– Julietaaa! – Gritava Carlóta – Acorde! Você vai perder seu primeiro dia de aula, menina!

– Ai... Já vou – Disse Julieta se revirando e cobrindo o rosto com o lençol.

– Já vou nada, é agora, você esta mais que atrasada! – Carlóta continuava a gritar.

– Tudo bem, você ganho só essa vez! – Riu Julieta acompanhada por Carlóta.

Carlóta se retirou do quarto deixando Julieta a sós. Julieta se levantou, se alongou, foi até seu banheiro e vez sua higiene matinal.

– E agora? – Perguntou pra si mesma. – Com que roupa eu vou? – Disse em frente ao seu closet abarrotado de roupas.

Por fim escolheu uma blusinha básica preta, seus jeans escuros e seu All Star favorito. Passou um brilho cintilante nos lábios e um lápis de olho. Julieta nunca foi de usar muita maquiagem, pois era muito tímida e preferia ficar escondida no meio das outras garotas.

– Bom dia papà. – Disse ela quando se sentou à mesa para tomar café.

– Bom dia. O motorista irá te levar para o colégio. – Disse o pai de Julieta indiferente, enquanto bebia café em uma xicara banca e folheava um jornal. – Droga! Não acredito nisso. – Disse o pai para si mesmo, muito irritado.

– O que foi papà? – Julieta perguntou não escondendo sua curiosidade.

– A empresa Capuleto de novo! – Disse ele – Vão abrir outra loja hoje.

– Hmm... – O pai sempre ficava uma fera quando o assunto era Capuleto ou a família Di Ferreiro. – Sabe... Eu nunca entendi direita essa briga... – Disse Julieta se arrependendo de ter dito isso imediatamente. O pai a fuzilava com os olhos, mas nada disse, apenas voltou a ler o jornal.

A refeição continuou em completo silêncio. Era sempre assim, só o silêncio, desde que sua mãe morreu seu pai nunca mais foi o mesmo, agora era um homem frio, triste...

Julieta comeu uma panqueca com calda de mel e bebeu um copo de suco de laranja.

– Papá, ainda falta meia hora para ir pra escola, então eu posso tocar uma música no piano? – Julieta perguntou rompendo o silêncio com medo da resposta.

– De novo? – Pergunto o pai. – Ah... Tudo bem, mas só uma música e depois chega! – Disse o pai ainda lendo o jornal.

– Muito obrigado Papá! – Falou Julieta saltitante.

Julieta correu até seu quarto, sentou no banquinho e começou a tocar uma musica clássica.

(Musica que ela tocou http://www.youtube.com/watch?v=6Q0SxvEMyGA)

A música encheu a casa. Carlóta sorriu orgulhosa enquanto tirava o café da manhã da mesa, o pai deu um meio sorriso e todos os empregados ouviam cada nota atentamente.

Quando ela acabou, houve uma salva de palmas, todos aplaudiram: empregados, jardineiro, cozinheiras... Todos menos o pai.

– Julieta, já esta na hora, feche o piano e vamos. – Disse Carlóta entrando no quarto e assustando Julieta.

– Mas já? Não posso tocar outra? – Disse Julieta fazendo um biquinho.

– Nem adianta fazer biquinho. – Julieta não entendeu a indiferença de Carlóta. – Ordens de seu pai. - Explicou Carlóta se rendendo. Julieta entendeu perfeitamente, fechou o piano e se retirou sendo seguida por Carlóta.

– Addio papà. – Disse Julieta quando passou pela sala de estar onde viu seu pai lendo uns papéis.

– Addio. – Disse ele sem nem olhar pra Julieta.

– Addio Carlóta! – Gritou da janela do carro para a governanta que acenava histericamente.

– Ela cresceu tão rápido. – Comentou Carlóta para a empregada enquanto via Julieta desaparecer na curva.

Julieta estava dentro do carro ouvindo sua musica quando o carro deu uma freada brusca, oque a assustou muito.

– O que aconteceu Dino? – Perguntou Julieta ainda arfando pelo susto para o motorista.

– Um carro passou mesmo com o sinal vermelho. – Respondeu Dino.

– Já estamos perto da escola? – Pergunto Julieta agora mais calma para o motorista.

– Sim. A escola é daqui a um quarteirão.

– Nossa, acho que da pra min ir a pé.

– Não acho uma boa ideia. Eu recebi ordens. – Disse o motorista rápido de mais.

– Ordens? – Perguntou Julieta curiosa.

– Sim. Seu pai mandou eu te deixar na porta do colégio.

– Não será necessário. – Disse Julieta em um ato de rebeldia.

– Senhorita... – O motorista tentou argumentar.

– Eu já estou indo, addio! - Disse Julieta cortando a fala do motorista.

