Parecia que tinha saído de um conto de fadas. O seu cabelo curto e liso de cor de mel,
invulgar mas belo. Um corpo bem definido, não exagerado. Alto, uns 1,85m. Um sorriso fácil. Os dentes brancos e direitos. Contudo, o mais impressionante, o mais mágico. Eram os seus olhos, da mesma cor do cabelo dava-lhe uma aparência surreal.

Não. Ele não parecia um príncipe saído de um conto de fadas e sim um anjo. E estava
agora á minha frente.

- Scott. Bom dia. – cumprimentou Amanda, tinha sido apanhada desprevenida tal como eu,
só que eu não sabia quem era o rapaz á minha frente.

- Bom dia, Amanda. – respondeu ele, com os olhos fixados em mim.

Eu própria, ainda não tinha largado os olhos dele. Havia algo que me atraia nele, que fazia
com que eu continuasse a olhá-lo directamente nos olhos.

- Menino Scott, essa é a minha afilhada, Angie. Ela vai trabalhar aqui comigo. –
apresentou a minha madrinha.

Dei um pequeno sorriso ao menino Scott. Ele daqui adiante seria o meu patrão. O mesmo
lançou-me um sorriso malicioso. Não sei porquê mas algo dentro de mim dizia que daquele sorriso não vinha nada de bom.

Depois daquele pequeno momento de apresentação, Scott foi-se embora. Assim que ouvimos a porta a bater, dândi sinal que o Scott já tinha saído, Amanda começou a explicar-me como tudo funcionava.

Fiquei a conhecer os cantos á casa, embora ia-me perder muitas vezes de certeza. Fiquei encarregada de arrumar os quartos das crianças, ou seja, o quarto do Scott e o quarto do
Thomas, o seu irmão mais novo. Iria ajudar na limpeza de todos os compartimentos da casa. Também iria dar uma pequena mãozinha na cozinha em que eu era um zero  á esquerda. E a tarefa de ir ás compras, foi-me entregue.

Tinha de trabalhar e não era pouco. Isso não me agradou nada. Afinal de contas, eu estou
de férias, isso deve contar para alguma coisa. Mas pior…pior é que tenho de usar uma farda ridícula.

Um vestido preto acima dos joelhos. A borda era redonda. Por cima, era usado um avental
com uma bolsa no meio. O decote era redondo, não dando permissão de ser ver nada. O vestido tinha mangas até ao cotovelo. Era igualzinho àqueles uniformes das criadas nos tempos antigos, só que mais moderno.

Ah, e tinha de usar o cabelo apanhado. Coisa que eu odeio.

A minha primeira tarefa foi arrumar o quarto de Scott. Já que ele tinha saído patra ir
ter com os amigos.

Ele sim está a aproveitar as férias de Verão, enquanto eu estou aqui a fazer camas e a
arrumar quartos que não são meus. Quem me dera estar andar de skate com o Jamie, ou andar por aí a fazer loucuras com a Bee e a Mel, ou talvez estar com gémeos a fazer uma das nossas obras de arte numa parede qualquer da cidade. Mas não. Estou aqui, de vassoura e pá na mão.

O quarto de Scott era mil vezes maior do que o meu. As paredes pintadas de branco sem uma única mancha. Os móveis e os armários de madeira escura encostavam-se contra a
parede numa maneira organizada e pormenorizada. A secretária ficava entre duas estantes cheias de livros de todos os tamanhos e de todos os tipos. Em cima da secretária, encontrava-se alguns livros ao lado do computador portátil. A cama de casal desfeita, tinha uma visão perfeita para a vista lá de fora através da janela.

O quarto estava muito bem arranjado, contudo estava desarrumado, muito desarrumado. Sapatos espalhados ao pé da porta e do armário. Um monte de livros desfeito ao lado da
cama. Para não falar que havia roupa por todo o lado. Calças, camisas, boxers, etc., espalhadas pelo chão.

Contrariada pus mãos á obra. Se tinha que ser, assim seria. Comecei por apanhar a roupa e
pô-la no cesto da roupa suja. Não sabia qual é que estava sujo, qual é que não estava. Não me interessava. Arrumei os sapatos. Os livros que estavam ao lado da cama, coloquei-os na estante, onde havia lugar. Fiz a cama um pouco á balda, mas o que interessa é que está feita e não desfeita. Quando preparava-me para ir embora, reparei que não tinha arrumado a secretária.

Se fosse noutro caso qualquer, eu deixava passar, deixando ficar como está. No entanto,
eu estou de castigo e o que eu quero mais é sair daqui o mais rápido possível. E eu estive a pensar se me portar muito bem, sem fazer falhas no tempo em que vou trabalhar nessa casa, posso ir-me embora mais cedo e nunca mais voltar.

Peguei nos livros com o objetivo de coloca-los no seu devido lugar, quando senti alguém a
agarrar-me por trás puxando contra um peito forte. Não é preciso dizer que comecei a entrar em pânico.

Mas isso agora é moda? Pregarem-me sustos assim do nada?