainda refletia o círculo prata iam de um lado para o outro, pareciam medrosos. E o medo me invadiu também.

Fingi tomar um gole do refrigerante, sorri e sai andando, mas deu tempo de perceber seu olhar de alívio.

 Tentei falar com meu pai discretamente, mas não deu tempo, vi que todos ficaram zonzos, fingi amolecer também, fui cambeteando até perto da porta, tinha uma moça parada ali, eu não a tinha visto antes.

Meu Deus o que estava acontecendo? Todo mundo estava louco, dopar os convidados de uma festa, não fazia sentido, ainda mais a Carol.

Quando a moça veio em minha direção, tive que tomar uma decisão, empurrei ela com força e sai correndo pelas ruas, tive a vantagem da surpresa e ela não conseguiu me seguir.

Corri desesperadamente, minhas botas de montaria serviram bem para isso, ainda bem que eu não gostava de salto.

Pensamentos sem nexo varriam meu cérebro, meu pai, morto? O reflexo nos olhos da Carol, será que eu estava louca? Será que eles estavam loucos?

Eu já estava cansada, minhas pernas fraquejavam, mas eu não conseguia parar de correr.

Procurei o posto policial mais próximo e contei minha história, vi que um deles tinha o mesmo círculo prata no olho e ele calmamente falava ao outro que eu estava claramente drogada e que ele me levaria aos meus pais.

Mais uma vez corri, desesperada, as lágrimas turvavam minha visão, mais uma vez escapei e tudo o que eu queria era minha casa, mas e meu pai? Poderia eu esquecê-lo, sem saber qual destino teria entre aqueles loucos.

Decidi por tentar saber que estava acontecendo, após mandar que meus pulmões respirassem, voltei para casa de Carol com toda a descrição que me foi possível.

Entrei pelos fundos, a casa estava muito silenciosa e eu temia a cada passo denunciar minha presença, atravessei a cozinha e quando vi a sala de estar tinha se tornado um centro cirúrgico , todos vestiam roupas verdes claras e máscaras, e meu pai estava ali , deitado inerte,  vi quando o viraram de bruços e cortaram seu pescoço, sufoquei um grito enquanto minhas lágrimas rolaram soltas  .

Vi quando de um pequeno barril de metal tiraram um pequena tira prateada que serpenteava e colocaram no corte. Vi quando eles fizeram um curativo e ouvi rumores baixinhos, até que ele acordou e sorriu.

Sentou-se calmamente do leito improvisado e quando se virou para conhecer o lugar em que estava, vi seus olhos prateados. Soube então que aquele não era mais meu pai!