My Germany escrita por UmGreyjoy, Florita


Capítulo 9
Thomas Roys


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui está o terceiro capítulo do Thomas Roys. Depois da Adena, hora do nosso soldado interagir com uma outra personagem. Boa leitura!



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Andei pela tarde fria e chuvosa de Berlin. Não era meu horário de trabalho, mas eu estava fardado assim mesmo. Deveria estar fazendo “horas extras” voluntárias, mas estava distraído de mais para prestar atenção em qualquer coisa.

Ainda estava atordoado com relação ao meu encontro com Ivy Savinna, ou melhor Adena Devet. Ela realmente era irmã de Ashira, e uma judia. Como se não bastasse, Strauss sabia disso e me pressionava o tempo todo a respeito da prisão dela. Eu enrolava, mas sabia que mais cedo ou mais tarde ele tomaria as próprias providências.

Estava bem distraído, mas não tanto para não perceber o familiar som do choro.

Viro-me na direção e vejo uma garota que soluça. Dezoito anos no máximo, com expressão inocente e aparência angelical. Senti pena dela no mesmo instante. Já havia anoitecido, e além do frio, a chuva poderia voltar a qualquer momento. Andei até lá:

- O que foi moça?

Ela dá um gritinho assustada, quando vê meu fardamento nazista. Nem cheguei a cogitar a possibilidade do susto por minha roupa ter sido por motivos de “origem judia”. Qualquer judeu com o mínimo de bom senso, tentaria ocultar ao máximo sua presença, e não chamar atenção.

- Não é nada, bom soldado. Agradeço a compaixão.

Isso soou realmente estranho. Não estou muito acostumado à educação, muito menos cortesia em minha profissão.

- Não é nada? – Dou uma risada. - Uma moça bonita como você, chorando e com uma mala dessas… Não tem casa garota?

Ela ainda olha minha farda, e imagino que tudo que vê é um jovem assassino. Apesar disso ela disfarça o melhor que pode.

- Na verdade não. Não quero parecer grosseira, mas isso não lhe diz respeito, senhor.

Suspiro e seguro sua mala. Ela é bastante leve.

- Me diga, onde você mora? Vou levá-la para casa.

Ela tenta recuperar a mala, sem o menor êxito.

- Eu já disse, não tenho casa. Agora seja um bom cristão e devolva minha mala.

- Não tem casa? Eu não pretendo deixá-la sozinha aqui. Você pode vir comigo.

Ela fica inflada. Aparentemente eu não falei nada de mais, mas eu não conhecia a garota. Esperava um agradecimento ou algo do gênero, mas o que realmente recebi foi um tapa na cara, e as palavras:

-Ora, seu... seu…. assanhado! Que indecência é essa? Não me trate como meretriz.

- Acho que você entendeu errado moça. – Falei atônito: - Não vou deixar você dormir na rua. Você vem comigo, ou então passaremos a noite aqui.

-Agradeço de todo o coração, mesmo estando um tano desconfiada. Qual é seu nome, senhor?

Ela imagina que eu quero estupra-la, ou pior. Nada a não ser o esperado de um nazista.

- Roys. Thomas Roys. E o seu senhorita?

- Gretel. Gretel Barns.

Sorrio para ela, e começamos a andar na direção da minha casa. Ela está vermelha como um morango. Não sei se é de vergonha ou de medo. Tento aliviar a tensão dizendo:

- O que faz da vida, senhorita Gretel?

- Eu sou…. eu era babá. - Ela suspira. - Como pode ver, não fui bem sucedida.

Então Anoy vem a minha cabeça. Um problema aparentemente sem solução, que agora se resolvia em um passe de mágica. Talvez o destino estivesse conspirando a meu favor, ao menos uma vez na vida.

- Uma babá? Por que não pensei nisso antes. – Falo sorrindo. - Pode parecer coincidência, mas eu tenho uma menina de 7 em anos em casa, e não tenho a menor ideia do que fazer com ela.

- Quanta…hã… Coincidência…Pois sim, sua filha?

- Não, filha do meu amigo irresponsável. Mas ele não se preocupa muito com ela.

