My Germany escrita por UmGreyjoy, Florita


Capítulo 12
Gretel Barns


Notas iniciais do capítulo

Oi... Ok, vocês devem estar querendo me matar. Eu juro que tentei. Umas mil vezes rs. Mas aconteceu umas coisas aqui e eu acabei adiando e adiando e deixando todo mundo na mão. Pois bem, me desculpem, é sério. De verdade :c Bem, tomara que gostem.



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- Oi Gretel. - Roys diz, descendo a escada, sem farda. Ele parecia mais confortável sem ela.

-Oi senhor. Como anda?

- Vou muito, obrigado. E já te disse, não sou senhor nenhum. Me chame apenas de Roys. - Sorrio, sem graça, iria ter que me acostumar com isso.

-Claro... Roys.

- Eu tenho o dia de folga hoje. O que quer dizer, que você não precisa ficar tomando conta da Anoy. Eu mesmo farei isso. Pode pegar uma folga se quiser.

-Ah, vá se divertir. Eu fico com Anoy. Ia ensina-la a bordar hoje. - Iria ser divertido, eu sabia. Bordar sempre foi divertido. Havia até preparado o material na noite anterior.

- Bordar? Acha que Anoy tem paciência para tal?

-Vai aprender a ter. É muito divertido! - Então lembro que estamos falando de Anoy, a pseudodemônio. e paro de sorrir. - Ou talvez não.... - Ele ri.

- Ei, estive pensando em algo mais emocionante. Levar ela para dar um passeio. Mas vou abusar um pouquinho da sua paciência, pedindo um café da manhã. -Como se eu não trabalhasse para ele. Sorri. Ele era educado.

-Sem problemas. Gosta de torradas?

- Aposto que vou adorar as suas. - Iria agradecer, mas uma pequena criatura desceu as escadas com um chapéu nazista na cabeça.

- Heil Hitler. - A menina aprendia rápido, afinal.- Bom dia tio, bom dia tia.

- Oi... - Vou até ela e tiro o chapéu, colocando em cima da mesa. -Dormiu bem?

- Muito. E estou muito empolgada, pois hoje vou ganhar um cavalo. Certo Roys?

- Claro. - Ele ri, como se aquilo fosse normal.

- e quando vou ganhar minha própria pistola?

- Isso vai demorar um pouco mais! - Sirvo as torradas e faço mais algumas para Anoy

- Arrumou a cama, querida?

- Sim. - Ela torce a cara. - Não ficou muito bom, mas fiz o melhor que pude.

-Está ótimo! - sorrio. Havia falado para ela que uma moça tinha que saber as coisas básicas de uma casa e ela, meio a contra gosto, aceitou arrumar a casa. Era um começo.

- Como vão putos? - Strauss, estava até demorando... - Huuuuuuuum.... torradinhas!

-Sempre animado - coro um pouco. - Bom dia....

- Porque você ainda não me viu nu. - ele responde. - Ai é animação maior do mundo.

Coro ainda mais e escondo a cara na geladeira, fingindo que procura um suco. Ele sempre conseguia me envergonhar.

-Ahn... Claro... Deve ser... Ahn.. é... Legal... - Gaguejo. Ele apenas ri.

- Quer uma demonstração ao vivo agora?

- A Gretel terá que ser boa observadora para achar seu pau, Strauss. Como a garota da Polônia. - Roys interve, rindo. - Não ligue para ele Gretel.

- Que garota da Polônia? Não me lembro dessa. - Ele diz, com cara de indignado.

- Você comeu ela, pai? - Anoy diz e lanço um olhar de desaprovação.

- Não, Strauss fala mais do que faz. - Roys.

- Não lembro de garota da polônia nenhuma, mas lembro muito bem de Ashira Devet.

- É diferente. - Roys fala, ficando sério. Strauss parou de brincar e fechou a cara, o que era meio incomum. - Eu... eu vou trabalhar, Thomas Roys.

- Divirta-se. - Só ouvi a porta bater.

-Ele é... Espirituoso, não acha? - Sorrio amarelo - Deve ser um homem divertido.

- Você não precisa ficar tentando agradar todo mundo o tempo todo, ou tentar ver o lado bom de tudo. Deveria ter mandado ele pro inferno. - Roys parecia bem chateado.

-Não tento agradar todo mundo... - É, eu sabia que era mentira. - Só gosto que as pessoas gostem de mim, e não custa nada ser educada.

- É impossível não gostar de você. E é impossível ser educada o tempo todo. - Ele diz, se acalmando enquanto come.

- Quem é Ashira Devet, tio?

- Uma pessoa que eu gostaria de esquecer. E caso pergunte mais alguma coisa, não vai o cavalo. - E Anoy fica repentinamente quieta. Suspiro.

-Anoy querida, suba lá no quarto e pegue minha bolsa, por favor? - Ela sobe as escadas correndo e quando está bem longe, tomo coragem para falar.

