Cheguei na escola exatamente ás três. Fui direto para a sala do senhor Jawadd, mas não tinha ninguém lá. Continuei andando mas eu não via ninguém. Quando eu já estava indo embora por pura desistência, alguém pegou meu braço.

- Ei, você é a April não? – Uma menina alta com uniforme de vôlei me perguntou.

- Sim, sou eu. E você é a...?

- Gabriela, mas pode me chamar de gabi.

- Prazer gabi.

- Ah, a propósito, o senhor Jawadd estava te procurando.

- Ah, e eu estava procurando ele. Obrigada por avisar... Mas por acaso você sabe onde ele está?

- Ele está na sala de monitoramento. Vem que eu te levo lá.

- Obrigada. Você fez o teste para ser monitora?

- Eu? Não, claro que não. Eu acho isso meio bobo. As pessoas tem que aprender a estudar sozinhas na minha opinião.

- Você parece ser rígida...

- Não, nem tanto. Só acho que cada um tinha que saber cuidar de si mesmo.

- Mas se você não veio para o teste, por que você está na escola.

- Treino de vôlei.

- Mas o treino não é só amanhã? – Perguntei confusa.

- Ta, na verdade eu vim na escola me encontrar com meu namorado... Mas não conta pra ninguém!

- Ta bom, eu não conto. Quem você está namorando?

- O Cris, capitão do time de basquete.

Congelei. Como assim o Cris tinha namorada? Ah, para de besteira April, é claro que ele tinha!! Ele era lindo, fofo, engraçado... Como não ter namorada com todas essas qualidades!!

- É aqui April. Boa sorte no seu teste. E por favor, não conte a ninguém o que eu te falei!

- Pode deixar, minha boca é um tumulo!

Eu entrei na sala de Monitoria abalada. O senhor Jawadd estava sentando em um grande sofá lendo jornal. Tinham umas duas pessoas a mais ali, e a s duas estavam escrevendo.

- Senhor Jawadd? – Perguntei meio sem graça.

- Ah, April! Venha comigo, vamos começar o teste.  – Ele foi caminhando até uma outra sala que tinha ali. – Sente-se por favor.

Eu me sentei e ele entregou um papel á mim, uma ficha de inscrição. Depois ele pediu para eu fazer uma mini provinha, que não estava tão difícil. Então ele me pediu para meio que dar uma aula para ele, e eu fiz meu melhor.

- Bom April, você realmente tem talento para ensinar. E principalmente para ensinar pessoas com dificuldades.

- Como assim?

- Acho que você se daria muito bem dando aula para um Dislexo. E por acaso temos um dislexo aqui na escola que está precisando de ajuda. Acho que você deve conhecer, o nome dele é Zayn Smith.

- Acho que já ouvi falar... Ele luta box não?

- Não, acho que está confundindo com alguém.

- É, pode ser...

- Bom, da mesma maneira, quando você pode começar a ensinar?

- A qualquer hora. Se quiser pode ser até hoje.

- Ótimo!! Então pode ser agora? Zayn está no coral agora, mas logo vai sair e vocês podem começar a aula.

- Tudo bem. Eu acho que eu vou esperar na sala principal...

- Fique a vontade.

Eu então fui até a salinha e me sentei em uma mesinha bem no quanto do lugar. Abri a minha mochila e peguei um papel velho e um lápis. Comecei a desenhar uma vampira calmamente. Eu amava vampiros. Eu simplesmente os achava demais. Mas eu odiava crepúsculo pois achava que eles distorciam a imagem dos vampiros. Quando eu estava no final do meu desenho senti alguém atrás de mim.

- Bonito o desenho.

- Ai! Que susto! – Eu olhei para trás. Eu me deparei com um menino de topete, olhos castanho escuro com os cílios um pouco grudados { n/a : Eu adoro isso ok? } e um sorriso nada forçado.

- Oi, prazer, eu sou o Zayn, Zayn Smith. Acho que você deve ser a April, estou certo?

- Sim, April, April Levine.

- Você vai me ajudar esse trimestre?

- Sim, eu mesma.

- Ufa!

- Por que Ufa?

- Por que... Por que... O cara que me ajudou ano passado era um chato e eu não aprendi nada com ele, e você parece ser bem diferente dele.

- Obrigada. – Eu sorri. – Então, por onde quer começar?

- Eu não sei... Que tal com cálculos? O senhor Jawadd disse que era muito boa nisso.

- Então ta, vamos começar calculando.

- Ei, antes de começarmos, posso te pedir um favor?

- Claro, o que foi Zayn?

- Eu queria pedir para você não contar para ninguém que eu sou dislexo. Ninguém além de você, os professores, a diretora, meus pais e o cara que me monitorou ano passado sabem disso. Nem os meninos da banda sabem, e eles são meus melhores amigos...

- Calma, espera, você tem uma banda? – Perguntei assustada.

- Sim, faço parte da One Dream, já ouviu falar?

- Acho que minha mãe já deve ter comentado algo sobre vocês, mas na realidade não conheço. Desculpe.

- Não, tudo bem. Acho até melhor de vez em quando que as pessoas não saibam quem eu sou, assim posso ter uma vida normal.

- É difícil ser famoso?

- Mais do que você imagina... Você de vez em quando quer um pouco de privacidade, um momento com seus amigos sem ninguém em cima de você, mas isso quase que um milagre. Sempre vai ter alguém que vai pedir o seu autografo, alguém que vai perguntar quem era aquela garota que estava lanchando com você, e sempre vai ter um paparazzi que vai tirar uma foto daquele momento e colocar no jornal que você está namorando, mesmo que não esteja. E é por isso que eu preciso que você não conte a ninguém que eu sou dislexo. Ia ser o fim para mim!!

- Tudo bem, eu não conto a ninguém Zayn.

- Obrigado.

- Então, vamos começar?

- Claro!

 Zayn pegou seu material e começamos a estudar. Ele tinha muita dificuldade mesmo em entender aquilo. Escrevia embaralhado e os números ficavam fora do lugar. A dislexia dele era muito grave.

- Zayn, você não está entendo nada não é?

- Eu estou tentando, mas está embaralhando demais...

- Ai meu Deus. Calma, eu vou dar um jeito nisso. – Pensei um pouco e tive uma idéia. – Zayn, o que você mais gosta de fazer?

- De cantar e tocar violão { n/a: eu sei que ele não toca vilão, mas vamos fingir que sim }.

- Ótimo, isso ajuda bastante, mas não vamos conseguir fazer o que eu quero aqui. Você pode ir na minha casa amanhã a tarde depois da escola?

- Claro!

- Ótimo, então depois da escola nós vamos para minha casa. Eu peço para minha mãe buscar a gente.

- Calma, eu não estou entendendo...

- Amanhã você vai entender. Ah, e leve seu violão.

- Ta bom.

- Bom, agora eu tenho que ir Zayn, até mais!

- Até amanhã.