Alois, antes mesmo que qualquer um tivesse qualquer reação, desatou a rir feito um lunático. Espera, isso tudo foi porque eu gritei?!

Olhei para Isadora, seus olhos ainda inchados e avermelhados, estavam cessando com as lágrimas, e seus lábios, há pouco trêmulos abriam um sorriso digno de miss universo. Como sempre, angelical demais para ser real. – Senhorita!! – Ela se repetia secando as lágrimas das bochechas. Correu para o meu lado e curvou-se perante mim.

Apesar de me sentir melhor por ela ter parado de chorar, tentar fazer o que achava que minha outra eu faria. – Pare com isso. – Repetia seriamente, indicando que ela se acalmasse com ambas as mãos. Ao menos, é isso que esperam que eu faça, não é mesmo? Estou me portando como uma verdadeira senhorita rica? Um sarcasmo surgiu em minha mente.

Ela arregalou os olhos curvando-se uma segunda vez, enquanto sua voz, mais uma vez trêmula indagava repetidas vezes. – Desculpe. – Apesar disso, quando se ergueu, ainda olhando para mim, fez uma piscadela entendendo o que quis fazer, ela realmente me conhecia bem, ou melhor, conhecia a minha outra eu... Quero dizer, você entendeu!

Alois, finalmente mais recatado de si mesmo, arqueou ambas as sobrancelhas com desdém e se pôs a falar. – Bom agora que o problema está resolvido. Podemos voltar a nossa discussão? – Apesar do olhar, eu continuava a me perguntar se ele havia me reconhecido, ou não.

O jovem atrás dele, que ainda não havia dito uma palavra e apenas observava a tudo divertidamente com seus olhos da cor de âmbar disse:

– Alteza? – Perguntou, apertando um pouco os olhos e curvando-se em forma de reverência.

– O quê? – Respondeu em tom irritado, como se não gostasse de ser interrompido.

– Não irá cumprimentar a senhorita Willian? – Ele assentiu com um olhar para mim. Seus olhos eram brilhantes, porém sem emoção. Completamente secos?

Alois, parecia contrariado, e com um som irritado produzido por sua boca, virou-se para mim. – Ah sim, é claro! Olá senhorita Lucy Willian. – Disse ele me abraçando e me dando um beijo, um em cada bochecha.

Encarei-o um tanto sem reação, a palavra 'Falso' palpitava fortemente em minha mente.

– É... Olá. – Disse com um sorriso simples. Ele olhou para mim como se estivesse esperando algo. – Alois? – Arrisquei. Seu sorriso, forçado, aumentou. – Desculpem. Porém tenho que partir. Não é mesmo Isadora? – Disse fitando-a. A situação já estava estranha o suficiente, se eu continuasse ali, iria piorar. Ela apenas assentiu um pouco em dúvida, concordando por fim. – Se me dão licença, assenti aos quatro senhores.

– Espere! – Disse Alois. – Não deseja jogar uma partida de xadrez? – Ele me perguntou com um olhar misterioso.

– Só porque estava perdendo você a chamou. – Riu o jovem ao lado de Alois. Ao seu lado, o outro mordomo de olhos vermelhos sorriu levemente. – Mas, realmente, seria positivo. Você é muito sem graça. – O jovem de cabelos negros parecia apático.

Suas últimas palavras fizeram Alois parecer irritado enquanto apertava ambas as sobrancelhas contra seu osso nasal.

Inicialmente fiquei sem saber qual seria a melhor opção, mas com um simples anseio pela competição, acabei reproduzindo:

– Eu aceito. – Sorri maliciosamente. Ambos o mordomo, e o jovem de cabelos negros e olhos azuis também. Por quê?

Isadora por outro lado, deu uma leve risada. Será que minha outra eu, sabia jogar xadrez? Agora ficara preocupada, e se eu tivesse cometido - mais - um erro?