-Roys, como anda a guerra? E quem é Ashira?

- Estamos expandindo. Logo invadiremos a URSS. E Ashira... - Suspira. - Uma judia, que eu larguei em Auscwitz.

-Strauss? Com uma judia?

- Estupro. Ele é mestre. -Aquele... Não consegui achar uma palavra decente para o que achava de Strauss.

-Viado.  Alguma notícias dos feridos?

- Viado? - Ele gargalha. Sorrio um pouco, mas mudo de assunto.

-E alguma notícia sobre os feridos? - Pai... Havia sonhado com ele aquela noite, como sempre.

- Os feridos. Bem... São feridos demais para que todos recebam algum tipo de tratamento. Mas as guerras sempre foram assim, e sempre vão continuar a ser.

-Não os judeus. Os soldados, mais importantes, eu... Ouvi falar que tem um médico, que está fazendo pesquisas muito... Interessantes...

- Hum... eu não sei. Estou por fora da parte médica. Tomara que esse tal médico nos ajude alguma forma.

-Ah... - fico um pouco desapontada e abaixo o rosto, tentando esconder meus olhos - Sim, um dia.

- O que foi? - Tento sorrir.

-Não é nada, só lembrei de algo ruim. Vou... vou ajudar Anoy.

- Gretel... Sei que não concorda com o Nazismo, vejo isso em seus olhos. Apesar de ser nazista... eu não sou uma pessoa ruim.... Apenas fiz as escolhas erradas, e sou covarde. - Eu sabia que ele não era uma pessoa ruim... Ele era bom. Demais.

-Roys, você não é um covarde. Só fez as escolhas que garantiram o que você é. Se não tivesse virado um soldado... Talvez Anoy estivesse morta, e eu estivesse trabalhando em um bordel. Só o que quero dizer é... Acredite em si mesmo. - Ele assente, olhando com agradecimento.

- Certo Gretel... Vou tentar fazer isso.

- Aqui está sua bolsa, tia. - Anoy chega correndo. - Deu trabalho de achar. - Ela completa.

-Obrigada, meu bem. - beijo a testa dela - Vou sair, tenho algumas coisas pra fazer na cidade...

---

O prédio ainda era o mesmo. Há anos eu não andava  até lá e ele ainda se parecia com o que eu vi quando era criança. Lembro bem, foi a única vez que vi Horst Schumann.  Eu sabia bem o que ele fazia, afinal, trabalhou com meu pai. Mas isso havia sido há muito tempo. Antes dele fugir para Auschwitz e abandonar a mim e minha mãe.

A porta estava empoeirada e os tijolos caiam ao pedaços, mas para mim, ainda pareciam iguais. Pude ver a surpresa de Horst ao me ver ali, em uma manhã fria, sozinha.Seu rosto ainda tinha os mesmos traços, magro, poucos cabelos que começavam a ficar grisalhos, maças do rosto sobressaindo e sobrancelhas escuras. E embora parecesse mais cansado, eu pude reconhecê-lo.

-Horst? Tem um minuto?

Ele assentiu sem emitir nenhuma palavra e me deixou entrar, que perigo uma garota fraca e alemã poderia oferecer? O consultório de Schumann cheirava á naftalina e os móveis estavam sujos e velhos. A tinta da parede descascava e uma mala jazia no chão de madeira.

-Em que posso lhe ajudar? - Ele estava um pouco desconfiado, mas me ofereceu uma xícara de café e se sentou na poltrona.

-O senhor trabalhou com meu pai. Josef.- Sinto um calafrio percorrer meu corpo quando ele arruma a coluna e coça o queixo, me observando.

-Josef teve apenas uma filha. Ela está morta há anos.

-Não... Eu estou bem aqui. Na sua frente. - Cruzo as pernas e bebo um gole do café. Estava amargo demais, mas não me importei. Meus olhos estavam presos nos daquele homem.

-A pequena Gretel... Você esteve bem durante esses anos?

-O melhor que se pode ficar quando seu pai larga você e sua mãe morre. Falando nele, sabe por onde anda?

-Continua em Auschwitz, na equipe de Eduard Wirths. Parece que seu deu bem por lá. E eu também vou me dar. Embarco no trem dessa noite.

-Vai se juntar a ele? E se perdermos a guerra e caçarem vocês?

-Como chefe da SS, Wirths fica com toda a responsabilidade por qualquer um dos nossos supostos crimes. Aqueles judeus nojentos deviam agradecer por poder ajudar no avanço da medicina. É a única coisa para que aqueles bastardos servem. - Senti meu rosto ficar vermelho e respirei fundo.

-Pode mandar um recado para ele?

-Não. Você está morta, senhorita Gretel.


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Notas finais do capítulo

Comentem e, sim, podem me xingar á vontade.