My Germany escrita por UmGreyjoy, Florita


Capítulo 13
Thomas Roys


Notas iniciais do capítulo

Opa, depois de mais de um século, mais um capítulo do Thomas. Espero que gostem, e continuem acompanhando a história, a coisa vai começar a esquentar, a partir de agora.



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- Está se divertindo? – Perguntei rindo, enquanto sentia a arrancada da égua no nível máximo. Já fazia muito tempo que eu não cavalgava, e esse momento me lembrava do porque de eu gostar tanto dos animais.

- Muito. – Anoy respondeu rindo também. – Ela vai mais rápido?

- Claro. – Incitei a lipizzaner com a espora, enquanto segurava Anoy. Ela era totalmente irresponsável.

Demorou algum tempo para que voltássemos a fazenda. O dono da baia, esperou. Estava um pouco tenso, talvez desgostoso de perder um animal de tamanha qualidade, mas não havia muito que pudesse fazer. Estávamos em guerra, e eu era um soldado.

- Aprovou a montaria? – Ele perguntou.

- Muito boa, sem dúvida. – Respondi. – Quanto vai querer por ela?

- Acho que, uns...

Olhei fixamente para o rosto do homem, e pude sentir uma certa tensão. Ele não era ariano, isso era visível. Se alemão, no mínimo de origem duvidosa.

– Uns? – Perguntei, deixando clara a chateação na voz. Ter optado por ir usando o uniforme nazista havia sido uma boa escolha, afinal.

Ouvi o preço. Era bem abaixo do preço que Chuva valia, só que, para dar mais drama, fingi não entender nada sobre cavalos.

– Tudo isso? Tem certeza que é esse o preço.

– É... É um preço justo senhor.

– Estamos em guerra. Todos devem contribuir para o sucesso da Sagrada Alemanha.

Anoy apenas assistia, querendo que eu comprasse logo a égua. O tal homem, não sabia exatamente o que devia fazer. Por fim, acabei sorrindo.

– Eu pago. Mas quero levar a outra junto.

– A outra..?

– É. Como você mesmo disse, ela é impura e estéril. Para que diabos você quer uma égua desse tipo? Deixe de ser pão duro homem. – Sorri cordial para ela. – Vou querer as duas.

Ele demorou um pouco, para assentir concordando. Olhei para a outra égua, essa completamente o oposto de Chuva. Preta e veloz como um demônio.

– Qual o nome dela? – Perguntei.

Meretriz. – Anoy respondeu de imediato.

Sorri, pensando no que Gretel acharia disso.

– É... Um belo nome.

Agradeci ao homem, e combinei de passar depois, para realizar o pagamento e pegar ambos animais. Seria bom para Anoy ter um pouco do que fazer. Ela com certeza iria adorar as éguas.

Levei Anoy para casa após almoçarmos em uma esquina qualquer. Gretel não havia chegado ainda, assim como Strauss. A garota foi para seu quarto, e eu pude finalmente descansar.

Retirei a farda e me joguei na cama, pensando nas irmãs Devet e na conversa que havia tido com meu parceiro hoje de manhã. Havia uma época em que éramos uma dupla perfeita. Mas o problema Adena, estava nos deixando muito desentrosados.

Eu já não fazia a menor ideia se podia confiar em Strauss. Nos primeiros dias, ele apenas me olhou com superioridade, mas logo se cansou, ao ver que eu não faria nada e começou a pressionar.

Ela era uma judia, devia ser capturada, estuprada ou morta. Isso era lógico. Eu era apenas o cretino que não queria enxergar. E Michael Strauss tinha total prazer em ser o nazista perfeito. Ele se divertia com as torturas e com os assassinos. Era apaixonado por seu trabalho. Eu sabia que ele não ficaria sob controle por muito tempo. E achava que a hora do esgotamento da paciência do meu parceiro, estava cada vez mais próxima. Ashira provavelmente está morta em Auschwitz. Não sabia o que estava reservado para sua irmãzinha mais nova. Mas O caçador de judeus, estava totalmente disposto a me mostrar.

O mais estranho de tudo é que eu estava disposto a impedir que algum mal acontecesse a Adena. Pare de pensar assim, você é um alemão, não pode sentir nada por judeus. Eles são piores que animais.

Acabei pegando no sono, e dormi por várias horas até acordar a hora do crepúsculo, sem ter me livrado das minhas inquietações.


“Você me dá nojo…”


Eu estava abalado. O pior é que eu já não sabia o que fazer. Haviam quatro pessoas que eu amara na vida. Egbert, e Lara Roys, meus pais. Fênula e Téz, minhas primas. Todos eram terminantemente contra o nazismo. Todos pensavam do mesmo jeito.

“Minha mãe está morta. Ela não era Nazista, e morreu por isso, assim como meu pai.”

