A Life Time escrita por Lu Falleiros


Capítulo 21
Negócios, entre apenas 2 pessoas, com outra visão.


Notas iniciais do capítulo

Novamente este capítulo é contado por Ciel.



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Ela era baixinha, mas nem por isso, não sabia lutar. Seu esgrimir era quase... Quase... Tão bom quanto o meu. Após alguns minutos de luta, percebi que tanto eu quanto ela possuíamos alguns cortes, ela mais na parte de cima do vestido, principalmente nas mangas e pescoço, sobrando, quase, que apenas o belíssimo corpete que compunha seu vestido, quanto a mim, minha calça e o quadril estavam com vários cortes, aquela roupa iria para o lixo. Mas nenhum deles eram muito profundos. Estava interessante lutar com ela, seus movimentos eram simples, mas habilidosos, nunca vi uma dama usar um sabre. Entre alguns golpes e outros, via-a observando-me, o que será que ela estava pensando? Ela sempre me intrigava! Continuamos lutando silenciosamente, quando de repente, rasguei um grande pedaço de vestido, danificando-o. Ela ficou com apenas uma das mangas inteiras, e parte de suas costas ficara a mostra. Ela possuía uma marca, semelhante à minha. Aquilo não me surpreendia. Ela me entendera... Ela era igual a mim. Qual será sua história?

Pensando naquilo, percebi que não poderia prosseguir com a luta, me interrompi e virando-me contra ela, segui até a porta. Dizendo:

- Temos negócios a resolver. – Eu parecia ignorá-la, mas ela não saia de minha cabeça. E agora mais ainda. O que está acontecendo? Ela não dizia nada, o que era intrigante. Após alguns passos senti a ponta de um sabre nos meus cabelos, e em seguida meu tapa-olho foi retirado, por que ela tinha feito aquilo? Será que foi sem querer? Virei-me enfurecido para ela. Ela não podia fazer aquilo! Não comigo. Me expor daquele jeito. Antes que eu pudesse falar algo, ela começou:

- Um pedaço de meu vestido, - que estava rasgado, com um retalho em meu sabre. – Por um tapa-olho. Justo? – Ela perguntou, sínica, ao mesmo tempo em que chegava à minha frente e dizia – Vamos jantar? – Ela sorriu, enquanto apreciava o meu contrato, meu outro olho. Percebi que ela não estava surpresa, e ainda queria perguntar o porque de tirar meu tapa-olho, mas ela me impediu com uma das mãos, enquanto virava de costas, e fazia com que eu afirmasse o que achava. Ela realmente tinha a marca, não fora só impressão. Decidi tentar ignorar, mas sabia que não conseguira.

- Vamos jantar. – Completei ainda tentando ser imparcial. Caminhamos juntos pela escada, nos separando apenas na própria mesa de jantar, quando sentei em uma ponta e ela em outra. Izadora ao lado dela em pé, e eu sozinho enquanto Sebastian servia a decorrência de pratos nunca bons o suficiente que ele sempre fazia, será que só eu tinha um mordomo que mal sabia cozinhar? Entre algumas garfadas e outras, soltávamos algumas informações importantes como, por exemplo:

- Eu adoraria que minha loja se localizasse naquele lugar em específico. Aquele no qual nos encontramos ainda hoje. – Disse para ela imparcial. Ela sorridente, não mudava a feição neste momento seu sorriso estava como de antes, maliciosamente convidativo, semelhante ao meu. Tão diferente do que sua ancestral fora. Ela era uma pessoa interessante.

- Eu sei o porque de querer que sua loja se localize ali, é a passagem onde mais passarão pessoas, graças ao péssimo projeto da Galeria. Eu decidi modificar algumas coisas. – Acrescentou ela com outra garfada no doce, que para mim estava um tanto rançoso. – Veja a planta. Você é o primeiro não espalhe. – Ela sorria enquanto entregava os papéis recém-desenhados, com todas as mudanças de planos. – A galeria agora será um espaço mais aberto, com todas as vitrines voltadas para a rua, haverá quatro entradas não duas, que formarão uma cruz, encontrando-se em um pequeno espaço, onde haverá um vitral no telhado, podendo relaxar próximo à fonte. – Explicou apontando tudo sobre a planta que havia feito, e que estava em minhas mãos. – Será mais propício para os negócios, se deixar sua loja mais próxima do centro, pois muitas crianças optariam por visitar a fonte onde poderiam brincar. – Ela estava certa, e minha expressão fez com que seu sorriso se alargasse. – E ainda, não perderá em vitrine, pois os espaços que ficaram na área perpendicular da Galeria, terão um espaço ao ar livre para seus negócios, ótimo para uma loja de brinquedos como a sua, inovação. As crianças poderão brincar do lado de fora. E aproveite agora, a época das festas para vender mais. O que acha? – Perguntou, vendo se me convencera. Mas e o preço, eu pensava, tudo parecia maravilhoso demais para ser barato.

- Tudo isso parece esplendido. Mas acho que o preço será maior por essa área privilegiada, não? – Perguntei, percebendo que suas feições entortaram um pouco, mesmo assim ela tentava me convencer.