Julieta saiu do carro deixando o motorista sem fala, colocou de volta seus fones de ouvido e começou a andar sem pressa nenhuma. No caminho Julieta encontrou uma menina muito alegre e meio maluquinha, a garota disse que se chamava Rosalina. ”Um nome muito incomum, eu sei.” Disse ela. As duas foram conversando alegremente pelo caminho sobre coisas banais.

– É seu primeiro dia, não é? – Perguntou a garota parecendo preocupada.

– Sim, por que? – Julieta indagou.

– Nada... Só boa sorte. – Disse Rosalina nervosa do nada.

– Espera... – Disse Julieta tarde de mais. – Estranho. – Concluiu ela.

Julieta estava na porta do colégio. Travou ali mesmo, estava muito nervosa.

– Senhorita. – Chamou o porteiro – Vai entrar? Já vamos fechar o portão. Esta tudo bem?

– Ah, sim esta tudo bem, só estou um pouco nervosa com meu primeiro dia. – Respondeu Julieta depois de um tempo.

– É, sei como é, o típico nervosismo. – Disse o porteiro muito simpático. – Sou o Senhor Logan, se precisar de ajuda para algo é só chamar. – Julieta assentiu sorrindo. – Venha, vou leva-la até sua sala.

– Obrigada – Disse Julieta simpática.

Julieta caminhou em silêncio ao lado do porteiro. Pararam em frente a uma sala de porta azul, o Sr. Logan deu três batidinhas e esperou pacientemente.

– Ah, olá Sr. Logan, como vai o Senhor? Essa é a aluna nova? – Perguntou uma moça que parecia ter uns 33 anos abrindo a porta.

– Olá Madame Ágata, vou muitíssimo bem. Sim, essa é a aluna nova, o nome dela é...

– Ótimo, não temos tempo, ela esta muito atrasada. – Disse a Madame muito rápido fechando a porta na cara do Sr. Logan.

– Querida, seu nome é...? – Ela disse mais calma de repente.

– Julieta. – Disse meio ansiosa.

– Classe, essa é a aluna nova, o nome dela é Juliet. – Disse a professora segurando um copo de Vodca na mão.

– Julieta. – Corrigiu baixo para a professora.

– Tanto faz. Querida, sente-se ali do lado de Rosalina, ela vai te passar as regras das minhas aulas. – Disse a professora, apontando pra uma cadeira, sim, era só a cadeira mesmo, não tinha mesa. Julieta achou isso muito estranho.

Julieta caminhou em silêncio até lá, ela estava corada porque todos estavam a encarando. A sala parecia um auditório, tinha um palco e janelas escuras com cortinas vermelhas por toda parte. Julieta se sentou ao lado de Rosalina, as duas trocaram sorrisos e comprimentos.

– Bem, - Começou Rosalina – Você já percebeu que essas não são aulas comuns, então se você quiser seguir tem que obedecer algumas regras. A Madame só gosta que chamamos ela assim, ou seja, nada de Professora, só Madame. Nunca pergunte nada, só se você tiver uma duvida que PRECISE muito ser esclarecida. Nunca, em hipótese alguma, interrompa a Madame quando ela fala, NINGUÉM fala junto com ela!

– E o copo de Vodca? – Pergunto julieta.

– Ah, ela diz que Vodca da visões nela. Às vezes, ela fuma e bebe nas aulas, mas ela é uma ótima professora... Só é muito excêntrica! – Respondeu Rosalina um pouco rápido.

– O que nós vamos estudar?

– Bom, nós estudamos Educação Artística. Artes visuais, artes cénicas e MÚSICA! – Respondeu Rosalina. Julieta parou de respirar quando ela falou a palavra música. Julieta dera muita sorte em ter ficado na classe artística. – Fazemos aula de segunda à quinta, toda sexta apresentamos o que aprendemos e fazemos um trabalho. Todo mundo tem uma dupla aqui.

– Então nós duas somos uma dupla? – Perguntou Julieta com esperança de ter feito uma amiga.

– Infelizmente não, minha especialidade é arte cénica e eu já tenho uma dupla. Você vai ficar com outro novato. – Respondeu Rosalina meio melancólica. – Mas mesmo assim nós somos AMIGAS! – Disse Rosalina eufórica.

– Já explicou tudo pra ela Rosalina? – Pergunto Madame.

– Sim Madame Ágata.

– Ótimo, o resto ela aprende com o tempo. – Disse Madame dando um gole na Vodca logo em seguida. – Venha, vou arranjar um par para você! – Disse Madame tirando Julieta de perto de Rosalina e a colocando encima do palco, na frente de toda a classe.

– Vamos ver você... – Disse Madame, colocando o copo em cima do piano que havia no palco. – Vamos ter que fazer o teste com você. Sexta-feira vamos achar o talento dos novatos! – Anunciou a Madame. Todos os alunos começaram a bater o pé no chão histericamente. – Bem novatos vocês vão apresentar o que sabem fazer de melhor na sexta-feira!