O problema, era que eu era um soldado. Eu já havia matado dezenas de judeus, alguns ciganos, ingleses, franceses... Estava envolvido com o nazismo até o pescoço. Não podia simplesmente largar tudo, muito menos agora. E se Strauss falasse uma dúzia de palavras em um certo ouvido...


Sinto pena dela. Por ter você como filho.”


A memória daquelas palavras me faz fechar os olhos. Porque o sentido era real. E eu sabia que o momento estava chegando. Strauss me forçaria uma ultima vez, e eu teria que escolher. Entregar Adena, ou trair o país. Parecia uma escolha fácil. Não era.


“Exato. Devet. A família que vocês, alemães, destruíram. Você fez parte disso. E eu não consigo descrever o tamanho do meu desprezo.”


Em que porra eu tô pensando? Roys, Roys, pense. Você é um soldado. O que pensa que está fazendo? Eu já não sabia o que fazer. Eu... Eu nem sabia descrever o que eu estava sentindo. Era algo que eu nunca havia sentido antes... Eu estava assustado. Nada das sensações tradicionais, como ódio ou raiva. Era medo. Eu sabia agora. E a situação só iria piorar, até o ápice previsto.


“Gretel... Sei que não concorda com o Nazismo, vejo isso em seus olhos. Apesar de ser nazista... eu não sou uma pessoa ruim... Apenas fiz as escolhas erradas, e sou covarde.”


- Papai. – Ouvi a voz de Anoy.

Enfim Strauss havia chegado. Talvez a noite fosse propícia para alguma agitação. Eu saberia logo. Então, por um segundo de aflição, pensei que a conversa no café tivesse sido energético suficiente para Strauss. Não. Me levantei rápido, e andei até onde ele estava.


“Roys, você não é um covarde. Só fez as escolhas que garantiram o que você é."


- Strauss... Como foi o dia de trabalho.

- Foi ótimo. Sabe, sempre é divertido quando se encontra um grupo de comunistas.

Assenti com a cabeça.

- Eles já estão mortos?

- Já sim.

- Não seria melhor interroga-los? Pode ser que ajam outros por aqui.

- Se houverem, nos acharemos. Nenhum impuro pode viver sob Berlim, enquanto eu for do exército.

Senti seu olhar. Sua sede de sangue desafiava minha coragem.


“Se não tivesse virado um soldado... Talvez Anoy estivesse morta, e eu estivesse trabalhando em um bordel. Só o que quero dizer é... Acredite em si mesmo”


- Bom saber que temos essa segurança. – Respondi, fingindo que não era por isso.

- Roys. A puta morre amanhã. – Ele disse, decidido.

Sorri nervoso.

- Eu acho que não... Strauss.


Como ele é? Mais decente que a filha?”


- Não vou continuar com isso. Você está se corrompendo, ariano. Está virando um homem dos judeus?

- Eu não sou... homem de ninguém.

Ele também ri nervoso.

- Resposta errada. A certa seria, sou um homem de Hitler.

- Strauss... Eu não quero falar sobre isso. Como eu já disse, eu mesmo vou resolver.

- Ah! – Ele disse, sorrindo sarcástico. - Eu tenho certeza absoluta que vai. E vai amanhã mesmo.

A certeza dele era absurda. Aquilo me deixou nervoso. Talvez Strauss já tivesse tomado uma providencia, eu não fazia ideia. Só sabia que estava com medo real agora. Ele era meu amigo... Eu já não sabia. Não tinha nenhuma prova de que ele não me considerava um traidor nato. E se ele considerava... Neste caso, eu já estava com os dias contados. Ele percebeu meu nervosismo e sorriu de novo.


Quando se esconde um judeu em casa, sangue frio diante dos patrulheiros é essencial. Não estou certo?”


- Eu..

- Amanhã Roys. Nem um dia a mais. Você mesmo vai executá-la.

Ok, isso era bem inesperado. Olhei para ele, sem saber muito bem o que dizer. Não podia simplesmente negar com um “Não”!


“Só o que quero dizer é... Acredite em si mesmo!”


Strauss chamou Anoy para dar um passeio noturno com ele. E se encaminhou até a porta, ignorando minha indecisão.

- E Roys, é melhor se lembrar... Se não estiver conosco... Então está contra nós. Se você não fosse meu amigo seu filho da puta... Ah... – Ele riu, maldoso.


“Senhorita Savinna. Estou de partida.”


- Pai, você está bem? – Anoy perguntou.

- Melhor impossível. Vamos logo, seu tio tem uma longa noite pela frente.

Fiquei abestalhado na sala, indeciso. A noite seria realmente longa. Mas de uma coisa eu tinha certeza...


Ótimo... Vejo você em breve...”


Se minha vida iria realmente mudar...

Amanhã seria um ótimo dia.





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Notas finais do capítulo

Reviews? Please, we like ^^



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