- Sim, realmente. Mas nada que seja impossível para o senhor Phantomhive, não é mesmo? – Ela se resumiu a dizer, me lembrando da discussão que tivemos na hora dos presentes.

- É verdade. – Falei, aceitando.

- Muito bem. – Ela ainda sorria, talvez tentando parecer calma, mas porque algo a parecia abalar? – Agora se me dá licença. – Começou a se levantar, ela vai embora? Mas já? Acabamos de fechar um negócio, deveríamos comemorar, e eu ainda queria ver se ganhava dela no esgrima.

- Não gostaria do chá? – Perguntei, entoando surpresa para tentar fazê-la ficar mais um pouco.

- Claro... – Respondeu levemente, ainda parecendo preocupada.

Quando Sebastian servia o chá, a porta bateu, e ele se interrompeu para atendê-la, que irresponsável, não sei como o aguento. Meu chá já havia sido servido, e o dela não. Estava esfriando, e eu não podia tomar! Por que Sebastian estava demorando tanto? Uma voz esganiçada e jovem então percorreu todo o lugar, que antes estava sereno. Eliza? Não! Por que agora? Por que hoje?

- CIIIIIEEEEEELLLLLL!!! – A voz de Eliza, percorreu a casa inteira em busca de mim e logo ela entrou na sala em que estávamos, seu vestido como sempre possuía babados e rosa demais para qualquer garota. Lucy parecia surpresa, chocada ou até mesmo enojada por ela, uma garota de dezesseis anos que se vestia daquele jeito. Ela então se levantou, decidindo que não poderia ficar no mesmo cômodo que Liza... Por que ela tinha que aparecer justo agora! Estava irado, e nem conseguia decidir os tantos porquês que poderiam ser.

- Eliza? – Perguntei tentando me controlar, enquanto fitava Sebastian sem conseguir esconder a raiva. – Saia daqui. Estamos em meio a um negócio. – Ordenei para a jovem criança que já estava ao meu lado.

- Ora Ciiiiiiellllll – Disse ela puxando demais o L fazendo Lucy rir, o que era tão engraçado? – Eu sou sua noiva, não deveria estar feliz por me ver? – Ela se via chateada, ou fingia bem. Por que ela tinha que comentar aquilo, queria tanto poder desmentir tal história, mas não podia a verdade era nua e crua, entre ela e Lucy, eu a escolhi como noiva, agora sei que deveria ter feito outra escolha. Ainda irritado com todos os fatos, coloquei uma das mãos na cabeça,e com a outra pedi para que Sebastian a tirasse da sala, um tanto envergonhado ainda, disse para Lucy – Desculpe por isso, não vai se repetir. – Ela sorriu tristemente. O que estava acontecendo? Por que ela parecia tão chateada? Será que fiz algo errado? Eu tenho que descobrir.

- Tudo bem, eu já estava de saída. – Ela disse, ainda olhando para o chão, mas tentando sorrir, não deu certo. Pelo menos não para mim. Mas tentando ignorar concordei, enquanto Liza gritava pela casa, peguei-a pela mão e a guiei até a porta, tentando fazê-la sorrir novamente, mas sem sucesso. Izadora seguiu-nos em silêncio, e ao chegarmos à grande porta que havia se aberto não mais que cinco minutos atrás, percebemos que estava chovendo. Izadora e Lucy pegaram os casacos que estavam sendo segurados pela mordomo, vestiram-se, e percebi que ainda faltava um pedaço de seu vestido, seus olhos não se ergueram nenhuma vez enquanto partiam até a carruagem. Ela me olhou novamente quando chegou à porta da carruagem, e com um sorriso triste entrou, mas eu queria tanto que ela estivesse feliz, por que estou me sentindo assim? Quando elas partiram, a raiva novamente voltou à minha cabeça, e gritando ordenei:

- LIIIIZZZZAAAA!! Onde está você!- Gritei enquanto subia as escadas.

- Olá Cielllll!!! – Ela surgiu na minha frente. – Dispensou aquela chata da Lucy? Para podermos passar um tempo juntos? – Ela segurava o sabre que antes eu e Lucy lutamos, percebi que meu tapa-olho, não estava na lâmina. Ela então o levara. Eu sorri. E continuei caminhando até o palanque de esgrima, onde peguei o pedaço de vestido que arrancara dela, o levei até o meu escritório e lá o deixei. – Não me ignore Ciel. – Eliza me importunava como queria dispensá-la.

- Eliza, quero que saia daqui. Saia e não volte mais. Há muito tempo não me sentira de um jeito esplendido, dez anos para ser exato, e você acabara com tudo em apenas dois segundos. Saia da minha frente, antes que eu perca a educação. – Eu repeti para ela, sem olhar em sua direção. Ela parou no meio do corredor e assentiu:

- Eu vou voltar amanhã Cielllll.... Tomara que esteja de bom humor. – Ela sorriu e foi para a porta, sem parecer se importar com meus comentários, eu sei que ela estava chateada, mas não me importava, quando a vi saindo de casa, só uma coisa ficava em minha cabeça, o olhar triste de Lucy. Por que ela estava daquele jeito? E por que eu me importava tanto? Continuava repetindo enquanto caminhava novamente ao escritório, para analisar o lindo vestido... Ou quase.


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