Agarram-me por trás, puxando-me contra um peito forte. Tentei a todo o custo livrar-me daqueles braços fortes que me rodeavam mas as minhas tentativas foram em vão. Então, dei uma cotovelada com toda a minha força á pessoas que estava atrás de mim.

Para meu alivio, senti o meu agressor recuar, largando-me. Virei-me para trás e o a visão de quem me estava a agarrar por trás chocou-me brutalmente.

Scott Smith. Naqueles olhos cor de mel que dantes tinha achado lindo, agora neles havia maldade e um desejo possessivo. Ele tentou agarrar-me outra vez, porém desviei-me das suas garras e fugi para o pé do armário.

– Mas o que raio, estás a fazer?! – gritei exaltada e chocada perante aquela situação.

– Porque estás a gritar? Vá lá, little angel eu sei que tu também queres o mesmo que eu. – disse sedutor, com um sorriso malicioso nos lábios enquanto se aproximava de mim. Reparei que ele estava a conter-se para não se rir da minha cara.

– Seu puto mimado de um raio de merda! O que é que tu queres? – não parei de gritar, estava furiosa com ele e com a situação que estava metida.

O que é que ele queria? Abusar-me, fazer-me de brinquedo social pessoal dele? Toda a minha vida, vivi num bairro perigoso e nenhum rapaz se atreveu a tocar em mim, e os que tocaram arrependeram-se muito depois. Não seria agora nem nunca que ia deixar um menino rico e betinho abusar de mim.

– Olha a linguagem, Angie! Eu não estou a gostar das tuas maneiras. – reclamou irritado. Scott, não estava a gostar nada de como estava a falar com ela.

– Nem á minha madrinha eu dou ouvidos acerca do meu comportamento, achas que vou dar ouvidos a ti? – respondi num tom mais baixo do que antes.

– É verdade. Tu és mal-educada, selvagem, bruta e louca. Mas essas são as melhores. Ah, como eu vou gostar de provar esse teu corpinho bem feitinho. Vais ver que vais gostar também, little angel, porque eu vou levar-te aos céus. E não sei se reparaste mas tu não tens maneira de me escapar. – até a sua própria voz transmitia maldade e não só os olhos.

Olhei em volta. Scott tinha razão. Estava ao lado do armário, do outro lado estava a cama de casal, que era a única que me impedia de chegar á porta. Se eu desse um salto para a cama e fizesse uma corrida até a porta, assim que saísse do quarto estava livre, pelo menos, por hoje.

– Apanhei-te, little angel!

Estúpida! Parva! Burra! Enquanto, estava a pensar numa saída, Scott aproximou-se sem que eu me apercebesse e agarrou-me pela cintura. Empurrou-me contra a cama. Ele beijou violentamente o meu pescoço. Eu tentava soltar-me dos seus braços fortes. Não conseguia simplesmente, não conseguia. Era apenas uma presa inofensiva que estava prestes a ser devorada pelo seu predador.

Não! Nunca na minha vida desisti. Nunca na minha vida deixei que me apanhasse. Nunca na minha vida deixei que me dessem ordens. Não era agora que iria deixar que me controlassem.

Scott beijava o meu pescoço, passando para o meu queixo. Ele queria chegar aos meus lábios e estava a instantes de conseguir isso. Virava a cara, enquanto ela insistia em que eu estivesse virada para ele. Aproveitei a sua distracção em manter-me virada para ele, e dei-lhe um pontapé bem certeiro no meio das pernas.

Depressa me livrei do seu peso. Sai a correr do quarto, ouvindo as suas exclamações de dor. Escondi-me na casa de banho que só era usada pelos convidados. O meu cabelo preso por um carrapito estava todo despenteado, tais como as minhas roupas.

Molhei a cara, na tentativa de me sentir menos suja. Soltei o cabelo e fiz um rabo-de-cavalo simples. Arrumei as roupas. Depois algum tempo fechado dentro da casa de banho, recompondo-me, sai para o corredor.

Dirigi-me para a cozinha, passando por a sala, onde Scott permanecia sentado a ve  televisão. Por uns segundos, que pareceram horas, os nossos olhos encontraram. Eu com fúria e com nojo. Ele com malicia e perversidade. De repente, para meu horror, ele disse movendo só os lábios: “Para a próxima, não me escapas.” Foi o que me bastou para me pôr fora dali. Mas ainda consegui ouvir o seu riso cínico.

Parece que omeu trabalho de Verão ia ser tudo menos bom. Só de pensar que vou ter de conviver com o Scott durante três meses… nem sei o que vai ser de mim.

Acho que vou começar a andar armada. Só por precaução.