- Pobre criança. - Ela diz, depois de corar novamente. E então pega minha sugestão: - Está me oferecendo emprego?

- Claro que estou. E casa também. – Eu não suportava a ideia de ver uma garota doce como Gretel passando fome e frio.

Ela para de andar:

- É sério? Quero dizer, mesmo?

- Por Deus, já te disse. Vamos lá.

Ela está radiante. E eu sorrio. Chegamos à casa. Abri a porta antes de dizer:

- Seja bem vinda a seu novo lar.

Entramos na casa de dois andares. Ela está um verdadeiro pardieiro. Eu e Strauss nunca fomos muito organizados, e Anoy muito menos. O resultado, uma bagunça generalizada que se arrastava em cada centímetro das entranhas da casa. Quase senti vergonha quando Gretel entrou e viu aquilo tudo. No entanto ela pareceu não se importar.

- Como é o nome da menina?

- Anoy. Anoy Schmidt. – Paro um pouco examinando a casa de dois andares. Provavelmente Anoy esta com Strauss em cima. Chamo: - Anoy, Anoy. Está ai?

Não demora muito. A radiante garotinha desce as escadas correndo com tudo. E crava seus olhos curiosos em Gretel.

Ela se ajoelha e toca o rosto d menina, com carinho, sorrindo.

- Olá Anoy, parece que sou …. - Olha para mim, como se ainda não acreditasse que ganhara o emprego tão facilmente, - Sua nova babá. Me chamo Gretel.

- Nossa Gretel, você é linda. – Ela diz rapidamente. - Eu já tive uma babá antes, a prostituta amiga de minha mãe cuidava de mim as vezes e ela também era linda. É uma prostituta também, Gretel?

Anoy diz aquilo de modo inocente, e não posso deixar de esboçar um sorriso de canto de lábio. Gretel no entanto, não achou muita graça. A babá ficou vermelha, como se não acreditasse no que estava ouvindo.

- Oh, não minha querida. Sou apenas uma babá mesmo. – Ela responde com sorriso amarelo. - Obrigada pelo elogio. – Então olha para mim, com um olhar bem duro, o que me surpreende. Pisco para ela, e digo para a criança:

- Nos dê só um momento ok, Anoy? Vou estabelecer Gretel na casa primeiro, e depois vocês podem se conhecer melhor.

- Tudo bem tio. – Ela diz, e dispara escada a cima de novo, e ouço Gretel dizer, depois:

- Ela é linda, senhor. um tanto imprudente, mas linda.

- Não precisa me chamar de senhor, pode ser Roys mesmo. – Faço uma pausa, olhando a nos olhos de modo tranquilizador e tranquilo. - Sim, linda, e nos deixa com os cabelos em pé. Venha. – Dirijo Gretel pela casa, e lhe mostro um quarto no andar de baixo mesmo: - Lhe convém?

- Está ótimo, hã…Roys. – Sorri ao dizer meu nome. Sorrio também. É uma pessoa bastante agradável, a Gretel.

- Ótimo então. - Devolvo a mala da garota. - Você já está estabelecida, e já viu que a garota trará trabalho. Quanto quer de pagamento? – Pergunto, indiferente.

- Informações secretas e de primeira mão sobre os campos e nazistas.

- E para que você quer saber disso? – Pergunto sem esconder minha surpresa e curiosidade.

- Pelo mesmo motivo que você que r que eu cuide de Anoy. Segurança. E curiosidade, talvez. - Ela divaga um pouco, sem ser muito convincente, e completa: - Mas isso é pessoal.

- Bom, tudo bem. Não me interessa o porquê. Pergunte o que quiser e responderei a verdade. – Coloca a mão na parta do quarto, e retiro o objeto: - Aqui está a chave de seu quarto, eu vou tomar um banho. Meu companheiro deve estar descendo, o pai de Anoy. Seria bom que se apresentasse para ele.

- Oh, tudo bem. – Ela diz, então pergunta, curiosa: - Como ele é? Mais decente que a filha.

Sorrio:

- O que você acha?

- Vamos descobrir agora.


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Notas finais do capítulo

E então. Reviews?