Hey, Ho. Let's Go! escrita por RubyRuby


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

O futuro nem sempre é como planejamos, e no caso de Magda, não mesmo. Amizade é amizade, decepções à parte. Será que é assim mesmo?



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Três


Duas semanas se passaram até que eu pudesse falar com Nicolas de novo. Até então, era o maior tempo que ficamos sem conversar desde quando viramos “BFF’s”, mas, de um jeito ou de outro, ele não era mais o mesmo. Não que não falasse direito comigo, mas não se importava mais. Não ligava, nunca estava em casa. Quando ele finalmente bateu na porta do meu apartamento, ele me parecia alheio, distraído...

_Nicolas? O que aconteceu? Você não vem aqui há, sei lá.. quase três semanas!

_Não, não _ele falava sorrindo_ exatamente duas semanas. Desculpa, baixinha, eu..._ ele bagunça o cabelo, como quem procura o que dizer para não mentir e nem falar a verdade_... estava ocupado.

_Com o que?_ eu estava ficando impaciente. Ele não me dizia nada!

_É... posso entrar?

Nessa hora, já nem lembrava mais que estávamos do lado de fora do apartamento. Puxei-o para dentro e fechei a porta, como um modo de mostrar que estava com raiva e que poderia muito bem dominar a situação.

_Bem, Magda... não queria falar pra você agora, não está certo ainda, nem sei se vai durar, mas...

Ele olhou para baixo, como se estivesse lembrando-se de algo e sorriu. Depois olhou para mim com aqueles olhões azuis e falou:

_Eu estou namorando a Talita.

Aquilo caiu como quem cai da janela do oitavo andar, e, de repente, soube exatamente como era estar em Hiroshima e em Nagasaki em plena Segunda Grande Guerra. Não sabia o que falar, nem ao menos o que pensar, não sabia nem se estava sorrindo ou fazendo careta. Já não tinha mais controle sobre mim, e nem podia evitar isso. Meus melhores amigos namorando?! Isso é tão grave quanto andar com o pai no shopping! Não que fosse brega, mas é sem sentindo, e mesmo não querendo, você fica com vergonha.

Assim como eu ficaria com vergonha de contar alguma coisa pra Talita e o Nicolas saber imediatamente porque é o seu namorado. E... eu também não sei se amo Nicolas como amigo. E se eu gostar dele de verdade? E se aquele beijo, pela primeira vez, tivesse significado alguma coisa pra mim? E pior, se ele nem se lembrasse mais disso?! E se eu descobrir que gosto dele e tiver que lidar com o namoro deles? Porque, querendo ou não, eu não vou poder mudar nada. E se pudesse, não o faria, porque eles sabem o que é melhor para eles, não eu. Imagine só, eu falando para a Talita que é melhor ela se separar do Nicolas porque eu gosto dele!

Estava tentando achar uma resposta rápida e convincente pra dar pro Nicolas, mas quase desistindo porque eu não conseguiria sorrir naquela hora. E, quase de súbito, lembrei-me do dia em que Roberta, minha colega da escola, me falou que se pensássemos em algo engraçado ou que nos fosse confortável, poderíamos nos expressar mais à vontade em qualquer situação, por pior que seja. Tentei imaginar algo bom, como se o meu astro de rock estivesse comigo naquele exato momento.

Imagine só, Jon Bon Jovi entrando pela porta do meu apartamento e fazendo um mini e exclusivo show para mim, como uma pequena demonstração de “It’s my life”, mas ao invés de um túnel em NY ou em qualquer outro lugar, o cenário era a sala de estar. Ri sem nem ver que estava rindo, pus a mão do rosto como se estivesse com vergonha do que havia pensado. Veja só! Consegui rir, por mais difícil que tenha sido.

_Poxa! Que legal! Quando começaram a..._ puts, agora não é Jon Bon Jovi, agora é Talita e Nicolas..._ namorar?_ meu sorriso e a alegria toda sumiram e esqueceram o caminho de volta para o meu rosto.

_Há dez dias. Eu fui na casa dela, e bem... rolou._ ele falou tímido, como se fosse uma menininha na primeira consulta com a ginecologista.

O que rolou?! Beijo? Amasso? Coisa melhor? Digo, pior?

Ele olhou para a minha cara de “estou boiando” e continuou.

_A gente ficou junto, no quarto dela. Você sabe o que aconteceu, Magda!

Puff. Sumi do mundo. Sério que era aquilo? Eu não acredito. E, mesmo não acreditando, aconteceu e ponto final.

_Hm... poupe-me dos detalhes_ ri sem jeito, só por rir, só por nada. E para mim já bastava, não sairia nada melhor.

_Então, o que me diz?

_Pa-parabéns! Mas por que você não veio aqui?

_Porque fiquei uma semana lá na casa dela. Eu não viajaria até lá uma vez por dia!_ ele ri._ Desculpa, mesmo, baixinha. Devia ter ligado, né?

Nem sabendo como lidar com isso e nem o que responder, apenas lá, diante do menino de olhos verdes, Nicolas, meu melhor amigo. Queria estar “off” para o mundo nesse exato momento. Só queria descansar e por a minha cabeça no lugar para não falar nada demais e nem fazer nada de menos.

_Devia. É... estou esperando visita. Nicolas, se importa de...? _ e, saindo-me uma mentirosa profissional, apontei pra porta.

_Quem vem aí?_ ele ri, já convencido de ir embora, perguntando apenas por perguntar, apenas pra parecer importado. Acontece que essa pergunta não devia ter sido feita.

Ele olhou pra minha cara, e eu, eu modo “pause”, não tinha reação e nem resposta. Olhei para ele como “ah, Nicolas! Menos, né?” e disse, confiante:

_Ah, Nicolas, você não conhece ele _ falei ele para dar ciúme, mas era em vão, porque só eu estava indecisa ali. Ele olhou para mim como se falasse “safadinha!” e disse:

_Tá bom, tá bom. Um dia eu descubro quem é! E não volte pra casa grávida, queridinha_ piscou o olho e saiu correndo, como se eu fosse rir e bater a porta da cara dele. Mas só fiz a última coisa.



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Notas finais do capítulo

Hm... e aí?