My Germany escrita por UmGreyjoy, Florita


Capítulo 6
Esperanza Gonzalez


Notas iniciais do capítulo

Hey, people ^^
Desculpem o atraso, mas estou sem internet. Como vocês podem ver, a história agora tem um co-autor, o que significa que eu não serei a única a postar.
Espero que gostem e nos vemos lá embaixo!



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"Estávamos deitadas embaixo daquele viaduto frio, tentando nos aquecer de alguma forma. Ambas enroladas no cobertor ralo, observando a neve que caía ao redor.

- Espê, me conte a história de Enzo de novo?

Dei risada com seu pedido.

- Não é como se você fosse criança, Safi.

Minha irmã Safira olhou pra mim, os grandes olhos negros pidões.

- Mas é uma história bonita. Conte, vai.

Dei risada baixo e a abracei ainda mais forte, por causa do frio.

- Tudo bem, vamos lá. Havia uma pequena raposa chamada Enzo. Era uma raposa pequena, vermelha e muito rápida, como uma flecha de fogo. Ele corria pelas florestas, tomava banho nos rios e brincava entre as árvores. Era uma pequena raposa muito feliz.

'Certo dia, um grupo de caçadores encontrou sua matilha. Despedaçaram seus pais, e arrancaram a pele de seus irmãos. Apenas Enzo conseguiu fugir.

'Por muitos anos, Enzo cresceu sozinho. Se tornou uma raposa grande, forte e esperta, a mais esperta das raposas. Até que, um belo dia, uma menina o encontrou. Seu nome era Arabella, e ela tinha balos cachos negros, e a pele da cor do pôr-do-sol. Assim que Enzo a viu, se apaixonou.

'Arabella passou a cuidar de Enzo. Lhe dava comida, e cuidava de seus ferimentos. Um belo dia, Arabella convidou Enzo para ir à sua casa. A raposa ficou muito feliz, e a acompanhou até sua pequena cabana.

'Ao chegar lá, toda a magia da paixão de Enzo por Arabella se foi. Pois, em uma cadeira de balanço, como uma capa, estava uma pele macia e quente.

'Uma pele vermelha.'

Safira me olhava atentamente enquanto eu contava a história. Quando eu terminei, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Nós somos Enzo, não somos? - ela perguntou. Respirei fundo antes de responder.

- Somos, Safi. E a nossa Arabella é a Alemanha."

Acordei assustada e suada, ofegando. Ultimamente, estava sonhando com uma frequência assustadora com a última noite que passei com minha irmã. Aquela cena ficava na minha cabeça, a última vez que ouvi sua voz, que olhei dentro de seus olhos. E então ela sumiu. Pra sempre.

Me levantei e fui tomar um banho, antes que a cafeteria abrisse. Eu morava em um quartinho nos fundos do café, portanto era eu que abria a porta dos fundos para os empregados. Me arrumei e fui para a cozinha bem a tempo de ouvir a batida na porta.

- Heidi, bom dia - eu disse, sorrindo à menina comunista que trabalhava de garçonete.

- Olá, Esperanza - ela respondeu, colocando uma mecha loira do cabelo pra trás da orelha - Fui a primeira a chegar?

- Sim, sim - respondi - Daqui a pouco os outros chegam.

E, aos poucos, começaram a chegar. Nadine também chegou, bem arrumada e sorridente como sempre. Foi abrindo o café, enquanto eu e os outros cozinheiros começávamos a arrumar tudo pela cozinha.

Foi uma manhã agradável e produtiva. Trabalhamos bastante, e perdi a conta de quantos cafés da manhã eu preparei. Perto do almoço, Nadine chegou perto de mim.

- Esperanza, preciso que me faça um favor - ela disse, o sotaque francês quase inexistente em sua voz.

- Sim, diga.

- Preciso que vá à feira aqui perto para comprar algumas verduras - ela disse, insegura - Eu sei que não é bom para você ficar saindo, mas preciso que vá fazer isso, e já dei tarefas a todos os outros. Ninguém pode ir.

Engoli em seco, mas assenti.

- Tudo bem, eu vou - ela sorriu, e me entregou o dinheiro.

Coloquei uma jaqueta com capuz, e fui me direcionando à feira. Desconfiada, olhando para todos os lados, com medo de ser reconhecida. Meus traços latinos sempre foram muito fortes, como a pele escura e os olhos negros, por isso smepre tive que ser cautelosa.

Fui à feira, comprei as verduras e voltava rapidamente em direção ao café, quando esbarrei em alguém. Senti mãos fortes me segurando, impedindo que eu caísse, e automaticamente ergui o rosto para ver quem era.

Foi o pior erro da minha vida, pois um soldado nazista encarava de volta.

Arregalei os olhos para o monstro alemão. O homem era enorme, quase um touro, e suas mãos se fecharam com ainda mais força nos meus braços.

- Cigana maldita... - sussurrou, e percebi que uma de suas mãos ia em direção à arma em sua cintura. Foi aí que eu agi.

Dei uma joelhada em seu ponto fraco, e assim que senti sua mão libertar meu braço, disparei. Larguei a cesta de verduras e corri com o máximo de velocidade que meus pés conseguiam produzir. Logo o ouvi xingando e correndo atrás de mim. Minha sorte era ser menor e mais rápida que ele.

Virei uma esquina, e me vi em um beco entre duas casas. Meus instintos me controlavam, eu já não pensava por mim mesma. Vi a janela de uma das casas, e trepei nela, conseguindo subir no telhado. O soldado viu, e começou a subir atrás de mim. Saí correndo, pulando de um telhado a outro, sem olhar pra trás. Quando arrisquei fazê-lo, não o vi. Olhei para a rua, e ele me seguia do chão.

Foi aí que eu tive uma ideia. Me deitei na parte de trás do telhado em que eu estava, de forma que ele não me visse. Esperei alguns minutos e, vagarosamente, voltei pelo caminho de telhados que viera.

Eu conseguira despistá-lo. Desci para o chão, no mesmo beco onde tinha subido, e fiz rapidamente meu caminho até o café. Quando me viram, suada e sem as compras, já sabiam o que tinha acontecido.

- Um soldado te viu? - Nadine perguntou, e apenas assenti com a cabeça. Ninguém perguntou mais nada, apenas abaixaram a cabeça.

Mais uma vez, eu havia visto a pele de raposa na cadeira. Arabella me traíra mais uma vez.


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